terça-feira, 30 de maio de 2023

Marvão, ano 2

Marvão, de novo, no Alentejo de que mais gosto e na simpática Casa do Meio, em Escusa, com descobertas interessantes no domínio gastronómico.



Alhada de Cação com Pão Frito (restaurante Mil-Homens)



Migas de Batata à Antiga (restaurante Mil-Homens)



Vinho tinto Turimenha (bebido no restaurante Mil-Homens)



Aramenha: o vinho tinto da região de que me lembro bem 


Pode ter sido pela fachada banal que, no ano passado, não fui ao restaurante Mil-Homens, ou talvez por me ter ficado apenas pelo então Sever Grill, mesmo ao lado e onde acabei por jantar duas vezes.

Mas, este ano, depois de uma pesquisa mais aprofundada do que encontrei na Internet (uma proeza, nesta região, onde o acesso às redes telefónicas e de Internet é um problema muito sério), lá fui e tiro-lhe o chapéu: é uma referência gastronómica incontornável em Marvão.

Gostei muito da Alhada de Cação e, especialmente, das Migas de Batata e do vinho tinto que bebi no segundo jantar: o Turimenha, um vinho de talha local que me fez lembrar o Aramenha de outros tempos (de que "descende"). 

No primeiro jantar voltei ao convívio com os vinhos da Fundação Abreu Callado, de Benavila, por meio de um tinto muito bom a jarro. Que até merecia um copo de pé alto. Mas aqui, salvo talvez para os conhecidos, o vinho a jarro só tem direito a copo de tasco. Quando se pede um vinho que custa mais 10€, lá aparece copo de pé alto. Não havia necessidade...



Molhinhos de Borrego (restaurante Sever, fotografia alheia)


Nas várias vezes em que, há mais tempo, fui a Marvão, acabei por ir sempre, pelo menos uma vez, comer ao restaurante Sever, à beira do rio do mesmo nome, que se expandiu e de onde também nasceu um hotel

E este ano lá voltei, onde me encantei com um prato que nunca tinha comido: Molhinhos de Borrego. O nome dá para tudo, mas refere-se apenas à tripa do bicho (uma versão da dobrada), enrolada em molhinhos e refogada em tomate. Servidos com batatas fritas, os molhinhos ficam melhor com batata assada (que vinha a acompanhar bochechas de porco, provadas e aprovadas) ou arroz. Um belo petisco! 




Sopa de Tomate à Alentejana (restaurante Tapada do Poejo, Alvarrões)

A gastronomia alentejana tem uma faceta modesta que, nas melhores condições, é enriquecida pelo uso dos produtos naturais como as ervas, o pão, o azeite e tudo o que se arranjar. E se as sopas são uma das suas características, esta sopa de tomate (com pão e ovos) que comi na Tapada do Poejo, acompanhada com lombo grelhado de outro pedido, estava muitíssimo boa.

Modesta, como a gastronomia destas terras, a Tapada do Poejo, à beira da estrada (com alojamento e restaurante), é um restaurante a visitar e com bónus: o vinho, branco e tinto, é de produção própria e bebe-se muito bem.


*

E pode ser que o comércio local já esteja a recuperar dos anos de chumbo da mais, e desproporcionadamente, sobrevalorizada pandemia destes nossos tempos de disparate. 

Em Castelo de Vide vi fechada, talvez momentaneamente, uma loja de produtos locais que encontrei no ano passado. Mas, ao lado, abriu outra, tipo "boutique" com alguns produtos curiosos. 

À procura de comprar o Turimenha fui parar, mas já no último dia, a uma loja (com atendimento ao público e venda on line) chamada Castelo de Marvão. Vende, além do vinho, azeite de produção própria, queijos e outros produtos artesanais. 

Passando ao largo de Portalegre, fui finalmente comprar vinho à Casa da Urra. O seu bag-in-the-box, que bebi no Sever, é bem bom e as ofertas em garrafa parecem ter um bom preço. Vim moderadamente abastecido e espero que os vinhos (os tintos colheita, colheita seleccionada e reserva) que comprei dêem boa conta do recado.


*

E há, ainda, as horrendas máscaras. Vi duas em circunstâncias bizarras. 

No Mil-Homens, uma jovem estrangeira jantava com máscara posta (mas o seu companheiro não). E na estrada de Castelo de Vide para Póvoa e Meadas (e para a plácida barragem local) cruzei-me com um idiota, sozinho no carro e de vidros entreabertos numa tarde cujo calor insistia em andar perto dos 30 graus, de máscara posta a tapar-lhe a cara. Teria ido assaltar algum banco?...
 


segunda-feira, 29 de maio de 2023

Ler jornais já não é saber mais (182): uma forma de censura

 

É preciso ir à imprensa estrangeira para saber estas coisas: os mais recentes ataques das Forças Armadas russas não tiveram só Kiev como alvo (admitamos que esta parte é verdade), mas também instalações militares ucranianas, nomeadamente uma base aérea (Starokostiantyniv, a oeste de Kiev), onde foram destruídos vários aviões Mig-29.

