sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Ó Jorge Botelho Moniz, vem cá ver se a tua é maior do que a minha

 

... É o que apetece dizer ao académico com esse nome, que faz de "comentador" numa televisão e onde, como tantos outros e outras "especialistas", se esforça não apenas por falar de uma guerra que é decidida nos campos de batalha, privilegiando os modelos teóricos, mas também por depreciar as intervenções políticas alheias com base na idade de quem as faz e nesta perspetiva: os homens, depois dos sessenta ou setenta anos, já não sabem o que dizem.

E é isto professor universitário!







sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

A candidatura de ficção científica de Gouveia e Melo




“The Last Ship” é uma série de ficção científica americana que passou no canal americano TNT entre 2014 e 2018, num total de 56 episódios divididos por cinco temporadas. Não sei se passou em algum canal da televisão portuguesa, mas está disponível no Prime (Amazon).

A série tem como herói o comandante Tom Chandler, da Marinha dos EUA, capitão do navio de guerra “Nathan Jane”, navio que, por força do acaso, se torna o último reduto onde se encontra a vacina capaz de curar a humanidade de uma pandemia mortífera. Tom Chandler (convictamente interpretado pelo pouco conhecido Eric Dane) é o militar que, contra todos os ventos e marés e de armas em punho, vai salvar o mundo.

Vi “The Last Ship” em 2023, já três anos depois da mais sobrevalorizada pandemia de toda a história da humanidade, e achei a série interessante. E, em certa medida, quase profética, sem nunca deixar de a ver por aquilo que é: uma história de ficção científica.

Acredito, no entanto, que terá havido na Marinha um homem que a viu de maneira diferente, sentindo-se inspirado pelo comandante Tom Chandler. Mas só até certo ponto, porque o modesto, valoroso e heróico Chandler não quis enfeitar-se com os galões da salvação do mundo, acabando por voltar costas à carreira política a que podia lançar-se. E esse homem quer enfeitar-se com os galões da salvação do mundo e fazer carreira política.

Gouveia e Melo, esse militar da Marinha que deve ter ficado fascinado pela personagem de Tom Chandler, não se mostrou modesto como o seu potencial ídolo. E acredito que, durante ou depois do processo da polémica vacinação contra a doença da pandemia do vírus SARS-CoV-2, a covid-19, pode ter pensado que também era, à escala nacional, um salvador do mundo e que, se Tom Chandler tinha um navio, ele poderia ter um trono... em Belém.

Não se sabe quais foram as circunstâncias que levaram o almirante português Gouveia e Melo, que nesta altura ainda é chefe do Estado-Maior da Armada, à posição que lhe permitiu assumir o papel de “star” do processo de vacinação em massa de 2020, depois de os políticos e os “especialistas” mais duvidosos garantirem à população nacional aterrorizada que uma vacina tipo “fast food” iria exterminar o sobrevalorizado vírus SARS-CoV-2 e a sua sobrevalorizada doença covid-19.

Quem é que se lembrou de Gouveia e Melo para comandar a logística das vacinas? Houve alguém que soprou o seu nome a quem iria decidir? Ou terá sido o próprio, sempre inspirado pelo comandante Tom Chandler, a fazer-se ao lugar? Ou?...

A distribuição da vacinas, criadas à pressa e com consequências que só mais recentemente começam a suscitar ainda mais preocupações de natureza clínica, respondeu na perfeição ao medo que os políticos, os tais “especialistas” e a imprensa oficial conseguiram instilar numa população a quem nunca foram disponibilizadas outras perspectivas.

Além disso, a distribuição das vacinas veio com o bónus de ser comandada por militares, com Gouveia e Melo trajado a preceito para aquilo que ele próprio designou por “guerra”, o que caiu bem na população por outro motivo: os militares sempre conseguiram impressionar a débil população portuguesa, sendo vistos como “salvadores” sobretudo quando essa mesma população anda assustada e confusa. 

Foi o que aconteceu em 28 de Maio de 1926, em 25 de Abril de 1974 e em 25 de Novembro de 1975. E foi também o que aconteceu com Gouveia e Melo. Com a particularidade de, ao contrário dos seus camaradas que sempre deram o primado à política feita pelos políticos contra a política feita pelos militares, Gouveia e Melo ter um discurso claramente belicista e militarista. A agilização do processo logístico das vacinas era uma “guerra” e, já como chefe do Estado-Maior da Armada, só lhe faltou dar ordem de marcha aos seus navios para irem para o Donbass combaterem contra os russos (porque o Mar Negro nunca seria suficiente para as suas ambições).

