terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
Ler jornais já não é saber mais (8)
Nunca consegui perceber que tipo de perspectiva do mundo é que leva a imprensa nacional a dar tanto relevo aos "Óscares".
São, é certo, uma parte significativa da indústria do cinema nos EUA mas tendem a concentrar-se na grande produção, onde menos se inova e com critérios que são mais comerciais do que "artísticos" ou "culturais".
Nos "Óscares" o cinema "independente" raras vezes é contemplado, a produção televisiva é ostensivamente ignorada e o método de escolha dos galardões continua a ser restritivo e elitista. E tudo pode mudar de ano para ano, sem critérios racionais.
Não há aqui mais do que material para se fazer bom jornalismo? Há, mas esse também é, e cada vez menos, o interesse da imprensa nacional.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
Um engarrafamento armadilhado
Uma das coisas que mais me aborrece neste concelho que tão gentilmente me acolheu é o absoluto desrespeito que muita gente tem pelos outros que circulam na mesma via.
É comum encontrar carros parados com gente lá dentro a conversar com quem está no exterior, ruas completamente cortadas pelos tipos dos eucaliptos ou esventradas e bloqueadas e depois abandonadas, sem obras de reparação.
O caso que aqui se pode ver aconteceu hoje na via conhecida por "Recta da Tornada" (e que é a Estrada Nacional n. º 8), no sentido Caldas da Rainha - Alfeizerão: um engarrafamento (o primeiro digno desse nome de que me lembro desde que para aqui vim morar) com os carros em marcha muito lenta e depois a revelação do motivo - obras, incompreensíveis para quem passa, que bloqueiam uma das faixas. O resultado foi a obrigação de ter o trânsito a passar à vez.
Depois de 15 minutos de fila, a surpresa: obras |
É possível que a obra fosse uma emergência (são habituais as rupturas da canalização na rua, por exemplo). Mas isso não impediria que, pelo menos na saída da cidade de Caldas da Rainha para a "Recta da Tornada" não houvesse uma indicação de que o trânsito estava (muito lento) devido a obras.
É uma mentalidade, a do bloqueio egoísta e/ou negligente das ruas, que deve ter sido herdada dos carroceiros de outros tempos que paravam carroças e bestas onde muito bem lhes apetecia. Ou das próprias bestas, sabe-se lá.
Engarrafamento para cá |
Engarrafamento para lá |
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Porque não gosto dos CTT (115): finalmente, uma sanção da Anacom
Soube por aqui que a entidade reguladora das comunicações, a Anacom, aplicou uma multa de 150 mil euros (o valor é modesto, mas multa é multa) à empresa CTT por “incumprimento do contrato de prestação do Serviço Universal Postal”.
Não encontrei no site da Anacom referência a esta sanção e tomo como boa a informação da Rádio Renascença, que cita o Ministério do Planeamento.
O "Serviço Universal Pessoal" prestado pela empresa CTT é, desde há vários anos, muito mau. Não há um "antes e depois" da privatização. Tem sido, foi e continua a ser igual ao que era.
É de esperar que a Anacom continue atenta.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017
Faltam 7 meses
sábado, 18 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
EPM
O Sr. A., necessitado, dirigiu-se a um vulto feminino numa das ruas mal-afamadas de Lisboa, convidando-a, a troco de numerário, a fazer-lhe um bico e a deixá-lo enfiar-se numa das suas reentrâncias, talvez a da retaguarda.
Depois de devidamente satisfeito, o Sr. A. descobriu, indignando-se, que a sua fornecedora de serviços era afinal um homem. Que disse ao Sr. A. que pensava que ele sabia desde o primeiro momento.
Eis um Erro de Percepção Mútuo.
