segunda-feira, 8 de junho de 2020

Língua de pau

Não há edição do desinteressante "Expresso" (que eu ainda vou comprando...) onde não exista uma espécie de competição para ver qual das pessoas que nele escreve escreve "colocar" ou "desenhar" o maior número de vezes.
"Colocar" e "desenhar" são verbos portugueses. Mas a forma como "colocar" (três sílabas) é usado, contra o "pôr" (uma sílaba), não só contraria uma das regras do jornalismo (a economia da palavra para facilitar a eficácia da comunicação) como aparece como uma demonstração tola de uso das chamadas "palavras caras". Não sei se vem do inglês se do português brasileiro mas o seu uso generalizou-se e já nauseia.
O "desenhar" vem do inglês "design" ("conceber") e é usado... dessa mesma maneira: ninguém faz ou concebe ou plano, mas "desenha-o".
Esta uniformização (o uso dos dois palavrões está hoje generalizado) dá origem a uma língua de pau: falam e escrevem (escrevinham...) todos da mesma maneira. Tendem a pensar todos da mesma maneira. A irem todos na mesma direcção. 
São, mais do que um rebanho de ovelhas, uma manada de vacas.

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