segunda-feira, 25 de novembro de 2019

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Ludíbrio ou incompetência? Ou estupidez? Ou um problema genético?

No concelho de Caldas da Rainha, e possivelmente noutros concelhos do interior, é possível ter dois contadores de água. 
Um dos contadores controla o consumo doméstico e é sobrecarregado com as taxas e taxinhas todas que as câmaras municipais adoram inventar, a pretexto de essas águas terem de ser tratadas. O outro controla o consumo da água para rega, que é menos sobrecarregado por essas taxas e taxinhas porque a água vai diretamente para o solo. O valor final é apurado com a soma das duas contas dos dois contadores. É evidente que o valor das leituras dos dois contadores é diferente.
Já me referi aqui a uma resposta supinamente idiota de "Os SMAS" (ou seja, Serviços Municipalizados de Caldas da Rainha) dada, de maneira formal, a uma residente na edição do jornal regional "Gazeta das Caldas". A residente queixava-se das confusões das facturas da água e da troca de valores, porque aparecia o contador das águas domésticas trocado com o consumo do contador da rega. 
Eis a extraordinária reposta de "Os SMAS": "As leituras dos diferentes contadores pelo facto de aparecerem na fatura por ordem inversa, não implica que as mesmas tenham sido trocadas, porque não o foram, pelo que o valor das mesmas reflete o valor real a faturar" (texto sem correcção ortográfica).
Como é que se explica a discrepância entre a realidade e "Os SMAS"? Desconhecimento, incompetência, estupidez, vontade de ludibriar o próximo? Ou é a tal questão genética?...
E, já agora, fica uma informação fresquinha hoje prestada presencialmente nos ditos Serviços Municipais: a situação tem sido de tal modo que a leitura das contas da água de quem tem os dois contadores vai ser autonomizada, para evitar mais equívocos. Calcula-se o que deve ter andado a acontecer...

Caldas da Rainha, Natal, 2019

Não há dinheiro, nem capacidade, para reparar e/ou substituir bocas de incêndio avariadas e a perderem água no interior do concelho, mas há dinheiro para as iluminações de Natal na capital do concelho.




quarta-feira, 20 de novembro de 2019

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

E por onde é que ele anda, o vinho espanhol?


Portugal, país produtor de vinho, importa vinho. Em 2017 (último ano com estatísticas disponíveis para este vector no site do Instituto da Vinha e do Vinho) foi Espanha, país produtor de vinho, a ocupar lugar de destaque no conjunto do vinho importado: 94,9 por cento. No mesmo ano, entraram em Portugal vinhos de França (1 por cento), Itália (3,1 por cento), Alemanha (0,3 por cento), Estónia (0,4 por centro) e de “outros países” (0,2 por cento).
A desproporção é real: é de Espanha que vem o grosso do vinho importado. Em 2017 foram 1 775 933 hectolitros (ao preço de 0,45€ por litro), em 2016 foram 1 444 711 hectolitros (0,45€) e em 2015 foram 1 781 229 hectolitros (0,37€). Esta importação não se traduz em garrafas. Em 2017, a quantidade de “vinho de mesa” (sem ser DOP/DOC ou IGP, ou seja indiferenciado e não certificado) vindo de Espanha foi de 86,4 por cento do total, em 2016 foi 84,3 por cento e em 2015 foi 86,1 por cento.
Em termos práticos, os 1 775 933 hectolitros de 2017 traduzir-se-iam em 236, 7 milhões de garrafas de 0,75 litros. Ou, na medida mais vulgar dos “bag in the box”, os de cinco litros, seriam 35,5 milhões de caixas de “bag in the box”. Encheriam armazéns, entrepostos, centros de distribuição, alas inteiras de supermercados, prateleiras de restaurantes. Mas vemo-lo, ao “vinho de mesa” espanhol? Há garrafas à venda, normalmente de DOP/DOC e de IGP: O “vinho de mesa” estará à venda, sem que, no entanto, o vejamos como tal?
Não é vulgar em garrafas mas encontram-se com facilidade caixas de “bag in the box” com indicação de “Vinho da UE [União Europeia]”. É uma obrigação legal, para indicar a origem do produto. É possível que a obrigação seja sempre cumprida. A possibilidade de haver garrafas de vinho de produtores portugueses com vinho espanhol (sem que ele seja identificado como tal) é um rumor que circula há muito em Portugal. Há rolhas reveladoras, há camiões-cisternas que são avistados junto das instalações de empresas produtoras de vinho, há empresas produtoras de vinho sem infraestruturas de produção de vinho.
As circunstâncias económicas favorecem o negócio. Se tomarmos o já citado preço por litro de 2017 (0,45€) e um preço do processo de engarrafamento que pode ser quase idêntico (“Para poder ser comercializada, uma garrafa de vinho certificado requer uma garrafa de vidro, um rótulo, uma rolha, uma cápsula, um selo de garantia da comissão vitivinícola respectiva e uma caixa de cartão (dá para seis garrafas, pelo que só consideramos um sexto do custo de cada caixa). Com ganhos de escala e recorrendo aos materiais mais baratos, vamos admitir que é possível conseguir tudo isto por cerca de 40 cêntimos”, “Público”, 11/04/2017), a margem que ficará de vinhos que podem ser vendidos a 3, 4 ou mesmo 5 euros é convidativa, comercialmente. E a prática até pode ser estimulada, de outro modo: uma marca pode ser “forte” se estiver à venda em todo o lado, em todos os supermercados, em todos os restaurantes, em todas as garrafeiras. E sai mais barato comprar já feito do que estar a fazer.
Nas estatísticas do IVV, a propósito, encontram-se dados interessantes sobre a presença das regiões vitivinícolas portuguesas no mercado português. As que têm maior presença são o Douro e, taco a taco, Lisboa e Alentejo. Em 2016/2017 (nomenclatura do IVV), o Douro teve 1 337 201 hectolitros (22 por cento), Lisboa teve 998 804 hectolitros (17 por cento) e o Alentejo 1 050 439 (17 por cento). Em 2017/2018, os valores respectivos foram 1 448 874 hectolitros (22 por cento), 1 225 840 hectolitros (18 por cento) e 954 910 hectolitros (14 por cento).
São estes valores que se encontram reflectidos na venda ao público, no sector retalhista e na restauração? Ou será a combinação destes valores e dos anteriores? Ou as duas coisas?
Publicado no Portugal Digital.