Eis um Erro de Percepção Mútuo.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
Noite 4x4
Quatro séries televisivas ontem: "Legion" (Fox) foi muito promovida mas é débil, com uma história nada interessante (que é feito do pai do "herói"?!), uma narrativa visualmente pretensiosa e um protagonista que é, e parece, mais velho do que devia ser; "Training Day" (TV Séries) parece querer cumprir os mínimos, com alguma competência fílmica; "Vikings" (TV Séries) chegou ao fim da temporada e haverá mais outra; e "The Walking Dead" regressou, tendo o episódio ficado gravado para ver depois, com alguma expectativa.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
Raivosos, de esquerda e contentinhos com a mentira
A queda do Muro de Berlim, em 1989, foi um trauma.
Nenhum comunista escapou ileso à fuga em massa dos alemães da ex-República Democrática Alemã do seu país e dos muitos outros que se lhes juntaram: então já não queriam lá estar?!
Uns terão regressado, outros não, os regime do “socialismo real” foram caindo como pedras de dominó e o que hoje resta é uma Rússia com alguns Estados agregados, que tem mais a ver com a Rússia czarista do que com o centro da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Em Portugal, alguns comunistas foram-se afastando do PCP. Outros ficaram. O discurso da direcção do PCP foi unânime: era tudo uma fabricação, fazia tudo parte de uma “campanha”. Só lhes faltou dizer que o Muro de Berlim não tinha caído e que as imagens da fuga do Leste eram uma invenção.
Os comunistas que ficaram no partido aceitaram a ideia. Sentiram-se, decerto, mais confiantes: ainda era possível acreditar na Terra Prometida. O que fazia as normas da fé era o “Avante!”. E no “Avante!” confiavam.
É interessante ver como reina, hoje em dia, uma certa versão deste trauma, que se tem manifestado numa santa ignorância da subida dos juros da dívida pública, do aumento brutal dos impostos indirectos e do comportamento trapalhão do Governo e especialmente do ainda ministro das Finanças perante o mito do “banco público”.
A coisa chega ao ponto de se dizer que a avaliação do grau de cedência do ministro das Finanças às exigências do indigitado presidente da CGD não interessa, que não é notícia e que há coisas “mais importantes”. E dizem-no, muitos, com uma raiva nas letrinhas todas, ignorando que, no passado, recente já haviam (e os seus idolatrados BE e PCP) pedido a demissão de ministros por acontecimentos menos significativos.
Este estado de contentamento tolerante com a mentira política estende-se ao apoio que dão ao actual Governo e tem expressão nas sondagens de um único jornal que vai dando como certa a subida de votos no PS.
Como muita desta gente não terá perdido as suas capacidades intelectuais em tão pouco tempo, é plausível que estejam a sofrer de um trauma bem concreto e a tentar compensá-lo. Durante quatro anos desfizeram-se em manifestações contra o Governo anterior, em protestos, em comentários, em manifestações. E depois os partidos do Governo (PSD e CDS) ganharam as eleições legislativas.
Este trauma, que parece afectar também o PCP (quando diz que a sua entrada no actual esquema governativo só teve o objectivo de alterar o que tinha sido feito pela “direita”), justifica o apoio cego a um primeiro-ministro golpista, esquece o clima de mentira, ilude a perda do poder de compra e a ameaça da crise financeira. O apoio ao Governo e às suas mentiras é, afinal, um pequena forma de vingança contra os que não tinham conseguido vencer.
À sua maneira, são uma espécie de Trumps da esquerda.
Desmazelo
Os Serviços Municipalizados de Caldas da Rainha não andam atentos às rupturas da rede pública de abastecimento de água. E esta boca-de-incêndio, na Estrada do Vale, na freguesia da Serra do Bouro (concelho de Caldas da Rainha), vai deixando sair a água de equipamento, que já tem um aspecto bastante ferrugento e carcomido.
Esta pequena infra-estrutura desportiva (baptizada como "Parq'Ativo"), construída no ano passado, destina-se à prática desportiva da população.
Foi uma das poucas obras que nasceram do Orçamento Participativo de Caldas da Rainha... mas sem duas coisas essenciais para o seu funcionamento: um bebedouro e bancos para as pessoas se sentarem.
Deviam ter sido instalados de raiz pela Câmara Municipal mas já se sabe que a "nova dinâmica" do seu presidente é bem o oposto de tudo quanto é necessário fazer..
