segunda-feira, 30 de março de 2020

Ler jornais já não é saber mais (79): a crítica de cinema no seu labirinto




Há qualquer motivo (que deve oscilar entre o preconceito, o que me parece ser a inexistência de borlas e a ignorância) para os críticos de cinema não ignorarem ostensivamente a ficção televisiva dos nossos dias. 
A "doença" não é exclusivamente nacional, ressalve-se, porque também encontro esta atitude, embora não tão ostensiva, nas revistas de cinema "Total Film" e "Empire" que há vários anos compro.
O caso do vetusto "Expresso" (que também ainda vou comprando) é um bom exemplo. Até agora, a moderna ficção televisiva que entrava na sua pernóstica revista era em formato de "press releases" e, percebia-se, sem critério interno.
Esta semana, o panorama mudou e já apareceram críticas. Mas de maneira bizarra. Atente-se no exemplo que aqui publico: a longa-metragem "El hoyo" (que nuns países se estreou em cinema e noutros na Netflix) tem um classificação de duas estrelas; duas séries televisivas ("The English Game" e "The Valhalla Murders", ambas também da Netflix) não têm classificação.
O que tolherá a pena dos críticos?


*

A propósito: "The Valhalla Murders" é interessante, mas não tanto. 
Quem viu "Forbrydelsen/The Killing" ou "Bron/Broen" ou quem conhece a "literatura policial" dificilmente se entusiasmará com esta série islandesa. A execução é competente mas o tema é banal. Três estrelas, quanto a mim. 
E quanto a histórias de crianças abusadas e vinganças tardias, até eu já lá fui em "A Cidade do Medo","Vermelho da Cor do Sangue" e "Triângulo".

domingo, 29 de março de 2020

Notas de prova

Quinta da Fata — Tinto 2016 DOC Dão
Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro e Jaen
Quinta da Fata - Vilar Seco, Nelas
13,5% vol.
Muito bom!

Notas de prova

Terras de Sto. António — Tinto Touriga Nacional 2013 DOC Dão
Touriga Nacional
Quinta de Santo António - Fornos de Maceira Dão, Mangualde
14% vol.
Bom.

Notas de prova

Quinta do Encontro — Tinto 2015 DOC Bairrada
Baga (90%) e Merlot (10%).
Quinta do Encontro/Global Wines - São Lourenço do Bairro, Anadia
13,5% vol.
Bom!

sexta-feira, 27 de março de 2020

Notas de prova


Bota Velha — Tinto Vinhas Antigas 2017 DOC Douro
Sem indicação de castas.
João Silva e Sousa - Porto
14% vol.
("Unoaked")
Muito bom.

Notas de prova


Quinta da Fata — Tinto Touriga Nacional Grande Reserva 2014 DOC Dão
Touriga Nacional 
Quinta da Fata - Vilar Seco, Nelas
13 % vol.
(Garrafa n.º 1614, de 2000. Prémio "O Grande Vinho do Dão", 2014)
Magnífico.

quarta-feira, 25 de março de 2020

Como "The Walking Dead" mas sem zombies




Aqui, no campo, já não se vêem forasteiros a passear, de carro ou a pé. Os vizinhos das três casas mais próximas saem, mas pouco. O ruído dos veículos a passarem depressa numa estrada com lombas, a dois ou três quilómetros de distância, já não se ouve. Uma estrada principal com algum trânsito depois das 9 horas está deserta.
Na cidade, a cerca de dez quilómetros, há menos gente em movimento do que num domingo à hora do almoço. Há ruas de Caldas da Rainha que parecem de uma cidade fantasma. Os supermercados, com as novas regras e menos gente, são um oásis de tranquilidade. E com papel higiénico nas prateleiras.
A ausência de estranhos deixa os bichos à vontade. Os faisões e as perdizes estão mais perto das casas. Na cerca do jardim já vi um esquilo e por duas vezes. Já apareceu um coelho a cobiçar as muitas sementes que os pássaros fazem voar da casa que foi das rolas e que agora é comedouro de numerosas espécies aladas. E um periquito azul já foi avistado por aqui, na semana passada.
É como "The Walking Dead", mas sem zombies. Pelo menos, por enquanto.




