segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Vida de escritor: originalidade zero




Não conheço, pessoalmente, NP, que é um dos muitos milhões de "escritores" que existem "on line".
Tive a curiosidade de, um dia, folhear num supermercado um dos seus primeiros livros e, além de um português medíocre que nada recomendava, deparei-me com duas bizarrias. 
A primeira foi um estilo (com a narrativa assente no presente do indicativo) que, por acaso, foi o que comecei a usar, e mantive, desde o meu segundo "thriller". A segunda foi uma parte demasiado parecida com uma sequência-chave de um filme estimável, "True Lies". A minha curiosidade ficou saciada quanto à qualidade e à originalidade da coisa.
NP dedicou os seus três primeiros livros (numa editora sem nome) à espionagem tipo série de televisão dos anos cinquenta e chamou-lhes "thrillers".
O quarto dedicou-o ao terrorismo, num "mix" algo confuso. E o quinto, que parece ter nascido numa fase de transição de editoras (onde lhe disseram, na primeira, que era melhor ir reescrever a história toda), tem a ver, segundo os próprios, com adultério, incesto, homicídios, pecados, coisas bíblicas e possivelmente tudo e mais alguma coisa. E um par de botas, claro. E é um "thriller", como é próprio de mentes limitadas. Só pode.
Pelo meio, NP arranjou um site profissional (isso dos blogues amadores é para os outros), um cão fofinho para impressionar as raparigas (a começar pelas bloguistas, sobretudo pelas mais exóticas) que, nada de familiaridades, servindo para compor a imagem, "dorme no alpendre".
E também se apresenta em novo modelo, na temática, na capa e na figura engravatada de delegado de propaganda médica com que agora tenta apresentar-se: como um clone de José Rodrigues dos Santos. Que, como se sabe, é um clone de Dan Brown. Que, por sua vez, é um clone de Philipp Vandenberg, numa extensa linhagem de autores sem chispa de originalidade. NP, afinal, é só isso: mais um, apenas.



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