Negociação de reféns
Gulosa, e tendo em si a herança da tradição dos cockers spaniels de irem apanhar a caça abatida, a Joaninha habituou-se a "caçar" panos e pequenas toalhas, que depois mantém reféns à espera, por exemplo, de uma migalha de pão.
Arrancar-lhe a presa é quase impossível, mas basta o início da negociação para ela oferecer de imediato o seu refém... à melhor oferta.
Uns escondem, os outros não se importam
O ministro (das Finanças) pediu a uma empresa de advocacia que indicasse como se devia mudar uma lei do Estado. Aceitou a imposição de uma excepção uninominal à lei aplicável, por parte do convidado para a presidência do banco público. Mas o mesmo ministro garantiu que isso não aconteceu.
Se assim fez e não informou da sua conduta o primeiro-ministro, é grave.
Se o primeiro-ministro soube, e escondeu o seu conhecimento, é ainda mais grave.
Ninguém que seja intelectualmente honesto pode dizer que o jornalismo se deve alhear desta situação tão séria. Nem o deve fazer a opinião pública.
Se assim fez e não informou da sua conduta o primeiro-ministro, é grave.
Se o primeiro-ministro soube, e escondeu o seu conhecimento, é ainda mais grave.
Ninguém que seja intelectualmente honesto pode dizer que o jornalismo se deve alhear desta situação tão séria. Nem o deve fazer a opinião pública.
Tal como a Presidência da República... se fosse outro o Presidente.
domingo, 12 de fevereiro de 2017
Kruchtchev era "retundo" e "vocês" escreve-se "voçês" (6)
Tudo isto se resume a uma única constatação: o "Expresso" distribuiu, sem nenhum peso na consciência, uma edição bibliográfica com clamorosos erros de português.
Sem emendar a mão, sem uma justificação, ignorando o óbvio e aceitando uma má decisão da editora Aletheia que não terá feito o devido controlo de qualidade de uma tradução e de uma revisão com evidentes defeitos.
Ao fazê-lo, o "Expresso" pôs-se ao mesmo nível de quem escreve, em português, "súper", "retundo" e "voçês". Em SMS, no Facebook, nos comentários on line... e também em livro.
Primal Attack... ao ataque!
No palco do RCA depois do espectáculo,
com os Primal Attack na primeira fila (Miguel, Mike, Miranda, Tiago e Pica)
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Foi noite de festa a noite de lançamento do segundo álbum da banda "metálica" Primal Attack, na sexta-feira no clube RCA, em Lisboa.
Antes dos Primal Attack, que apresentaram canções dos seus "Heartless Opressor" e "Humans", estiveram no palco os portuenses Analepsy e Revolution Within, expoentes de um tipo de música que não é para pessoas timoratas e que o meu excelente amigo Bruno Chainho, o vocalista dos Primal Attack com o nome-de-guerra de Pica, me tem ensinado a conhecer.
Na próxima sexta-feira, os Primal Attack estarão também no Porto.
"Sigaaaaaa!"
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
E se, para variar, também falássemos por uma vez do Plano de Pormenor da Estrada Atlântica?
Manchete da "Gazeta das Caldas", 10.02.17 |
Em 2011 a Assembleia Municipal de Caldas da Rainha alterou o Plano Director Municipal e criou o Plano de Pormenor da Estrada Atlântica, permitindo a construção de um empreendimento turístico gigantesco numa zona antes não urbanizável de paisagem protegida, que apanhava as freguesias da Serra do Bouro e da Foz do Arelho.
O empreendimento turístico era promovido por duas empresas enigmáticas que nunca se apresentaram a público mas que tinham, e talvez ainda tenham, como seu representante o então presidente da Junta de Freguesia... da Serra do Bouro.
As obras iam começar em 2013 e prolongar-se-iam até 2041, ocupando 275 hectares de terreno numa zona privilegiada, com um investimento de 300 milhões de euros.
