sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Os outros super-heróis

"Daredevil/Demolidor"



"Arrow" (Arqueiro Verde)



"The Flash"



"Supergirl"



"Legends of Tomorrow"
(na primeira linha, Átomo, White Canary e Captain Cold)


Os super-heróis da banda desenhada das grandes empresas americanas DC e Marvel não são apenas os que aparecem no cinema (Batman, Super-Homem, o Homem-Aranha, Os Vingadores e os que se lhes seguirão em 2017).
Com as personagens de primeira linha canalizadas para o cinema, as de segunda linha ficaram para a televisão, para o domínio das grandes séries, rivalizando com as próprias longas-metragens em tom, dramatismo e impacto visual. Eis, por agora, as melhores.




Só com a primeira temporada vista, o resultado é extraordinário.
O problema da "origens" do super-herói (Daredevil/Demolidor) não é um entrave a que a história avance e fica diluído ao longo dos 13 episódios. E a transposição das personagens, dos ambientes e das várias linhas narrativas ficou igualmente resolvido e com um estilo audiovisual muito acima da média.
A série harmoniza o melhor das histórias deste super-herói da Marvel e, em especial, do tratamento que lhe deu Frank Miller. Este Demolidor é violento, sedutor (quando aparece na sua identidade secreta) e muito perturbado. Charlie Cox está perfeito e o famoso "Kingpin" (Wilson Fisk) é, na interpretação de Vincent D'Onofrio, uma recriação fabulosa.
A série vai já na sua segunda temporada, é uma co-produção da Netflix/Marvel e vai dar origem a outras duas, com os super-heróis Luke Cage e Punisher.
O Demolidor faz parte do mesmo universo dos Vingadores mas, apesar de algumas referências indirectas momentâneas ao Homem de Ferro e a Thor, não parece provável o seu encontro.

Vi "Daredevil" (temporada 1) em DVD, numa edição Marvel/ABC Studios, legalmente adquirida.


"Arrow"

aqui me referi a "Arrow", que é a grande precursora desta nova vaga de super-heróis: é o famoso Arqueiro Verde, o milionário que se torna justiceiro, teimoso e irreverente e muitas vezes crítico do Super-Homem e de Batman, seus companheiros de luta nas várias parcerias e associações dos super-heróis da DC.
Nascida sob a batuta do produtor Greg Berlanti (da empresa de televisão The CW), "Arrow" dispõe de uma estrutura narrativa movimentada, respeita vagamente os cânones da DC e assumiu um lugar central no que já se designou por "Arrowverse", o universo onde outras personagens da DC vão intervindo, facilitando os "crossovers" com "The Flash", "Supergirl" e "DC's Legends of Tomorrow".
A liberdade criativa (como é o caso da recriação do famoso Rhas-al-Ghul) não a deixa ficar mal e são bem contornadas as limitações, que parecem ter sido impostas pela DC, nas referências aos super-heróis "principais".
É a série mais "adulta" da The CW e a acção, um pouco menos intensa do que em "Daredevil" (em "Daredevil" há sangue a escorrer, em "Arrow" apenas nódoas negras), beneficia de bons efeitos especiais. Stephen Amell, que interpreta o papel de Arqueiro Verde, tem-se destacado ao longo das várias temporadas.

Tenho visto "Arrow" no canal por cabo AXN. A temporada 5 regressará em Janeiro no AXN, segundo informação do próprio canal.



"I am the fastest man alive. I am the Flash" - o genérico ziguezagueante de "The Flash" é o melhor cartão de visita para a segunda serie de super-heróis da parceria Berlanti/DC.
Os superpoderes de Flash assentam na sua capacidade de correr (muito) velozmente e esta personagem (de maior notoriedade na DC do que o Arqueiro Verde) serve também para introduzir, articuladamente com "Arrow", em muitos casos, personagens do universo DC.
Nitidamente voltada para o público dos "jovens adultos", "The Flash" tem outros méritos, para lá do que está à vista no pequeno ecrã: evoca, e bem, uma anterior versão televisiva (de 1990, cujo principal actor, John Wesley Shipp, é o pai do novo Flash e o Flash da Terra Dois, uma reviravolta bem pensada), respeita o tom da banda desenhada original nas suas várias versões e estabelece o padrão para o "The Flash" cinematográfico, previsto para 2018, não com Grant Gustin  (o actual Flash televisivo) mas com outro actor, apesar de a interpretação de Gustin ser o grande motor desta série

Vi a temporada 2 de "The Flash" em DVD numa edição DC/Warner Bros, legalmente adquirido. A temporada 1 foi transmitida pela RTP. A temporada 3 está actualmente a ser transmitida nos EUA.




A Super-Moça (da versão brasileira que apresentou os super-heróis a Portugal nos anos 70) não é uma das personagens mais fáceis da DC. É prima do Super-Homem, tem os mesmos poderes mas pouco fulgor, numa espécie de nuvem onde tudo foi possível, incluindo o Super-Cão.
Mas aqui, na série, já brilha. É mais um produto da parceria Berlanti/DC e, depois de algumas hesitações no início, o desenvolvimento da temporada 1 encontrou o rumo certo.
Como o Arqueiro Verde e o Flash, Supergirl vive também numa metrópole que parece ser importante mas quase isolada no mundo (havendo, a certa altura, a sugestão inteligente de que todo o "Arrowverse" e os seus derivados poderiam existir numa Terra paralela), com ameaças muito específicas (alienígenas) e uma série de pontos fortes: os efeitos especiais, a interpretação de Melissa Benoist, a entrada em cena do enigmático J'onn J'onzz e do próprio Super-Homem (na temporada 2) e, finalmente, Calista Flockhart, na pele da multimilionária da comunicação social Cat Grant (uma interpretação brilhante, com uma divertida piada ao marido, Harrison Ford).
Destinada também aos "jovens adultos", "Supergirl" pode não ser um êxito de televisão mas é, como projecto televisivo autónomo, um pequeno triunfo.

Vi a temporada 1 de "Supergirl" em DVD numa edição DC/Warner Bros. legalmente adquirida.



Não há hesitações filosóficas, problemas maiores de coerência narrativa ou reflexões metafisicas na aventura de ficção científica que é "DC's Legends of Tomorrow". A parceria Berlanti/DC tem aqui um dos seus pontos mais altos, apesar de todos os pormenores em que podemos tropeçar. E digamos que também não há muito tempo para isso.
Esta aventura através do tempo e do espaço de um grupo de "bons" e "maus", unidos no combate a inimigos comuns, é uma história de ficção científica clássica e sem preconceitos, divertida de seguir e exemplar, como as restantes séries do "Arrowverse", nos menos de 50 minutos que tem para oferecer.
Os efeitos especiais são bons e, por entre alguns estereótipos, sobressaem personagens como o Átomo (que já vem de "Arrow", interpretado pelo ex-Super-Homem Brandon Routh), a White Canary e o Captain Cold (admirável de sarcasmo e de ironia). São personagens ainda menos conhecidas do acervo da DC mas o conjunto funciona.
É, comercialmente, a série menos bem-sucedida da parceria Berlanti/DC mas não é menos interessante. Actualmente está a ser transmitida a temporada 2 e parece pouco provável que haja uma terceira.

Vi "DC's Legends of Tomorrow" em DVD numa edição DC/Warner Bros legalmente adquirida.

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