quarta-feira, 29 de março de 2017

Sondagens, função pública, compra de votos e má memória

O jornal “Expresso” e a empresa Eurosondagem têm sido, nos últimos meses, os únicos protagonistas de sondagens políticas que visam a posição eleitoral, ou pré-eleitoral, dos principais partidos e muito, ainda, em função das eleições legislativas de 2015.
São, por um lado, as eleições mais recentes e são, por outro, as que deram origem à bizarra aliança governativa dos partidos derrotados contra os dois partidos que, organizados em coligação, venceram as eleições.
A tendência registada tem sido constante: o PS vai subindo nas intenções de voto e o PSD vai descendo. São resultados que até podem ser genuínos (embora falta a prova de outras) e que, obviamente, alimentam expectativas de uma maioria absoluta do PS e o desespero dos adversários externos e internos do presidente do partido que efectivamente ganhou as eleições de 2015.
Estas sondagens representam, em termos de intenção de voto, uma reviravolta: derrotado nas urnas quando era partido de oposição, o PS parece beneficiar do facto de ser governo. 
Embora os resultados não forneçam dados de carácter profissional, social e económico relativos aos inquiridos, não é de arriscar que eles expressam, em muito, a opinião de pessoas ligadas directa ou indirectamente à administração pública e de reformados e pensionistas. E por uma razão muito simples: os trabalhadores da função pública e os pensionistas têm sido os grandes beneficiados da governação do PS e dos seus aliados da “esquerda”, com a sua política de aumentos salariais reais para estes sectores que, ao longo de mais de um ano, já se traduziu em ganhos muito significativos.
Não houve outros sectores profissionais e sociais (à excepção, talvez, dos patrões da restauração à conta da borla do IVA) tão beneficiados pelo Governo e o aumento do salário mínimo nacional tem efeitos parcelares. E os impostos indirectos, pelo modo como estão a ser aplicados, podem diluir-se um pouco entre os “privilegiados” da função pública, servindo essencialmente para sustentar estes últimos.
É uma lógica de compra de votos com uma vertente sinistra. É importante recordar que foi o Estado, o patrão da função pública, que esteve à beira da falência em 2011. E que, por isso, foram reduzidos, ainda mais, os salários da função pública que, aliás, tinham sido simultaneamente aumentados em 2010 (pelo último governo de J. Sócrates...) e diminuídos a partir de 2011(... pelo último governo de J. Sócrates).
Ou seja: o Estado tinha gente a mais e recursos a menos para pagar ao seu pessoal. E ainda tem, e crescentemente. 
A situação tem estado a agravar-se e uma nova catástrofe económica e financeira não poderá deixar de se repercutir, outra vez, na imensa massa salarial da função pública ou, então, num esbulho incomensuravelmente maior dos trabalhadores do sector privado.
O Estado, tal como existe, não é auto-sustentável. Era conveniente que os seus próprios empregados não se esquecessem desse pormenor.


domingo, 26 de março de 2017

Sócrates: o PS foi cúmplice ou corno?

