Foi no extinto "O Jornal", onde havia gente melhor a trabalhar do que a mandar, que conheci Fernando Antunes.
Fazia parte, como Fernando Assis Pacheco ou Afonso Praça, de um grupo de profissionais que cumpriam com o mesmo brio e com o mesma satisfação os deveres burocráticos da profissão de jornalista e os momentos de maior criatividade.
Um pouco contra vontade, Fernando Assis Pacheco e Afonso Praça tiveram de ser chefes mas isso não os diminuiu nem lhes limitou as imensas qualidades que tinham.
Destacado para o Parlamento, Fernando Antunes escapou-se a essas funções, ocupou-se das coisas parlamentares como poucos e nunca perdeu as suas qualidades humanas.
Era um dos poucos que, à quinta-feira, dia de fecho de "O Jornal", chegava à redacção, na Avenida da Liberdades, por volta, ou mesmo antes, das 8 horas.
Numa dessas quintas-feiras em que lá nos encontrámos, veio ter comigo para eu ler e lhe dar a minha opinião sobre uma das suas crónicas parlamentares, antes de a entregar para publicação. Era uma época em que ninguém, entre os melhores camaradas de redacção e de profissão, se considerava auto-suficiente. Ou acima dos restantes.
Já nem surpreende, por isso, que a notícia da morte de Fernando Antunes tenha ficado limitada a este apontamento (na "Visão", ao que parece, que ironia!).
2 comentários:
Era um tipo muito interessante.
Trabalhei com ele vários anos, no JN. Dêmo-nos sempre bem até que um dia tivemos uma discussão tremenda. A partir desse dia ainda nos demos melhor. Muitas vezes me pediu para lhe ler as crónicas que escrevia. Estavam quase sempre perfeitas e ele escrevia-as com uma velocidade rara.
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