domingo, 28 de fevereiro de 2021

Ler jornais já não é saber mais (105): jornalixo de alto gabarito!





O "Expresso" descobriu, e deu-lhe primeira página, que o vírus da moda já estava em Portugal desde o início de Fevereiro de 2020 (pelo menos, acrescento eu, recordando-me de que há informações sobre a circulação do SARS-Cov2 em Espanha e em Itália em 2019). 
Mas, como o próprio jornal recorda e todos sabemos, foi só no mês de Março se instalou de vez o pânico oficial... e os testes.
E o que é que aconteceu durante o mês de Fevereiro? O "Expresso" diz que o vírus andou "silencioso". E fica por aí. E isso chega?! Então o vírus não é altamente contagioso?!
E se o SARS-Cov2 contagiou pessoas durante o mês de Fevereiro (e antes...), dando às pessoas doentes todas as indicações de vários tipos de viroses, de gripe, etc.? 
O jornalismo exploraria estas dúvidas e tentaria responder-lhes. O jornalixo não.





O ex-"Sol", agora "Nascer do Sol", que está verdadeiramente crepuscular, foi entrevistar um médico. 
É o habitual, agora, tal como é habitual o discurso catastrofista e apocalíptica dos muitos médicos que só agora descobriram o gosto pelo mediatismo.
O que já não é habitual é a despudorada confusão que aqui se estabelece: nas quatro páginas da entrevista há cinco referências à eventual vantagem dos testes. O interesse do médico António Maya Gonçalves pelo assunto não é inocente. António Maya Gonçalves é director executivo médico da Unilabs, uma das empresas que têm prosperado à conta da crise sanitária.
Supõe-se que o destaque que o crepuscular semanário dá à coisa também não é inocente, porque as fotografias do entrevistado são da própria Unilabs.
O jornalismo não faria isto assim, tão à descarada. O jornalixo já não tem pruridos.






Notas de prova



Pingo Doce Dão Branco  2020 — DOC Dão
Encruzado e Malvasia Fina
Pingo Doce - Adega Cooperativa de Silgueiros, Silgueiros
13,5% vol.
Muito bom!

Notas de prova


Cabeça de Toiro  Tinto Reserva 2011 — DOC Tejo
Touriga Nacional e Castelão
Caves Velhas/Enoport, Rio Maior
13,5% vol.
Bom!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Juntou-se a fome à vontade de comer...

 ... ou seja, a incompetência da Cimalha, a empresa preferida da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, com a incompetência dos serviços municipais e o resultado é este.






Uma mexeu nos terrenos, para as tais obras da treta, e a outra foi arrancar canas e demais vegetação. O solo ficou instável, as chuvas arrastaram a terra (que é muito argilosa). O que vai acontecer a seguir não se sabe, mas o muro está ali mesmo por cima e o contador já cedeu um pouco ao peso das terras. 

Magnífico!

 



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Regresso ao Instituto Alemão, ou seja, ao Goethe-Institut


O então chamado Instituto Alemão (agora Goethe-Institut), no Campo dos Mártires da Pátria, em Lisboa, foi uma das minhas "escolas" de cinema, sendo a outra a então Cinemateca Nacional (agora Cinemateca Portuguesa, com sessões no Palácio Foz, em Lisboa), no início da década de setenta.
No primeiro vi numerosos filmes alemães contemporâneos, à margem da censura de então, e fiquei a conhecer, por exemplo, a obra do iconoclasta Werner Herzog. Na segunda fiquei a conhecer alguns dos melhores filmes do expressionismo alemão e as obras de Fredrich Wilhelm Murnau e de Fritz Lang.
A memória que guardei desta instituição, dirigida por um homem afável e culto (cujo nome não consigo recordar), foi sempre muito grata. Pese embora o primeiro contacto. como aluno de língua alemã, que não foi feliz, antes mesmo de entrar na Faculdade de Letras. 
O contacto com o novo Goethe-Institut foi retomado no final do ano passado, num convite que muito me honrou para traduzir um excerto do romance "Scwharzer September" («Setembro Negro"), de Sherko Fatah.



O Goethe-Institut faz, com esta iniciativa (que abrangeu também outros romances e outros tradutores de alemão), uma tentativa de promover a literatura do seu país, procurando interessar as editoras portuguesas com a oferta de excertos traduzidos, de informações sobre os livros e de apoio financeiro aos encargos das editoras com os custos da tradução. É uma forma exemplar de divulgar a cultura de um grande país que tem uma história fascinante e que, pelas dificuldades da língua, é, em muitos casos, mal conhecida.
Não sei se "Scwharzer September" terá sorte, ou se, tendo, serei eu o seu tradutor, mas, para mim, foi agradável poder regressar desta maneira ao antigo Instituto Alemão.
Quanto ao livro, a história lê-se bem, faz lembrar as histórias do período áureo de John Le Carré (é um bom companheiro para "A Rapariga do Tambor"/"Little Drummer Girl") e o tema é sempre actual: a rebeldia da juventude e o terrorismo árabe. 
Os pormenores, e a tradução das primeiras páginas, estão aqui:






Mudança de rumo?



Em 11 de Janeiro deste ano, há mais de um mês, o despacho n.º 331/2021, do secretário de Estado adjunto e da Saúde, determinou que os testes do SARS-CoV2 a considerar pelo INSA não deviam considerar mais de 25 ciclos (PCR).
Era o que muita gente andava a dizer que devia ser feito, para, também, evitar os "falsos positivos".
Ontem, dia 17 de Fevereiro, o subdirector-geral da Saúde, Rui Portugal, confirmou, por outras palavras, esta mesma posição, criticando a testagem "à toa" e dizendo, no Parlamento, o que muitos outros já andavam a dizer: "Podemos estar a testar e inclusivamente a dar resultados positivos não ao vírus com viabilidade em termos de transmissão, mas ao vírus tipo partícula, e vamos reter pessoas durante meses, eventualmente até por exagero, só porque estamos a testar, sabendo nós que a história natural da doença nos diz e nos alinha relativamente a outras práticas."
A imprensa (ou deverei dizer "o jornalixo"?) ainda não descobriu o despacho e não deu grande importância ao que disse Rui Portugal (por causa do seu desastrado discurso das compotas). E, no entanto, estes pormenores não só justificam a redução da incidência do SARS-CoV2 como sugerem uma mudança de rumo por parte da DGS, do Ministério da Saúde e do Governo.
Qual será sequência desta mudança de rumo? Uma, pelo menos, é indispensável: o desconfinamento.

 



O Último Refúgio



domingo, 14 de fevereiro de 2021

Finalmente, a resposta da Câmara Municipal de Caldas da Rainha

 

Em 11 de Janeiro enviei ao presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha um pedido de esclarecimento sobre as obras que empresa Cimalha (não) anda a fazer na freguesia de Serra do Bouro, deste concelho, como aqui relatei, com conhecimento aos semanários "Jornal das Caldas" e "Gazeta das Caldas".

Em 20 de Janeiro o "Jornal das Caldas" noticiava o assunto e citava um esclarecimento prestado pelo presidente da câmara.

Em 28 de Janeiro voltei à carga, publicando o post citado, criticando e inquirindo de novo o presidente da câmara quanto à anunciada data de conclusão das obras... que seria o dia 31 de Janeiro de 2021 (domingo).

Anteontem, dia 12 de Fevereiro, recebi do secretariado do presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha o ofício que aqui se reproduz:






Registo o esclarecimento, que aqui fica publicado para os devidos efeitos.

Mas corrijo: o empresário (a empresa Cimalha) não está no local, nem se faz notar. 

E o estado das obras será aqui, em breve, documentado com fotografias e com o devido comentário.



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

O confinamento da razão gera monstros

 


Em 27 de Janeiro deste ano, o recém-reeleito Presidente da República produziu o projecto de Decreto do Presidente que renovava, mais uma vez, o estado de emergência em que vivemos há cem dias. O texto (que pode ser visto aqui, para que não subsistam dúvidas) tem este estranho começo: “A situação de calamidade pública provocada pela pandemia COVID-19 continua a agravar-se, fruto, segundo os peritos, da falta de rigor no cumprimento das medidas restritivas (…)  Os peritos insistem que a intensidade e eficácia das medidas restritivas (…)”

Marcelo Rebelo de Sousa, que exerce a função presidencial, foi professor de Direito e jurisconsulto. Deu aulas na Universidade de Lisboa e fez pareceres jurídicos, a pedido e remunerados, para auxiliar causas em litígios judiciais. Estes pareceres, pedidos pelas partes envolvidas em processos judiciais que os podem pagar, são uma forma de estribar posições e recursos que contrariam decisões de juízes e invocam jurisprudência a favor da posição de quem paga os pareceres.

