domingo, 25 de julho de 2021

Entre o medo e a loucura


Não devo ter medo. O medo é o assassino da mente. O medo é a morte-pequena que traz consigo a obliteração absoluta. Enfrentarei o meu medo. Deixá-lo-ei passar por cima de mim e através de mim. E quando tiver passado, verei o seu caminho com o meu olho interior. Por onde o medo passou, nada haverá. Só eu existirei. 
«Litania contra o Medo», Dune, Frank Herbert.


Há uns dois meses, num jantar por razões alheias mais prolongado, vi uma pessoa culta, inteligente e vacinada, levantar-se de repente da mesa e pôr a máscara na cara. Hesitou em sair do restaurante, que estava cheio, mas depois foi mesmo para o exterior. Aquilo por que estava a passar era um típico ataque de pânico.

Há meses que uma pessoa culta, inteligente e vacinada condiciona a sua agenda ao "bicho". Ir a espaços fechados? Não, por causa do "bicho".

O medo é uma coisa natural. Todos temos medo. Nós e os animais. Mas tanto nós como os animais lidamos, ou não, com o medo. Vergamo-nos, deixamo-nos ficar derrotados, subjugamo-nos, aterrorizamo-nos. As reacções são sempre diferentes e poucas pessoas terão a presença de espírito, e o conhecimento, para recorrerem à "Litania contra o Medo", enunciada pelo futuro Muad'Dib num teste a que é submetida pela Reverenda Madre Gaius Helen Mohiam. 

O que já não é natural é a sociedade humana viver num casulo de medo como aquele que foi tecendo desde Janeiro de 2020, perante a epidemia do vírus SARS-CoV-2, que se transformou em pandemia e que passou agora à fase de endemia. 

Este medo, castrador e humilhante, nasceu nos relatos televisivos, foi cultivado pelo sensacionalismo (o medo faz vender jornais e aumentar as audiências televisivas, como antes o faziam os crimes de sangue da realidade), estimulado pelo poder (Presidente da República até há poucos meses, Governo ainda e a aproveitar o medo para consolidar as bases da sua dominação) e adubado por "especialistas" de matemática, botânica e geodesia e ainda por médicos "de saúde pública" (que ganham mais quando estão a dedicar-se à covid).

O medo é visível. Nos comportamentos. Nas acções e omissões. Nas atitudes mais disparatadas. Nas manifestações indignadas contra os que reflectem aquilo que dizem os especialistas que de facto sabem. 

E, muitas vezes, sem coerência nenhuma: que sentido faz andar de máscara ao ar livre e quando não há mais ninguém por perto?! Que lógica existe na ingestão continuada daquilo que expelimos?! Porque é que pessoas, dentro dos seus próprios carros e de vidros fechados, andam de máscara?! Porque é que lavar as mãos deixou de ser um gesto higiénico normalíssimo para se transformar num ritual em que a água benta é substituída por uma gosma agressiva para a pele que, acredito, substitui a regular lavagem das mãos?

É um medo que, em muitas situações, se transforma em pânico. Que deforma (e faz definhar) as mentes. Que destrói o gosto pela vida. Que é uma espécie de morte antecipada (a morte-pequena de Frank Herbert). Que empurra as suas vítimas para uma vacina que, verdadeiramente, ainda não o é e que faz com que essas vítimas anunciem em público que levaram a milagrosa pica. Mais como "conforto psicológico" do que outra coisa.

Começam a aparecer os relatos dos efeitos nocivos, físicos e psicológicos, que a estupidez do uso constante das máscaras causam nas crianças. Um dia perceber-se-á como adultos mais ou menos saudáveis, fisicamente, estão a ficar psicologicamente doentes devido medo em que foram enredados.

A sociedade que sai disto, de uma pandemia que pareceu muito mais grave do que se revelará um dia que foi, será uma sociedade profundamente perturbada. Os sinais da loucura até já começam a notar-se.





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