terça-feira, 29 de setembro de 2015

O direito de votar e o direito de não votar


É possível que a democracia, tal como a conhecemos, não seja o melhor regime político de todos os que saíram da história das ideias políticas da espécie humana. Mas não há melhor, até agora, e a liberdade de pensamento e de ação cívica e política (no respeito pela Constituição e pelo bom senso) faz parte da democracia.
E essa liberdade contempla a intervenção política, colectivamente organizada ou individual.
A expressão individual é a do voto. E o seu exercício é livre.
Não há nenhuma norma constitucional ou disposição legal autónoma que torne o voto obrigatório. Houve quem o quisesse tornar obrigatório e há países onde isso acontece mas é, para todos os efeitos, uma perversão.
Um cidadão com capacidade eleitoral pode não encontrar, num dado acto eleitoral, uma candidatura em que se reconheça, com que se identifique e cuja programa deseje ver aplicado. Sendo esse o caso, irá votar para quê? Para legitimar as opções dos outros?
Os defensores da obrigatoriedade do voto esgrimem duas outras opções que consideram redentoras: é possível votar em branco, é possível anular o voto. É uma forma de "participar", mesmo que sob o manto do anonimato e do silêncio. 
Mas qualquer destas opções é inútil: o voto em branco não indica uma preferência e até pode ser preenchido, o voto nulo nunca verá a luz do dia.
Há também um argumento que tentam tornar fatal: quem não vota, não tem o direito de se pronunciar sobre o País e sobre os resultados eleitorais. Quem defende uma coisa destas combate a liberdade e anda nas margens perigosas de um fascismo social que tende a tentar castigar os que não pensam como cada maioria conjuntural.
Defendo o voto como expressão da participação do cidadão na vida política e direito seu. Mas defendo também o direito de não ir votar e considero-o um direito inalienável do cidadão que, sendo exercido, não pode ser objecto de punição. Nem sequer pela afirmação tola de que quem não vota não pode sequer emitir uma opinião... sobretudo quando a "opinião", em certos casos, se assemelha a um chorrilho de asneiras.
Tenho exercido o meu direito de voto desde 1975 mas também tenho exercido o meu direito de não votar.
Nunca votei em branco nem anulei o voto. E não me sinto diminuído em capacidade nenhuma por não ter ido votar numa ou noutra eleição.
Disto isto, aqui fica o que penso, nesta perspectiva, relativamente a três actos eleitorais próximos.
 

4 de Outubro de 2015: eleições para a Assembleia da República

O meu voto vai para a coligação Portugal à Frente (a aliança PSD/CDS). Não vejo outra candidatura mais credível ou mais adequada aos tempos de incerteza em que ainda vivemos.
A evolução da economia portuguesa parece ser promissora e os indicadores são favoráveis. Mas um governo do PS (a única alternativa, com apoio directo ou indirecto do PCP e/ou do BE) introduziria uma ruptura com a estabilidade de que o País necessita. E, por outro lado, uma maioria relativa do PSD e do CDS, com a possibilidade de uma coligação PS/PCP/BE se transformar num bloqueio, daria origem a novas eleições daqui por um ano,
É significativo que mesmo um jornal alinhado com o PS, como o "Diário de Notícias", realce o valor da estabilidade e os riscos para a economia que trará um resultado eleitoral incerto.
Daí que considere essencial um governo PSD/CDS que seja a continuação do governo cessante com algumas correcções de rumo (para as quais sã aliás necessárias uma oposição responsável e com sentido de Estado de um PS cuja direcção possa cortar com a extrema-esquerda) e por isso votarei na coligação Portugal à Frente.
 
