domingo, 19 de agosto de 2018

As vozes de burro podem não chegar ao céu, mas ao "Expresso", obviamente, chegam

A criatura que escreveu estas linhas que a seguir transcrevo faz parte de uma manada imorredoura de jornalistas (antigos, recentes, assim-assim) que se acham mais do que habilitados para escreverem sobre cinema e, no que parece contraditório mas por nenhum motivo o é, sobre a televisão contemporânea. 
Muitas vezes lhe vi (e revi) textos em bruto e abrutalhados, nos idos de 80, e, para bem de todos e do próprio jornal, até consegui substituí-lo na cobertura de um festival de cinema.
Registemos o que escreve, dando-lhe eu o benefício de a coisa se poder explicar pelo facto de ter prestado pouca atenção a menos séries de televisão do que aquelas que até os meus cães já viram:

"(...) Começarei por dizer que ando cansado da monótona rotina das séries de televisão. O que vou escrever a seguir não será simpático, nem para um habitual seguidor de séries, como eu, mas começa a consolidar-se em mim a ideia de que, no geral, são muito reacionárias. Calma. Também poderia ir por aí, mas nem me estou a referir a questões políticas ou ideológicas. Fico-me, por agora, apenas pela constatação de que na reprodução dos seus modelos narrativos, revelam um conservadorismo confrangedor. De alguma forma, repetem à exaustão estruturas narrativas, muito ao estilo das novelas do século XIX, sem qualquer arrojo estético. Sem capacidade, vontade, ou interesse em suscitar questionamentos passíveis de afastarem espetadores. Tudo muito regular, muito dentro da norma, Nada de colocar em causa o 'status quo'. Algumas exceções, como 'Black Mirror', na Netflix, confirmam a regra. (...)"


Ou seja: "The Wire", "Treme", "The Deuce", "House of Cards", "Os Sopranos", "Sons of Anarchy", "Breaking Bad", "Better Call Saul", "Orange is the New Black", "Damages", "Billions"?... Para o iluminado, nunca existiram.



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