quarta-feira, 27 de março de 2019

Incêndios: quando a prevenção é uma treta




Esta extensão de terreno separa a Estrada Atlântica (que liga a Foz do Arelho a Salir do Porto) da povoação de Cabeço da Vela, na Serra do Bouro (Caldas da Rainha) e, mais diretamente, de três ou quatro casas, uma delas a minha, desta localidade.
Na noite de 15 de Outubro de 2017, se o vento tivesse mudado de direção, para Leste, o grande incêndio que percorreu a orla da Estrada Atlântica teria rapidamente galgado esta extensão de terreno e atingido as casas.
O mato não foi limpo pelo proprietário. Mas o homem é conhecido. A GNR foi informada e as autoridades municipais também. Autoridades municipais que, na noite do incêndio e nos dias seguintes, primaram pela ausência e pelo desprezo absoluto pela população local. E quanto à GNR… não conseguiu fazer nada quanto ao proprietário.
Este ano, com o tempo seco como está, os campos que lhe pertencem estão por limpar, secos, transformados em combustível pronto a arder. Como há um ano. Como em 15 de Outubro de 2017-
A prevenção é esta treta: o "diktat" governamental sobre a limpeza dos matos é completamente absurdo quando (como no ano passado) o tempo húmido se arrasta ao longo dos meses e que o que foi cortado em Março ressurge em Junho; no tempo quente e seco, como este ano, mesmo com o carácter ameaçador dos avisos da Autoridade Tributária e Aduaneira, medra a impunidade; e as autoridades, porque não estão para isso e porque não podem, demitem-se das suas responsabilidades e, quando mandam limpar o terreno, deixam a vegetação a acumular-se e a secar onde ela foi cortada.
E depois há umas quantas boas almas e alguns "idiotas úteis" institucionais que a prevenção é uma maravilha. É pena que não lhes ardam as casas a eles.


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