domingo, 28 de junho de 2020

Ler jornais já não é saber mais (88): o covidismo jornalístico






Vê-se o "Expresso", que espelha todas as muitas debilidades da imprensa nacional, e quase não se acredita: o discurso é, da primeira à última página, o da catástrofe apocalíptica. O mundo, obviamente à beira do fim, é composto pelas vítimas (os "infetados", que parecem ser como os zombies de "The Walking Dead") e pelas potenciais vítimas. 
Não há um desvio da linha oficial do covidismo intelectual, não há vozes dissonantes sobre a pandemia/epidemia, não se aceitam narrativas heterodoxas. 
A visão catrastofista é suportada pelos mesmos "especialistas" de sempre, funcionários do Estado que têm agora de defender a solidez das catástrofes que anunciaram (e que se não se concretizaram deixam abaladas as suas reputações), e pelo imediatismo dos números. 
Nestes, não há testes que apenas deram positivo relativamente ao coronavírus (e que estão a ser aplicados, sem critério, a indivíduos assintomáticos, com restos de vírus que já não fazem mal a ninguém. Nem interessa que haja menos internados e menos  mortos com óbitos associados ao coronavírus (independentemente da tendência para os descrever como óbitos "por coronavírus" em vez de "com coronavírus"). 
Para a imprensa do covidismo, um teste positivo é um "infetado", um zombie, uma alma penada, um perigo para a sociedade. 
Ainda há de chegar o dia em que os tais "técnicos" que faltam (serão os que se entretêm a redigir as "normas" absurdas da Direcção-Geral de Segurança?) vão defender campos de internamento para os "infetados", com o aplauso da imprensa.


Na sexta-feira passada, o jornal espanhol "La Vanguardia" noticiou que tinham sido encontrados vestígios deste coronavírus em águas residuais de Barcelona relativas a Março de 2019.  Basta isto, que depois foi retomado pela Reuters e sem desmentido, para mostrar que o vírus já existia e estava activo há um ano.
Só que, como nessa altura não houve a onda de pânico que começou na China e que a imprensa, em geral, aproveitou, os seus efeitos devem ter sido contabilizados como associados a um surto de gripe. 
Ninguém se assustou.
E o mundo não acabou em 2019.
A notícia de Barcelona foi ignorada pelo "Expresso".
O jornalismo caracterizava-se pela interrogação, pela dúvida, pela abordagem racional da realidade, pelo contraditório, pela investigação. Agora já não.
Na sua edição de 14 de Março, o "Sol" deu um dos muitos tiros de partida para o pânico, não se coibia de alinhar, acefalamente, na campanha do "Fique em casa!" E, afinal, foi nos ambientes domésticos do confinamento que o vírus encontrou melhores condições para medrar.
Pode dizer-se que nessa altura não se sabia. Mas nem este jornal nem os outros quiseram reconhecer a imensa asneira em que incorreram.




Uma das maiores vítimas do coronavírus de 2020 pode ter sido o próprio jornalismo. O covidismo está a transformá-lo em jornalixo. E o lixo põe-se no lixo, não se compra.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Porque detesto a empresa CTT (149): os grevistas do caos

A distribuição de correio, graças a uma das greves estúpidas que a aristocracia laboral atira contra os consumidores, está caótica. 
Contam-me de atrasos que afectam mesmo a correspondência registada e já percebi que uma factura minha desapareceu... o que me ia deixando sem telefone, televisão e internet. 
Os consumidores não têm culpa dos conflitos laborais dentro da empresa, mas são sempre as vítimas. 

Jornais





Com a assinatura da "Gazeta das Caldas" a chegar ao fim, e não tencionando renová-la, assinei (outra vez) o "Jornal das Caldas". Este, na semana passada, chegou-me à caixa do correio na quinta-feira, no dia a seguir à sua publicação. O primeiro, que sai à sexta-feira, chegou-me na terça-feira. 
O "Jornal das Caldas" está mais informativo, a "Gazeta" deixou de o conseguir ser. E, noutros tempos, a informação (além da opinião) era um domínio em que a "Gazeta" até conseguia bater o "Jornal". A involução da "Gazeta" é chocante porque dá ideia de que a sua direcção e/ou a sua administração não percebem o que está a acontecer. Ou não querem perceber.
Não acredito que a "Gazeta" consiga sobreviver. E nem sei se o merece.

