sábado, 30 de abril de 2016

Orçamento Privativo: entre a brincadeira de crianças e o aproveitamento político


Equipamentos para a prática livre de exercício físico, dois parques de merendas, um conjunto de zonas desportiva e zona verde para crianças e adultos, um fontanário, obras no parque de recreio de uma escola básica, iluminação e sinalização de rotundas e duas zonas (em meio urbano) para projectos agrícolas dos cidadãos - é este o resultado do Orçamento Participativo, ainda de 2014 e de 2015, em Caldas da Rainha.
Estas intervenções urbanas fazem em geral parte das competências municipais (Câmara Municipal e juntas de freguesia), embora se possa admitir, com alguma maleabilidade, que não lhes caberia arranjar espaços para hortas e pomares a explorar, supõe-se que para uso próprio, pelos cidadãos.
Há quem embandeire em arco com isto do Orçamento Participativo, defendendo que é um ponto positivo da intervenção dos cidadãos.
Não é, como se pode ver pela lista (os pormenores estão aqui, no "Jornal das Caldas"), e, como assinalei na devida altura (pode ser tudo lido aqui), os projectos que reflectiriam de maneira útil essa intervenção foram recusados.
O Orçamento Participativo é uma treta e isto é um punhado de coisas que, a terem intervenção dos cidadãos, deveriam ter sido asseguradas pela Câmara Municipal de Caldas da Rainha. Que, num gesto de esperteza saloia, vai chamar a si e inaugurar solenemente
É bem feito, infelizmente, até porque confirma a pobreza da "classe política" local. Uns dedicam-se a brincadeiras de crianças e não crescem, os outros deitam mão ao que não é seu. Ao pé dos primeiros, a "nova dinâmica" é um bando de gente fina...



É evidente a tentação de aproveitar o Orçamento Participativo 
para tentar resolver os problemas que a Câmara Municipal não resolve. Mas é um erro grave. 




A "causa" dos taxistas

A mania patológica das "causas" chegou agora aos taxistas.
A intelectualidade urbana de "esquerda" detestava os táxis, as trafulhices com os custos dos percursos, os carros pouco limpos, a agressividade verbal dos taxistas e delirava com a Uber modernista nos seus "smartphones".
Mas agora já não.
O protesto dos taxistas (tão "justo" como se os carteiros e os chefes das estações de correios saíssem à rua a protestar contra a Google e o seu Gmail) contra a Uber transformou-se na nova "causa" desta gente, que vai trocando as suas "causas" como quem troca cuecas da moda.
A complacência governamental ajuda, claro, porque este governo também é de "causas", e é sempre um estímulo o extraordinário apoio do PCP. Os taxistas são agora o alvo do seu amor político e o partido talvez preferisse, até, interditar o progresso tecnológico como forma de cortar pela raiz todos os males capitalistas contemporâneos. Como é, decerto, o caso da malvada Uber.
O que não surpreende, aliás. O PCP, que é completamente insensível às novas formas de trabalho (como os trabalhadores das lojas dos centros comerciais ou os independentes) e à realidade económica portuguesa (as microempresas, por exemplo, cuja vida é capaz de ser mais difícil do que a aristocracia operária da CGTP), está transformado numa espécie de velho abutre à procura de novas "causas" que lhe rendam qualquer coisa quando as velhas (a função pública ou os professores) já não lhe convêm. 


Um carro da Uber atacado por taxistas no Porto (© Sara Otto Coelho/"Observador").
O PCP aprova?

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Está tudo bem

Os trabalhadores da função pública já devem estar a ganhar dinheiro como ganhavam em 2009. Os professores também, com as carreiras desbloqueadas e adequadas condições de trabalho nas escolas. O pessoal das empresas de transportes públicas até já deve ter quem o substitua a trabalhar, ganhando um subsídio qualquer pelo trabalho dos outros. Os enfermeiros já não emigram e ganham tanto como a função pública. Os jovens já não emigram e abrem empresas (financiada pelo Estado) a cada esquina para lhes dar trabalho. O desemprego caiu para metade. Os hospitais públicos estão a ampliar-se a vários metros quadrados por dia e as taxas moderadoras desceram para 0,50€. Já não se pagam outra vez as portagens nas SCUTs. 
O leitor não acredita?! Então como é que explica a ausência do Arménio Carlos, do Mário Nogueira, da Ana Avoila e de tantos outros sindicalistas que antes nos assombravam os televisores dia sim, dia não? Foram-se embora? Morreram? Reformaram-se? Foram de férias para a Coreia do Norte?
Não, claro. A única explicação é que está tudo bem em todo o País…

Gente a precisar de um par de açoites com uma trela...



"O meu cão deve ter-se desorientado e não sabemos dele. Ele já é velhinho, tem 15 anos, e já não consegue subir escadas. Ele costuma dar uma voltinha na relva, no parque (...), nas Caldas da Rainha"

"... está desaparecido de casa há uns 3 dias (...)... Pensamos que terá ido atrás de alguma namoradita"

"... este cãozinho desapareceu, sem que ninguém tenha visto (a família, os vizinhos e habitantes da terra), no dia 31 de Dezembro de 2015, entre as 13H e as 14H30, da nossa propriedade sita em Vila Nova freguesia de (...)"