Caldas da Rainha, Natal, 2019

Há dinheiro para as iluminações na capital do concelho mas não há dinheiro para substituir um velho chafariz remendado.





domingo, 17 de novembro de 2019

Notas de prova

Castro de Chibanes Tinto Reserva 2017 — DO Palmela
Castelão, Trincadeira, Alicante Bouschet
Adega Camolas, Palmela
14,5% vol.
Bom!

Notas de prova

São Filipe Tinto — Vinho Regional Península de Setúbal
Castelão, Syrah e Aragonez
Filipe Palhoça, Poceirão
14% vol.
Bom

Caldas da Rainha, Natal, 2019


Há dinheiro para as iluminações na capital do concelho mas não há dinheiro para substituir caixotes de lixo no interior do concelho.





Conversa da treta de sofisticação diarreica

Há mais de um mês houve, neste mesmo local, uma ruptura numa conduta de abastecimento da água. Um grupo dos Serviços Municipalizados de Caldas da Rainha fez a reparação e encheu o buraco aberto com pedras e terra. 
O buraco ficou, poucos dias depois, no estado que a fotografia regista.
Custava muito ter reposto a camada de alcatrão que foi arrancada. Custava. Reparem só na sofisticada e ortograficamente conversa da treta de "os SMAS" ("Gazeta das Caldas", 15/11/2019) ao reparo de uma residente no local:
"Refuta-se completamente a forma como descreve a abordagem técnica que é feita à reparação de ruturas na rede de abastecimemento de água. As mesmas são abordadas conforme recomendações técnicas superiormente aprovadas, sendo que uma têm abordagens mais complexas do que outras, atendendo ao local, á dimensão da conduta entre outros fatores permanentemente tidos em conta". 
É preciso "abordar" muito para reparar e tapar?!


domingo, 10 de novembro de 2019

Plágio, homenagem ou aproveitamento de boas ideias?