segunda-feira, 23 de março de 2020

domingo, 22 de março de 2020

De como o chauvinismo e a xenofobia da "Gazeta das Caldas" matam o nome das pessoas


Joaquim António Silva é músico, professor na Escola Técnica Empresarial do Oeste e maestro responsável pelo Coral das Caldas da Rainha e toca com o músico Pedro Caldeira Cabral; Catarina Impi (ou Catarina Couto, nome de baptismo) é designer e trabalha numa agência de comunicação; Estela Costa é ilustradora e artista plástica. 
Estas três pessoas são oriundas do concelho de Caldas da Rainha têm os seus percursos criativos e o que fazem tem alguma notoriedade pública. E ainda bem.
Conhecemo-las através do semanário "Gazeta das Caldas". 
Mas sem nome, sem individualidade. O jornal, que já foi bastante mais interessante do que é, insiste no "caldense". 
Com isto, as pessoas não têm nome. São "caldenses" ou não existem. 
Presume-se que, um dia, o mesmo jornal enaltecerá qualquer criatura que se destaque seja no que for desde que seja "caldense", seja ele um larápio vulgar de Lineu ou um Problema Nobel.






A "Gazeta das Caldas" gosta de agitar as bandeira do escândalo perante tudo o que considera "xenófobo". 
Ao escolher esta opção, o jornal está a ser xenófobo (os "estrangeiros" ao concelho metem medo, são um perigo ou não prestam) e chauvinista (num nacionalismo de escala diminuta que também explica por que motivo este concelho se desenvolve… para dentro).
Nas relações sociais (e será mesmo necessário sublinhá-lo?!), a origem dos outros será, em geral, irrelevante. Tal como a cor da pele ou as preferências sexuais, ou gastronómicas, ou outras, que possa ter. As pessoas valem pelo que fazem, pelo que dizem, pensam ou escrevem, por aquilo que nos transmitem seja em que circunstância for.
Ao privilegiar, tomando por um valor absoluto, a origem geográfica das pessoas, a "Gazeta das Caldas" está, por omissão, a dizer que tudo o resto não presta.
É uma perspectiva estranhamente distorcida da realidade para a qual não quero contribuir. Com nada e, muito menos, com dinheiro. Isto significa que não quero comprar a "Gazeta das Caldas", nem directamente nem por meio de assinatura como agora faço. 
Não sendo "caldense", que me interessa este jornal que só privilegia os "caldenses"?!



*

O pior exemplo, até agora, desta atitude foi o que já aconteceu nesta primeira página (edição de 21.02.2020).




Repare-se no título: "Caldense vai às escolas falar sobre violência doméstica". Depois há três figuras na única fotografia da 1.ª página… e nem se sabe quem é a/o tal "caldense". Nenhuma das três pessoas tem nome. Não vale a pena, claro. Uma dessas pessoas é "caldense" e as outras… que "aliens" tão imprestáveis serão? (E, para não incorrermos no mesmo disparate, não lhe esqueçamos o nome: Sílvia Abreu, que tem animado diversas actividades contra a violência doméstica.)



sábado, 21 de março de 2020

A falácia do estado de emergência ou como Costa entalou Marcelo



Marcelo Rebelo de Sousa escondeu-se em casa, perdeu protagonismo, percebeu que estava a ficar para trás e quis fazer figura de "duro" com o estado de emergência. 
António Costa deu-lhe o estado de emergência uma semana depois e recuperou o protagonismo, arrumando o Presidente da República num canto do salão. 
Como é que isto se vai repercutir nas eleições presidenciais?