"Estes dois canitos desapareceram na noite de ontem no (...)"

"O meu cão de nome (...),infelizmente não tem coleira nem chip e fugiu ontem de casa"

"A (...)  desapareceu. Deve ter fugido com os foguetes. Se a virem digam-me algo para o (número).  Ela não está habituada a andar sozinha na rua. Tem só a coleira das pulgas branca."


Estas são apenas algumas frases de gente que se queixa, lamenta e (às vezes) chora baba e ranho porque o cão "desapareceu" ou "fugiu".
Alguém lhes devia ensinar para que serve uma trela, aplicando-a nessas mesmas pessoas mas para uns bons açoites.
Os cães "desaparecem" ou "fogem" porque andam sem trela, porque têm as portas abertas, porque dá mais jeito deixá-los sair para a "voltinha" e depois logo se vê, porque "infelizmente" não têm chip.
Esta gente é inepta a cuidar de animais de estimação. E idiota, além disso.




A estupidez não tem limites



Não, não é só o facto de um dos dias em que será aplicado o herbicida ser o dia 31 de Abril.
Um problema é a colocação de 2 (dois) avisos destes, em formato A4, apanhando cerca de 2 quilómetros de percurso por onde se deslocam, todos os dias, várias pessoas com vários cães.



O outro é o facto de os 2 papéis terem aparecido depois do dia 14 de Abril (vi um ontem, dia 27, pela primeira vez), ou seja, quando a aplicação do herbicida já tinha sido feita.
Não é negligência ou incompetência. É um pouco mais profundo do que isso: é estupidez, pura e simples.



quarta-feira, 27 de abril de 2016

Quem muito fala pouco acerta

Há qualquer coisa de estranho neste Presidente da República que fala sobre tudo e sobre nada, que parece ainda um candidato em campanha e que não perde uma oportunidade de amparar um governo de incertezas e de moralidade política controversa. 
É certo que Marcelo Rebelo de Sousa goza de um alargado estado de graça, que tem a ver com a dinâmica da sua vitória presidencial e com o seu fascínio de décadas pelos microfones.
É certo, ainda, que tudo isto é o seu estilo pessoal e que contrasta muito com o anterior Presidente da República e também com praticamente todos os primeiros-ministros e ministros destes 42 anos de democracia (excepto, talvez, com Pinheiro de Azevedo).
Mas, por outro lado, esta estranheza também faz pensar. 
Marcelo Rebelo de Sousa é um indivíduo extraordinariamente (e intuitivamente) inteligente. E já deve ter feito um balanço muito privado deste seu desempenho, sendo de acreditar que, se o mantém, é porque ele não lhe suscita muitas reservas. Ou, então, até o está a fazer conscientemente. Por achar bem, e proveitoso.
E por esse motivo deve perceber que o Presidente da República está a mostrar que faz duas coisas que vão além das aparências. Não é uma mensagem (ou duas). É uma meta-mensagem, que cavalga a mensagem mais aparente.  
Uma delas é o reforço de uma base de apoio popular e unipessoal. 
Na sequência da sua vitória isolada dos partidos e dos dirigentes partidários, Marcelo Rebelo de Sousa sabe que não contará com eles para o apoiarem numa situação em que precise de tomar decisões menos consensuais. A sua base de apoio popular dá-lhe algum conforto político, mesmo no caso limite de uma renúncia ou de um segundo mandato. Ou sabe-se lá se de mais algum factor inesperado. 
A outra é a da sua colagem a um governo frágil que pode cair em qualquer altura (porque o chefe do Governo pode querer antecipar eleições para se legitimar, porque os seus parceiros da tríade o podem deixar cair, porque a situação económica pode entrar em colapso). Apoiando-o, substituindo mesmo o actual primeiro-ministro em opiniões mais próprias do combate político (como foi o caso das críticas ao Conselho das Finanças Públicas), Marcelo Rebelo de Sousa apoiá-lo-á até ao fim? Ou sentirá que, com a sua popularidade em alta, estará mais habilitado a deixá-lo cair, se for esse o caso? 
E o que acontecerá, já agora, se uma crise mais complexa o obrigue a refugiar-se num silêncio institucional que o resguarde do assédio dos microfones e das câmaras de televisão? Dar-se mal da garganta e sem voz?
Marcelo Rebelo de Sousa sempre gostou da análise política e da especulação e teve os seus melhores momentos na TSF antes de evoluir para o modelo posterior da institucionalização televisiva.
O seu múnus presidencial está, como é evidente, sujeito a todas as análises e todas as especulações e terá, decerto, noção de que isso acontecerá, apesar do estreitamento do leque reflexivo na comunicação social.
O seu desempenho suscitará, por todos os motivos, toda as atenções e todas as especulações, mesmo as menos favoráveis.
Com isso, pelo menos, estará sempre melhor do que a escorregar para o terreno do provérbio segundo o qual “Quem muito fala pouco acerta”.

terça-feira, 26 de abril de 2016

De gravata com os deputados, à balda com a tropa




© Lusa/António Cotrim


© Lusa/Miguel A. Lopes


Aos deputados, hoje, o ministro da Defesa foi de gravata.
A passar revista às tropas foi sem gravata. Aos deputados não podia faltar ao respeito mas quanto à tropa, que desgraçadamente tutela, qualquer coisa serve. A isto chama-se, no primeiro caso, o contrário da coragem. No segundo chama-se o contrário de respeito.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Tanta coisa que ficou por contar...


