Álvaro Baltasar Jerónimo, representante dos promotores do empreendimento turístico da Estrada Atlântica, atrás do ainda presidente Jorge Varela na lista para as eleições autárquicas de 2017 |
Há dez anos, em Março de 2011, a Assembleia Municipal de Caldas da Rainha alterou o Plano Director Municipal e criou o Plano de Pormenor da Estrada Atlântica, permitindo a construção de um empreendimento turístico gigantesco numa zona antes não urbanizável de paisagem protegida, que abrangia as freguesias da Serra do Bouro e da Foz do Arelho.
O empreendimento turístico era promovido por duas empresas enigmáticas (a New World Investments e a Claremont Costa de Prata Developments Lda.), que nunca se apresentaram a público e que tinham como seu representante o advogado Álvaro Baltasar Jerónimo, então, e em acumulação, presidente da Junta de Freguesia da Serra do Bouro.
As obras iam começar em 2013 e prolongar-se-iam até 2041, ocupando 275 hectares de terreno numa zona privilegiada, com um investimento de 300 milhões de euros. Nunca as obras foram iniciadas.
Em Março de 2014, a New World Investments reapareceu, a pedir ao presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha a aprovação de uma minuta de carta de conforto, "tendo em vista tornar mais célere junto da instituição bancária Investec Bank London, o desenvolvimento do processo denominado Golf & SPA a expandir na Foz do Arelho". A câmara, "atendendo a que se trata de um investimento de maior interesse para o concelho, deliberou aprovar os termos constantes na minuta de carta de conforto".
A New World Investments, nascida na África do Sul, tal como o banco Investec, é representada em Portugal pela New World Investments (Portugal) – Sociedade de Administração de Imóveis, uma sociedade anónima constituída em Caldas da Rainha com o capital social de 208 mil euros (98 por cento do capital da empresa é da New World Investments sul-africana) e sede no número 16, r/c esquerdo, da Rua Engenheiro Duarte Pacheco em Caldas da Rainha, endereço que é o do escritório do advogado Álvaro Baltazar Jerónimo.
Dez anos depois, o silêncio sobre o Plano de Pormenor da Estrada Atlântica mantém-se. Ninguém, dos partidos que na Assembleia Municipal deram o seu aval à alteração das regras para benefício particular (PSD, PD, CDS, PCP e BE), fala no assunto.
Álvaro Baltasar Jerónimo continua a ter uma presença de peso em tudo o que se refere à Serra do Bouro, transformando-se numa espécie de presidente de junta-sombra, primeiro do ainda presidente Jorge Varela e, agora, de novo, da candidata à sucessão de Jorge Varela, Sónia Casimiro.
O mistério continua. Tal como as dúvidas, mais do que legítimas, sobre o dinheiro que circulou para facilitar a decisão e sobre se ele serviu para comprar, ainda, o silêncio dos políticos locais. E talvez dos dois semanários de Caldas da Rainha (se não é verdade que são de memória curta).
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