A informação está disponível tanto no site da Sky News (EUA) como no site da Sputnik (Federação Russa). 

Na imprensa portuguesa é que não.


Sky News: https://news.sky.com/story/ukraine-war-latest-russian-region-attacked-by-ukrainian-artillery-fire-as-wagner-forces-start-to-withdraw-from-bakhmut-12541713




Sputnik: https://sputnikglobe.com/20230529/russian-forces-strike-at-ukrainian-airfields---mod-1110771161.html




quinta-feira, 25 de maio de 2023

Ler jornais já não é saber mais (182): o oposto da liberdade de informação

Valerii Fedorovych Zaluzhnyi, o general ucraniano que é o comandante-chefe das Forças Armadas do governo de Kiev, está "desaparecido" desde o início do mês. Terá sido, segundo algumas informações, gravemente ferido num ataque de mísseis russos a Nikolayev, tendo sofrido lesões no cérebro.

Zaluzhnyi tem sido visto como a personalidade mais importante e mais carismática das Forças Armadas da Ucrânia e como potencial substituto do presidente Zelensky e, até, candidato às eleições presidenciais do próximo ano.

O governo de Kiev tem silenciado as notícias sobre o seu estado, por causa da moral das tropas, e - como é, infelizmente, habitual - a imprensa oficial tuga nem fala nele. Liberdade de informação não é coisa que sobreviva por aqui...


domingo, 21 de maio de 2023

6 coisas que as aulas de Pilates revelam sobre a natureza humana

 

1. Esperar.

É saudável, emagrece, tonifica e faz aumentar a mobilidade esperar 15 minutos pela aula de Pilates, à porta da sala, em vez de aproveitar o equipamento mais "soft" disponível no ginásio, como passadeiras ou bicicletas fixas com costas.


2. Aquecimento.

O aquecimento, na aula de Pilates, e talvez de ioga, não advém da actividade física, mas da quantidade de vestuário de aquecer que se enverga. 

Desde polares a meias de lã, passando por blusões e camisolas de lã, tudo serve. Entre o frio que talvez já não se tenha e a transpiração inevitável, alguma coisa devem ganhar os adeptos e as adeptas do ensanduichamento têxtil. 


3. Lavar é ao fim-de-semana.

 O vestuário que se usa na aula de Pilates só deve ser lavado no final da semana porque só fica sujo na sexta-feira. Até lá... a porcaria acumulada serve para aquecer.

O exemplo mais evidente é o das meias: é fácil ver como os peúgos mais claros vão ficando mais escuras ao longo da semana, quando as suas utilizadoras as usam nas três aulas a que vão. Na aula mais cheia de gente das segundas-feiras ainda não se nota o cheiro, mas já na única aula, cheia de gente, das sextas-feiras se nota o inimitável cheiro a meias sujas. 

Quanto a outras peças de vestuário e ao próprio corpo, há margem para todas as especulações.


4. Unhas.

As unhas dos pés são pintadas para mostrar na rua, mas na aula de Pilates as pinturas que elas (e eles?) fazem são esforçadamente dissimuladas pelas meias.


5.  Ténis.

Para entrar na aula de Pilates, onde se tira o par de ténis n.º 2, é preciso, antes de entrar na sala, trocar o par de ténis n.º 1 (com que se sobe a escada de acesso) pelo par de ténis n.º 2. 

Para sair da aula, é necessário calçar o par de ténis n.º 2 e, do lado de fora da aula, trocar então o par de ténis n.º 2 pelo par de ténis n.º 1, para depois sair. Entrar na sala ou sair dela demora cerca de 20 segundos, numa distância de talvez 8 metros... que devem, obviamente, ser percorridos com ténis diferentes. 

No caso de haver algum tipo de treino antes, à entrada o par de ténis n.º 1 é trocado pelo par de ténis n.º 2 para a circulação na zona de exercícios; depois, antes de subir a escada para a aula de Pilates, troca-se o par de ténis n.º 2 pelo par de ténis n.º 1 para, à entrada da aula, calçar de novo o par de ténis n.º 2 e percorrer os cerca de 8 metros dentro da sala e, aí, descalçar o par de ténis n.º 2... e ficar de meias. As tais que vão escurecendo ao longo da semana.


6. Da cama para a aula.

É o mais prático: sai-se da cama, nem se tira o pijama (que se confunde bem com um fato de treino de uma loja chinesa), faz-se uma lavagem de gato, esperam-se os 15 minutos da praxe à porta da aula... e aí vai ela. E o cheiro? Bem, a própria pessoa nem dá por isso, de ensonada que está!





Ler jornais já não é saber mais (181): o que a guerra revela sobre o que resta do jornalismo


Ontem, a CNN tuga (como podia ser qualquer outro órgão de comunicação social nacional) garantia que a Televisão russa espalhava mentiras sobre a (mais do que previsível) tomada de Artemovsk/Bakhmut.

Hoje, nada interessando o que ontem se disse, a CNN tuga reconhece a evidência e até pela voz de uma das mais distintas militantes lusas do Governo de Kiev.

Cujo presidente (e esta notícia nem aparece na imprensa tuga) terá dito, segundo a tão credível agência Reuters e à margem da reunião dos G7, que Artemovsk/Bakhmut já só estava... "nos nossos corações".

Num país normal, este pequeno exemplo, entre tantos, seria uma lição sobre o que deve ser a credibilidade do jornalismo e sobre a falência do que resta do jornalismo, ferido de morte pela decisão de dar só as notícias favoráveis a uma das partes do conflito.











sábado, 20 de maio de 2023

Do broche como uma das belas-artes jornalísticas

 


O "Jornal das Caldas" de 18.05.2023 consegue a proeza de pôr o presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha em 13 (treze!) fotografias nas suas 31 páginas, chegando ao ponto de ter duas páginas contíguas (a 8 e a 9, na imagem) com 3 fotografias da mesma criatura. 

Há de ter sido boa a recompensa... ou nem por isso, porque este tipo de putaria até é baratinho.




segunda-feira, 15 de maio de 2023

15 de Maio: com papas e bolos se enganam os tolos

Hoje, 15 de Maio, é feriado municipal no concelho de Caldas da Rainha. E, espertalhão, o presidente da câmara municipal (que há quase ano e meio ganhou as eleições com a promessa falsa de que iam "mudar") meteu na programação oficial da câmara um extenso conjunto de iniciativas dadas como "festas", de organizações diversas, para fazer de conta que a coisa é muito especial.


Mas não é às "festas" que convém atender. A gestão municipal do movimento unipessoal autointitulado "Vamos Mudar" é a pior que conheço desde que para aqui vim morar há quase 20 anos. O imobilismo é gritante e as situações que se vão vendo revelam uma incompetência aterradora a todos os níveis.

E, recusando festarolas ou complacências (parece que a "oposição" local se rendeu...), recordo aqui isto.






1. No dia 1 de Janeiro deste ano as chuvas pesadas que aqui caíram destruíram caminhos e aqui na Serra do Bouro, em especial, uma via mal atamancada que ficou completamente esventrada.

2. No dia 18 de Março, sábado, pessoal dos Serviços Municipalizados esteve nesta zona e, durante quase todo o dia, e em regime de horas extraordinárias, fez esta magnífica obra: vários canos enfiados uns nos outros numa vala. 

3. Quase 60 dias depois desta obra tão urgente que teve de ser feita num sábado, está tudo como ficou. 135 dias depois das chuvas de 1 de Janeiro.

E há quem acredite nesta gente, numa situação tipificada pelo provérbio "Com papas e bolos se enganam os tolos".



terça-feira, 9 de maio de 2023

Limpeza de terrenos, é?

A zona florestal da Serra do Bouro (Caldas da Rainha) está assim.  






Na ausência de proprietários (por omissão, inexistência ou desconhecimento absoluto), não há Protecção Civil, GNR, Câmara Municipal de Caldas da Rainha, junta de freguesia, Bombeiros ou o raio que os parta que obriguem à limpeza de terrenos. Nem, tão pouco, se interessam pela reabertura e/ou alargamento dos caminhos para que possam funcionar como obstáculo à propagação do fogo.

Em Outubro de 2017 só por mero acaso não houve aqui um incêndio de grandes proporções, que teria destruído vidas e habitações. 

É isso que querem que aconteça?


quinta-feira, 4 de maio de 2023

Notas de prova (vinhos do Dão)

 

A partir deste post, a publicação das notas de prova relativas aos vinhos que eu vou bebendo é alterada e a classificação passa a ser feita com estrelas... e com um sinal de reprovação. Os vinhos são agrupados, em cada post, de acordo com a minha classificação e numa perspectiva descendente e, rigorosamente, por ordem alfabética a partir da sua designação comercial. Por outro lado, se não houver vinhos classificáveis em algumas das categorias, ela não aparece, como no caso deste post: nos vinhos do Dão aqui mencionados, nenhum mereceu duas ou uma estrela, pelo que essas categorias não aparecem.