 

Janeiro de 2016: eleição do Presidente da República

Num cenário politicamente incerto (um governo sustentado por uma maioria relativa no Parlamento ou mesmo uma maioria absoluta) é essencial o papel do Presidente da República que vai ser eleito em Janeiro de 2016.
Deve ser uma figura prestigiada, com capacidade de diálogo e conhecimento aprofundado das leis.
Entre os possíveis candidatos e candidatos já assumidos que se perfilam para esta eleição, penso que o melhor Presidente da República será Marcelo Rebelo de Sousa, de quem se diz que será candidato mas que ainda não o disse,em absoluto e em especial para os tempos ainda conturbados que poderão esperar-nos, devido à eventual inexistência de uma maioria estável de governo no Parlamento e ao clima de crise económica que a instabilidade inevitavelmente gerará.
 
 
 
Setembro de 2017: eleição da Câmara Municipal, da Assembleia Municipal e da Assembleia de Freguesia em cada freguesia/concelho

No concelho onde resido (Caldas da Rainha) há uma gestão municipal incompetente, nas mãos de um PSD igualmente incompetente, que ganhou a maioria dos votos nas eleições autárquicas de 2013.
Como aqui recordei, no entanto, a soma dos votos obtida por aquilo que se poderá designar por "oposições" com representação na Assembleia Municipal (PS, CDS, PCP e um movimento independente, o MVC) é superior à do PSD.
As intervenções públicas destes três partidos e do MVC não contêm nenhuma divergência fundamental no que se refere aos interesses e às aspirações do concelho de Caldas da Rainha e convergem num sentido fundamental: na oposição ao PSD de Caldas da Rainha.
Não se vê, também, que haja incompatibilidades de fundo e de política entre o PS, o CDS, o MVC e o PCP.
Defendi aqui uma aliança de boas vontades, um pacto eleitoral entre o PS, o CDS, o MVC e o PCP para as eleições autárquicas de 2017. E chegar a esse objectivo nem se pode considerar complicado... se predominarem os interesses da população.
Sozinhos, o PS, o CDS, o MVC (ou o que dela resta) e o PCP nunca conseguirão derrotar o PSD caldense. Mas em aliança podem fazê-lo.
Isto significa que o voto no PS, no CDS, no MVC ou no PCP é perfeitamente inútil. Não serve para nada. É, lá está, um caso em que o voto em branco nada significa e o voto que se anula no momento significam zero.
Por isso, e exercendo o direito de não votar, se a situação não se alterar e não houver essa aliança de boas vontades do PS, do CDS e do MVC (que até poderia ser alargada ao PCP, embora os comunistas não a devam querer), não irei votar nas eleições autárquicas de 2017.
 
 

O interior esquecido de Caldas da Rainha



 
 
 
Não custa a crer que tenha sido mais uma das rupturas do apodrecido sistema de saneamento básico de Caldas da Rainha a deixar uma rua neste estado.
Como é prática dos Serviços Municipalizados, a ruptura há de ter sido arranjada em versão "atamancada" e o buraco foi coberto com terra. E depois... nada.
Este belo espectáculo de abandono encontra-se assim há algumas semanas na povoação do Cabeço da Vela, na Serra do Bouro, e é mais um miserável exemplo do abandono a que a "classe política" acantonada na cidade de Caldas da Rainha vota o resto do concelho. Junta-se a fome da Câmara Municipal da "nova dinâmica" de um PSD incompetente à vontade de comer de uma oposição e de opositores de pouco brilho e o resultado é este.

domingo, 27 de setembro de 2015

Défice de honestidade

 
 
