O sistema financeiro e económico que decorre da inclusão de Portugal na zona da moeda única da União Europeia é bom para o País ou não? Numa perspectiva doutrinária e económica, pode ser… como não ser. As opiniões variam e quase todas elas são merecedoras de atenção.
Há, no entanto, uma inegável vantagem para Portugal, neste preciso momento: a moeda única e a nossa integração na Zona Euro são as únicas fronteiras ao desvario absoluto do governo da coligação PS-BE-PCP.
Vivemos, de certo modo, e de uma maneira que ainda alimenta muitas ilusões (embora em regime de pensamento mágico), um segundo PREC.
O Processo Revolucionário em Curso (o chavão que acabou por caraterizar essa época) de 1974 – 1975 teve uma componente de tentativa multifacetada de controlo do poder político e económico por parte da esquerda e das várias extremas-esquerdas. Havia militares armados de um lado e do outro. O PS, seguro de que o poder viria a ser seu, distanciou-se desde cedo do PCP e dos restantes extremistas. O modelo económico e político do PCP (o sector mais forte) era o do “socialismo real”. As extremas-esquerdas tinham tudo e não tinham nada: da URSS estalinista à China maoísta, passando pelo inaplicável trotzquismo
Este PREC é diferente. Não há, ao que parece, militares armados de braço dado com a esquerda e a extrema-esquerda. Aliás, a esquerda parece ter ido de férias, e sobejou a extrema-esquerda em todo o seu esplendor ideológico.
O PS governamental, o BE (que parece mandar no PS) e o PCP que já enterrou as prédicas do pai fundador contra o radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista controlam a maioria do Parlamento e o Governo que formaram. A espiral radicalista da “justiça fiscal”, e dos prémios sectoriais a pensar nos votos que hão de vir, avança a todo o vapor.
A democracia constitucional e a Presidência da República são os únicos obstáculos concretos. Mas o Presidente ainda parece acarinhar este governo de extrema-esquerda e a Constituição garante que o País vai ser socialista.
E há modelos para esta gente? A Coreia do Norte é um império orientalizado, de exportação difícil. Cuba já deu o que tinha a dar. A China de “um país, dois sistemas” não é flor que se cheire.
O que resta, à extrema-esquerda, é o exemplo latino-americano da Venezuela. Com forças armadas razoavelmente fortes e uma população entregue à sua triste sorte, dominada por um governo de loucos chefiado por um louco ambicioso.
Se não fossem a Zona Euro, a moeda única e a União Europeia, já estaríamos mais para lá do que para cá. E, mesmo assim, o futuro está cada vez mais sombrio.
Sem comentários:
Enviar um comentário