Terá sido apenas Tom Chandler a inspirar-lhe o desejo de ser Presidente da República e comandante dos três ramos das Forças Armadas? Terá sido uma epifania ou uma revelação espiritual? Terá sido uma decisão individual e muito pessoal? Terá sido um desígnio de família? Terá havido quem, na política como na imprensa e noutras esferas de poder, lhe massajasse suficientemente o ego para ele se achasse o melhor de todos?

A origem da coisa é nebulosa. Mas a ambição, legítima, claro, existe: Gouveia e Melo quer ser Presidente da República. Melhor: até tem pressa em ser Presidente da República.

A pressa, no entanto, é má conselheira, independentemente dos apoios que já possa ter garantido. Alguns presidentes de câmaras municipais já o idolatram, já conseguiu (a fazer fé no “Tal & Qual”) entrar nessa bolha influente que é a maçonaria, há jornais a apoiarem-no (o “Sol/Nascer do Sol” e o “Diário de Notícias”) e o “kingmaker” Luís Paixão Martins já o elogiou.

Aliás, pelo que se tem visto, é plausível que Gouveia e Melo já tenha alguma agência de comunicação a trabalhar para si (embora não a LPM que Luís Paixão Martins fundou), tal como é plausível que já beneficie do apoio dos sectores mais belicistas da NATO e dos “neocons” americanos. De onde, como é também plausível, há de sair outro tipo de apoio, mais palpável. Haverá, por aí, mais dinheiro para campanhas políticas do que no Portugal pelintra. Até porque, convenhamos, os adeptos da guerra hão de querer um presidente militar (e de discurso belicista) em Portugal, país que tem uma posição geoestratégica sugestiva na NATO e fora dela.

A campanha que visa levar Gouveia e Melo a Belém já começou. Mas sobreviverá ao próprio Gouveia e Melo, e à sua ansiedade pré-eleitoral?

Devendo deixar o cargo e passar à reserva apenas em Fevereiro ou em Março de 2025, o ainda chefe da Marinha já pediu a antecipação da saída, declarando que assim não ficaria privado dos seus direitos cívicos. Ou seja, há de querer começar a intervir ainda mais e, se se fala nela talvez, anunciar já a sua candidatura. Embora as eleições presidenciais só se realizem em Janeiro de… 2026.

Aliás, a evidência de que Gouveia e Melo é uma pessoa apressada está bem à vista no mais recente número da revista da Marinha (de que ele ainda é o chefe), onde apareceu a equiparar-se… a um rei, já! Em concreto ao rei português que ficou conhecido por “Príncipe Perfeito”. Numa publicação que está sob a sua supervisão e que é paga com dinheiros públicos.



A pressa, em política como noutras coisas, pode dar mau resultado. Já alguém, entre os seus apoiantes e quem trabalha para a sua candidatura, lhe terá dito isso?

A ambição de Gouveia e Melo, que o próprio não esconde, até pode vir a ser-lhe mais prejudicial do que benéfica. E vir a dar cabo da sua própria candidatura, num processo simplesmente autofágico.

Calcula-se que Gouveia e Melo saiba disparar torpedos mas de guerras de atrição sabe pouco...



         

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Alex

Nenhum ser vivo substitui outro ser vivo. Mas havia um espaço vazio, tragicamente mais fundo depois de duas horríveis perdas sofridas em apenas doze meses, que talvez precisasse mesmo de ser preenchido. O pequeno Alex, apenas com quatro meses, então à guarda de um casal de voluntários da associação Rede Leonardo, veio preencher uma parte desse espaço no mês passado. Azougado, inteligente, calmo, brincalhão, confortável no contacto com os humanos que o acolheram, vai crescendo e ocupando um lugar ainda maior na nossa pequena família. Os cães, muito em especial quando os sabemos compreender e cuidar deles, fazem-nos falta, e fazem-nos bem.

















segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

A vocação totalitária da UE

Os políticos europeus que divergem da liderança quase fascizante da União Europeia e dos "diktats" do patrão americano são todos "de extrema-direita", ganham porque têm apoios nas redes sociais (mas não dos eleitores, espécie que tende a ser extinta...) e, com jeito, ficam pelo caminho. Nas malhas da burocracia, nas secretarias do poder ou abatidos à bala, dependendo do que for momentaneamente mais exequível.











sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

"Expresso": há 4,54 mil milhões de anos... a virar frangos

A Terra existe, parece, há cerca de 4,54 mil milhões de anos.