A sequência original


Uma das sequências justamente mais famosas dos filmes do grande cineasta Serguei Eisenstein é a do carrinho de bebé que, desgovernado, desce as escadarias de Odessa no meio de uma multidão que foge a uma carga militar. O filme é "O Couraçado Potemkine" (1925), onde as suas técnicas pioneiras de montagem estão brilhantemente expostas.
Em 1987, no seu filme "Os Intocáveis", Brian de Palma montou uma cena de tiroteio numa grande estação ferroviária e recuperou a ideia do carrinho de bebé, desgovernado no meio dos tiros trocados entre os homens de Eliott Ness e os de Al Capone. De Palma foi sempre um realizador inspirado e não precisava de fazer um plágio. Também nada fazia desta sequência uma homenagem a Eisenstein.
Estive no Festival de Cinema de Veneza e consegui entrar numa entrevista coletiva do realizador, sendo a minha única pergunta sobre o porquê da replicação da famosa sequência de Eisenstein. 
De Palma respondeu, simplesmente, que era uma boa ideia e que fizera a sua sequência por ser apenas uma boa ideia. Era, realmente, o que parecia. Se tivesse ido buscar a Eisenstein mais do que a sequência do carrinho de bebé, já seria plágio? Talvez. Mas De Palma até podia ter respondido que só tinha querido homenagear Eisenstein. 


Os "descendentes" da escadaria de Odessa


Talvez tenha sido o que quis fazer Walter Hill em "A Fronteira do Perigo" (1987), relativamente a Sam Peckinpah, com quem tinha colaborado, e ao seu magistral "A Quadrilha Selvagem" (1969). (A sequência final deste filme é deslumbrante e eu também a recordei, e ao seu ambiente fechado mais do que ao jogo de massacre que a caracteriza, em "Crimes Solitários". Mas pode ser que ainda o faça, na totalidade, em homenagem a um dos meus realizadores preferidos.)  
Há poucos dias deparei-me com mais um caso. Em 19 de Janeiro de 1924, a revista americana "Collier's Weekly" publicou um conto de Richard Connell intitulado "The Most Dangerous Game" (que julgo ter sido publicado em Portugal numa antologia de histórias fantásticas). 
A história tornou-se um clássico: uma caçada humana numa ilha. O primeiro filme que dela nasceu foi "O Malvado Zaroff" (1932). Uma das mais interessante adaptações foi "Perseguição sem Tréguas" (1993), de John Woo. O tema é sempre o mesmo e não há volta a dar-lhe: um grupo de caçadores bem armados junta-se para caçar (e matar) presas humanas. 
E é esse o tema do 22.º livro de Lee Child, "Past Tense" (2017), que acabei de ler há poucos dias. Revelada a mais de dois terços da história, mas previsível para quem conhece o conceito, a ideia da caçada humana sustenta o que talvez seja um dos mais interessantes títulos da já demasiado extensa série dedicada a Jack Reacher. Será homenagem (claramente à versão de John Woo, se é o caso), plágio ou apenas o aproveitamento de uma boa ideia? É difícil perceber.
Um exemplo que está na fonteira do plágio é o da série (ou mini-série, porque não parece ter continuidade), "The Enemy Within". Vi os dois primeiros episódios, de qualidade média, e estive o tempo todo a pensar em "The Blacklist". Uma não é, tecnicamente, plágio da outra, mas… já não avancei para o terceiro episódio.
Em 1979 o filme "Chamada Misteriosa" introduziu (e julgo que terá sido a primeira vez) um dispositivo narrativo que eu ainda não tinha visto: uma mulher recebe um telefonema ameaçador… e o assassino que lhe telefona está dentro da própria casa. 
"Chamada Misteriosa" não entusiasmava e este começo não tinha sequência à altura. Os "remakes", ou variações, que depois teve também não ficaram para a história. Talvez se a revelação do telefonema tivesse ficado para o fim… mas, aparecendo logo de início, não havia mais nada à altura durante o resto do filme. Mas foi uma boa ideia.
Este dispositivo é retomado recentemente num romance português: "Do outro da linha, a telefonista [...] perguntou a Doris se, por acaso, existia a possibilidade de o assassino ainda estar dentro da casa. Foi então que a Sra. Mullens, no seu sotaque do Arkansas, lhe respondeu [...] que essa possibilidade não era uma mera possibilidade, mas um facto. O assassino ainda lá estava dentro, porque pertencia àquela casa desde que nascera." Trata-se de "A Noite em que o Verão Acabou", de João Tordo. Não sei, naturalmente, se é homenagem, plágio ou apenas o aproveitamento de uma boa ideia. Mas é, tão só, mais um caso.



