quinta-feira, 5 de julho de 2018

A nova "guerra" dos professores: traídos, desconsiderados e humilhados (2)





Acompanhei durante muitos anos, por razões profissionais familiares, as questões de política educativa e, no seu âmbito, a situação dos professores dos ensinos básico e secundário. Assisti a numerosas greves e "guerras" de professores contra o Ministério da Educação e contra os vários governos e ministros. 
Segui muitas polémicas que diziam respeito aos problemas de carreira e remuneratórios dos professores. 
Conheci, de perto, ministros e dirigentes sindicais, secretários de Estado e activistas sindicais. Desde, praticamente, 1974 (ainda como estudante) até quase aos nossos dias.
E nunca vi uma situação como esta em que os professores dos ensinos básico e secundário foram, sem força e sem apoios reais, tão traídos, desconsiderados e humilhados. 
Muitos destes professores e os seus sindicalistas (sobretudo os do PCP e do BE) acreditaram nesta solução governativa da tríade PS/PCP/BE. 
Talvez por isso, deixaram-se manietar, directa e indirectamente, pelos compromissos partidários. Calaram-se quando o Estado, dirigido por este PS, deu a borla do IVA à restauração (perdendo por ano 350 milhões de euros, mais de metade do que se diz que custaria a recuperação do tempo de serviço das progressões). Calaram-se quando a restante função pública (muito mais favorecida e beneficiada do que os seus colegas professores) ganhou a benesse das 35 horas. Foram-se calando, graças a mais umas migalhas por mês.
Quando acordaram era tarde. 
Os sindicatos estão derrotados e perderam, porque o PCP e o BE também assim o quiseram, a capacidade de forçarem negociações. A causa da recuperação do tempo de serviço perdeu-se no sorvedouro da opinião pública e publicada (que deixou passar os privilégios da restante função pública). E, por fim, sujeitaram-se a uma nojenta e canalha propaganda governamental como nunca existiu na História portuguesa, nem antes nem depois do 25 de Abril. Perante um silêncio de novo tipo dos partidos que gostam de se dizer "de esquerda". 
Julgo que esta "guerra" da recuperação do tempo de serviço está perdida. 
Mas se os professores, fora do "redil" político e partidário, souberem manter e afirmar a sua dignidade, podem tentar ainda vencer esta "guerra" no todo ou em parte, em novas batalhas. 
Se quiserem, claro. E contra os seus miseráveis "generais" sindicais e partidários.

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