Quinta do Escudial — Branco Encruzado 2020 — DOC Dão
Encruzado
Quinta do Escudial, Seia
13,5% vol.



Quinta do Escudial — Tinto Touriga Nacional 2017 — DOC Dão
Touriga Nacional
Quinta do Escudial, Seia
13,5% vol.



Quinta da Fata — Branco Encruzado Reserva 2021 — DOC Dão
Encruzado
Quinta da Fata, Vilar Seco, Nelas
13% vol.



Quinta da Fata — Branco Encruzado 2022 — DOC Dão
Encruzado
Quinta da Fata, Vilar Seco, Nelas
13% vol.


Quinta da Fata — Tinto Touriga Nacional Talhão do Alto 2017 — DOC Dão
Touriga Nacional
Quinta da Fata, Vilar Seco, Nelas
14,5% vol.







Taleiga — Tinto 2021 — DOC Dão
Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen, Tinta Roriz
Quinta do Soito, Mangualde
13% vol.


Vinha de Púcaros — Tinto 2021 — DOP Dão
Tinta Roriz, Jaen e Touriga Nacional
Seacampo, Sociedade Agrícola Lda., Vila Nova de Tázem
13% vol.







Fidalgo de Silgueiros — Tinto 2020 — DOC Dão
Jaen, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Touriga Nacional
Lavoura Lusa, Sociedade Agrícola, Lda., Viseu
13% vol.



Hipótese — Tinto Reserva 202o — DOC Dão
Touriga Nacional, Aragonês e Jaen
Adega Cooperativa de Silgueiros, Silgueiros
13,5% vol.


Pataco's — Tinto Reserva 2020 — DOC Dão
Sem indicação de castas
Zé Pataco, Lda., Canas de Senhorim - Quinta do Sobral, Santar
13,5% vol.
(Bebido no restaurante Zé Pataco, em Canas de Senhorim, a acompanhar cabrito grelhado.)









CA&RA — Tinto 2018 — DOC Dão
Touriga Nacional, Alfrocheiro e Jaen
Sociedade Agrícola Boas Quintas, Mortágua
13% vol.



Pedra d'Orca — Tinto Reserva 2017 — DOC Dão
Tinta Roriz, Touriga Nacional e Jaen
Adega Cooperativa de Vila Nova de Tazem, Vila Nova de Tazem
13% vol.
(Bebido no restaurante Valério, em Mangualde, a acompanhar Pastel de Vitela.)








UDACA — Tinto 202o — DOC Dão
Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Jaen
União das Adegas Cooperativas do Dão, Viseu
13% vol.







terça-feira, 2 de maio de 2023

Desgraçados


Não há ninguém que tenha dó destes dois desgraçados e os esclareça de que as máscaras foram e são inúteis e prejudiciais?









segunda-feira, 1 de maio de 2023

Superavitário mas deficitário

O economista Ricardo Reis, colunista destacado do rotineiro "Expresso", pode ser um especialista em economia muito reputado e professor universitário famoso mas, quando menos se espera, revela alguma falta de discernimento. Quando, por exemplo, como acontece na edição de 28.04.23 da citada publicação: "(As crianças) ficaram em casa para controlar a pandemia e proteger os mais velhos".

Encontrar a justificação oficial para a decisão de fechar escolas no período da mais sobrevalorizada de todas as epidemias é quase impossível. A decisão, antes da abominável imposição de máscaras às crianças na sua idade formativa durante dois anos, foi, como todas as outras, imposta sem explicações. Os "especialistas" da treta foram dando as suas interpretações e a imprensa seguidista ajudou à festança da repressão. O Governo limitou-se a decretar.

Hoje, no entanto, quem for capaz de raciocinar com maior rigor deve interrogar-se sobre se o encerramento das escolas, seja em que país foi, serviu realmente para "controlar a pandemia e proteger os mais velhos". 

A pandemia (do SARS-CoV-2) não foi "controlada" pelos confinamentos e o terrorismo psicológico lançado sobre crianças e idosos há de ter feito pior do que um coronavírus que, sendo "novo", não foi diferente dos muitos com que a humanidade tem convivido. E quanto à "protecção" dos "mais velhos", o colunista não consegue perceber que, com esse argumento, muitas crianças foram, pelo menos indirectamente (e sabe-se lá se directamente...) responsabilizadas pela morte dos seus familiares mais idosos?!

É pena que o superavitário (em economia) colunista seja tão deficitário...