Histórias por contar

O "Expresso" publicou este sábado uma matéria que promete mais do que efectivamente dá: os "amigos tóxicos" dos primeiro-ministro.
O texto é acompanhado pela sugestiva frase "Não há primeiro-ministro que os dispense. À esquerda e à direita, eles são imprescindíveis para os negócios da nação." Só da nação?
Nas páginas interiores, porém, "negócios", verdadeiramente, são coisa que não figura.
Do ilustre leque de personalidades seleccionadas pelo "Expresso"  (a que faltaria adicionar uma que até aparece em fotografia sem identificação...) nada se diz sobre os seus negócios. Em que empresas trabalharam ou trabalham, que interesses empresariais representam, quais os interesses económicos inter-relacionados que foram de alguma maneira beneficiados pelo Estado. José Luís Arnault, Almeida Santos, Jorge Coelho, Miguel Relvas, Diogo Lacerda... são extraterrestres? Não existiram antes e depois de passarem pelos vários governos?
Ficou muito por dizer. E porquê? 

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O ministro da Defesa é homem de coragem?

Não me parece.
Para começar, se fosse, teria chamado ao seu gabinete o ex-chefe do Estado-Maior do Exército e o director do Colégio Militar com quem abordaria, no recato ministerial, o problema da alegada discriminação. 
Pela descrição, não me parece que se pudesse, em bom rigor, falar em discriminação mas, fosse como fosse, o encontro a três teria a vantagem de manter a polémica (pelo menos na sua fase inicial) no seio da instituição militar e de quem no Governo a tutela. E talvez a coisa se resolvesse.
Mas esse encontro poderia ser aspectos negativos. O ministro, que é civil (não deve ter prestado o serviço militar, o que não é uma necessidade para o cargo mas talvez o ajudasse), poderia ser confrontado por uma afirmação um pouco mais forte da parte dos dois militares. E iria fazer o quê? Sair do gabinete aos gritos de “Socorro!”? Nos jornais, afinal, está em terreno pelos vistos mais favorável, com os militares de certa forma obrigados ao silêncio.
Portanto, neste caso, fica pelo menos a dúvida.


Uma figura pouco digna perante militares dignos

Uma fotografia da agência Lusa, e assinada pelo profissional que a tirou, mostra o mesmo ministro da Defesa a passar revista a uma formatura militar… de camisa aberta e sem gravata. É moda, parece, usar fato completo sem gravata (mas um “blazer” ajudaria sempre a fazer melhor figura) e o ministro da Defesa deve ter achado que daria um ar da sua graça “de esquerda” indo para a parada nessa figura.
Só que parece ter sido recebido com o aprumo e a distinção com que devem apresentar-se os militares nessas situações. Mostraram, desse modo, respeito ao ministro. E este, sobranceiro, pagou-lhes com a deselegância de, pelo menos, não lhes corresponder. 
Poder-se-á dizer, sobretudo na tropa fandanga parlamentar que parece mandar no governo da nação, que desse modo mostrou ser um homem de coragem, ao dar aos militares algo que, à sua maneira, também é uma bofetada de luva branca.
Mas há um teste supremo para saber se o ministro da Defesa é um homem de coragem (em “linguagem de caserna”: se os tem no sítio) e esse ocorrerá no próximo dia 26 de Abril.
É nesse dia que o ministro vai explicar-se aos deputados.
E basta ver se ele vai de gravata ou de colarinho aberto. Se vai de colarinho aberto, desafiando as regras informais de conduta e os formalismos parlamentares, será realmente um homem de coragem e quase arriscaria dizer que ficará na História por ser o primeiro ministro a apresentar-se na Assembleia da República sem gravata.
E se levar gravata? Ficaremos esclarecidos. Ele mostrará que não os tem no sítio se não conseguir afrontar também os deputados. Cuja legitimidade, já agora, e apesar do lema de que “o voto é a arma do povo”, é bastante diferente da dos militares…


Uma rola dorminhoca



As rolas que parecem estar a instalar-se numa parte arborizada do meu jardim estão cada vez mais descontraídas na sua proximidade com seres humanos e com cães e uma das que vem alimentar-se à "casa" que lhes instalei resolveu adormecer no local, em cima dos grãozinhos de cereais.
Quando deu pelo fotógrafo (ou pelo cão grande que entretanto se aproximou) abriu os olhos de repente e depois as asas e deu um pulo antes de largar a voar. O susto já não ficou registado. 