sábado, 9 de novembro de 2019

Bichos

Um esquilo juntou-se hoje ao jardim zoológico informal que aqui se vai formando: apareceu, tímido, para beber água e depois desapareceu. Não é a primeira vez que vejo um esquilo nesta região, mas "chez moi" é uma estreia.
Há pouco mais de uma semana foi uma cegonha, que também terá vindo beber água. E de cuja presença já tinha suspeitado quando, ainda antes do amanhecer, vi há tempos uma forma estranha e pálida a erguer-se nos ares.
Além destas presenças, há as habituais: rolas, melros e duas espécies de pássaros; ratos pequenos e grandes; toupeiras; gatos, ocasionalmente e sempre de fugida.
Já em tempos vi aves de rapina a sobrevoarem a propriedade e até já apareceu o que só podia ser um beija-flor (e há registos de avistamentos em Portugal). Além de faisões e de perdizes.
E além de aranhas (muitas e variadas), lagartixas, salamandras e até cobras.
Mas é melhor a bicharada do que a espécie (política) dominante local...

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Caldas do Lixo






Como é que se resolve o magno problema de um caixote de lixo avariado bem longe da vista de quem anda na capital do concelho?
Deixa-se a tampa bem aberta. 
E porquê? 
Não me perguntem. 
Eu limito-me a constatar esta estranha maneira de resolver problemas: piorando-os. Deve estar-lhes na massa do sangue: a incompetência e a tendência para a porcaria.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

"Mayans M.C.", welcome back!




"Mayans M.C.", portanto: a revisitação do universo de "Sons of Anarchy", sem a matéria de base desta surpreendente série mas com diversos pontos de contacto, numa primeira temporada de dez episódios criada a duas mãos por Kurt Sutter e Elgin James. 
História forte, com personagens sólidas, acção a condizer e uma bela banda sonora, "Mayans M.C." é mesmo uma extensão sugestiva de "Sons of Anarchy" e é de esperar que haja uma interligação mais clara. Mas já sem Kurt Sutter, afastado da série depois de ter dito uma piada de mau gosto contra a Disney, proprietária da FX, a televisão que emite a série.
Recomendo, com a ressalva de que não existe na esvaziada programação por cabo portuguesa, nem na HBO ou na Netflix (onde, no entanto, ainda é possível rever "Sons of Anarchy").




domingo, 3 de novembro de 2019

Ler jornais já não é saber mais (67): o livro de estilo da redacção única

O novo governo do PS é bom e o primeiro-ministro é um tipo "porreiro, pá". A extensão do Governo e a multiplicação de Secretarias de Estado não tem mal nenhum. Pelo contrário: haverá mais assessores, adjuntos, chefes de gabinete e antigos e novos colegas com quem falar como "fontes".

O BE era fofinho, mas agora é o mau da fita. Não quis a "geringonça". Agora é que mostram a sua verdadeira cara. Não influenciam nada, portanto não vale a pena ligar-lhes muito. São marginais. Adeus, camaradas.

Jerónimo de Sousa tem um penteado giro. É bom ter um antigo operário larachista como interlocutor. A amiga está sempre disponível e "críticos" e "dissidentes"?... Não, que nem sequer sabem falar com os jornalistas. Além disso, um avô é sempre um avô e devem existir muitos jornalistas com problemas mal resolvidos com os seus avôs.

Rui Rio é amigo. É uma oposição que ladra mas não morde, à espera de um PS que lhe há de pedir algum favor, um dia destes. Portanto, não vale a pena morder-lhe às canelas. É deixá-lo estar, porque até pode ficar na chefia do PSD mais tempo.

A Iniciativa Liberal vai por exclusão de partes. Não é "extrema-direita", é só liberal. O deputado vem do mesmo meio político-cultural urbano dos jornalistas de Lisboa e se é "liberal" até é bem-falante. E talvez não faça mossa.

O Chega! é "a extrema-direita". Não se sabe o que é isso, mas é o mais fácil de dizer. Atacar o PSD de Rio já não dá pica, e André Ventura é um óptimo alvo. Os ataques, directos e outros, dão-lhe força? Mas que interessa? Há que abatê-lo antes que o Chega! ponha as hordas de milhões das SS, das SA, da Wehrmacht e da Luftwaffe que o seguem diariamente a cercarem a Assembleia, tipo metalúrgicos do PCP no PREC.

É claro que a Joacine tem melhor aspecto do que Rui Tavares. Mas depois, quando abre a boca… Mas convém dar-lhe atenção e fazer de conta que as suas incapacidade orais e intelectuais lhe hão de passar.

O PAN é uma curiosidade. Mas já não é uma novidade. E parece uma colónia de gatos num beco. Um gatinho parlamentar ainda é um querido, mas muitos já são uma chatice.