Vandalismo ... da treta






"Vandalismo", indigna-se um ex-presidente de junta, que é flor que não se cheira e que demonstrou ter um sentido estético do mais curtinho que há; "vandalismo", indigna-se também o "Jornal das Caldas".
E isto porque algumas peças redondas de cimento, parecidas com condutas de esgotos, apareceram partidas no miradouro da Estrada Atlântica, sítio de onde se pode ter uma imagem panorâmica da costa atlântica que é a fronteira ocidental do concelho de Caldas da Rainha.
As peças, segundo o "Jornal das Caldas", "limitam a proximidade da falésia". Não se percebe é para quê e como é que "limitam". 
E não se percebe, acima de tudo, como é que os denunciantes deste "vandalismo" aceitam que um local esteticamente agradável possa ser, realmente vandalizado pelas ditas peças inteiras e por um dos abomináveis e emporcalhados caixotes de lixo de que a Câmara Municipal de Caldas da Rainha tanto gosta.
É uma estética... de lixo, a deles.
Quem partiu os adereços de cimento fez bem, pecando apenas por não os ter partido a todos, mais ao caixote de lixo num sítio que até consegue ser aprazível.



Vandalismo é isto: um caixote de lixo com os blocos de esgotos



terça-feira, 23 de junho de 2020

Ler jornais já não é saber mais (87): zero em criatividade


... Como o prova o uso generalizado do verbo "disparar". 
Os tipos não conseguem perceber que a moonotonia dos títulos sempre iguais destrói um elemento essencial do jornalismo que é a criatividade. E depois queixam-se de que o que obram não se vende.








sábado, 20 de junho de 2020

"Le Club de Macao": Vive la France! (I)


Acabados de chegar: "Le Club de Macao" e alguns exemplares da edição Livre de Poche de "Mort Sur le Tage"




Algumas opiniões sobre "Le Club de Macao"

Babelio
"Une plongée en apnée dans les méandres des réseaux mafieux et des conflits d'intérêts entre politique et média avec pour décor l'histoire singulière du territoire de Macao, portugais pendant plus de 400 ans avant d'être rendu à la Chine en 1999."


Encore du Noir!
"Bien ficelée, l’intrigue ne cesse de s’accélérer jusqu’à une dernière partie un brin théâtrale mais indéniablement prenante et une ultime scène glaçante. Cette efficacité, alliée à une critique acérée du petit monde politique et médiatique portugais, fait de ce deuxième roman de Pedro Garcia Rosado une nouvelle réussite."


Librairie Le Phénix (Paris)
"La narration a un bon rythme, la chasse a l'homme et les changements de certains personnages sont intéressants, notamment pour quelqu'un dont je ne citerai pas le nom pour ne pas vous dévoiler l'intrigue : très confiant, lucide et réfléchi, la tête froide, il perd ensuite peu à peu contenance, tout lui échappe et il finit par agir par impulsion et voit son monde s'effondrer."

Libération
"A la fin de ce livre où les scènes d’action sont esquissées à grands traits comme dans un scénario de film, il y aura beaucoup de salauds morts et toujours autant de spectres chinois."

https://next.liberation.fr/livres/2020/06/04/le-club-de-macao-les-salauds-et-les-spectres-des-colonies_1790281


k-libre
"L'histoire se lit d'une traite. Elle est efficace (et universelle malgré son côté lisboète sur les dérives du pouvoir et la masculinité machiste). Le style aussi. Le Club de Macao est un bon roman noir."
http://www.k-libre.fr/klibre-ve/index.php?page=livre&id=5786


Quatre Sans Quatre
"Ne cherchez pas de gentils dans ce magnifique roman noir, il n’y en a pas. On y trouve des salauds, à des degrés divers, occupés à de sales jeux pervers de pouvoirs, usant de trafics d’influence et de privilèges indus. Mêmes les justiciers n’y obéissent pas à de nobles sentiments, tout y est corrompu, tordu, abîmé. Dans le droit fil de Mort sur le Tage, son précédent (Chandeigne - 2017), Pedro Garcia Rosado ne prête guère de bons côtés à ses personnages principaux. La société qu’il décrit est en pleine déliquescence, et l’on s’y venge plus d’une humiliation qu’on y rend justice aux victimes."