Bastam os títulos

No “Correio da Manhã” já se põe em manchete o aumento do IVA (“Governo resiste a plano B”) para 25 por cento, quando está agora a 23 por cento.
O IVA é um imposto geral: aplica-se a tudo e os prestadores de serviços cobram-no (aos clientes, privados ou públicos) para o entregarem ao Estado. O público, em geral, não lhe pode fugir.
Também no “Correio da Manhã”: “Ministro promete menos alunos por turma em 2017”. Ou seja, contratar-se-ão mais professores quando a tendência geral, de há vários anos, é de diminuição do número de alunos devido à diminuição da natalidade. E há mais: “Função pública recupera mais ordenado a partir de hoje”. 
No “Jornal de Notícias”: “Portagens no interior baixam para todos” (e o País todo paga), “Camiões de transporte de mercadorias vão ter gasóleo ao preço de Espanha nos postos de concelhos de Bragança, Almeida e Elvas”
A política deste governo, com o aplauso do BE e do PCP, é assim: criar clientelas, beneficiar as já existentes, favorecer uns contra todos os outros.
Continua a surpreender o silêncio dos “indignados” anti-Troika, das virgens políticas da “esquerda” que rasgavam as vestes perante o “pacto de agressão”, de todos aqueles (e são a maioria) que o actual governo não beneficia. Também ganharão qualquer coisinha ou é uma questão de vergonha?


segunda-feira, 18 de abril de 2016

18 dias para percorrer 9 quilómetros ou filha-da-putice?

Chega hoje a conta da água, cada vez mais confusa, com data de 31 de Março, e prazo limite de pagamento na quarta-feira, dia 20 de Abril.
Ou seja, levou 18 dias a percorrer os 9 quilómetros que separa a Câmara Municipal de Caldas da Rainha de minha casa. Ou a explicação é diferente?
A empresa CTT é o que é e dela não gosto por estas e por outras mas os Serviços Municipalizados de Caldas da Rainha também não são de fiar. A data da factura é de 31 de Março mas até pode ter saído do "ninho" na semana passada.
Com esta gente tudo é possível. Tudo.

sábado, 16 de abril de 2016

"The Night Manager" na TV





A televisão do nosso século é um meio melhor do que o cinema para a adaptação de obras literárias e a mini-série "The Night Manager", adaptada de um romance de John Le Carré, demonstra-o exemplarmente nas suas seis horas de duração.
O duelo entre um negociante de armas, Dicky Roper (Hugh Laurie), e um "agente infiltrado", Pine (Tom Hiddleston), prolonga-se da melhor maneira nessas seis horas e ficaria amputado e diminuído no formato padrão de hora e meia/duas horas do cinema. É um tempo que se ganha nas interpretações minuciosas (o conjunto de actores está claramente acima da média e Laurie revela que não ficou preso à personagem do Dr. House), na construção dos ambientes (das intrigas dentro da estruturas da espionagem inglesa ao fabuloso "show" da apresentação da mercadoria que Roper vende) e na montagem das várias cenas que fazem o cruzamento das personagens.
"The Night Manager" televisivo faz justiça ao romance da segunda fase de Le Carré (depois do período de Smiley e antes da sua literatura mais panfletária) e é um notável entretenimento.

... e o regresso de "Bron/Broen"

O que é que se faz quando se esgota o tema (irritantemente repetitivo) dos "serial killers"? Bem, procura-se uma outra linha narrativa, voltada para a vida mais íntima das personagens principais.
Foi o que aconteceu com a terceira temporada da série sueco-dinamarquesa "Bron/Broen" ("A Ponte").
Reduzida a uma só cabeça de cartaz, a investigadora Saga Norén (Sofia Helin), "Bron/Broen" constrói um emaranhado narrativo com um "serial killer" inesperado no centro da teia, termina em alto risco com um final demasiado frio e, de repente, ganha energia com a admirável Saga a ajudar um seu novo parceiro de investigação, Henrik (Thure Lindhardt), a passar em revista por conta própria o caso não esclarecido do desaparecimento da mulher e das filhas de Henrik.
Será, talvez, o embrião da quarta temporada, da qual, por enquanto, não há notícias. À falta de "The Killing/Forbrydelsen", "Bron/Broen" é uma excelente opção do "nordic noir".




(Vi "The Night Manager" no canal por cabo AMC e a terceira temporada de "Bron/Broen" na edição em DVD da Arrow Films, Reino Unido, legitimamente adquirido.)  

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Em prol da igualdade de género

... e seguindo as preocupações tão extraordinárias do BE sobre o Cartão de Cidadão, proponho que ele mude de nome com seis versões consoante os "géneros". A saber:

- Cartão do Cidadão
- Cartão da Cidadã
- Cartão do Cidadão que às escondidas é Cidadã
- Cartão da Cidadã que às escondidas é Cidadão
- Cartão de Ainda Não Sabe mas Há de Saber
- Cartão de Já Sabe mas Não Quer Dizer.


