terça-feira, 19 de maio de 2020

Associação Portuguesa de Tradutores: má-criação

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No passado dia 14, a Associação Portuguesa de Tradutores (APT) enviou aos seus associados um e-mail onde, entre outros disparates, publicitava uma vacina contra o coronavírus que poderia ser adquirida particularmente mediante um contacto telefónico.
Nesse mesmo dia, enviei à presidente da APT o seguinte e-mail:

Foi com a maior estupefacção que, tendo recebido este e-mail, o fui ler.
Em primeiro lugar, não me parece que caiba à Associação Portuguesa de Tradutores a divulgação de orientações gerais de índole clínica. Tal papel cabe, com todas as reservas que entendo serem necessárias e convenientes, aos organismos estatais.
Não sendo sequer o caso, pois se trata de opinião imputada a um médico, é, no mínimo, um abuso estar a APT a fazer-se formalmente porta-voz de uma simples opinião individual.
Em segundo lugar, e mesmo que a APT entendesse ter essa legitimidade, não pode estar a divulgar o que não passa de sugestões de tratamento (porque nem sequer se trata de medicamentos aprovados oficialmente) e, muito menos, a convidar à aquisição de uma vacina (!) por telemóvel.
Em terceiro lugar, entra já no domínio da especulação nostradâmica, por muito que tenha ocupado nos espíritos mais crédulos o lugar das profecias do antigamente, o augúrio de uma "segunda vaga", não cabendo à APT fazer-se dela arauto.
Espero que a APT corrija a sua atitude.

A APT não me respondeu. A isto chama-se má-criação. 

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