Daqui a quatro meses, em 1 de Outubro, haverá eleições autárquicas (câmaras e assembleias municipais, juntas e assembleias de freguesia).
No concelho de Caldas da Rainha, e por responsabilidade dos seus protagonistas, elas são uma formalidade.
Sabe-se, antecipadamente, quem vai ganhar e quem vai perder. Mas a campanha eleitoral já começou, num desfile de fingimentos, de presenças e ausências dignas de nota, de jogos partidários pouco limpos e de um ambiente de animação artificial movido pela necessidade de ganhar votos.
PSD: a nova vitória da velha "dinâmica"
Mais uma manchete amiga, que vai servindo para o actual presidente camarário, Tinta Ferreira, fazer de conta que é "dinâmico".
O PSD caldense vai ganhar as eleições, não por mérito mas por "estar".
Estão (com Fernando Costa e este seu delfim de escolha aziaga) há dezenas de anos nas malhas do poder local. Conhecem-na toda: as festas e as obras pouco antes das eleições, os lugares que se abrem, as empresas que se contratam, os subsídios que se dão, as amabilidades.
Durante três anos gerem mal o que existe e no quarto atiram com tudo aquilo que possa servir para ganhar votos beneficiando de um efeito acrescido: como as oposições, em geral, também praticam o mesmo tipo de sazonalidade, até vão buscar votos a eleitores que não são os seus, à conta do "antes estes que outros".
PS: desdobramento de personalidade
Dois mundos diferentes: o PS que está nos órgãos autárquicos e o candidato do PS aos novos órgãos autárquicos.
Não há no blogue dos vereadores do PS nada que se refira ao herdeiro destes eleitos em 2013: irregularmente atentos ao que de mau se vai passando na capital do concelho e dos seus subúrbios, foram capazes de fazer um balanço e uma análise do Plano Estratégico que são interessantes mas, por motivos que por inteiro se desconhecessem, ignoram a "sua" candidatura à presidência da Câmara Municipal, protagonizada por um camarada seu, Luís Patacho.
E este vai fazendo um circuito de contactos institucionais que, podendo ser-lhe útil em termos pessoais, não serve para ganhar votos.
Rodando nos candidatos, sem coerência, indo com dificuldade além das provas de vida mais ou menos periódicas, fazendo esquecer a sua capacidade de intervenção, o PS não conseguirá vencer estas eleições e só será interessante saber se esta sua candidatura tem mais ou menos votos do que a outra, a de 2013.
PCP: falta de vergonha
Como há eleições, já aparecem: uma prova de vida com lata a mais.
O PCP tem tido, regularmente, atividades públicas na capital do concelho de Caldas da Rainha e nos seus arredores.
Só que elas, fora dos períodos eleitorais, seguem sempre a agenda de âmbito nacional e, das comemorações aos casos políticos pontuais, ignoram o que se passa no concelho.
É por isso que esta iniciativa dos "edifício abandonados" é tão pouco séria. Quer se trate das ruínas que enfeitam uma das entradas da capital do concelho, quer se trate de prédios na própria cidade (mas ficam esquecidos os das freguesias do interior, e não só), tudo isto já existe e há muitos anos. E é, obviamente, lamentável.
Desde, pelo menos, 2013 que o PCP nunca se preocupou com isto. Fazê-lo agora, e só porque há eleições, revela lata a mais e vergonha a menos.
CDS: a tentar ganhar fôlego?
Rui Gonçalves, o arquitecto que o CDS apresenta pela primeira vez como candidato a presidente da Câmara Municipal parece ser o candidato que melhor conhece o concelho, desdobrando-se numa atividade social intensa que terá de aproveitar para as eleições.
Depois de uma apresentação programática muito exaustiva, tem de fazer subir de tom a sua intervenção e começar a apresentar propostas e projectos, afirmando a sua diferença relativamente ao poder vigente e aos restantes candidatos.
As eleições deste ano podem ser o seu primeiro passo. E não devem ser só um fim, em si. Isto, se quiser mesmo chegar à presidência da Câmara Municipal, um dia.
BE: dispensável
Uma nulidade.
O berloque que diz que é de esquerda não faz falta nenhuma. Não se deu pela sua falta na Assembleia Municipal.
MVC: e depois do adeus?
O futuro destes "independentes" é sombrio.
Correm duas versões para a ausência, até agora, do ex-promissor Movimento Viver o Concelho: já não conseguiu criar uma estrutura, com apoio popular, como em 2013, devido à sua debilidade e/ou à embrulhada situação económica e financeira da única junta de freguesia onde venceu as eleições; e (b) as pessoas com quem poderia contar, entre as quais alguns eleitos, vão aparecer noutras candidaturas.
Seja qual for o motivo, o certo é que o MVC, na prática, saiu de cena. Nunca conseguiu afirmar-se politicamente, nem parece tê-lo querido fazer, depois das eleições; optou por se enfiar (com os votos conquistados nas autárquicas) numa candidatura presidencial muito discutível; desapareceu.
Não entrar nestas eleições pode ser o que melhor faz. Porque terão sempre de contabilizar-se, para serem comparados, os votos de 2017 com os de 2013.
O resultado, a haver candidatura, será pior e não apenas por causa da Foz do Arelho. Que, aliás, a ser esse o caso, será sempre um pretexto muito cobarde para não avançar. Ter medo, em política como no resto da vida, pode ser muito natural mas é sempre um erro.
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