Justifica-se citar aqui o insuspeito “Público” e a nota “Nem tanto ao défice nem tanto à dívida” (da sua direcção editorial, de 23.09.15). 
O “Público”, onde tem sido notório o alinhamento editorial pelo PS, escreve, a propósito do aumento (estatístico) do défice por causa do Novo Banco: “As regras de contabilidade exigiam que o dinheiro injectado pelo Fundo de Resolução no Novo Banco fosse contabilizado para efeitos do défice e da dívida, caso a venda não fosse concretizada no período de um ano. Como tal, o défice do ano passado, altura em que se deu a injecção de capital, aumentou de 4,5% para 7,2%. (...) Tal como explicou Pedro Passos Coelho, estamos a falar de uma operação contabilística que não exige um esforço adicional aos portugueses para equilibrar as contas públicas e que em nada compromete as metas para este ano.”
Ou seja: não serão necessárias medidas excepcionais como aumento de impostos, cortes nas despesas do Estado, etc. O défice de 2014 está definido e o caso do Novo Banco é uma operação contabilística.
O que no entanto se ouviu da boca de Catarina Martins (BE), de Jerónimo de Sousa (PCP) e de António Costa (PS) foi o oposto, com a tónica posta no “aumento de impostos” e na “mais austeridade”. Da primeira, que decerto não pensa vir a ser primeira-ministra, pouco haverá a esperar. Do segundo sabe-se que queria fazer do ex-BES um novo BPN. Mas do terceiro…
Bem, o actual secretário-geral do PS quer ser primeiro-ministro e construiu parte da sua carreira política a pensar nisso e, possivelmente numa segunda fase, na Presidência da República. Mas, e apesar dos economistas com que parece contar, não se coibiu de falar num “buraco financeiro” (e talvez devesse respeitar a memória de Sousa Franco...) nem em inquirir o primeiro-ministro sobre novos aumentos de impostos... por causa do défice estatístico de 2014. Regressemos ao “Público”: “Pedro Nuno Santos, do PS, exigia: ‘O que Pedro Passos Coelho tem de explicar agora aos portugueses é para que é que serviu a austeridade.’ É caso para dizer que uma coisa não tem nada que ver com a outra. Se assim fosse, o próprio PS teria de rever o seu programa eleitoral, já que a necessidade de consolidar as contas públicas seria maior do que o esperado. E mesmo criticando a solução (e as consequências) da resolução adoptada pelo Governo para o BES, nunca se percebeu bem o que os socialistas fariam de diferente e que custasse menos aos cofres públicos.”
Catarina Martins, Jerónimo de Sousa e António Costa ultrapassaram, com estes seus arroubos, a fronteira da demagogia. E mais importante do que o défice de 2014 é o défice de honestidade que tudo isto revela. Deus nos livre, se o eleitorado não o conseguir, de que esta gente venha a ter responsabilidades governativas! 
 

John Grisham: o melhor e o pior

 
John Grisham é um bom contador de histórias e, de certa forma, cabe-lhe a fama (e o proveito) de ter sido o grande aperfeiçoador do "legal thriller", as histórias de crime(s) com advogados como principais protagonistas.
 
 
 
 
 
"Sycamore Row" ("A Herança", Bertrand Editora, 2014) talvez seja uma das suas melhores obras e, escrita com o desembaraço de quem sabe construir um mistério capaz de prender o leitor até um desfecho que só se revela nas últimas páginas, conta a história de um milionário branco do Sul que, suicidando-se, deixa tudo o que possui à empregada (negra, anda por cima), deserdando os filhos. Com um testamento de última hora, manuscrito e... que não parece ter uma explicação lógica, a não ser aquela em que toda a gente pensa: foi a empregada que o influenciou. E foi?
"Sycamore Row" não tem, no decorrer da narrativa, um crime ou uma acção ilegal (embora tenha havido um acontecimento histórico questionável...), mas a sua fluidez é simples e directa. E tem um advogado independente e ousado como herói.
 
