segunda-feira, 18 de julho de 2016

Elsa Karabas



Já me referi aqui à Elsa, uma cadela "gigante" que faz parte da família desde Janeiro deste ano, depois de ter aparecido a vaguear aqui na região.
Não me pareceu que pudesse ser um cão de raça "pura" e, pouco familiarizado com raças de dimensão superior aos sempre admiráveis cockers, até pensei que fosse aparentada de rafeiro do Alentejo. O contraste directo com outra cadela dessa raça, por sinal simpática, mostrou-me que não era.
Serra da Estrela? Foi outra hipótese. Depois de duas tentativas falhadas de obter a opinião de duas associações, pessoa amiga emprestou-me uma edição de um livro sobre esses cães e, pelo contacto directo, sugeriram-me que poderia ser arraçada. Com influência de pastor belga na versão "malinois", pela cor? Talvez.
Em Abril e em Maio, em duas deslocações a Nelas, vi de relance um cão, ou cadela, igual à Elsa. Corpulento, ágil, bastante senhor de si. Podia haver uma coincidência, claro, e a Elsa ter um irmão ou primo a 250 quilómetros de distância. Que podia eu pensar quando as minhas pesquisas, um pouco às cegas, nada me diziam.
Mas há pouco tempo vi no Facebook um GIF com outro cão igual. Poderia ser o mesmo? Poderia ser a Elsa?! Ou haveria mesmo cães assim?
Há raças autóctones e, porque os cães não viajam muito, torna-se difícil conhecer todas as raças e, em especial, saber qual a designação de uma determinada raça... se não a conhecemos. No Google comecei por fazer duas procuras: raças americanas e africanas (a separação por continentes não facilita a migração de certas raças pelo que haverá algumas que não se encontram por cá) e por imagens. E lá começaram a aparecer as imagens de outras "Elsas". E o mistério desfez-se.
A Elsa é um "Çoban köpegi", um cão-pastor da Anatólia (Turquia), da variedade dos "karabas" ("karabash", "máscara negra"). É um cão de guarda de rebanhos, na sua origem, mais conhecido noutros países do que em Portugal, um especialista em segurança e defesa que transfere todas as suas qualidades para a guarda da matilha humana em que se integra.
E o que já li, em sites americanos, franceses e num estudo quase académico de um especialista turco, aplica-se por inteiro à jovem Elsa, que aqui ganhou uma matilha... e um chefe de matilha.
Se a sua qualidade ficou assim reconhecida, o mistério continua num nível diferente: de onde é que saiu, sem chip, sem que ninguém o reclamasse, aparentemente pouco nutrido, um exemplar tão perfeito de uma raça que deve ser quase inexistente no nosso país?
Quem, logo ao vê-la, recolheu a Elsa, sem poder ficar com mais um cão, disse, com toda a simpatia, que ela tinha tido sorte por ter vindo aqui parar. Quando observo a Elsa, penso que poderemos ter sido nós a ter sorte com este encontro tão inesperado.
   

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