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É o bicho, é o bicho... |
A pessoa A está reformada. Mantém, a partir de casa, a sua intervenção num projecto profissional que ela própria criou. Mora numa casa isolada, no interior, nem sequer vendo os vizinhos que habitam em casas que estão, relativamente, mais perto. Frequentou um curso universitário, sem se licenciar, e a sua profissão exigiu sempre curiosidade, necessidade de se informar e de se actualizar. Lia livros e suponho que ainda lê. Desde Outubro do ano passado fechou-se em casa com a pessoa B, que lhe é cônjuge. Acredita que "o bicho" anda... em qualquer sítio. E que "o bicho" a pode atacar, suponho eu. Não sei se usa máscara em casa ou na sua propriedade. Nem se acredita que, se se fechar em casa nas horas do recolher obrigatório, fica poupada ao "bicho".
A pessoa B não está reformada. Já trabalhou presencialmente e esteve em teletrabalho. Era uma pessoa alegre e bem-disposta mas, quando a vi pela última vez (talvez em Novembro), nem um sorriso se lhe viu. Tem um curso universitário. Lia livros e suponho que ainda lê. Ia ao teatro e ao cinema, frequentava com gostos restaurantes. Não sei se usa máscara no apartamento que tem nos arredores da capital e na casa, mais isolada, que tem numa localidade com praia. Nem se acredita que, se se fechar em casa nas horas do recolher obrigatório, fica poupada ao "bicho".
A pessoa B está reformada. Tem um curso universitário. Lia livros e suponho que ainda lê. Ia ao teatro e ao cinema, frequentava com gostos restaurantes. Não sei se usa máscara no apartamento de condomínio aberto que tem nos arredores da capital. Nem se acredita que, se se fechar em casa nas horas do recolher obrigatório, fica poupada ao "bicho". Já me contaram que, no Natal, não queria ir visitar da família da pessoa que é cônjuge dela, e já se referiu, com horror, aos "assintomáticos".
Há um traço comum nestas três situações: as pessoas A e C não têm de sair de casa para receberem os seus rendimentos e a pessoa B nem sempre é obrigada a sair.
A crise económica poupou-as. Quanto a compras, fá-las-ão on line, em grande medida, ou estão a cargo dos cônjuges. Ficando em casa, submeter-se-ão às campanhas de medo dos telejornais e seguirão os "especialistas" e o seu circo televisivo. Não precisarão de ir ver as incongruências do uso das máscaras nem as pessoas que estão a lutar pela vida e a trabalhar, porque, se não o fizerem, não têm dinheiro para o mais básico, nem sequer para se alimentarem.
Além disso, o domínio mental a que se submeteram também as fechou a outras opiniões. E se, antes, procuravam andar informadas, agora acreditam piamente no discurso oficial.
Uma das coisas que me tem surpreendido nesta pandemia que, nesta fase, já deve ser endemia, é a submissão de pessoas inteligentes e cultas à narrativa oficial e o modo como, de certa forma, se suicidaram mentalmente. Talvez estas notas expliquem esse fenómeno.
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