3 de Março - Uma turma de uma escola de Felgueiras onde foi detectado um aluno doente com o coronavírus esteve no Palácio de Belém e foi recebida pelo Presidente da República (PR).
6 de Março - O PR e o primeiro-ministro (PM) estão numa cerimónia no Teatro de São João, no Porto, no meio de uma multidão.
8 de Março - O PR, assustado com uma hipotética exposição à doença, isola-se na sua casa de Cascais. Faz um teste e, uma semana depois, um segundo teste. Ambos são negativos: o PR, e comandante supremo das Forças Armadas, primeira figura do Estado, não tem o coronavírus. Mas durante uma semana, fica metido em casa, de cuja varanda assoma. A dedicar-se às coisas domésticas, em especial. É uma semana em que só o Governo ocupa o espaço mediático. O "dos afectos" está escondido.
15 de Março - Depois de tentar convencer o PM a decretar o estado de emergência, o PR faz uma comunicação artesanal e atabalhoada "ao País" pelo Skype. Quer regressar ao palco mediático. Faz saber que vai convocar o Conselho de Estado. Pode ser que sejam mais fáceis de convencer do que o PM. O PM diz que "não se oporá". O tema vai sendo debatido em público durante três dias. Entretanto, "o País" já anda resguardado e metido em casa.
18 de Março - O Conselho de Estado dá ao PR o que ele quer. O PR anuncia "ao País" que o estado de emergência começa nesse dia à meia-noite. Recuperou o protagonismo!
19 de Março - A Assembleia da República, pouco entusiasmada, dá ao PR o que ele lhe pediu: o estado de emergência. O Governo começa a debater a coisa. O PM regressa às televisões com o Governo. Mas agora o protagonismo é do PM.
20 de Março - O Governo produz um decreto-lei de 28 páginas. O protagonismo continua a ser do PM e do Governo.
21 de Março - O estado de emergência, regulamentado em 28 páginas, entra em vigor à meia-noite, já no dia 22 de Março. Ou seja: o PM deu ao PR o que ele queria, com uma semana de atraso. E não como ele queria: o que lhe deu foi um estado de emergência mitigado, que enquadra legalmente, regulamentando, o que toda a gente já começara a fazer. 


Esperamos que seja o princípio do fim.

Sem palco mediático, sem multidões, sem afectos e "selfies", o PR regressa às sombras do Palácio de Belém. O PM fez o que não queria fazer, da maneira que quis e não como o assustadiço PR o quis.
O PR foi duro com o Governo por ocasião dos piores incêndios de que há memória. Agora, a menos de um ano das eleições presidenciais, tentou fazer igual e não conseguiu. Ainda por cima, nem pôde aproveitar as vítimas.
Pode ser um dilema político, apenas político, mas Costa fica agora à vontade para promover, apoiar, não rejeitar ou aceitar uma candidatura do PS, oficial ou oficiosa, contra este PR. Não impedirá a reeleição (ele até lhe dá jeito, apesar de tudo, mais do que outros) mas vai tornar a vida mais difícil a Marcelo. É suficientemente vingativo para isso. E, neste caso, até se justifica.
A política, às vezes, é mesmo assim: mais animada, mais clara e mais estimulante do que parece.

*

Justifica-se, a propósito, uma recomendação de leitura: de um post publicado no Facebook por Alfredo Barroso, ex-PS, familiar de Mário Soares, conhecedor há muitos anos dos meandros da política e do jornalismo. (Quem estiver no Facebook pode ler, no original, aqui.)


