Já gostei do restaurante Taberna Marginal, em São Martinho do Porto. Já não gosto. E, depois de lá ter ido quatro ou cinco vezes, já não volto.
O espaço é difícil: um corredor com poucas mesas de um lado, com o balcão (e a cozinha) do outro, podendo os clientes comer também ao balcão. Localizado na avenida marginal de São Martinho do Porto, que ontem à noite me fez lembrar uma versão medíocre da turística Monte Gordo, tem vista para a baía e para a sua zona central, que comunica com o mar. A esplanada deve ser agradável durante o dia, mas à noite talvez não (porque São Martinho do Porto torna-se, facilmente, um espaço frio e húmido).
A Taberna Marginal tinha, para mim, três aspectos muito positivos: a localização (a vista para a baía), a cozinha (criativa) e o atendimento (muito simpático, sorridente). O atendimento deixou de ser simpático e o resto foi o que se viu.
Anteontem, fiz uma reserva para ontem uma mesa para dois mais perto da porta, à hora do jantar, para termos o entardecer sobre a baía enquanto comíamos. Vinte e quatro horas depois, quando chegámos, já não podia ser. Havia outras reservas. Feitas antes? O funcionário que nos atendeu não disse. As mesas, individuais, podiam ter sido alinhadas de outra maneira e a nossa (duas pessoas) ficar mais perto da porta. Não podia ser. As três pessoas que se sentaram numa das mesas ao nosso lado, que tinham feito uma reserva (antes da nossa?), foram atendidas amigavelmente, e foi possível perceber que elas e o funcionário já se conheciam.
Pedidos quatro pratos, na lógica de partilha das tapas, dois chegaram à mesa com... batatas fritas de pacote. Nunca me tinha acontecido, nem no mais pobre ou miserável dos tascos. O funcionário confirmou que eram de pacote, mas não adiantou pormenores nem emendou a asneira.
E digo «asneira» para não dizer pior, porque não considero aceitável que cheguem à mesa batatas fritas de pacote, e das mais sensaboronas, num restaurante que se quer "gourmet" e onde os quatro pratos (numa lógica de minidoses), uma cerveja e uma garrafa de vinho custam 55€. Já agora, o vinho escolhido (tinto Montes, da Adega Cooperativa de Alcobaça, 2017) foi o mais barato da lista, vendido na Taberna Marginal ao preço altamente especulativo de 14€.
No final, foi pedido um descafeinado (eu nem quis mais nada, farto que estava do sítio) e depois a conta. A conta veio e com o descafeinado incluído, mas que não chegou a ser servido.
Em termos práticos, a Taberna Marginal perdeu dois clientes. Mas, se calhar, até já tem clientes a mais.
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A conta da Taberna Marginal, em São Martinho do Porto: nunca mais! |