Não é crível que o jurisconsulto Rebelo de Sousa ocupasse os seus pareceres com as opiniões de “peritos” sem nome ou que, enquanto professor, aceitasse qualquer argumento de um seu aluno que invocasse a seu favor as opiniões de “os peritos”, sem os nomear.

Mas o presidente Rebelo de Sousa remete para as opiniões dos “peritos” sem nome a continuação de uma medida terrivelmente gravosa para a economia e a sobrevivência do País. Mais claramente: de destruição do País. Sem qualquer problema de consciência. (Além de ralhar com a população pela alegada “falta de rigor no cumprimento das medidas restritivas”.) Infelizmente, a imprensa não pergunta uma coisa muito simples: quem são eles, quem são os “peritos”? E os políticos também não. Quanto à população, nem se fala. O velho adágio, que ouvi pela primeira vez em 1971 ou em 1972, tem de ser adaptado: onde antes se dizia que em Portugal há três espécies de gado: o que se exporta, o que se importa e o que não se importa”, deverá agora dizer-se que aquele que aquela que “não se importa”, também gosta de não se importar… e de viver em medo do bicho-papão e dos ralhetes dos políticos que mandam.

                                                          Um erro de 340 por cento

Regressemos ao decreto presidencial. Os sábios sem nome podem ser cartomantes, videntes, epidemiologistas, tarólogos, médiuns, geógrafos, tradutores, matemáticos ou jornalistas. Escritores é que não porque o que lhes vai saindo (e que, repete-se, não se encontra em qualquer publicação científica) é, por norma, pouco articulado.

Assim sendo, só é possível especular e pensar que talvez se trate de um grupo de matemáticos da Faculdade de Ciências de Lisboa, que parecem ter presença assídua nas chamadas “reuniões do Infarmed”. E se é esse o caso, estamos a falar de universitários que parecem que, sem conhecimento especializado de epidemiologia, influenciam decisivamente o Presidente da República e o Governo… mesmo quando asneiram.

Registe-se, porque dificilmente poderia ser mais certeiro, o comentário certeiro de Raquel Varela publicado aqui: “Carlos Antunes, matemático que aconselha o Governo ao confinamento e encerramento de escolas em declarações a 20 de janeiro: ‘Dia 10 ou 12 de fevereiro iremos atingir 17 mil casos diários’. Temos, 15 dias antes disso, menos de 5 mil casos. Em ciência nem chamamos a isto um ‘erro grosseiro’. Mesmo sem contar as duas semanas de falhanço nas previsões e só olhando para o valor avançado por Carlos Antunes é um erro de 340%. Jorge Torgal, na mesma altura de Janeiro, catedrático de epidemiologia e presidente do Conselho Nacional de Saúde: os números vão cair radicalmente em menos de 15 dias, entre outras razões porque há uma onda de frio que reduziu drasticamente. Infelizmente o confinamento não irá – disse – impedir a catástrofe nos lares e idosos sós e pobres. E vai criar ainda mais doentes de outras doenças não tratadas, com mortes precoces e evitáveis. Para pensar assim são precisas 5 décadas de estudo multidisciplinar, independência científica e aquela dose fundamental de um ingrediente famoso na produção científica – coragem intelectual. Foi com base num ‘erro’ de 340% que se impuseram mais uma vez medidas devastadoras para a saúde, economia, educação e democracia de um país inteiro.”

E como é que aqui chegámos?

                                   Um novo “Reich dos Mil Anos” entre Ferguson e Tegnell         

Os governos tiveram medo, tal como as pessoas sujeitas há mais de um ano às vagas de pânico dos telejornais. E entregaram-se nas mãos daquilo a que gostam de chamar “os peritos”. Os governantes foram escolhidos pelo voto para governarem, mas cederam à cobardia: fazem o que esses “peritos” (cujos lugares e salários, dependentes do Estado, não saem prejudicaos pela crise económica) lhes dizem e, se disso gosta o eleitorado transido de medo, já ganharam o dia.