De langeot na Amazon francesa (com uma classificação de 5 estrelas)
"L'auteur est aussi journaliste et relate un scandale qui a secoué la société portugaise: L'affaire de la Casa Pia. Il analyse le déroulement de l'affaire de manière journalistique. Les rouages de la corruption nous sont dévoilés. Le style est fluide, la traduction excellente. Le lecteur se promène dans Lisbonne, en Alentejo et dans la lagune de Obidos. Cet auteur, un des incontournables auteurs de polars au Portugal, a écrit une bonne douzaine de romans.
Les éditions Chandeigne ont la bonne idée de publier ce deuxième texte (le précédent,'Mort sur le Tage'), paru au Portugal en 2007. Tous les romans de l'auteur ont un arrière-plan politique. Donc, si vous aimez la politique, les meurtres, le suspense, la corruption , les tueurs à gage, la vengeance et découvrir les hautes sphères du Portugal, ce roman est pour vous!"


*


E aqui o autor apresenta o seu livro:



Link:



terça-feira, 16 de junho de 2020

O amuleto




A máscara, fora dos locais onde pode realmente haver contaminação, é uma ilusão, um placebo, um erro, um amuleto e, se fosse eficaz, nem sequer favoreceria a imunidade de grupo.
Basta ver, e logo desde Março/Abril, como começaram a ser manuseadas e a andar por todo o lado... sem que estejamos todos a morrer aos milhões.
Da mão para a cara, da cara para o tablier, do tablier para o bolso, do bolso para a cara, do queixo para o nariz, do nariz para o cabelo, da cara para o espelho rectrovisor, às vezes pelo chão, manuseadas pelas mãos que andam por todas as superfícies expostas (por mais que se esfreguem com o tal gel), as máscaras criam a ilusão de que a terrível maleita não entra na pessoa mascarada, fazendo-as sentirem-se seguras.
No fundo, são um amuleto...







quarta-feira, 10 de junho de 2020

Porque detesto a empresa CTT (148): mais uma greve equívoca da aristocracia laboral

Na empresa CTT faz-se greve por tudo e por nada e da maneira mais imbecil que é possível. O inimigo do pessoal da empresa é, ao que se pode pensar, a administração. Mas quem se trama com a greve é, como sempre, o cliente (pessoas e empresas).
Neste caso, com uma greve a uma sexta-feira numa semana em que quarta e quinta-feiras são feriados (o que dá origem a uns belos cinco dias de férias), o objectivo da greve é... o subsídio de refeição. Valendo 9 (nove) euros por dia, começou a ser pago com um cartão. O pessoal não quer a massa em cartão, quer é em "cash". 
A justificação é enviesada: há quem, com menores salários, use esse valor (que pode rondar os 200 euros por mês) para as despesas pessoais e da sua família e os cartões não são aceites em todo o lado. E os que têm maiores salários, também é isso que querem?
Acontece que o subsídio de refeição devia servir para isso mesmo: para as refeições. Se é necessário para outros fins, devia ser exigido um aumento salarial que o compensasse. 
Mas não é o que faz esta aristocracia laboral, que já beneficia de um subsídio de refeição que é quase o dobro do que vigora para 2020. 
A greve, além disso, não se percebe, porque receber esse valor de 9 euros/dia em dinheiro já o torna alvo der IRS. Note-que os valores de subsídio de alimentação pagos em dinheiro, superiores ao montante de 4,77 euros, estão sujeitos a IRS e ao pagamento para a Segurança Social. Quando é atribuído através de cartão ou de vales de refeição, o subsídio de alimentação estará sujeito a tributação se ultrapassar os € 7,63.
Portanto, é isso que querem? Mais IRS?...

terça-feira, 9 de junho de 2020

«... As mesmas são abordadas conforme recomendações técnicas superiormente aprovadas, sendo que uma têm abordagens mais complexas do que outras, atendendo ao local, á dimensão da conduta entre outros fatores permanentemente tidos em conta...»