E, já agora, que se adaptem estas formulações:

o pirilau - a piriloa
o piropo - a piropa
o rabo - a raba
a beterraba - o beterrabo
a batata - o batato
a nádega - o nádego

Arrogância e sobranceria

Desengane-se quem pense que o reinado governamental de António Guterres, na sua primeira encarnação, foi o do consenso enquanto valor universal. Foi-o porque era necessário introduzir uma marca de diferença relativamente ao anterior primeiro-ministro (Cavaco Silva) e porque o PS não tinha maioria absoluta no Parlamento.
A matriz do PS, enquanto partido dominante e de regime, tem sido a da arrogância e da sobranceria. 
Mário Soares teve de se inibir devido ao peso da rua durante o PREC e depois devido à sua aliança com o PPD e ao empréstimo internacional que teve de pedir. Jorge Sampaio parece ter ficado genuinamente dividido entre a choraminguice e a pequena tirania. E depois Sócrates levou o espírito arrogante do PS a um máximo nunca antes alcançado. E com ele andou, como já antes andara com Guterres, o actual primeiro-ministro.
Dizer dele que é tipo “quero, posso e mando” ou “dono-disto-tudo” corre o risco de não ser suficiente. Convém, num caso destes, chamar os bois pelos nomes: sobranceria e arrogância. É este, em definitivo, o retrato do PS e do seu “novo tempo” que Costa quer cavalgar.
O episódio das bofetadas de João Soares ou a soma de desconsiderações feitas pelo ministro da Defesa às Forças Armadas são mais do que sintomas. 
São traços característicos de um PS que, de uma forma mais rústica, teve um dirigente a dizer que “quem se meter com o PS, leva” e outro a falar em “malhar na direita”. 
São sinais de um PS que o BE e o PCP apoiam em troca de migalhas dos orçamentos e que já começou a fazer a ocupação paulatina de todos os lugares que puder arranjar, impondo interlocutores bem controlados a um partido clientelar. 
São expressões bem claras de intolerância e de arrogância. Com o apoio do BE e do PCP. E com os críticos e dissidentes como alvos. Mesmo pela bofetada ou pelo gesto mais rasca.
E a democracia, sobreviverá?

Corrigir a asneira com a asneira?


A redução do número de freguesias em Caldas da Rainha (ou a sua agregação, como foi pomposamente designado o processo) foi uma asneira sem sentido (como aqui analisámos em pormenor). 
Mas menos sentido terá, à boleia da intenção suspeita do actual governo de querer mexer outra vez no assunto, corrigir a asneira com novas asneiras. Infelizmente é o que parece estar no desejo dos políticos locais que parece não terem mais com que se entreter, como revela o "Jornal das Caldas" aqui.
Desde referendos a opiniões delirantes de que correu tudo bem, o que vai na cabecinha da "nomenklatura" local não tem nada a ver com a única correcção que seria desejável: tirar as freguesias rurais do domínio das hegemónicas freguesias urbanas e unir coerentemente as freguesias do litoral do concelho e as freguesias rurais do interior. É a única coisa que há a fazer.


Os representantes do PCP, do PS, do BE, do PSD, do MVC e do CDS ficaram muito bem na fotografia mas isso só não chega (© "Jornal das Caldas")

Promoção sem opinião... porquê?

É interessante constatar como as séries de televisão já chegaram à imprensa dita "de referência": há sempre umas conversas com os actores, umas fotografias, às vezes as primeiras impressões de um primeiro episódio. É sempre tudo muito bom, claro, devendo obrigatoriamente ser visto pelo público considerado "bem informado". Depois, em alguns casos, lá se esclarece que os jornalistas viajaram por conta da empresa produtora da série e/ou do canal televisivo que a vai mostrar.
Mais tarde... zero de opinião.
As apreciações que escorrem abundantemente com um admirável panache de quem tudo sabe, em matéria de cinema, já não se vêem no que toca às séries. Sejam boas, muito boas, assim-assim, ou mais banalmente confrangedoras.
A promoção foi recebida de braços abertos mas a opinião... ficou, de algum modo, bloqueada pela promoção?

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Uma política de putanato

Os exames obrigavam os papás e as mamãs a tomarem mais atenção ao que as criancinhas faziam na escola. O Governo aceitou que o BE e o PCP acabassem com eles. Já não há motivo nenhum para os pais serem exigentes com os seus rebentos e podem continuar a dar-lhes telemóveis à vontade.
A função pública passa a trabalhar 35 horas por semana. Ficam com mais tempo livre (o que lhes dá a ilusão de ganharem mais) e a redução do horário permite contratar mais gente.
Os funcionários das empresas de transportes públicos recuperam os benefícios que tinham por trabalharem nessas empresas.
Os empresários da restauração recebem o bónus da redução parcial do IVA que, em termos práticos, fará aumentar os seus lucros (apesar de o IVA ser, por lei, um imposto que se cobra aos clientes e se entrega ao Estado).
Os taxistas recebem 17 milhões de euros para não arranjarem mais problemas de perturbação da ordem pública à pala da Uber.
Os empresários da construção civil vão receber 1400 milhões de euros para fazer obras públicas, mesmo que elas não sejam rigorosamente necessárias, ganhar algum e fazer contratações temporárias.
Apesar de o número de alunos nos ensinos básico e secundário não aumentar, os professores vão ter menos alunos por turma, para o Estado poder contratar mais professores.
Estas medidas governamentais têm uma lógica cristalina: garantem benefícios sectoriais sem considerar o quadro geral (e, nessa lógica, a generalidade dos sectores sociais e económicos) e, com elas, espera o Governo que os beneficiados lhe dêem em troca o seu voto, nas eleições autárquicas ou em qualquer momento em que ele seja necessário. Ou seja, que se vendam. Como putas à beira da estrada.