Chega a ser patético, direi mesmo lamentável, o esforço que o semanário Expresso continua a fazer - em conjugação com uma misteriosa «fonte de Belém» (risos) - para apagar da história (ou recuperar para ela?) os 14 dias de 'quarentena auto-imposta' em que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve pura e simplesmente 'desaparecido em combate'. E desta vez, na edição do Expresso de 21 de Março, é o próprio director do semanário, João Vieira Pereira, que vem reforçar mais uma 'historieta da Carochinha' que todas as semanas nos quer impingir a 'porta-voz' de Marcelo PR na Redacção do jornal, Ângela Silva, recém-promovida a essa 'célineana' «voyage au bout de la nuit» que é o programa da SIC Notícias 'Expresso da Meia-Noite'...
O texto intitulado «Marcelo chama Centeno a Belém para o convencer a ficar» (na página 8), mistura o delirante, patético e risível com a contradição e a leviandade. Por exemplo, afirma que, «no recato da quarentena, Marcelo começou a preparar o contra-ataque». Mas contra-ataque em relação a quem? A todos os que lhe dirigiram «uma chuva de críticas por ter saído de cena apesar de assintomático» (e eu fui um deles)? Contra o cartaz do Chega, de André Ventura, a dizer que «Um Presidente não foge»? Contra o 'protagonismo' do primeiro-ministro, que não impôs a si próprio nenhuma quarentena - apesar de ter estado em contacto pessoal com um Marcelo PR cheio de 'cagufa' - e que se limitou a cumprir o seu dever de chefe do Governo, assumindo, com firmeza e serenidade, a coordenação da luta contra a pandemia do Covid-19?
Depois, mais adiante, no texto assinado pelo director do semanário e pela sua subordinada, afirma-se que «o clima de ansiedade e medo não é compatível com jogos políticos». Mas sempre se vai salientando que, «no essencial, o PR já tinha, no entanto, começado a ganhar a guerra» (sic), dado que «o PR admitia vir ele próprio a 'tomar a iniciativa'» (sic). E a «iniciativa» de quê?!
Ora, chegados a este ponto de tão mau jornalismo, é legítimo perguntar: de que «jogos políticos» e de que «guerra» é que estão a falar? Afinal, Marcelo PR está envolvido em «jogos políticos» e apostado em promover uma «guerra» contra o «protagonismo» do primeiro-ministro António Costa e do seu Governo, com o servil contributo do semanário Expresso (de cujo 'proprietário', Francisco Pinto Balsemão, o Marcelo comentador chegou outrora a dizer que estava «lé lé da cuca», entre muitas outras 'patifarias')?!
A falta de vergonha - do semanário Expresso e da misteriosa «fonte de Belém» (risos) - vai ao ponto de afirmar que o «PR impôs o fecho das escolas», foi ele que «forçou a decisão». E logo ele, que só ao cabo de 14 dias 'desaparecido em combate' considerou que era urgente «decretar o estado de emergência». Então e durante a quarentena que Marcelo PR, cheio de 'cagufa', impôs à sua excelsa pessoa, não havia urgência nenhuma? Ou terá sido, antes, a necessidade urgente de 'ressuscitar' politicamente dos 14 dias em que esteve 'desaparecido em combate', que motivou Marcelo PR - com a solícitude colaborante do semanário Expresso, lamentavelmente transformado em órgão oficioso do Palácio de Belém?!
E tudo se percebe ainda melhor quando, às tantas, o director e a porta-voz do PR lembram «o ano de presidenciais que aí vem», salientam que «o Presidente puxa pela sua autoridade na gestão da crise» (topam?) e estão em crer que «o PR quer federar para a reeleição»... Sem esquecer que, noutra página, Paula Santos coloca Marcelo PR nos «Altos» - dir-se-ia até: nos píncaros - por ele ter dado «um sinal de determinação a merecer nota positiva». E ainda que o ex-director do Expresso Henrique Monteiro, na página com o seu nome, descreve - nada tartamudo mas algo tartufo - «o dia em que Marcelo se lembrou de como se joga xadrez, e ganhou», pois claro! Que pândegos me saíram estes jornalistas...
É triste ver o estado a que chegou, em Portugal, certo tipo de jornalismo que pende para hagiografia, sem o distanciamento e o sentido crítico que seriam desejáveis e recomendáveis. É um jornalismo feito por gente que odeia a esquerda - ou que já a ela pertenceu e agora a repudia - e que acha que a melhor arma para a combater, e para a derrubar, é a 'lata' e o desplante de Marcelo PR...

Campo d'Ourique, 22 de Março de 2020



sexta-feira, 20 de março de 2020

Estão a deitar-se na cama que fizeram (dentro de um caixão)



