sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Quinta da Fata: dois reconhecimentos significativos

Eurico do Amaral recebe o prémio de Melhor Vinha do Dão, da Comissão Vitivinícola Regional do Dão

Fui ter à Quinta da Fata, em Vilar Seco, nos arredores de Nelas, em férias familiares, por causa do cão que então tínhamos, em 1992 ou em 1993. Era necessário um alojamento turístico que, entre outras coisas, aceitasse cães, e a Quinta da Fata aceitava-os.
A ida para lá tornou-se regular, com algumas interrupções. O encanto do local e o sempre simpático acolhimento de Eurico do Amaral e Maria Cremilde, e da filha de ambos, Rita, e interesse gastronómico e vinícola do Dão eram, e são, irresistíveis. A produção de vinho, na região e na quinta, foi um assunto de muitas conversas.
Eurico do Amaral procurou-me, um dia, em Lisboa, trazendo-me uma caixa de vinho. Era o primeiro que saía da Quinta da Fata, com ano de colheita de 2003, e estava surpreendente.
Treze anos depois, os vinhos (tintos e brancos) da Quinta da Fata continuam a surpreender-me. Pela qualidade e pelas suas características, pelo seus cheiros e sabores. Continuam a estar em primeiro lugar na minha lista de compras de vinhos do Dão (e sempre que lá vou), continuam a servir-me de referência. Já tive o privilégio de provar ainda antes do engarrafamento e do estágio em garrafa. Dos "blends" ao monocasta (legítimo) de Touriga Nacional são extraordinários. O enólogo António Narciso (discreto mas talvez um dos melhores enólogos do Dão) tem tido aqui um papel fundamental.
Uma pessoa que muito me ensinou sobre vinho e sobre a vida deu-me um dia a provar um vinho tinto de 1973 do Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão, em Nelas, onde técnicos experientes têm, desde muito cedo, procurado conhecer e melhorar os vinhos do Dão. E nunca me esquecerei do sabor desse tinto, excepcional, que me tem servido sempre de padrão. E, não me esquecendo, não encontro outros vinhos do Dão que mo façam recordar, à excepção dos tintos da Quinta da Fata. Como, aliás, tenho escrito aqui.
O facto de a produção não ser muito grande afasta os vinhos de Eurico e de Maria Cremilde do Amaral das grandes superfícies, o que diminui muito a sua visibilidade. Mas já aparecem noutros sítios e a imprensa especializada já deu por eles. E os prémios vão-se acumulando. Os vinhos da Quinta da Fata (e o seu branco, feito apenas de Encruzado) começam, assim, a ser mais conhecidos. E, recentemente, ganharam bons motivos para isso.
Um foi o galardão de "Melhor Vinha do Dão". E outro foi o trabalho publicado pela revista "Wine", onde são passados em revista 16 tintos da Quinta da Fata, com classificações entre os 16 e os 19 pontos (suponho que numa escala que vai aos 20). As apreciações são sugestivas e só é pena faltar (mas acho que estará esgotadíssimo) o tinto de 2005.

Uma comparação importante


Este trabalho da revista "Wine" é especialmente significativo e não apenas por demonstrar como, desde a colheita de 2003, a Quinta da Fata tem mantido o mesmo nível de qualidade, com alguns picos muito significativos, com a pontuação mais baixa (16) para os Clássicos de 2007 e de 2012 e a mais alta (19) para o Reserva de 2003 e para o Touriga Nacional Conde de Vilar Seco de 2010 (ainda por lançar).
Aliás, a apreciação, da autoria de Rui Falcão, destaca o carácter ímpar dos vinhos da Quinta da Fata, fazendo notar como eles representam o que de melhor e mais genuíno poder dar a região do Dão no seu formato mais nobre. E é, com carácter sistemático, a melhor análise que qualquer marca de vinhos pode desejar.
E não deixa de ser curioso que a mesma "Wine" num seu apanhado "on line" (aqui) classifica, por exemplo, dois Barca Velha, de 1999 e de 2000 com 18,5 e 19, respectivamente.
É uma comparação interessante, até porque considerei várias vezes que o Quinta da Fata é tão bom ou melhor como o mítico (e sobrevalorizado) Barca Velha, um vinho de Douro que ganhou fama por ser realmente bom mas também por só ser engarrafado em alguns anos considerados excepcionais e vendido a valores que podem chegar aos 400€.




Os Quinta da Fata apreciados pela revista "Wine"

Sem comentários: