sábado, 15 de fevereiro de 2025

Os políticos (a começar pelo Presidente da República) e a imprensa não conhecem o País

... Porque, se conhecessem, o debate (se é que pode chamar-se debate a esta coisa) sobre as freguesias não teria corrido como correu, com votações e um veto a que apetece chamar nomes (que a lei não recomenda).

É fácil, e demagógico, dizer que a reabertura dos processos de junção de freguesias serve para criar mais lugares políticos (ou seja, mais juntas e assembleias de freguesia). Foi fácil, e demagógico, dizer que a junção de freguesias serviu para poupar dinheiros públicos. Foi fácil, e demagógico, fazer o processo regressar à Assembleia da República e ter, num lado e no outro, deputados a escorregarem no voto fácil e demagógico.

Não conheço a realidade nacional em todos os seus pormenores (e não sou político nem trabalho em qualquer órgão de imprensa) mas sei o que resultou do processo de junção de freguesias no concelho em que resido e que se traduz em duas simples palavras: um disparate monstruoso. E acredito que não há de ter sido caso único.

Olhem para o mapa do concelho de Caldas da Rainha, com a divisão por freguesias (e um erro: é, obviamente, São Gregório e não São Gragório):



Olhem, agora, para as freguesias de Caldas da Rainha no seu actual estado de acasalamento:



Em dois casos, foram unidas freguesias que nada têm em comum, nem sequer terreno: Serra do Bouro foi acasalada com Santo Onofre, São Gregório foi acasalada com Nossa Senhora do Pópulo. E a frente de mar, que pode ser vista como abrangendo a Lagoa de Óbidos, ficou estupidamente repartida (como já estava) quando, neste caso, teria beneficiado com a união das várias freguesias numa perspectiva integrada.

No caso que melhor conheço (Serra do Bouro, uma zona simultaneamente costeira e rural), a sua fusão com uma freguesia da cidade traduziu-se no seu crescente isolamento, ficando de certo modo votada ao abandono por chefes locais que só se preocupam com os eleitores urbanos.

A fusão de freguesias, e neste caso sem qualquer consulta e/ou avaliação pública, nunca devia ter feita. Os políticos e a imprensa, no seu patético conforto urbano, deviam olhar para estes casos e não ceder à demagogia e aos disparates perpetrados por políticos locais que, à sua maneira, também não conhecem as realidades nacionais (nem as realidades locais, em muitos casos...).





Sem comentários: