"Jornal das Caldas", 2.03.23 |
A
Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste, mais conhecida por ACCRO,
que parece dedicar-se a apoiar empresas no concelho de Caldas da Rainha, reuniu há uma semana os proprietários de onze restaurantes situados na capital do concelho e um numa
freguesia rural, para uma "tertúlia" com o lema “O Futuro da
Restauração: Concorrência ou Aliados?”
A
ocasião, no entanto, parece ter sido mais uma simples reunião de desabafos com
queixas de âmbito mais global do que local (podem ver-se relatos da sessão de
desabafos no "Jornal das Caldas" e na "Gazeta das Caldas"), com um
resultado semelhante às ruas da capital do concelho, e de tantas outras cidades
e povoações do Oeste, depois do anoitecer: escuridão quase absoluta e ruas
desertas.
Se os
participantes estavam à espera de ter algum tipo de amparo por parte da Câmara
Municipal, que mais terá parecido um espírito do outro mundo numa sessão de
espiritismo, a esperança foi por água abaixo.
O mais
importante que a criatura terá dito é que "é preciso unir vontades" para pôr o concelho "no
mapa" e que "há a intenção de apostar em eventos para atrair
público".
Ou seja: nada de novo. O presidente da Câmara
Municipal que, em ano e meio, foi incapaz de cumprir o slogan eleitoral de
"Vamos mudar" (e se alguma coisa mudou foi para pior) disse apenas o
que em qualquer cidade se dizia há dezenas de anos.
Porque, repare-se, Caldas da Rainha não tem uma
imagem de marca, não ultrapassa a dispersão das iniciativas que, só por si, não
atraem público de fora, não sabe reconhecer e promover o que tem, desperdiça o
potencial turístico que lhe poderia valer.
E, no caso da restauração, Caldas da Rainha não se resume
aos restaurantes da cidade que, à noite, são vítimas de um comércio de horários
burocratizados ou de uma postura elitista para a qual não existe público sustentável. Há casos de êxito fora da cidade e há casos de êxito dentro da cidade, com limitações ou à espera de melhores oportunidades, que não o deixam de ser... e que não foram convidados para esta sessão espírita.
Não é pelo desfiar de desabafos em torno do
umbigo que estes empresários urbanos, a quem o poder central e o poder local voltam
costas, poderão conseguir ir mais longe.
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