Não li o livro que está agora no centro da polémica ateada pelo pensamento único da "esquerda" da imprensa, e que se intitula "Identidade e Família – Entre a consistência da tradição e as exigências da Modernidade", e que reúne ensaios de vários autores.
Mas registo (e saúdo) o que é, para todos os efeitos, o regresso de Pedro Passos Coelho à intervenção política.
É uma intervenção serena e responsável, como não podia deixar de ser, convicta e digna. E é aquela que se esperaria de um dos políticos mais destacados dos nossos anos e que eu, como muitas outras pessoas, gostaria de ver regressado à cena política e como Presidente da República a partir das eleições de 2026.
A sua intervenção, que merece ser lida e com atenção, está toda aqui. Mas há uma passagem que me parece especialmente significativa e que aqui registo, remetendo quem me lê para o respectivo link:
«(...) há rótulos que são colocados com uma intenção clara de desqualificar aqueles que lançam as discussões, de os diminuir e de os condicionar. E, desse ponto de vista, Portugal, apesar de algum atraso nesta abordagem, também vem conhecendo este vício que diminui o espaço público e procura, de certa maneira, reconduzir certas discussões, que são discussões que interessam a toda a sociedade, a uma espécie de gente que é ultramontana, ultraconservadora, e outras coisas que normalmente se seguem a estas, dependendo daquilo que estamos a falar. Quando estamos a falar de economia, ultraliberais, pelo menos ultraliberais, neoliberais e por aí fora. Quando estamos a falar de aspetos mais politizados, é fácil descambar a linguagem para rótulos de extrema-direita, radical, fascista - eu fui fascista imensas vezes olhando às classificações que me foram atribuídas.
Evidentemente que as pessoas, quando estão razoavelmente seguras do que pensam, do que são, não se incomodam muito com essas coisas. E eu nunca me incomodei muito com isso. Para ser sincero, nunca me incomodou. Mas incomoda-me um bocadinho, como cidadão, como português, que estas caricaturas excessivas sejam utilizadas no espaço público por quem tem proeminência no espaço público. Porque isso, evidentemente, torna o nosso debate muito mais estreito, muito mais pobre e eventualmente um debate radicalizado, que não deixa espaço nem para a propalada tolerância que nós precisamos de ter, não deixa espaço para compromissos, não deixa espaço para um desígnio comum, coletivo, que possa representar, pelo menos de acordo com o método democrático, uma escolha que seja feita pelo conjunto das pessoas. (...)»
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