José Sócrates disputou as primeiras eleições, que ganhou, como secretário-geral do PS, em 2005. Tinha sido ministro do Ambiente no governo anterior. Ganhou as eleições seguintes, na mesma situação, em 2009. Este mandato não chegou ao fim quando o Estado, governado pelo PS, chegou a uma situação de pré-bancarrota.
Sócrates levou consigo para o Governo, e como secretário-geral do PS, suspeitas (que o sistema judicial nunca confirmar nem infirmar) sobre assinaturas “de favor” numa câmara municipal, vantagens obtidas com a Central de Compostagem da Cova da Beira, uma licenciatura de validade discutível por uma universidade privada que o seu governo obrigou a fechar e suspeitas de favorecimento patrimonial, enquanto ministro do Ambiente.
O PS, que se saiba, nunca levantou dúvidas sobre estas matérias. E quando, por causa do “caso Freeport”, Sócrates fez um grande alarido sobre a “campanha negra” de que estaria a ser vítima, o PS apoiou-o.
A Operação Marquês, que o levou à prisão preventiva, envolve-o em suspeitas que constam de um verdadeiro catálogo que, em tal soma, nunca recaíram sobre um político português. Em termos práticos, e segundo o que a Imprensa noticiou relativamente ao que lhe fui imputado no último interrogatório de que foi alvo, como arguido, falamos de corrupção e branqueamento de capitais. Empresas, empresários, um universo financeiro (o Grupo Espírito Santo), banqueiros, construtores e vendedores de carros, industriais do turismo e do ramo farmacêutico… são uma multidão os suspeitos que o Ministério Público e a Procuradoria-Geral da República associam a novas situações de favorecimento patrimonial.
Tudo isto aconteceu quando Sócrates era primeiro-ministro. Quando estava rodeado de ministros e secretários de Estado que também intervinham nas áreas que agora lhe são associadas. E eles sabiam, ou não?
Falta algum tempo para que seja conhecida a acusação, em concreto, contra o primeiro primeiro-ministro arguido por suspeitas de crimes tão graves. Falta ainda mais tempo para a produção de prova em julgamento e para o acórdão da primeira instância e depois para as decisões finais da Relação e do Supremo, passos que obviamente a defesa do arguido Sócrates dará. Pode dizer-se que, até lá, o homem tem direito a ser considerado inocente mas não se pode ignorar que, até agora extrajudicialmente e depois formalmente, tudo o que se vai sabendo é grave. A começar, mesmo que fosse só isso, pelo facto de um ex-primeiro-ministro viver das transferências avultadas de numerário de um seu amigo.
Perante isto tudo, o PS e os seus dirigentes têm estado em silêncio. Muitos foram visitar o arguido mais importante da Operação Marquês à sua prisão. Outros fazem de conta que não aconteceu nada. Outros, ainda, acham-se obrigados a defender o que seria uma espécie de “honra do convento”. 
Mas a pergunta não pode deixar de ser feita: o Partido Socialista sabia? 
E a resposta só tem duas opções: se sabia, nada impediu e continua em silêncio, é cúmplice de tudo aquilo que o seu ex-secretário-geral e ex-primeiro-ministro fez ao arrepio da lei; se não sabia, foi corno.
É a este PS, e aos discípulos do arguido Sócrates, que o País está entregue, graças a um golpe de Estado parlamentar conduzido pelo actual primeiro-ministro e pupilo do arguido Sócrates. 
E se o PS foi cúmplice, é perigoso que o Estado lhe esteja novamente entregue; se foi corno, não está evidentemente qualificado para governar um país.
Mais tarde ou mais cedo, terá de saber-se, em definitivo, se foi uma coisa ou a outra. E se os ministros e secretários de Estado de Sócrates também o foram: cúmplices ou cornos?




terça-feira, 21 de março de 2017

A estúpida cegueira política do PS caldense

Querem melhor prova da inutilidade da "oposição" em Caldas da Rainha, a começar pelo PS?! Ei-la: "Publicidade abusiva suja a cidade": "colocação, recorrente e ilícita, de numerosos cartazes plásticos em espaço público".
É certo que o texto do blogue do PS se refere em concreto a uma entidade mas é lamentável que, com isto, o PS branqueie o hábito porcalhão de muitas outras entidades de andarem a pendurar plásticos em postes e árvores, à beira das estradas e nas rotundas, além de placas de cartolina, que anunciam certas realizações e que depois ficam meses a apodrecer, acumulando-se os restos no chão. Colectividades, juntas de freguesia, partidos políticos... é um vê-se-te-avias.
Esta epidemia de porcaria não suja apenas "a cidade". Suja o concelho todo,  mas todo, das povoações rurais às zonas de maior potencial turístico.
O PS, como aliás a generalidade da "classe política" local, não conhece a realidade fora da capital do concelho. Está ceguinho de todo. E não merece nem um voto!

  





Ler jornais já não é saber mais (11): o neojornalismo lisboeta

Uma das coisas mais deprimentes do neojornalismo é a sua circunscrição a Lisboa e, menos, ao Porto.
A realidade, fora destas cidades, não a conhecem. Não podem (não há dinheiro nos jornais), não querem, não estão para isso.
E o resultado é isto, um título foleirinho como "No Algarve, quem não tem carro não vai a (quase) lado nenhum", onde o neojornalismo do "Público" se derramou com o triunfalismo de quem descobriu outro planeta.
Porque o País é, todo ele, assim: os transportes públicos dignos desse nome existem nas cidades de Lisboa e do Porto. No resto do País haverá capitais de concelhos com redes minimalistas de transportes públicos regulares.
Fora das capitais dos concelhos (onde carreiras de hora a hora, na melhor das hipóteses, pouco resolvem) é, na prática, um "salve-se quem puder", sobretudo quando é necessário ir das povoações do interior à capital do concelho... para tratar daquilo que só nessas cidades é que se pode tratar.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Isto ainda é possível nos dias de hoje?!


