A amizade e o vinho vão de par. Foi, aliás, como tudo começou. Pelo humor e pela sabedoria de vida de um camarada de trabalho e depois grande amigo, Luís de Araújo, que me ensinou a beber vinho numa aprendizagem que começou pelos vinhos do Dão. Onde tantas vezes, com ele, com outros amigos, com saudades de quem já não está connosco, e agora numa visita familiar mais restrita, tenho regressado.
O gosto e o aroma de um vinho tinto da Comissão Vitivinícola Regional do Dão ccc de 1973 ficaram-me como padrão para os vinhos do Dão e, a cada copo, é o que reencontro na Quinta da Fata, em Vilar Seco (Nelas), em celebração da amizade e do vinho. Nunca houve um Barca Velha que se lhes sobrepusesse.
Data de 1993 ou 1994, salvo erro, o meu conhecimento da Quinta da Fata, como estabelecimento de turismo rural. A produção de vinho nesta quinta, de uma família de boa tradição social, cultural e vinícola de Nelas, foi retomada em 2003. E não parou. Progrediu, alargou-se, com rigor e sabedoria. Com todo o respeito por outros produtores (como a Quinta do Escudial, em Seia, ou a Quinta da Espinhosa, em Vila Nova de Tázem) que apresentam também vinhos de grande qualidade, é aqui, na Quinta da Fata, de Eurico do Amaral, Maria Cremilde e Rita, que me reencontro com os grandes vinhos da região, os tintos e os brancos em especial, obras de arte que definem uma região e a qualidade de quem as faz.
É aqui que, por entre as vinhas, ao calor da lareira, à mesa, no orgulho dos novos equipamentos, à mesa, de copo na mão, com brancos riquíssimos (feitos só com a casta Encruzado, gastronómicos e felizes) e tintos de Touriga Nacional (de dignidade e sabor inultrapassáveis), que celebro, em ambiente muito privado, a excelência da amizade e do vinho, recebido com a fraternidade beirã que, à sua maneira, é ímpar.
Incomparável, o vinho do Dão pode ser apreciado em todo o lado, mas aqui, na visita que tento que seja anual, está num patamar gastronomicamente, e até espiritualmente, excepcional. Se há um Paraíso vinícola, ele está aqui.
A inconfundível imagem da casa principal da Quinta da Fata |
Banhadas pelo sol, de manhã à noite, as vinhas do "terroir" da Quinta da Fata (Alfrocheiro à esquerda e Touriga Nacional à direita, nesta zona) são uma obra de arte |
A nova adega |
Surpreendo-me sempre com os vinhos da Quinta da Fata: o branco (Encruzado) de 2022 é um companheiro magnífico de ocasiões sociais e gastronómicas |
Com Maria Cremilde e Eurico do Amaral: este paraíso é deles |
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