A única pergunta


.. que se deve fazer ao MVC (ou ao que dele resta) e que tem uma resposta simplicíssima é esta: está o MVC em condições de garantir que consegue limitar-se à sua intervenção política no domínio autárquico no concelho de Caldas da Rainha, e mantê-la sem interrupções, entre 2017 e 2021, sem ir entregar a preponderância que alcançou e os votos que conquistou a qualquer campanha alheia e de âmbito extra-concelhio? Sim ou não?





Se não consegue responder, era melhor que fosse brincar à política para outra freguesia...





terça-feira, 12 de abril de 2016

Insultuoso e vergonhoso





A fotografia, da autoria de António Cotrim/agência Lusa, mostra o actual ministro da Defesa a passar revista a uma formação militar. 
O ministro não está em casa mas numa unidade militar.
Os homens que dignamente se perfilam diante deles estão fardados a rigor. Ele não, está sem a gravata, peça de vestuário que pode ser posta de lado se o seu portador o quiser mas que deve ser mantida quando se visita uma casa alheia, onde é devido respeito e honra.
Nesta postura (e já nem falo de tudo o resto, por agora), o actual ministro da Defesa mostrou bem o que lhe merecem os militares portugueses, de todas as patentes, as suas unidades e a instituição militar, em geral.
Insultou-os a todos.
E a instituição militar devia, em defesa da sua honra, do respeito que lhe é merecido e do seu garbo, devolver o insulto ao actual ministro da Defesa.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Trabalhar... mas só com horas extraordinárias


Durante uma tarde inteira esteve esta máquina numa estrada do interior do concelho de Caldas da Rainha à espera... dos funcionários dos Serviços Municipalizados de Caldas da Rainha que só viriam trabalhar (tapar o buraco com terra) já depois das 18 horas. Quando a Câmara Municipal já paga horas extraordinárias.
Não sei o que será, já agora, mais extraordinário: a desfaçatez de quem aprova (quanto a quem faz, enfim...) ou de quem, sabendo, o ignora por motivos que se desconhecem.



Uns lucram e os outros não se importam...


E eis, no dia seguinte, a grande obra que só podia ser feita em horas extraordinárias: mais um buraco tapado com terra. O pouco alcatrão que havia desapareceu. São assim as obras públicas em Caldas da Rainha:


Muito obra a Câmara Municipal de Caldas da Rainha


domingo, 10 de abril de 2016

Os Papéis do Panamá e o "processo Casa Pia"

O "Expresso" garante que há figuras públicas portugueses nos Papéis do Panamá. Mas nomes (empresários? empresas? ex-políticos? políticos no activo?) é que não aparecem.
Faz lembrar todo o caso do "processo Casa Pia" e o muito que se escreveu sobre ele e a respeito dele, com muitas alusões, referências escondidas e muitos silêncios, sobre as figuras públicas que teriam feito parte dos usufrutuários sexuais dos menores da Casa Pia. E que, sendo de primeiro plano, terão ficado devidamente protegidas da indesejável publicidade...


E quem eram?...

Agora o "Bambi" é viado


No "Observador" faz-se um "A a Z" de Stephen King, esforçado e bondoso mas irremediavelmente medíocre. Quem assina a coisa sabe pouco da arte do mestre, o que também não surpreende dado que que King só há poucos anos é que começou a ser considerado em Portugal e apenas como "best seller".
Além do desconhecimento da bibliografia de Stephen King, notam-se algumas generalidades que cheiram mais a tradução do que a elaboração própria ("o escritor dirigia a carrinha de uma lavandaria"...) e alguns pontapés na escrita que, já agora, por muito mal que dele pensem, King não dá: "'quando o pequeno viado é apanhado no incêndio florestal, fiquei apavorado, mas também em êxtase'" (a propósito de "Bambi", citando o próprio King).
De qualquer modo, pensando bem, é capaz de ser difícil para certas pessoas não ficarem em êxtase perante a hipótese de o pequeno veado "Bambi" ser viado.