Diante de duas moradias de estilo diferente do habitual foi erguida uma pequena casa em formato de caixote artístico, que consegue várias coisas estranhas ao mesmo tempo: (a) tapar a vista às duas outras casas; (b)  ficar encostada às suas estruturas; (c) divergir por completo do estilo (mais cuidado) das casas vizinhas; (d) quase não dispor de espaço à volta; (e) ter uma licença de construção, para habitação, da câmara municipal.
Estou a falar de Caldas da Rainha, onde parece que ainda há um Plano Director Municipal, numa região (Estrada Municipal 566, Serra do Bouro) de grande visibilidade e onde até conseguem criar entraves à construção em zonas que poderiam beneficiar com projectos de habitação adequados.
Pensei que, nos dias de hoje, já não deixavam fazer anormalidades destas. Pelo menos tão descaradamente.
As fotografias são esclarecedoras e foram tiradas hoje e há dois dias.






domingo, 19 de março de 2017

Ler jornais já não é saber mais (10): a autocensura que esconde informação



O cadáver do terrorista, numa imagem das câmaras de segurança (© Reuters)

A imprensa resolveu fazer autocensura e o "DN" tem aqui um belo exemplo deste procedimento que esconde a informação.
Na notícia, assinada e tudo, mal se consegue perceber que os autores destes atentados são inspirados pelo radicalismo islâmico (há uma tímida referência ao Corão no último parágrafo e, mesmo assim, mal escrito), independentemente da sua origem nacional.
Podem ser muçulmanos, europeus ou marcianos mas não deixam de ser, com ou sem bloqueio autocensório, os "lobos solitários" mobilizados através das redes sociais pelos ideólogos (?) do ISIS ou outros.
É por estas e por outras (mas tudo se resume ao "tapar o sol com a peneira") que a imprensa, tal como a conhecemos, já não tem futuro. E o neojornalismo, felizmente, também não.

"Gazeta das Caldas": mais vale tarde do que nunca




A "Gazeta das Caldas" descobriu que o fabuloso parque de estacionamento da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, a obra emblemática do seu competentíssimo presidente, mete água. Mais vale tarde do que nunca, claro. Eu há tinha aqui registado o facto em Dezembro do ano passado.






A "Gazeta" também descobriu agora que há uma zona mesmo no centro da capital do concelho que está há vários meses em terra batida, à espera de ser pavimentada. Mais vale tarde do que nunca, repito. Também aqui já fiz referência a esta característica da gestão municipal nesta zona: o alegre incumprimento de prazos de obras.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Abandono


Isto é uma rua, com placa toponímica e tudo, numa freguesia (ou ex-freguesia) rural do concelho de Caldas da Rainha.



Quanto tempo demora a pavimentar uma rua?

No centro da cidade de Caldas da Rainha, e já há uns cinco meses, uma pequena rua continua por pavimentar.
É a Rua da Rosa, que está no estado que as imagens (captadas hoje, 15 de Março) documentam.
A Camara Municipal de Caldas da Rainha é isto: incompetência e desprezo pelos seus munícipes.
Não deve ser caso único.


