Não se compreende a decisão de interditar a venda de livros nos supermercados. E o argumento de que isso se destina a proteger as livrarias (parece que é esse o argumento) é estapafurdiamente imbecil.
É como se os supermercados ficassem proibidos de vender produtos alimentares para protecção das lojas pequenas que vendem produtos alimentares.
Podemos contestar as opções comerciais dos supermercados em matéria de livros. Podemos criticar o modo como os supermercados tratam os livros e os seus editores. Mas não podemos ignorar uma coisa fundamental: é nos supermercados que muita gente, crianças e adultos, tem contacto com livros. Cuja leitura, aliás, é oficialmente promovida através do Plano Nacional de Leitura... que se supõe não ter sido também proibido.
Este gesto (e pouco importa que outros governos também estupidamente o tenham feito) fica associado à Inquisição, ao nazismo e ao Ku Klux Klan) e devia envergonhar os militantes e dirigentes do PS que, no Estado Novo (onde nem se foi tão longe), se bateu pela liberdade, e pela liberdade cultural. Tal como devia envergonhar o actual Presidente da República, que nos seus programas televisivos recomendava a leitura... de livros.
Mas Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, e mais os seus respectivos bandos, devem, hoje, ficar associados a estas imagens da História.
O que eles fizeram, e estão a fazer, não é estruturalmente diferente.
No III Reich foi assim. Chegaremos lá?
2 comentários:
Gosto muito dos seus livros. Mesmo muito. Por favor, deixe de falar da pandemia. Que Deus o proteja e não tenha de vir para o hospital. Proteja-se. Ate sempre
Agradeço muito a sua nota, caro leitor anónimo. Pelo que é possível prever, não haverá, por razões de mercado, mais livros da minha autoria publicados.
No que se refere à crise sanitária em curso, é assunto que não pode deixar de me preocupar enquanto cidadão interveniente, e com capacidade plena de raciocinar e de escrever.
E até por me sentir também muito bem esclarecido, depois de ter traduzido um excelente livro, que não posso deixar de lhe recomendar e que é "The Pandemic Century" ("O Século das Pandemias"), de Mark Honigsbaum, que há de ser publicado decerto que em breve pela editora Vogais/20|20 (com esse, ou outro título).
Agradeço também os seus votos, permitindo-me apenas acrescentar que não é meu desejo viver eternamente, e muito menos nesta espécie de versão de uma nova Idade das Trevas, para onde parece querer deslizar a civilização europeia. Tudo tem o seu fim.
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