E a borboleta, também será?

sábado, 9 de abril de 2016

Tirar das reformas para dar aos amigos

Os primeiros-ministros Cavaco Silva, António Guterres e José Sócrates foram amigos dos empreiteiros, com as auto-estradas, a Ponte Vasco da Gama, a Expo 98, a Parque Escolar… e estiveram por um fio um novo aeroporto e o TGV e mais uma ponte à boleia do comboio de alta velocidade. 
Foram anos dourados para as empresas do sector. Para as maiores, para as mais pequenas, para as subcontratadas, para aquelas que assentem mais no biscate temporário. E, reciprocamente, para os partidos dos respectivos primeiros-ministros.
O pretexto, sobretudo na época de Sócrates, foi sempre a “reanimação” da economia, mais do que a criação de novos equipamentos públicos ou a sua substituição.
Mas é mais do que isso: o pagamento das obras públicas às empresas do sector da construção civil dá dinheiro não apenas às empresas mas também aos empresários; obriga a contratar mais pessoal em domínios muito diversificados e, por isso, mesmo que temporariamente, faz diminuir o desemprego, o que tem um efeito estatístico sempre interessante; anima sectores subsidiários da construção e também os bancos. E em caso de dificuldade, haverá sempre algum dinheiro para as empresas fornecedoras do serviço e, se não for o caso, uma parte pode ir sendo paga aos bochechos e algumas obras atrasam-se sem problema.
Os primeiros-ministros que optaram por esta política de favorecimento sectorial conseguiram ganhar eleições, até chegar o momento em que um factor imponderável os tirou do poder. Há nisto tudo um efeito de “branco é, galinha o pôs” que já tem sido diversas vezes aludido.
A tendência (que não foi seguida pelo anterior governo, que teve de gerir o Programa de Ajustamento da pesada herança socialista) foi agora retomada pelo governo da tríade PS/BE/PCP e da pior maneira: como parece não haver dinheiro, ou mais dinheiro depois de satisfeitos os grupos do eleitorado que podem ser mais facilmente conquistados por estes partidos, o Governo decidiu ir buscar dinheiro onde não devia – ao Fundo de Estabilização da Segurança Social – para dar aos empresários da construção civil. São 1400 milhões de euros que serão desviados das reformas e das pensões (o FESS é uma espécie de “reserva” da Segurança Social). Talvez só para começar.
Pode argumentar-se que o FESS tem muito dinheiro e que está sempre a lucrar com os muitos milhões que vai ganhando com os seus investimentos mas as bases desta opção não podiam ser mais erradas e, sobretudo, mais perigosamente erradas. 
A Segurança Social não é um fundo de caixa para trocar por votos ou por financiamentos partidários. E é isso que vai acontecer. Pelas mãos do PS (nada de novo), do BE e do PCP (que, se calhar, até estarão dispostos a receber à percentagem… sobre a percentagem).

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Porque não gosto dos CTT (95)

Hoje, dia 6 de Outubro, recebi:

- 1 carta de uma editora (arredores de Lisboa) com data de 24 de Março;
- 1 carta de uma empresa de telecomunicações (Lisboa) com uma factura para pagar e com data de 28 de Março;
- 1 carta de um banco (Lisboa) com data de 31 de Março;
- 1 carta de uma entidade financeira (Lisboa) com data de 1 de Abril;
- 1 carta de uma empresa com uma factura (Porto) com data de 1 de Abril.

Os "índices de qualidade" dizem que a empresa CTT é do melhor que há. A mim só me ocorre a frase "fina flor do entulho".

segunda-feira, 4 de abril de 2016

50 cêntimos de demagogia





O governo actual deu-me uma "borla" de 50 cêntimos.
Na consulta regular que tenho numa estrutura de saúde pública paguei 4.50 euros em vez dos 5 euros da "taxa moderadora" que antes pagava. 
Mas senti-me insultado pela "borla", pela demagogia e pela facilidade deste governo.
Em vez deste 50 cêntimos, preferia ver a competentíssima médica de família que me assiste instalada num gabinete melhor e mais digno. Preferia ver uma sala de espera para todas as pessoas se poderem sentar. Preferia ver um sistema tecnicamente mais eficaz de atendimento.
Mesmo que para isso tivesse de pagar mais 50 cêntimos. Ou mais 5 euros.
A demagogia da "borla" dispenso-a. E este governo ainda mais.

domingo, 3 de abril de 2016

Filha-da-putice em letras pequeninas

Em Janeiro deste ano paguei a conta da água (Serviços Municipalizados de Caldas da Rainha) pelo "homebanking". Ou seja, não paguei. Porque, por lapso, não completei a operação. E a conta ficou por pagar.
Seria normal, como acontece por exemplo nas telecomunicações, que essa quantia passasse para o mês seguinte.  Foi, aliás, a informação que me deram quando telefonei para os Serviços Municipalizados (SM).
A factura seguinte veio com uma soma maior e paguei-a. Devo ter pensado, sem ver, que a conta em falta estava incluída. A seguir veio outra factura, que também paguei.
Esta semana tive uma surpresa: uma intimação (penhora de bens, juros e mora e custos da execução) para pagar a tal conta. Que quase triplicou o valor inicial.
Verificadas as duas facturas anteriores, lá estava o aviso: "Nesta data existe uma fatura já enviada em dívida. Esta situação que pode resultar de esquecimento é regularizável nos nossos balcões." Em letras pequeninas, sem mais pormenores, sem ameaças, até com uma palmadinha nas costas ao falar em "esquecimento".
Mas, na prática, a dizer isto: "Não te preocupes, quando puderes vens cá, a gente logo fala... e quanto mais tarde vieres, melhor, porque mais te fodemos."

