Aqui. Excertos:
- Gabriel Ponte e Joel Franco são dois protagonistas dos seus livros. Como é que os criou? Qual as principais diferenças entre eles?
A literatura policial requer, normalmente, um investigador criminal como herói, ou como protagonista principal. A legislação portuguesa comete essa função, no que se refere ao crime de homicídio (que é o elemento fundamental de qualquer história deste género literário), à Polícia Judiciária. A criação de uma série, de várias histórias com um protagonista fixo, requeria um investigador criminal e ele devia ser, inevitavelmente, um inspector da PJ, da Secção de Homicídios, de preferência com experiência noutras áreas para o âmbito das histórias poder ser alargado. Foi desse modo que nasceu Joel Franco, como um investigador bem integrado no sistema, e com base na recolha de informações sobre as circunstâncias reais da actividade da PJ. Quando a série “Não Matarás” ficou parada, por motivos que me são alheios, não quis fazer um “clone” de Joel Franco e nasceu então a figura de Gabriel Ponte, como uma espécie de inspector de algum modo renegado. Gabriel Ponte tem maior liberdade de movimentos (e talvez precise dela se começar a investigar alguns casos por conta própria...) mas Joel Franco, apesar de ser um homem mudado e de certa forma revoltado, continua na PJ, como investigador. E os seus caminhos vão cruzar-se.
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- Para si, qual é a importância dos blogues na divulgação de livros?
O desaparecimento da crítica literária objectiva e independente de modas e favoritismos da imprensa, em geral, deixou um abismo difícil de atravessar – como é que os livros que vão saindo chegam ao conhecimento do público com uma opinião alheia aos editores e aos autores? Os blogues literários estão a cumprir essa função e da melhor maneira: os seus autores estão a ler, de acordo com as suas preferências literárias, e estão a dar opinião. E estão mais acessíveis – “on line”. Penso que os blogues literários poderão evoluir, pelo menos alguns, para sites mais estruturados sobre livros e, inclusivamente, encontrarem alguma forma de se sustentarem, alargando ainda mais a sua intervenção. E há mais: os seus autores, porque gostam de ler e têm opinião sobre aquilo de que gostam e não gostam, poderão estar até melhor preparados do que os jornalistas que, em alguns casos, parecem, parecem mais permeáveis a editoras do que a autores e géneros literários, sem memória e sem conhecimentos.
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