"Refuta-se completamente a forma como descreve a abordagem técnica que é feita à reparação de ruturas na rede de abastecimemento de água. As mesmas são abordadas conforme recomendações técnicas superiormente aprovadas, sendo que uma têm abordagens mais complexas do que outras, atendendo ao local, á dimensão da conduta entre outros fatores permanentemente tidos em conta". 



É assim que os Serviços Municipalizados de Caldas da Rainha justificam uma coisa destas: pela segunda vez no mesmo local, uma rua íngreme, o buraco aberto para reparar uma ruptura numa conduta de água é tapado com... cascalho. 
Não se põe alcatrão, pode ser que um dia se faça, pode ser que haja um acidente antes disso... ou seja lá o que for.
E repare-se que já tinham reparado uma ruptura a escassos centímetros quando aqui já corria água, que continua a perder água outra ruptura a cerca de 300 metros, por onde forçosamente passaram, e que há uma situação semelhante (reparada a terra e pedras, pela segunda vez!) desde Setembro do ano passado.
Mas eles "refutam" e o que interessa são as "recomendações técnicas superiormente aprovadas, sendo que uma têm abordagens mais complexas do que outras, atendendo ao local, á dimensão da conduta entre outros fatores permanentemente tidos em conta".
Alguém percebe isto?!




segunda-feira, 8 de junho de 2020

Língua de pau

Não há edição do desinteressante "Expresso" (que eu ainda vou comprando...) onde não exista uma espécie de competição para ver qual das pessoas que nele escreve escreve "colocar" ou "desenhar" o maior número de vezes.
"Colocar" e "desenhar" são verbos portugueses. Mas a forma como "colocar" (três sílabas) é usado, contra o "pôr" (uma sílaba), não só contraria uma das regras do jornalismo (a economia da palavra para facilitar a eficácia da comunicação) como aparece como uma demonstração tola de uso das chamadas "palavras caras". Não sei se vem do inglês se do português brasileiro mas o seu uso generalizou-se e já nauseia.
O "desenhar" vem do inglês "design" ("conceber") e é usado... dessa mesma maneira: ninguém faz ou concebe ou plano, mas "desenha-o".
Esta uniformização (o uso dos dois palavrões está hoje generalizado) dá origem a uma língua de pau: falam e escrevem (escrevinham...) todos da mesma maneira. Tendem a pensar todos da mesma maneira. A irem todos na mesma direcção. 
São, mais do que um rebanho de ovelhas, uma manada de vacas.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Notas de prova




D. Manuel I — Reserva  2014  DOC Beira Interior
Touriga Franca, Tinta Roriz e Touriga Nacional
Adega Cooperativa de Pinhel, Pinhel
13.5% vol.
Desinteressante.

Notas de prova



Villa Nogueira — 2017  IG Lisboa
Touriga Nacional (dominante)
Romana Vini - Vinhos e Cultura, Lda., Quinta do Porto Nogueira, Alguber, Cadaval
13,5% vol.
Bom!
(Bebido no restaurante O Melro, em Óbidos, a acompanhar Bife à Robim.)

Notas de prova



Senhor Doutor  2017  Vinho Regional Alentejano
Touriga Nacional
Herdade da Maroteira, Aldeia da Serra, Redondo
15% vol.
Bom!

Notas de prova




Ilha — Blanc de Noirs 2018  DOP Madeirense
Tinta Negra
Diana V. Silva Wines, Funchal, Madeira
12% vol.
Bom!