quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A partilha... da parvoíce


Ontem, dia 29 de Janeiro, recebi um "convite" dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, assinado por uma Cristina Maia, que se me apresentava como "Gestora de Projecto da Área do Cidadão do Serviço Nacional de Saúde", que depois me descrevia com grande pormenor de vantagens.
A mesma remetente garantia que eu era "um dos Cidadãos que mais utiliza a Área do Cidadão" (acho que nunca a utilizei…) e que a minha opinião era "importante", pelo que me convidava para uma "sessão de discussão de reestruturação dos menus", a realizar no dia 31 de Janeiro (amanhã) em Lisboa das 9h30 às 18h. No mesmo e-mail, no entanto, dizia-me que eu devia confirmar a minha presença até ao dia… 20 de Janeiro.
Nem por um segundo considerei a hipótese de ir e, por acaso, só hoje reparei nesse pormenor de 20 de Janeiro.
E reparei porque fui ler novamente o e-mail, depois de ter recebido hoje, dia 30, um segundo e-mail, onde a mesma Cristina Maia me garantia, textualmente e mesmo com o ponto de exclamação no fim: 

Agradecemos o seu interesse pela Sessão de Discussão de Reestruturação da Área do Cidadão, mas informamos que não podemos contar com a sua presença em sala, por já termos atingido o limite de lugares.
No entanto, a sua opinião é muito importante e valiosa para nós e gostaríamos de receber os seus contributos por email.
Estamos a trabalhar para tornar a Área do Cidadão ainda melhor!

A coisa não tem explicação, de cabo a rabo. Mas, já que mostram tanto interesse na minha opinião, segue o conteúdo deste post para o e-mail onde queriam receber a minha "importante e valiosa" opinião.
Se me responderem, há aqui lugar suficiente para publicar a resposta…


Asfaltar 500 metros de rua? Reabilitar um chafariz? A junta de freguesia não sabe o que é...







Não há volta a dar a isto: a Junta de Freguesia da União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro (vamos, institucionalmente, dar o nome todo a esta lamentável aberração) não consegue, ou não quer (e nem sei o que será mais idiota…), responder a duas perguntas que fiz em meados de Novembro do ano passado.
As perguntas, para essa gente, devem ser complicadíssimas: referem-se à pavimentação de 500 metros de rua e a um degradado chafariz que bem podia ser substituído por qualquer coisa menos vergonhosa.
As sete figurinhas da imagem acima, contentinhas da Silva e de ego cheio nas eleições de 2017, são incapazes.
Talvez devam ser vistas mais de perto...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Ler jornais já não é saber mais(45): a estatistica do desespero


Este jornalismo de não sei-quantos-por dia, do cada-vez-mais, do "nunca" isto ou aquilo e do "dispara", é uma fronteira entre o jornalismo digno e o jornalismo do desespero e tende agora a generalizar-se nos jornais que antes de reclamavam "de referência".
O primeiro dá a notícia, não a grita. Fornece uma explicação, resumida, por si ou pela boca de alguém, para o que contém a notícia. Atém-se aos factos, não os generaliza.
O segundo é o jornalismo dos profissionais que não o conseguem ser, porque ninguém os ensinou a serem, na prática, porque transformam a conversa de café em título de notícia (?), porque vão pelo impressionismo dos números. E quem o faz, ou consente, até pensa, em desespero de causa, que os jornais ainda terão público que os compre por estes títulos de um sensacionalismo tonto. 
Mas não têm. Nem é isto que vende jornais.
A proliferação do jornalismo estatístico traz consigo um cheiro a morte - a morte do jornalismo enquanto tal.
E eu sei que há uma geração que o percebe mas que se afunda progressivamente na sua desgraçada impotência.

[Os títulos reproduzidos são todos de primeiras páginas, sendo alguns deles manchetes. Se fossem contabilizados todos os títulos de simples notícias, o número seria monstruoso.]