quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Adeus a Lee Child

 
Li o primeiro livro de Lee Child em 2002, penso que "The Killing Floor", comprado autografado numa livraria do centro comercial Apolo 70, e gostei de imediato da personagem de Jack Reacher.
Li praticamente todos os seus livros desde então e só posso elogiar o modo como Child construiu a imagem física do seu herói e a fez entrar em histórias bem escritas e bem contadas.
No entanto, não gostei mesmo nada de saber que o actor Tom Cruise se apropriou da personagem de Jack Reacher (num filme de 2012) e até pensei que a tolice se resumiria a um único episódio. Cruise terá 1,70 de altura e Jack Reacher tem dois metros. Pela descrição, a presença física de Reacher é impressionante. Cruise não é. É como ter um carapau em lugar do tubarão branco que é a estrela do "Tubarão" de Spielberg.
Porque é possível alterar uma personagem mas não uma personagem que foi sendo desenvolvida e estruturada ao longo de quase vinte anos e cuja dimensão corporal é quase sempre fundamental para os segmentos mais importantes da narrativa.
Fiquei a saber agora que Cruise vai voltar a ser Jack Reacher (o segundo filme estreia-se no próximo ano).
Lee Child, que andou tantos anos à espera de ver as suas histórias no cinema, não terá sabido resistir ao disparate (e ao dinheiro, muito provavelmente). E pelo andar da coisa ainda começa a encolher Jack Reacher, cortando-lhe os trinta centímetros que o separam de Cruise. É um pouco como uma antiga anedota em que figura Bocage e em que intervém um periquito.
Por isso, desisto de Lee Child.
Pode ser que releia alguns dos seus livros a.C. (antes de Cruise) mas tenho tantas outras coisas para ler que até me parece que nem terei tempo...

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