A imprensa em papel vai ser, em maior ou menor grau, uma das vítimas do coronavírus.
Mas, em grande medida, por sua própria responsabilidade. E não apenas porque aquilo que diz sobre uma dada situação de emergência nacional continua ficar muito atrás do imediatismo das televisões.
Às pequenas e grandes debilidades da imprensa, em geral, que se tornaram grandes debilidade ao longo de tantos anos de acumulação, juntaram-se agora outras: a histeria sensacionalista do pânico (as televisões estão, manifestamente, a exagerar no disparate) e a intensificação (repugnante!) da veneração pelo poder. Há muita gente que já não está para isso.
Veja-se, a título de exemplo, como quase toda a imprensa se curvou perante o comportamento mais recente do Presidente da República, que saltou do medo mais abjecto para a ânsia do protagonismo.
Não há "plano de resgate", não há publicidade "amiga" (nem sob ameaça…) que salve a imprensa. Fizeram, os seus próprios protagonistas, a cama do caixão em que agora se deitam.
No "Eco" de hoje, no mesmo dia em que o "Expresso" divulga um pedido de auxílio à imprensa que o "Jornal de Notícias", na sua candura, pespega na primeira página, escreve o jornalista Rui Calafate em tom vingativo: "(…) Empresas cancelam campanhas de publicidade com a justificação de que como se está em casa não vale a pena investir pois não se compram produtos. Isto é de uma tacanhez e falta de visão inaudita. (…) Era bom que todos ajudassem, sobretudo grandes empresas, instituições que têm capacidade para manter o investimento (exemplo da Santa Casa da Misericórdia), bancos a quem tanto já demos. É tempo de não se desinvestir nos media, pelo contrário, precisamos deles saudáveis para serem nossas muletas para ultrapassar estes dias complicados. E irão ver que não esqueceremos que, tal como na política, saberemos reconhecer quem esteve e quem desertou (…)".
É também de hoje um título da primeira página (papel, ou "on line", do quase extinto "Diário de Notícias") que exemplifica o tipo de jornalismo em que agora se insiste, com títulos retorcidos que, por mais voltas que lhes dêem, não servem para pôs as pessoas a comprar jornais outra vez e que atingem, com frequência, um nível de ridículo dispensável.
Ei-lo:



Mas, decomposto (e dá ideia de que muitos dos que fazem, ou decidem, as primeiras páginas não sabem que elas podem ser apreciadas parcelarmente), dá isto, a que pode, com ironia, aplicar-se um dos Mandamentos: "Não cobiçarás a mulher do teu próximo."




O jornalismo que temos agora foi aquele que as empresas do sector quiseram, ou deixaram, que acontecesse. E nós não podemos estar a meter nisto o dinheiros de nossos impostos. Façam melhor… se ainda forem a tempo. 

quinta-feira, 19 de março de 2020

Notas de prova


Quinta dos Capuchos/Restaurante Nascer do Sol Sem data Vinho Regional Lisboa
Castelão, Tinta Roriz, Touriga Nacional e Syrah
Quinta dos Capuchos - Capuchos, Alcobaça
13,5 % vol.
Bom.
(Bebido no restaurante Nascer do Sol, Salir do Porto)

Notas de prova



Bafarela — Colheita Tinto 2017  DOC Douro
Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Barroca
Brites Aguiar, Lda. - São João da Pesqueira
14,5 % vol.
Muito bom.

Podridão





O Presidente da República e comandante supremo das Forças Armadas esteve escondido em casa, com medo, durante quinze dias. Deve ter percebido que não lhe ficava bem.
Arranjou o pretexto do Conselho de Estado e de um estado de emergência verdadeiramente desnecessário (e que, a ser repetidamente prorrogado, será compatível com a democracia?), criou um teatro de vários dias para recuperar o protagonismo. 
E tudo isto só porque quer ser reeleito, daqui a dez meses.
Espero que não seja e que o voto popular o mande de regresso a casa, de onde nunca devia ter saído e onde pode ficar à janela, se lhe aprouver.

quarta-feira, 18 de março de 2020

terça-feira, 17 de março de 2020

GNB Seguros: mau, muito mau... pior do que alguma vez encontrei (II)

Em 23 de Fevereiro comuniquei a existência de infiltrações de água no piso de minha casa à GNB Seguros, onde tenho o seguro da casa. A GNB Seguros enviou-me (por três vezes) o que designaram por "equipa técnica"... de um só homem.
Não serviu para nada e o processo foi-se atrasando. Tive de reclamar, nestes termos, em 16 de Março:


