quinta-feira, 19 de julho de 2018

"Os Maias" e os outros

Comecei a ler relativamente cedo. 
Li, com carácter sistemático, Emilio Salgari, René Guillot, Edgar Rice Burroughs, Jules Verne (menos sistematicamente…), Pierre Souvestre & Marcel Allain, S. S. Van Dine e Carter Dickson/John Dickson Carr, H. P. Lovecraft e Stefan Wul. Entre outros.
Li, com gosto, mas mais tarde, Aquilino Ribeiro e Ferreira de Castro. Continuei sempre a ler, com interesse e com gosto.
Nunca li, fora do âmbito escolar, "Os Maias", "Os Lusíadas", "Frei Luís de Sousa" ou "As Pupilas do Senhor Reitor". Nunca, em adulto, me senti atraído por estes livros e pelos seus autores
Escrevi (e foram publicados) dez romances, “thrillers” porque foi o que quis escrever e todos em editoras a sério. Há um ou dois títulos meus no Plano Nacional de Leitura (cuja utilidade desconheço).
Escrevi, como jornalista e crítico de cinema, em vários jornais e revistas.
Tenho, desde 2007, cerca de 70 livros traduzidos para diversas editoras portuguesas, nos mais variados estilos de escrita e de organização do texto.
Nunca me foram feitos reparos por não saber escrever ou ter erros de escrita, embora tivesse tido uma pega com a revisão do "DN" porque, numa notícia, me mudaram "objectivo" para "desiderato".
Num encontro com estudantes numa escola secundária, uma jovem pediu-me opinião sobre a leitura de "Os Maias" na escola, como livro obrigatório. Acho que lhe respondi, por outras palavras, que era muito melhor que pudessem ler livros mais interessantes e mais adequados à sua idade e aos seus interesses. O professor (de Português) que promoveu o encontro ficou ofendido com a minha resposta.
O gosto pela leitura e o conhecimento da língua e da literatura portuguesas não podem ser impostos pela leituras "obrigatórias" (que, na maior parte dos casos, se ficarão pelos resumos ou por algumas partes).  É pena que dezenas de anos de insucesso escolar nesse domínio não tenham ensinado nada aos adultos.

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