Nada disto aconteceu. E o assunto ficou, desde muito cedo, envolto num silêncio muito estranho. Demasiado estranho.
É pena que a "Gazeta das Caldas" não o recorde ao anunciar mais um grandioso projecto turístico numa zona que não sabe aproveitar o imenso potencial turístico que possui.
Pode ser que este hotel de 5 estrelas vá por diante, seja construído, prospere e seja proveitoso para os seus proprietários para a região. Mas isso não serve para esconder o que nunca foi esclarecido.
Kruchtchev era "retundo" e "vocês" escreve-se "voçês" (5)
Porque é que as mesmas criaturas que são tão encarniçadamente contra o Acordo Ortográfico não se se manifestam do mesmo modo contra os erros (factuais, de português!) que enxameiam livros, revistas e jornais?
Não pode haver dois critérios para uma língua alterada, para pior, pela política e pela arrogância de alguns "sábios" e pela burrice e incultura de outros.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
Ler jornais já não é saber mais (7)
Kruchtchev era "retundo" e "vocês" escreve-se "voçês" (4)
Em respostas que recebi, da editora Aletheia mas não do "Expresso", é posta a ênfase na excelência do tradutor deste livro ("Estaline - A Corte do Czar Vermelho"), como uma espécie de confirmação da impossibilidade do erro.
Mas os erros a que me referi ("súper", "retundo" e "voçês") até podem não ser responsabilidade directa do tradutor. Ponhamos a seguinte hipótese: as 170 páginas do volume I, onde eu detectei os erros e quando desisti de tentar ler a obra, podem nem ter sido traduzidas por ele. Foram confiadas, por hipótese, a outra pessoa. O resultado não foi examinado pelo tradutor. Não foi controlado pelo revisor. Não foi sequer verificado pelo editor.
Porque o(a) autor(a) da tradução dessas, pelo menos, 170 páginas pode conhecer inglês e saber traduzir de inglês para português. Mas faltam-lhe, depois, a capacidade e o conhecimento para verter o que traduziu na língua portuguesa, não como ela é falada mas como é escrita.
E este é o aspecto mais sério, depois de dezenas de frases que, na sua construção, são transferências directas de inglês para português (desde adjectivo-adjectivo- substantivo, em vez de substantivo-adjectivo-e- adjectivo a aplicações literais).
Não basta saber traduzir as palavras de uma língua para outra e é necessário saber construir a frase em português que melhor traduz a letra e o espírito do original.
Os três principais erros mostram a falta de contacto (e de conhecimento) do português escrito: "vocês" com "ç" porque o que se diz é que "vocês" se escreve com "c de cão", ou seja "quê" e portanto recorre-se ao "ç" para ter o som "cê"; "retundo" porque, pelo menos em Lisboa e arredores se pronuncia "retunda" em vez de "rotunda" (com o som "rutunda"); e "súper" porque quando dizemos "super" (em "supermercado" e em tudo o resto) estamos a acentuar o "u".
domingo, 5 de fevereiro de 2017
Kruchtchev era "retundo" e "vocês" escreve-se "voçês" (3)
"Retundo", "voçês" e "súper" - isto é português? Não é, mas parece que ninguém se importa.
A carta que escrevi ao "Expresso" não teve reposta e o 5.º volume do dito livro lá foi distribuído este sábado. É vergonhoso.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
Kruchtchev era "retundo" e "vocês" escreve-se "voçês" (2)
A propósito disto, e na sequência de uma carta que dirigi ao "Expresso" e à editora Aletheia, recebi uma resposta com o seguinte teor: "Agradecemos desde já as suas notas à obra 'Estaline', cuja tradução é assinada por Mário Dias Correia, um dos mais prestigiados tradutores portugueses. Não deixaremos de ter, contudo, em conta as questões levantadas e ficamos gratos pela atenção dedicada a esta colecção."
De facto, o seu a seu dono.
Ficam aqui mais duas reproduções da coisa: a respectiva ficha técnica e mais uma peculiaridade desta obra em que eu ainda não tinha reparado: "súper" em vez de "super".
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