Justifica-se citar aqui o insuspeito “Público” e a nota “Nem tanto ao défice nem tanto à dívida” (da sua direcção editorial, de 23.09.15).
O “Público”, onde tem sido notório o alinhamento editorial pelo PS, escreve, a propósito do aumento (estatístico) do défice por causa do Novo Banco: “As regras de contabilidade exigiam que o dinheiro injectado pelo Fundo de Resolução no Novo Banco fosse contabilizado para efeitos do défice e da dívida, caso a venda não fosse concretizada no período de um ano. Como tal, o défice do ano passado, altura em que se deu a injecção de capital, aumentou de 4,5% para 7,2%. (...) Tal como explicou Pedro Passos Coelho, estamos a falar de uma operação contabilística que não exige um esforço adicional aos portugueses para equilibrar as contas públicas e que em nada compromete as metas para este ano.”
Ou seja: não serão necessárias medidas excepcionais como aumento de impostos, cortes nas despesas do Estado, etc. O défice de 2014 está definido e o caso do Novo Banco é uma operação contabilística.
O que no entanto se ouviu da boca de Catarina Martins (BE), de Jerónimo de Sousa (PCP) e de António Costa (PS) foi o oposto, com a tónica posta no “aumento de impostos” e na “mais austeridade”. Da primeira, que decerto não pensa vir a ser primeira-ministra, pouco haverá a esperar. Do segundo sabe-se que queria fazer do ex-BES um novo BPN. Mas do terceiro…
Bem, o actual secretário-geral do PS quer ser primeiro-ministro e construiu parte da sua carreira política a pensar nisso e, possivelmente numa segunda fase, na Presidência da República. Mas, e apesar dos economistas com que parece contar, não se coibiu de falar num “buraco financeiro” (e talvez devesse respeitar a memória de Sousa Franco...) nem em inquirir o primeiro-ministro sobre novos aumentos de impostos... por causa do défice estatístico de 2014. Regressemos ao “Público”: “Pedro Nuno Santos, do PS, exigia: ‘O que Pedro Passos Coelho tem de explicar agora aos portugueses é para que é que serviu a austeridade.’ É caso para dizer que uma coisa não tem nada que ver com a outra. Se assim fosse, o próprio PS teria de rever o seu programa eleitoral, já que a necessidade de consolidar as contas públicas seria maior do que o esperado. E mesmo criticando a solução (e as consequências) da resolução adoptada pelo Governo para o BES, nunca se percebeu bem o que os socialistas fariam de diferente e que custasse menos aos cofres públicos.”
Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e António Costa ultrapassaram, com estes seus arroubos, a fronteira da demagogia. E mais importante do que o défice de 2014 é o défice de honestidade que tudo isto revela. Deus nos livre, se o eleitorado não o conseguir, de que esta gente venha a ter responsabilidades governativas!
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