O jornal "Gazeta das Caldas" é um dos órgãos de imprensa que, com a beatitude dos que se julgam mais infalíveis do que o Papa, gosta de vituperar o novo papão do populismo.
Mas depois pratica-o, impune e contentinho da Silva. Veja-se:
O populismo de que a "Gazeta" gosta (p. 2, edição de 1/03/2019) |
O presidente da Junta de Freguesia da Foz do Arelho estará, segundo parece, na condição de arguido por suspeita de irregularidade económicas neste órgão público.
Por vários motivos, o caso ganhou notoriedade pública e chegou, naturalmente, à imprensa muito por causa da intervenção da Assembleia de Freguesia. Nesta fase, a pessoa em questão não se encontra ainda acusada, ao que se sabe, nem, muito menos, julgada e condenada (ou absolvida).
A "Gazeta", que tem acompanhado o caso sempre numa perspetiva de censura da actividade do presidente, dedicou o seu inquérito de rua ao assunto e o resultado está à vista.
"São todos iguais, não escapa nenhum, o que faz com que nós não confiemos em ninguém na hora de votar", diz uma inquirida. "Há muita gente na Foz do Arelho que vai pagar, não é só este presidente. O problema começou com o presidente da junta que sacou o dinheiro todo das areias e o levou com ele", diz o inquirido. E a restante diz: "É mais uma situação de corrupção, mas não é a única."
Uma diz que nenhum político é de confiança, o outro sabe como é que começou e a segunda inquirida já sabe tudo: é a corrupção.
Este é o discurso típico do populismo e da demagogia e a "Gazeta das Caldas" não devia dar-lhe a cobertura acrítica que dá.
Na sua infinita sageza saberia decerto como é que poderia evitar a expressão de discursos tão populistas. Mas não evitou: a "Gazeta" já é populista, portanto.
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