*

Não admira, claro, num serviço onde não se liga às rupturas da rede de água, onde as reparações públicas passam para o horário pós-laboral quando já se pagam horas extraordinárias, onde as taxas aplicadas ao preço da água mais do que duplicam o valor da água consumida, onde atirar alcatrão e terra para cima de buracos mal tapados deve ser considerado um trabalho de excelência.

Passei aqui há quatro dias



Buraco na A14, no sentido Coimbra - Figueira da Foz. "Rasgado" ontem por motivos que se desconhecem. (Fotografia Fernando Fontes/Global Imagens)

sábado, 2 de abril de 2016

House of Costa


Quando o PS, o PCP e o BE fizeram o golpe de Estado parlamentar que lhes permitiu formarem um governo alternativo ao da coligação que vencera as eleições legislativas, não faltou quem invocasse “Borgen”, a série televisiva dinamarquesa em que a criadora de um partido alternativo consegue chegar ao governo da nação.
Mas o padrão para a forma como nasce, e funciona o actual Governo, o da “geringonça”, tem mais a ver com a série americana “House of Cards”. Nesta série conta-se como o equivalente ao presidente do grupo parlamentar das democracias europeias, o “party whip” do Partido Democrático norte-americano, consegue – à custa das mais variadas negociações, maquinações, traições, tráficos de influências, corrupções e mesmo crimes de morte – chegar a vice-presidente e depois a presidente dos EUA.
Frank Underwood, o nome desta versão de Macbeth com um doutoramento em Ciência Política e especializações em “Os Doze Césares” e “O Príncipe”, a que dá corpo e rosto o actor Kevin Spacey, é um retrato exemplar do que podem fazer os políticos habilidosos e sem escrúpulos quando a democracia e os seus princípios e instituições falham e eles se movem por uma sede absoluta de poder absoluto.
António Costa, o primeiro-ministro triunfante, é uma espécie de clone de Frank Underwood, à escala portuguesa. Conquistou o poder de uma maneira parlamentarmente sórdida e mantém o lugar graças – pelo menos no que é visível – ao apoio de um BE e de um PCP que, famintos de poder, mergulharam com alegria naquilo a que a doutrina marxista-leninista definiu como “oportunismo de direita”.
Basta, aliás, ver como a aliança do PS com o BE e o PCP funciona quando os seus chefes vislumbram algum perigo no horizonte. Os compromissos anteriores não existem, aguenta-se tudo e diz-se o que for preciso e o seu oposto.
É isso que torna tão difícil a tarefa dos partidos da oposição.
Se estes cumprirem os formalismos da democracia parlamentar e se respeitarem os princípios básicos da lealdade democrática, terão sempre pela frente uma aliança feita de oportunismo e de fome de poder absoluto que quer sobreviver a todo o custo.
O Governo pode, é certo, cair por um acaso, por um revés das circunstâncias económicas e financeiras, pelo resultado das eleições autárquicas (aconteceu com os primeiros-ministros Pinto Balsemão e António Guterres). Mas combatê-lo diariamente, o que é necessário, e derrubá-lo o mais depressa possível,, o que é igualmente necessário, pode exigir que, como o Underwood português, se deite mão de outros recursos.
Frank Underwood é uma personagem de ficção. Kevin Spacey é um ator fantástico e as suas interpretações em “Os Suspeitos do Costume” e “American Beauty” são memoráveis. Por isso, “House of Cards” é uma série extraordinária.
Ao contrário, a bem real “House of Costa” não é. É apenas um momento insuportável da democracia portuguesa que provavelmente não sobreviverá ao projecto de poder absoluto de António Costa se este se eternizar. 


Há festa na aldeia








O 1 de Abril caldense de António José Seguro


Anuncia o jornal regional "Gazeta das Caldas" na sua edição do Dia das Mentiras: "Oposição caldense convida Seguro para a Câmara das Caldas".
O respectivo texto é bem construído e até indica que o ex-secretário-geral do PS "está a analisar o convite e promete que só por razões muito poderosas não o consideraria", com base numa candidatura "unitária" que incluiria, com destaque, o CDS, já que Seguro tem boas relações com Assunção Cristas e Nuno Melo.
A "Gazeta", que ainda vai respeitando a tradição do Dia das Mentiras (ao contrário da generalidade da imprensa nacional), marca pontos com a brincadeira que, no entanto, até poderia ser um desejo para muita gente.
António José Seguro, segundo se disse na altura, chegou a considerar uma candidatura à Câmara Municipal de Caldas da Rainha antes de chegar ao cargo de secretário-geral do PS. Agora seria decerto um bom candidato, capaz de, na realidade, unir o CDS, o PS, talvez o PCP e o que resta do MVC.
Aliás, só uma candidatura comum da oposição poderá afastar o execrável PSD da "nova dinâmica" da câmara caldense nas eleições autárquicas de 2017. (Ou, por hipótese, uma candidatura de Fernando Costa, claro. Mas, aparentemente, será necessário esperar para ver.)


António José Seguro: o cargo de presidente de câmara, por agora,
nem lhe assentaria mal