A história, afinal, ainda não acabou.
No domingo passado, à meia-noite, a cadela que esteve aqui presa, e que depois foi escondida em qualquer sítio da casa onde não se via (mas se ouvia), apareceu na rua a brincar com o cão de outro vizinho.
À distância foi possível identificá-la e perceber também que o pelo lhe tinha crescido muito mais (e que talvez precisasse de uma limpeza…).
A noite deve ter sido passada ao relento. Na segunda-feira de manhã, quando o dia ficou mais claro, vi-a na rua, perto de casa, sentada, com ar de quem espera. À tarde, as criaturas humanas que vão à casa uma vez por dia, pareceram andar à procura dela e até a chamaram, estupidamente.
Na terça-feira e hoje já não houve sinais dela. Não se vê, e não se ouve.
Ou foi apanhada a confinada a um sítio ainda mais esconso, ou fugiu mesmo de quem a manteve, também estupidamente, prisioneira. E entre uma vida infecta de cativeiro permanente e a vida livre, com todas as incertezas e perigos, o que será preferível? Não sei.
A situação foi aqui contada no dia 25 de Março deste ano, depois de a ter visto assim amarrada, e foi nesse mesmo dia que contactei o SEPNA, a versão PAN da GNR.
Há 54 dias, portanto.
Hoje perguntei ao SEPNA se já havia resultado da diligência a que a minha denúncia obrigaria e eis a resposta: "Encarrega-me o Exmo. Diretor do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR, em Suplência de informar que o assunto em epígrafe
ainda se encontra em fase de diligências."
É já proverbial a lentidão da justiça nacional mas… 54 dias para isto?!
E, quando vierem (agora, se calhar, já virão…), encontrarão o quê?
Actualização (em 21.06.19) - A pobre da cadela voltou, de novo, ao seu cativeiro. Ou a apanharam ou regressou por si, talvez por ser na sua prisão que tem comida (?) e água. Ouve-se-lhe o ladrar triste muito ao fundo. É pena, mas talvez a morte fosse preferível a tal sorte.
E não, não há sinais do SEPNA.