Exmos. Senhores,
Passaram ontem 3 (três) semanas desde que o "sinistro" com a referência em epígrafe vos foi comunicado.
O atraso da vossa resposta e intervenção é inaceitável, tal como é inaceitável, tecnicamente, a intervenção da empresa Sintoniabsoluta - Assistência Lda. Aliás, até fico a pensar que a responsabilidade possa ser dessa empresa. Mas não fui eu que a contratei (nem contrataria!).
Vejamos:
1 - A empresa Sintoniabsoluta - Assistência Lda entrou na minha propriedade, pela primeira vez, no dia 2 de Março, de manhã. O Sr. Vítor Rodrigues, cuja função na dita empresa desconheço, esteve aqui durante meia hora. Concentrou-se numa caixa de esgotos no interior e aceitou até como boa a minha opinião inicial de que a infiltração de águas (nessa altura só na casa-de-banho) poderia ser de águas pluviais. Desconheço que
relatório tenha feito.
2 - A segunda visita ocorreu no dia 7 de Março às 18 horas. Voltou a fixar-se na caixa de esgotos. Não procurou outras origens para a fuga de água, que já começava a chegar à cozinha. Desconheço que relatório possa ter feito dessa visita de mais de meia hora de conversa sem pesquisa.
3 - A terceira visita ocorreu no dia 12 de Março, entre as 9 horas e as 13 horas, aproximadamente. Abriu, deixando-a danificada, a caixa de esgotos... e nada!. A água fluía normalmente. Destruiu uma laje da casa-de-banho e abriu um buraco por onde poderá ter passado água, mas que se apresentava seco. Destruiu uma segunda laje na cozinha (já então a situação pior), onde encontrou água… e foi-se embora. Será razoável pensar que a fuga de água na canalização está perto desse buraco mas o trabalho ficou
interrompido. Quer, segundo nos disse, substituir a canalização toda. Não compreendi a sua argumentação de que "não tinha material" para reparar a ruptura. Desconheço que relatório tenha feito. Mas sei que, antes dele, pôs fotografias de minha casa no Facebook e sem pedir autorização.
4 - Nesta terceira (e última) visita, o Sr. Vítor Rodrigues conseguiu:
4.1. - Deixar por fazer a reparação da fuga.
4.2. - Deixar os buracos do chão por tapar, mesmo que provisoriamente.
4.3. - Deixar desregulada a válvula de entrada da água na canalização do aquecimento, o que de imediato fez subir a pressão da caldeira, o que foi mais grave. Foi necessário chamar de urgência outra empresa (de confiança) para regular a válvula, intervenção que nos custou 55.35€, e sem a qual (segundo fomos informados) o sistema de aquecimento, a caldeira e a canalização associada poderiam ter rebentado.
4.4. - Deixar fechado o abastecimento de água à piscina!
5 - Estranhamente, neste mesmo dia, o Sr. Vítor Rodrigues publicou fotografias da minha casa no Facebook às 13h35 (https://www.facebook.com/924232107624653/photos/pcb.2774627945918384/2774627815918397/?type=3&theater + https://www.facebook.com/924232107624653/photos/pcb.2774627945918384/2774627909251721/?type=3&theater +
https://www.facebook.com/924232107624653/photos/rpp.924232107624653/2774627909251721/?type=3&theater), por acaso a mostrar que a aludida caixa de esgotos não se encontrava, nem encontra bloqueada. Não me pediu autorização para o fazer e será de supor que
elas, e outras, façam parte dos relatórios (?) que ele vos entregou e que eu nem sequer posso ver. Mas o certo é que toda a gente as pode ver...
A avaliar pelas circunstâncias, ainda pode haver mais danos, que nem sequer tenhamos descoberto, por enquanto.
5 - Esta intervenção desastrosa da dita empresa revela uma imensa falta de profissionalismo e uma enorme incompetência e, perante tudo o que aconteceu (e que a GNB Seguros aceita?!) fica em absoluto proibida a entrada da Sintoniabsoluta - Assistência Lda na minha propriedade. E só não exijo a devolução do pagamento de 145€ por este valor se referir à
franquia contratualmente definida, assunto que considero resolvido.


Entretanto, o processo passou para a Europ Assistance, outra seguradora associada à GNB Seguros, e as coisas começaram a andar mais depressa. A reparação foi feita e há que fazer agora os trabalhos de conclusão.
E até me pediram desculpa pelo que aconteceu! 
Ah, e as fotos foram retiradas do Facebook.