terça-feira, 14 de março de 2017

Doçura alentejana

Há alguns anos, numa quinta do Dão e em conversa com um dos grandes enólogos da região, e em jeito de apresentação do meu grande amigo B., disse-lhe que o meu amigo era alentejano e acrescentei qualquer coisa sobre o vinho do Alentejo.
O nosso interlocutor retorquiu de imediato que o vinho do Alentejo o enjoava e o meu amigo ripostou, defendendo a sua dama. Mais tarde, numa das inúmeras conversas em que falávamos de vinho, confessou que já começava a achar os vinhos alentejanos algo doces. Hoje, infelizmente, já não lhe posso dizer que, mais do que isso, eu desisti de beber tintos dessa região. E até acredito que B., prematuramente desaparecido, me daria razão.
Com uma excepção, que só por si impede a generalização, não mudei de opinião. E fujo dos vinhos alentejanos. Comecei a achá-los demasiado doces. Não seguirei o bizarro descritivo dos "sabores" que os entendidos conseguem descobrir nos vinhos, das compotas aos abaunilhados, passando por outras coisas menos nobres, limitando-me à constatação. Por isso, evito os tintos do Alentejo.
Não vale a pena andar a fazer experiências quando a oferta é muito mais vasta e os resultados podem ser incertos. (A única excepção, e que voltarei na devida altura, é a dos tintos de Pias, uma região específica dentro da região alentejana.)
Uma das castas usadas com frequência no Alentejo, e que é predominante na península de Setúbal, é a Castelão ou Periquita e, só por si, é suficiente para poder deixar um rasto doce. Mas o problema não está nela. Está na tentativa de muitos produtores (a maioria, talvez?) de irem atrás de um padrão internacional de sabor que tem por elemento central a casta Cabernet Sauvignon e que é retintamente doce.
Ao dar-lhe um protagonismo excessivo, neste caso numa região que dela não precisa, nem para o vinho durar mais, os produtores estão a mudar o perfil dos vinhos de uma região (o Alentejo), afastando-o do padrão original. O uso intenso da madeira e, até, o recurso à casta Touriga Nacional, só reforçam a impressão inicial.
Poderá argumentar-se que os consumidores gostam e que o vinho do Alentejo tem de se renovar. Pode ser. Mas os vinhos doces, ou adocicados (abafados, ginja, Madeira, Moscatel ou Porto), têm o seu lugar. Os restantes, os "vinhos de mesa" não precisam de ser doces para se imporem.
Há algum tempo, num dos supermercados a que vou, havia, como é frequente aí haver, vinhos para provar. Eram do Alentejo e espreitei-lhes os rótulos e contra-rótulos à procura da identificação das castas. Havia, em todos, Cabernet Sauvignon. Um dos produtores que acompanhava a acção promocional perguntou-me se eu queria provar e eu disse que não, dizendo que não gostava de vinho com Cabernet Sauvignon. E a resposta dele foi: «Ora, mas isso é só tempero!" Não podia ser mais esclarecedor.


segunda-feira, 13 de março de 2017

Ler jornais já não é saber mais (9): Jornalismo, alegadamente...



Repare-se no texto: "(...) depois de terem sido divulgadas (...) duas reportagens polémicas (...) que diziam que, alegadamente, as editoras oferecem 'brindes' aos professores"; "no caso da RTP foi dito que as editoras, alegadamente, oferecem 'brindes' (...)".
O "alegadamente" é uma epidemia do neojornalismo português. Suponho que há de ter sido importado do inglês "allegedly", que serve, de modo expedito, para afirmar algo para o qual não existe prova fiável.
O seu significado, no entanto, perde-se na imbecilidade praticante que se vai impondo, chegando-se ao ponto, na televisão, de se imputar o "alegado crime" ao homicida que, entregando-se às autoridades, até já confessou o crime.
Neste caso temos mais um brilhante disparate e em dose dupla. A afirmação de base (oferta de "brindes" a professores por editoras de livros escolares) é atribuída, expressamente, a duas televisões: RTP e TVI. O que mostraram, nas reportagens apresentadas, é da sua responsabilidade. Mas, aparentemente, não é o que pensa a criatura que escreveu esta prosa no "Sol". Onde, como se pode ler, se põem as reportagens a "dizer que" quando, para bem da economia narrativa e da língua, chegaria dizer "segundo a reportagem".
No caso do "alegadamente" em dose dupla, a confusão é tal que nem se percebe para onde vai o "alegadamente" (as reportagens? quem efectivamente disse? os canais?) e a impressão que resta é que o palavrão ficou porque é da moda, muito "fresco" e tal.
Isto, como tantas outras coisa nesta era de degradação absoluta do jornalismo, não passa de alegado jornalismo...

domingo, 12 de março de 2017

Genial





Não sei de quem é a autoria mas esta espécie de fotomontagem (sendo a fotografia genuína e servindo a legenda, quase como balão de banda desenhada, a função satírica) é genial e o autor (anónimo) merece todos os louvores.
Repare-se bem.
Em primeiro lugar, o trio: Chavez, o ditador "de esquerda" da Venezuela, o antigo primeiro-ministro José Sócrates e o seu ministro das Obras Públicas (que para tantas coisas serviram...), Mário Lino.
Estão concentrados no computador infantil "Magalhães", que o então primeiro-ministro andou a promover pela América Latina. Chavez está muito atento, como quem aprende. Lino parece estupefacto. E Sócrates... é que a sabe toda, ladino como é.
A legenda (que pode ser, e não apenas circunstancialmente, atribuída a Sócrates) é um mimo.
Faz referência a um dos temas do momento (as "offshores") e usa uma expressão popular ("graveto") para dinheiro, como se a conversa fosse informal. E a construção da frase não é de quem sabe muito de computadores. Apenas o essencial: "nesta tecla aqui". Notável!
Noutros tempos, qualquer jornal publicaria uma caricatura destas. Hoje não têm, nem querem ter, essa liberdade.


