1 - Quando foi anunciado o corte dos "subsídios" da função pública, os protestos foram sempre na terceira pessoa: eram os sindicatos que se queixavam.
2 - Na quinta-feira, a decisão do Tribunal Constitucional (TC) pôs os sindicatos e a "esquerda" aos pulos de satisfação, acompanhando a excitação da imprensa, sempre sedenta de sangue.
3 - Nessa mesma noite, o primeiro-ministro, nada contristado com o que começava a ser descrito como uma "derrota" do Governo, acenou de imediato com o óbvio: os sacrifícios deverão ser para todos, realmente.
Ou seja: os assalariados do sector privado também não podiam deixar de sofrer os cortes (e graças à "esquerda" que pediu a fiscalização da constitucionalidade e ao TC). E eu até acredito que alguém há-de ter começado a fazer contas na perspectiva de resolver o problema da execução orçamental com o alargamento do cortes dos/nos "subsídios".
4 - A imprensa, que agora já lhes dói, começou de imediato a protestar e na primeira pessoa.
E o seu nervosismo deu origem a coisas tão extraordinárias como o título onde se noticiava (?!) que o ministro das Finanças "promete estudar com cuidado" o acórdão do TC, notícia tão espantoso e tão digna de destaque na primeira página como noticiar com carácter de exclusivo que o sol nasce de manhã e se põe ao entardecer.
5 - Desde que a questão dos cortes dos "subsídios" se pôs, não houve - que se saiba - um único sindicato que tomasse a iniciativa obviamente mais inteligente: integrar os "subsídios" na remuneração salarial anual.
Quanto mais não seja porque, como ficou e ficará demonstrado, é muito mais fácil cortar "subsídios" do que salários.
6 - Nem houve tão pouco, da parte dos sindicatos da função pública, a sugestão, proposta ou reivindicação de que o alargamento quantitativo da base dos que vão ser "cortados" alivie um pouco a vida dos trabalhadores da função pública em 2013.
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