Tipo prisão domiciliária pelos crimes dos outros

Foi em Janeiro que começou o alerta do coronavírus. Era mais do que evidente que o que começou na China iria alastrar ao mundo todo.
Por cá, ao mais alto nível, a ameaça foi desvalorizada. Há dois meses. Hoje é o que se vê, com uma deriva securitária que é capaz de pôs os unanimistas e idealistas tipo "unidos, venceremos" futebolístico a assaltarem os supermercados, e a sério, com o mesmo denodo com que agora se metem em casa e exibem, desajeitadamente, as suas máscaras.
E eu, à falta de melhor, também fiquei em casa, familiarmente recatado, beneficiando do isolamento campestre, do jardim, da companhia dos animais que por aqui andam (há poucos dias até um esquilo vi!), dos caminhos quase desertos por onde posso passear os cães, da proximidade da costa atlântica.. A trabalhar e a sair apenas para ir às compras ali à cidade, sem outros devaneios (ginásio ou jantar fora, por exemplo).
É uma espécie de prisão domiciliária aquela em que todos estamos, e a penarmos pelos comportamentos criminosos deste grupo perigoso que nos governa desde 2015.
Já devia ser suficiente termos de sofrer a indignidade dos impostos manhosos, das mentiras do primeiro-ministro, da cobardia do inquilino de Belém e da incompetência da administração do Estado. Ainda para mais, um vírus, porra!...

terça-feira, 10 de março de 2020

Podridão


Um chefe, um general, um rei, um presidente, um imperador, um caudilho, um líder - ninguém com uma função destas, seja lá onde for, pode ceder ao medo (e à hipocondria) e fugir do adversário, refugiando-se em casa.
Que figura tão triste.





segunda-feira, 9 de março de 2020

GNB Seguros: mau, muito mau... pior do que alguma vez encontrei (I)













Não guardo memória de uma seguradora onde tenha sido, como cliente, atendido com diligência e rapidez nem mesmo naquelas situações de "sinistros" envolvendo automóveis em que o outro é, clara e assumidamente, o culpado. 
Mas esta situação com a descendente da BES Seguros, a agora GNB Seguros, é que nunca tinha encontrado. Não sei, e tudo é possível, se é incompetência, falta de pessoal, falta de formação, má fé, impreparação. Sei é que isto é mesmo muito mau.
A história está aqui, com o essencial de uma exposição que seguiu hoje para esta empresa e para a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões:


  

(…) 
Passaram ontem, dia 8 de Março, duas semanas desde que vos comuniquei a existência de infiltrações de água na minha cozinha e numa casa-de-banho, comunicação que deu origem ao processo n.º 1020001642 nessa seguradora.

A Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões recomenda que  

«Em caso de sinistro o segurador deve, rápida e diligentemente:

•              investigar o sinistro;

•              avaliar os danos;

•              pagar as indemnizações devidas.»

Não foi isso que aconteceu até agora. Pelo contrário: por exemplo, na passada sexta-feira, dia 6.03.2020, às 18 horas (hora a que já não era possível resolver nada!), recebi uma segunda visita do que me foi descrito como “equipa técnica” e que foi, pela segunda vez, o vosso representante Sr. V.R., da empresa S.A..

A demora e o desinteresse por vós revelados neste processo levaram-me a apresentar queixa à Autoridade de Supervisão e para a qual segue, também, cópia desta carta, para ser junta ao processo de reclamação. 

2

 Entretanto, a infiltração de água alargou-se e já há danos bem visíveis, e talvez irreversíveis, na tijoleira, onde já aparecem gotas de água, numa extensão mais vasta.
3

 Desconheço, nesta altura, quais são as vossas intenções quanto à resolução desta situação.



4

 Disponho, segundo me foi dito e faz parte do contrato, da capacidade de contratar uma empresa para investigar o sinistro, avaliar os danos e fazer a reparação necessária.

Acontece, como vos foi comunicado, mostrado em fotografias e testemunhado pelo Sr. V. R., que a fuga de água (já identificada na canalização de água fria e que está a dar origem a uma perda estimada de 15 litros por dia, segundo o trabalho de pesquisa efectuado por uma empresa que chamei) se situa por baixo da tijoleira, que está nesta altura a servir de tampão (de bloqueio) a uma inundação que seria mais grave .



5

 Isto significa, como é fácil de ver pelos danos na tijoleira, que é necessário romper o chão para identificar com toda a precisão a fuga de água e fazer a reparação.