quinta-feira, 9 de março de 2017

6 meses


A seis meses das eleições autárquicas, o CDS de Caldas da Rainha avançou formalmente com o seu candidato à câmara municipal deste concelho: Rui Gonçalves, arquitecto, cuja candidatura é apresentada esta noite.
Rui Gonçalves é o terceiro candidato, depois do actual presidente da Câmara (do PSD) e do candidato do PS, o advogado Rui Patacho.
Enquanto o candidato do PS anda a percorrer as várias capelinhas a ver se consegue ser mais conhecido, o candidato do CDS não deve precisar de se mostrar tanto.
No entanto, nem um nem outro conseguirão garantir o número de votos suficientes para derrotarem o actual presidente da Câmara Municipal de Caldas da Rainha, ancorado numa maioria absoluta (que a sua incompetência nem justifica) e numa cerrada teia de influências. Quase nem se justifica o esforço...



quarta-feira, 8 de março de 2017

Inglesices em versão analfabruta


"Detailed", "designed", "signalled", "alleged", "iconic"... Num original em língua inglesa que estou a traduzir (e que, por sinal, é bem interessante) aparecem estas palavras, e não poucas vezes. Fazem intrinsecamente parte da língua inglesa, de um estilo menos académico e mais próximo do jornalismo.
O autor do livro, de origem oriental, estará mais familiarizado com estas opções e menos com a linguagem académica mas o estilo que escolheu não prejudica o autor nem o seu trabalho. As palavras são bem empregues em inglês.
Só que estas palavras têm sido transformadas, nos mesmos meios nacionais, em "detalhado", "desenhado", "sinalizado", "alegado", "icónico". Não é assim, porém, que sairão das minhas mãos no texto.
"Detailed" será "pormenorizado", "designed" será "concebido", "signalled" será "indicado", "alleged" nunca será "alegado" mas terá a ver com algo que é considerado como a possibilidade de "ter sido", e "iconic" será "famoso" ou "símbolo" ou "simbólico".
A língua portuguesa é suficientemente rica para não precisar de adaptações literais e, na sua essência, incorrectas. Sabe-o quem leu, e lê, livros.

Porque não gosto dos CTT (117): o crime perfeito

Em 17 de Fevereiro foram pedidos dois cartões bancários para a minha morada.
Um chegou cerca de duas semanas depois. O segundo não chegou. O código, entretanto desnecessário, do primeiro chegou já tardiamente. O código do segundo também não chegou.
O desaparecimento de correspondência no universo sombrio da empresa CTT é isto: nunca se sabe o que não recebemos porque não recebemos.
Podemos pensar, no segundo cartão, num extravio. Mas é só na perspectiva do benefício da dúvida. Se o código também não chegar, será evidente que não foi um simples extravio.
Nada que me surpreenda. Porque é o que costuma acontecer. O que surpreende é que estas irregularidades continuem.

segunda-feira, 6 de março de 2017

Gatos a mais





À falta de coiotes, leões e leopardos asiáticos e outros predadores, E., a minha pastora da Anatólia, olha para os gatos como alvos a abater e, nos nossos passeios, se eu não fosse de trela bem firme, talvez já tivesse conseguido apanhar alguns com os seus saltos de caçadora. E dado eu uns valentes tombos.
A atenção especial que a E. dá aos gatos é sublinhada e apoiada pela J., com festivais de latidos esganiçados tipo BE.
São 15 quilos de fúria de um lado (J.) e 35 (E.) do outro. No meio estou eu, com um bom catálogo de tendinites, potenciais e cumpridas.
Há gatos a mais nesta zona rural, ultimamente. Por todo o lado, no mato, nas casas, chegando a invadir-me o jardim.
São acolhidos nas casas, mas sempre fora, porque dão jeito para dar cano dos ratos; são "pagos" em restos; caçam aves e roedores pelo campo fora; não devem ter cuidados veterinários, nem  de comidaserem esterilizados; reproduzem-se descontroladamente... Não são os gatos de Ulthar, nem os gatos que eram "familiares" das feiticeiras, mas já começam a assemelhar-se a uma praga. Qual será o desfecho?


quinta-feira, 2 de março de 2017

Porque não gosto dos CTT (116): atrasos, atrasos, atrasos





Um carta com a data carimbada (e foi talvez por isso que esta demorou "só" uma semana a chegar), outra correspondência que anda por aí, o "Jornal das Caldas" que sai à quarta-feira, que é entregue à quinta-feira porque tem cor e porque os que o fazem se estão nas tintas para a data de entrega, e que não chegou...