domingo, 13 de janeiro de 2019

A Praça da Fruta e os seus equívocos

Não sou frequentador da famosa Praça de Fruta (que na realidade se chama Praça da República) de Caldas da Rainha.
E não sou por um motivo muito simples: não tenho onde estacionar em tempo útil.
Famosa e muito considerada no concelho, a Praça da Fruta tem esse problema, que afecta em primeiro lugar os muitos caldenses (por nascimento ou "naturalização") que precisam de carro para se deslocarem. Simplesmente, porque não moram na capital do concelho.
É o meu caso: morando a uma distância de cerca de 12 quilómetros da cidade de Caldas da Rainha, onde não há transportes públicos de jeito fora da cidade, não tenho a mesma facilidade que me dá um supermercado com estacionamento ou, parando à porta, uma simpática mercearia local que dá pelo nome de Aldeia Rural. 
Para fazer compras na cidade, preciso de ter um sítio onde possa estacionar, por um período de meia hora a uma hora. 
Quando a Praça da Fruta foi reconstruída, houve quem defendesse a existência de um parque de estacionamento subterrâneo nesse local (julgo que terá sido o CDS), o que a maioria camarária (do PSD) recusou, muito provavelmente pelo aparecimento de vestígios arqueológicos no subsolo que iriam atrasar a obra.  
Mas agora, tardiamente, é certo, são os próprios vendedores a levantar a questão, como se pôde ver numa reportagem da "Gazeta das Caldas" sobre o tema. Até porque podiam ganhar muito mais do que ganham se tivessem mais clientes.
Sem estacionamento possível, os seus únicos clientes serão aqueles que moram na cidade e mais perto do centro, além dos visitantes que lá vão com tempo para andarem a passear. Há muitos mais que poderiam garantir, se as condições fossem outras.
Aliás, é incompreensível que as suas receitas sejam já "comidas" pela montagem das bancas: são estruturas complexas, que obrigam a um esforço madrugador dos vendedores ou, então, à transferência do serviço (e do custo) para uma empresa que cobra 180 euros para o fazer. Note-se que os vendedores já estão obrigados a pagar à Câmara Municipal 15 ou 30 euros (dependendo da dimensão da tenda) por mês para aí poderem estar. Na prática, os vendedores estão a ser explorados pela Câmara, de uma forma directa ou indirecta. Ou melhor: "chulados".
A Praça da Fruta, sempre vista à lupa do egocentrismo da elite bem-pensante que mora na cidade, é um conjunto de equívocos. 
Quatro anos depois da sua desajeitada reformulação, talvez seja altura de começar a pensar em corrigir o que está mal. Ou vai ficar mal para sempre, acantonada nesse mesmo egocentrismo que é um dos principais males do concelho?


Se mudassem para melhor, ganhariam todos mais...

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