domingo, 5 de março de 2023

Assim é que não vão lá

"Jornal das Caldas", 2.03.23

 

A Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste, mais conhecida por ACCRO, que parece dedicar-se a apoiar empresas no concelho de Caldas da Rainha, reuniu há uma semana os proprietários de onze restaurantes situados na capital do concelho e um numa freguesia rural, para uma "tertúlia" com o lema “O Futuro da Restauração: Concorrência ou Aliados?” 

A ocasião, no entanto, parece ter sido mais uma simples reunião de desabafos com queixas de âmbito mais global do que local (podem ver-se relatos da sessão de desabafos no "Jornal das Caldas" e na "Gazeta das Caldas"), com um resultado semelhante às ruas da capital do concelho, e de tantas outras cidades e povoações do Oeste, depois do anoitecer: escuridão quase absoluta e ruas desertas. 

Se os participantes estavam à espera de ter algum tipo de amparo por parte da Câmara Municipal, que mais terá parecido um espírito do outro mundo numa sessão de espiritismo, a esperança foi por água abaixo. 

O mais importante que a criatura terá dito é que "é preciso unir vontades" para pôr o concelho "no mapa" e que "há a intenção de apostar em eventos para atrair público".

Ou seja: nada de novo. O presidente da Câmara Municipal que, em ano e meio, foi incapaz de cumprir o slogan eleitoral de "Vamos mudar" (e se alguma coisa mudou foi para pior) disse apenas o que em qualquer cidade se dizia há dezenas de anos.

Porque, repare-se, Caldas da Rainha não tem uma imagem de marca, não ultrapassa a dispersão das iniciativas que, só por si, não atraem público de fora, não sabe reconhecer e promover o que tem, desperdiça o potencial turístico que lhe poderia valer. 

E, no caso da restauração, Caldas da Rainha não se resume aos restaurantes da cidade que, à noite, são vítimas de um comércio de horários burocratizados ou de uma postura elitista para a qual não existe público sustentável. Há casos de êxito fora da cidade e há casos de êxito dentro da cidade, com limitações ou à espera de melhores oportunidades, que não o deixam de ser... e que não foram convidados para esta sessão espírita.

Não é pelo desfiar de desabafos em torno do umbigo que estes empresários urbanos, a quem o poder central e o poder local voltam costas, poderão conseguir ir mais longe.

 



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