Mas isto também significa que, nesse instante, a água perderá o tampão que lhe limita os movimentos.

O que, por sua vez, significa, pelas regras da experiência comum, que a água que existe debaixo do piso poderá sair livremente alagar a cozinha (onde existem electrodomésticos e bancadas), a casa-de-banho e a área anexa (corredor).

Decerto que a GNB-Seguros não quer alargar ainda mais a extensão dos estragos nem que o seu segurado e família passem, mesmo que temporariamente, a viver com os pés metidos na água.



6

 Se é necessário fazer um orçamento para a reparação, não é possível elaborá-lo com precisão sem saber se, nesta altura, a fuga está aqui ou ali, ou aqui e ali.

É preciso abrir e poder reparar, de imediato, se tal se revelar imediatamente necessário.



7

 Assim sendo, o que venho solicitar-vos, nas condições previstas na apólice e naturalmente sujeito ao trabalho de fiscalização de quaisquer “equipas técnicas” que queiram mobilizar, é que me seja comunicado por escrito e com a maior urgência, por e-mail ou outro meio, que posso entregar a uma empresa escolhida por mim a tarefa de: 

7. 1– Abrir o chão para localização precisa da ruptura e

7. 2– De imediato, se as circunstâncias o exigirem, reparar a ruptura, ou pelo menos, assegurar o seu bloqueio para que a água não alastre ainda mais para a superfície.

7. 3 – Fazer o respectivo orçamento e

7. 4 – Efectuar a reparação.

 Nessa altura, já será naturalmente possível fazer um orçamento rigoroso, que deverá ainda incluir, muito provavelmente, a reposição dos pisos afectados, no todo ou em parte (se for possível encontrar material idêntico), dada a amplitude dos estragos.



8 

Não me oponho, e proponho-vos e até vos solicito (em nome da transparência e da urgência!), que esta obra seja, da forma que entenderem necessária, acompanhada, quando e como quiserem, pelas vossas “equipas técnicas”, a partir do preciso momento em que o pavimento for aberto.



9 

É do nosso maior interesse, até porque conheço o seu trabalho e essa empresa conhece as infraestruturas da minha residência por já ter feito trabalhos de reparação e manutenção, podermos recorrer à reputada empresa E., de Caldas da Rainha, que até tem a vantagem superlativa de estar geograficamente muito mais próxima de minha casa.



10

Não tenho, repito, qualquer obstáculo a que estes procedimentos sejam acompanhados pelas vossas "equipas técnicas" em nome da transparência e com todo o respeito pelo vosso âmbito de intervenção, apesar de, até agora, elas não terem contribuído para a resolução diligente do problema.


11

 Se recusarem esta solução que proponho, peço desde já que

 11.1

me forneçam, e com urgência, os seguintes elementos:

(a)     fundamentos da recusa;

(b)     termos contratuais da apólice em que se estribam;

(c)     registo da abertura do processo e a sua data;

(d)     as gravações das minhas chamadas telefónicas efectuadas no domingo, dia 23.02.2020; na 4.ª feira, dia 28.02.2020; na 4.ª feira, dia 4.03.2020;

(e)     os relatórios da “equipa técnica” efectuados na sequência das visitas/vistorias dos dias 2.03.2020 e 6.03.2020.

e

11.2

me indiquem, com urgência, qual a empresa, em alternativa, que virá, em vossa representação e com mandato vosso, para

1-– Abrir o chão para localização precisa da ruptura e

2-– De imediato, se as circunstâncias o exigirem, reparar a ruptura, ou pelo menos, assegurar o seu bloqueio para que a água não alastre ainda mais para a superfície até à reparação definitiva.



12

 Esta diligência que agora faço, e que será complementada com informações adicionais, não exclui, se necessário for, o recurso a outras instâncias.



13

 Reafirmo que a vossa incapacidade de responderem em tempo útil faz com que aumente a extensão dos danos e, consequentemente, o valor da reparação.

(…)



Entretanto, se algum dos meus leitores por acaso tiver seguros na GNB Seguros, fica o aviso: saia de lá porque, em caso de "sinistro", está lixado e bem lixado!