O Flipe (nome que eu lhe dei e a que ele responde, e sobre quem escrevi aqui) foi atropelado há cerca de dois meses. Não que pudesse surpreender: obrigado a viver nos terrenos em redor da moradia dos que tecnicamente são seus donos, foi abrindo sempre caminho na vedação que não vedou a propriedade e, já que ninguém o passeava, passeava ele sozinho.
Não sei pormenores sobre o atropelamento, mas sei que o embate veículo - cão há de ter sido forte porque a bacia ou uma perna ficaram fracturadas e teve de ser operado e levar, pelo menos, uma prótese. Até há pouco tempo, estava recolhido em casa e os donos já o passeavam, ele com ar manifestamente entediado e ela sempre com pressa.
Agora, e pelo menos durante o dia, já não fica em casa. E, é claro, vai dar os seus passeios. Está menos ágil e, para andar mais depressa e correr, recolhe uma das pernas e anda assim, com a perna pendurada. Os donos continuam a tentar fechar a vedação, mas há um fenómeno estranho que ocorre: tapam zonas por onde ele não sai e deixam abertos os buracos por onde ele sai. O cão é, muito obviamente, mais esperto do que eles.
O que é que acontecerá a seguir ao pobre Flipe? É que agora vai demorar mais tempo a desviar-se dos carros.
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