quarta-feira, 1 de junho de 2016

"Peaky Blinders"


Steven Knight é argumentista e é especialmente conhecido por "Promessas Perigosas" , de David Cronenberg com Viggo Mortensen, e "Locke".
Cillian Murphy, actor de presença discreta mas marcante, entrou nos três "Batman" de Christopher Nolan.
São eles, o argumentista e o criador, os cabeças-de-cartaz da série televisiva "Peaky Blinders".
Localizada em Birmingham e depois em Londres, a história desta série britânica tem a habitual base de drama familiar, de ambição e de conquista de posições e de violência entre gangues. Mas não só. Iniciando-se depois da Primeira Guerra Mundial, em que entraram quase todos os protagonistas de destaque, "Peaky Blinders" traz uma impressionante recriação cenográfica da época, uma atmosfera quase mágica (e a ascendência cigana da família Shelby ajuda) e um enquadramento político e histórico (a questão irlandesa e Winston Churchill) sugestivos.
Cillian Murphy entra em cena com o seu ar quase angelical, na pele do chefe do clã Shelby, e transforma-se, gradualmente, num chefe criminoso de um cinismo e de uma brutalidade assinaláveis. É o grande motor desta série, onde não faltam Tom Hardy e Sam Neil, e onde a prevalência do argumentista Steven Knight, como criador e produtor, não é um obstáculo à linearidade da narrativa audiovisual, que tem momentos surpreendentes (como o extraordinário clímax da primeira temporada) e uma banda sonora de primeira linha onde se destaca a canção do genérico inicial, "Red Right Hand", de Nick Cave". 
Produção da BBC, "Peaky Blinders", agora na terceira temporada (onde convergem influências bem aproveitadas de "O Padrinho", "Sons of Anarchy" e "Os Sopranos" e alguns excessos de câmara-lenta), nunca foi exibido nos canais portugueses de televisão. É uma omissão que diz muito sobre a ignorância dos seus responsáveis.





(Vi as temporadas 1, 2 e 3 de "Peaky Blinders" em DVD, numa edição BBC legalmente adquirida.) 

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