Se olharmos para além-fronteiras, vemos dois casos paradigmáticos. No Reino Unido, o epidemiologista Neil Morris Ferguson, conhecido pelas suas previsões catastróficas, garantiu, no início do ano passado, que morreriam meio milhão de pessoas vitimadas pelo vírus SARS-Cov2 se o governo não fechasse o país. O governo fez o “lockdown” e não morreram meio milhões de pessoas. Errou? Não. O seu argumento, muito “científico”, foi “Não morreram, porque se fez o ‘lockdown’”. Na Suécia, onde as autoridades de saúde são independentes do governo, o epidemiologista Anders Tegnell encabeçou outro ponto de vista: restrições mínimas, cuidados máximos. Hoje, nem é necessário ir mais longe: Portugal tem maior número de mortos associados à doença causada pelo vírus, a covid-19, do que a Suécia. E menos liberdade e menos democracia do que a Suécia.

O grande medo dura há mais de um ano. Deformou mentes, aniquilou a capacidade de pensar, desfez o espírito crítico, criou um movimento populista associado ao “ficar em casa” que é alimentado por quem, ficando em casa, nunca perdeu salários e emprego e, no caso da função pública, nem sequer os subsídios de refeição.

Dos “peritos” oficiais (compare-se com Tegnell, que, sem calculismos de carreira, deu a cara desde o primeiro momento) nada se sabe a não ser duas coisas: têm presença assídua nas televisões e nos jornais e nenhuma nas publicações científicas, aquelas onde os cientistas legitimam o que pensam, afirmam ou concluem em ensaios que passam pelo crivo dos seus pares. Podem dizer o que quiserem, mas os seus argumentos têm de ter base sólida. Aos “peritos” portugueses basta-lhes o “bitaite” científico com um erro de 340 por cento.

A sociedade portuguesa é, hoje, uma sociedade bloqueada. Os “peritos” oficiam como párocos e mandam como cardeais, a imprensa fechou-se por completo ao contraditório, as vozes dissonantes foram silenciadas, todas as mortes são “covid”, os hospitais públicos estão “cheios” porque saíram médicos, foram reduzidas as capacidades de acolhimento, as estruturas residenciais de idosos (os “lares”) continuam a ser o maior fornecedor dos mortos que caracterizaram a presente crise sanitária, criaram-se mitos (o das máscaras que, afinal, sendo tão generalizadamente usadas, não impediram o alastramento, inevitável, dos contágios) e instalou-se uma atmosfera amnésica (a gripe nunca existiu…) enquanto se transformava a noção de uma vacina desenvolvida à pressa no Messias do século XXI.

Conheço pessoas que tiveram formação universitária, que liam, que saíam para ir a restaurantes, que passeavam, que eram capazes de raciocinar, de debater, que se riam e se divertiam. Hoje, pelo pouco que tenho percebido, essas pessoas vivem, ou sobrevivem, enleadas no medo pegajoso de uma doença que não mata como se dizia que mataria.  Procurei, a todas, dar-lhes elementos para pensarem por si. Falei-lhes nas estatísticas (e não há outra maneira de avaliar a progressão de uma doença), sugeri-lhes que, ao menos, ouçam e leiam o que não encontram nos telejornais que vêem. Que usassem alguns minutos do seu tempo a fazê-lo. Em vão. Devem pensar que eu, mente sã em corpo são, não passo de um enviado de Satanás.

Este é o outro confinamento. Menos visível, talvez mais perigoso. É o confinamento da capacidade de raciocinar. Da razão. A economia pode sobreviver, os políticos poderão vir a ser substituídos mesmo que só depois do “Reich dos Mil Anos” deles. Mas a razão, essa, morre e deixará à solta os monstros que gerou.


Uma nota final

As visões alternativas à narrativa oficial (e com informações sólidas e estatísticas e fontes bem identificadas) têm sido, sobretudo, desenvolvidas por André Dias (em andre-dias.net), Jorge Torgal (em jorgetorgal.com), Lourdes Cerol Bandeira (em lourdescerolbandeira.eu), Pedro Almeida Vieira  (em Nos Cornos da Covid) e Raquel Varela (em https://raquelcardeiravarela.wordpress.com). Um bom exemplo de imprensa alternativa é o Farol XXI (em https://farolxxi.pt/).


Publicado no Portugal Digital

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Ler jornais já não é saber mais (104): o que separa a ignorância da burrice?



O vírus da gripe ("influenza") dá origem a pneumonias e outras afecções perigosas das vias respiratórias que podem matar os doentes mais frágeis.
O vírus SARS-Cov2, que transmite a doença covid-19, não mata. O que mata será a doença que o vírus causa. Ou as doenças que a doença causada pelo vírus agrava.
A realidade devia convencer os tolos.