O "Expresso" foi medindo a temperatura aos 4,54 mil milhões de Novembros e garante, com o seu saber de dinossauro anquilosado, que o mês de Novembro deste ano foi o "mais quente de sempre"!
















quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

"É muito difícil encontrar um coreano no escuro da floresta de Kursk. Em especial se ele não estiver lá."


O que a BBC nos revela sobre a narrativa ucraniana dos norte-coreanos



Durante semanas, com base nas afirmações dos serviços do regime de Kiev, foi sendo tecida a narrativa de que havia soldados norte-coreanos a combater contra os ucranianos na região de Kursk, ou onde quer que fosse. Até pareceu que a insistência (sem uma única imagem que a sustentasse) teve como objectivo sustentar os ataques com mísseis americanos e ingleses ao território russo.

Entretanto, a BBC (será "putinista"?!) falou com soldados ucranianos que estão nessa região pertencente à Rússia e registou uma resposta ("sarcástica") de um deles: "É muito difícil encontrar um coreano no escuro da floresta de Kursk. Em especial se ele não estiver lá."

Ou seja: são os próprios ucranianos, no terreno, a desmentirem a narrativa oficial!

Este link permite ler a reportagem da BBC na íntegra, reportagem essa que também nos diz muito sobre a realidade dos factos:

https://www.bbc.com/news/articles/cn4x9gz4ylwo


Da BBC: "Aos soldados exaustos da Ucrânia na Rússia foi dito que se aguentassem
e que esperassem por Trump"





terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Patadas na língua, patadas no jornalismo (4)

 

Coisas que nem se percebem num universo feito de incompetências diversas, escritas por gente que, se calhar, nem sabe escrever e que talvez ficassem melhor escritas se o fizesse a IA.

Por exemplo:


Tudo errado, tudo confuso: "malicioso" quer dizer outras coisas que não são aquilo que se pensa ser o significado da afirmação da entrevistada e "adversarial" não existe. Lêem, e mal, o inglês e, em português, valem zero...













Ele há traduções bem estranhas. Ou devemos chamar-lhe outra coisa? O excerto é de um texto assinado por nome português. 









"Desinsuflar" é um verbo transitivo. Ou seja: o "momento" é que desinfluciona... o quê? E, já agora, "esvaziar" é mais simples.








Não se arranjaria nada que fosse mais simples?











Marques Mendes, sempre ele, alheio à, pelo menos, conveniência de a primeira figura do Estado (que ele ainda quererá ser) não ter conflitos com a língua oficial do Estado:















Esta gente compreenderá a importância de (re)ler o que escreveu?







Que será que vendem os carros eléctricos? 










Há títulos que é preciso ler mais do que uma vez para perceber o seu sentido. Não apenas por estarem mal construídos, mas também porque têm erros que conseguem confundir quem os tenta perceber. Este tipo de título é, aliás, revelador do estado a que a imprensa chegou. Os títulos eram concebidos para prenderem a atenção do leitor e/ou do potencial comprador. Mas... ainda há leitores? Ainda há quem compre? Não. Portanto, que interessa cativar-lhes a atenção?
























Segue... para onde? E segue quem?






Que estará o ponto final a fazer aqui? E a palavra "sindicato"?!







"Os trabalhos"?! E que tal "O emprego está a mudar..."








quarta-feira, 27 de novembro de 2024

O jornalismo (?!) do pensamento mágico

 

O Notícias ao Minuto, esse fabuloso arauto da conformidade que até ensina a limpar o rabo, decreta que é perigoso andar descalço em casa porque "pode fazer com que seja difícil 'fugir rapidamente devido a um incêndio ou a uma catástrofe natural'". Logo, quem estiver calçado já consegue pirar-se a tempo!








terça-feira, 26 de novembro de 2024

O regime de Kiev vence na comunicação, mas perde no campo de batalha

 

O regime de Kiev é realmente bom na comunicação, também graças a uma imprensa que, mais do que complacente, parece cúmplice ou dependente. Mas depois, no terreno, nada os salva, nem aos soldados que são obrigados a morrer.

Apesar de a imprensa oficial estrangeira, nomeadamente a inglesa e a americana, já não conseguir deixar de falar no risco de um colapso militar iminente da Ucrânia perante o avanço imparável das forças russas, a imprensa nacional não se afasta um milímetro da fé de que haverá qualquer coisa tipo milagre que permitirá ao regime de Kiev subjugar a Rússia. Amanhã, na próxima semana, no próximo século.

Tomemos, e é suficiente (depois do estranho desaparecimento dos fabulosos F-16), este exemplo:




Um outro exemplo da guerra comunicacional que o regime do "führer" Zelensky conduz foi o dos soldados norte-coreanos... que não se vêem. 

No início, ainda houve um vídeo onde havia soldados de feições asiáticas, a receberem fardas, que seriam russas. E, a partir daí, foi um festival: os soldados norte-coreanos andavam por Kursk, iam para a própria Ucrânia, já tinham ido para outros sítios. No meio disto tudo, ainda houve certezas de que os norte-coreanos andavam entretidos com a pornografia on line, que não podiam ver no seu país, e de que (num assomo de honestidade por parte de um jornal estrangeiro) era difícil aos norte-coreanos e aos russos comunicarem entre si, devido à falta de conhecimento da língua russa por parte destes estrangeiros.

Mas depois os norte-coreanos desapareceram. Como se fossem só um pretexto para o envolvimento dos EUA nos ataques com mísseis à Rússia e sem que os ucranianos, sempre tão pressurosos na guerra da comunicação, tivessem fornecido uma única imagem, ou outra prova, que estribasse o que andavam a dizer.

A seguir, antes que o cepticismo pudesse começar a afirmar-se, apressaram-se logo a invocar outros estrangeiros, neste casos, os "houthis" do Iémene. Sabendo-se como têm combatido com êxito o "Ocidente alargado", calcula-se que Kiev espera que possam meter mais medo do os fantasmas da Coreia do Norte...




 

sábado, 23 de novembro de 2024

Uma festa gastronómica

 

Há restaurantes assim: no Vale Velho, onde cada vez mais gosto de ir com, o sábado é um dia de ementa pujante, que eu observo com indecisão, a pensar que precisaria de fazer 3 ou 4 refeições seguidas para conseguir saborear, pelo menos, o que mais me entusiasma nesta verdadeira festa gastronómica.

Ensopado de enguias? Enguias fritas? Bacalhau à Braz? Cabrito assado? Manta Saloia? Dobradinha com feijão branco? Carne de porco frita com amêijoas (louve-se a honestidade: é aquilo que recebeu o nome vulgar de "Carne de porco à alentejana")? Costeleta de novilho? Alheira? Bife à Robim?...

Obrigado à escolha, naturalmente, vou pela carne de porco frita com amêijoas. Descobri, e com uma inesperada sopa de amêijoas neste mesmo Vale Velho, que não sou alérgico a amêijoas (ou que nunca fui), como sou alérgico a mariscos. E trarei a dobradinha para a comer em casa, amanhã. E depois, mais uma vez, lá voltarei em breve para ser, como sempre, bem recebido pela arte culinária e pela simpatia de Arlinda Antunes e de José Fialho dos Santos.








quinta-feira, 21 de novembro de 2024

2 pragas: a estúpida antecipação das iluminações de Natal e a campanha pré-eleitoral do presidente da Câmara

 



Não vejo um único motivo racional para a antecipação, em quase mês e meio, da instalação das desenxabidas iluminações urbanas de Natal. 

E a que vejo como explicação mais fácil também não é, em si, nada racional: quanto mais cedo elas são montadas, mais cedo as respectivas empresas recebem o pagamento do serviço por parte da Câmara Municipal. Aparentemente, essas empresas são mais favorecidas pelo poder municipal do que os munícipes... que as sustentam.

Habitualmente pirosa, e desagradável à vista, praga da iluminação de Natal traz outro problema: a ligação, irregular e descontrolada, dos dispositivos eléctricos às caixas dos cabos eléctricos. Num país feito de tanta burocracia, ninguém parece controlar essas ligações e todos os anos há relatos de quem viu a electricidade ir abaixo por causa de ligações improvisadas. De que os serviços da Câmara Municipal, que é a entidade contratante, não querem saber. 

Esta praga das iluminações natalícias foi acompanhada, este ano, pela intensificação da campanha pré-eleitoral do presidente da Câmara Municipal. Já no ano passado, a criatura tinha dado um ar da sua graça no papel de imperador romano a atirar o pão do "Natal encantado" aos seus súbditos. Agora, a menos de um ano, é tudo em força, e com música. Uma praga, verdadeiramente!




*

E o PSD? Será que ainda existe?





segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Ler jornais já não é saber mais (229): a IA bem podia fazer isto... e o resto

 

Sempre que vejo o monótono desfile do verbo "disparar" nos melancólicos títulos da imprensa nacional, fico a pensar que as empresas do sector bem podiam recorrer à IA para fazer os seus produtos, poupando em pessoal, instalações e bens de consumo. 

O que não poupariam!...