 
 
 
 
Já "Gray Mountain" ("Os Segredos de Gray Mountain", Bertrand Editora, 2015) fica nos antípodas.
A história começa com uma jovem advogada despedida da grande empresa de advogados onde trabalha e que é atingida pela crise económica e financeira e que vai parar uma minúscula cidade da Virgínia, no coração das explorações de carvão.
Conhece casos de miséria e depois a destruição (da natureza e de seres humanos) levada a cabo pelas grandes empresas mineiras com o apoio das grandes firmes de advogados, um advogado morre numa estranha queda de avioneta e... Samantha Kofer fica em Brady ou volta para Manhattan?
O dilema da jovem Samantha é o que faz mover a narrativa mas Grisham não tem muito jeito para intimismos e perde as várias pontas de um novelo de crime e de mistério que verdadeira nunca se desata.
Se "Sycamore Row" é do melhor que já escreveu, "Grayu Mountain" não. Combinados os dois romances, fica o retrato de um romancista na sua encruzilhada.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Refugiados e migrantes: e os outros?


Quem são eles? Refugiados, o que faz supor que não têm nada de seu e que fogem de qualquer ameaça mortal. Migrantes, o que faz supor que querem deslocar-se apenas de um ponto para outro.
Quando aparecem diante das câmaras de televisão dos jornalistas sempre comovidos, dizem que querem ir para a Alemanha. É considerado o país forte, económica e politicamente, da União Europeia. Há outros países do Norte da Europa que são também citados.
Mas não há quem queira os países do ex-“socialismo real”, ou Espanha ou Portugal e pela Grécia (então a empobrecida Grécia...) já terão passado e não quiseram ficar.
Quando falam para as câmaras, o inglês é muito razoável. Não trazem os andrajos dos refugiados que não arranjam o dinheiro necessário para pagar aos traficantes de pessoas que os trazem para a Europa. 
E não têm a atitude de quem vem submisso. Reivindicam, exigem, atacam os polícias que não os querem deixar passar fronteiras. Não têm a atitude dos que já desistiram de procurar melhor. E não param. Há sempre mais.
O verdadeiro drama está aí, para começar: por mais refugiados ou migrantes que os países da União Europeia consigam aceitar, haverá sempre mais. Mais dezenas, mais centenas, mais milhares. (A não ser que seja criada uma zona-tampão, protegida pelas instâncias internacionais e com participação dos países vizinhos dos Estados falhados de onde eles vêm, ou fechadas as fronteiras e pela força).
Depois, até onde estarão dispostos os refugiados e/ou os migrantes a ir para conseguirem aquilo a que consideram ter direito? Se foram capazes de forçar fronteiras (sempre com as crianças bem em evidência) e de atacar as autoridades à pedrada, o que poderão fazer mais para terem... o quê? Habitação, trabalho, alimentos, assistência médica? Só?
O antigo primeiro-ministro António Guterres disse há pouco tempo, na sua encarnação de alto-comissário para os refugiados, uma lamentável tolice: que os terroristas vêm de avião e sem problemas. 
Uma força como o Estado Islâmico, com a sua mistura de fé religiosa e de proselitismo bélico, não pode dispensar, na sua estratégia, os fanáticos suicidas que estão dispostos a morrer em atentados terroristas. Já o sabemos.
Mas, e se é minimamente competente, muito menos pode dispensar a oportunidade dourada de enviar os seus guerrilheiros urbanos por entre os milhares que de pessoas que avançam, claro que com a melhor das intenções, para a Europa.
Muitas dessas pessoas serão, numa situação como esta, as melhores ferramentas de um grupo terrorista armado e eficaz para criar um exército civil, organizado ou aparentemente desorganizado, com o domínio de ruas e de zonas urbanas. Para começar. E no coração de um dos seus inimigos históricos: a Europa. E nessa altura… como será?
Há pouco tempo fiz uma pergunta no Facebook em formato de micro-sondagem: quem é que estaria disposto a acolher refugiados em casa? Tive uma única resposta, de uma pessoa, disposta a acolher uma criança. Ninguém, nem mesmo os mais assanhados defensores das cedências europeias aos refugiados e migrantes, se ofereceram.
E porquê? Porque se calhar pensam aquilo que outros, poucos, se sentem capazes de dizer. Sem caírem em posições simplistas de “sim porque sim” e de “não porque não” e sem terem medo da Polícia do pensamento que tanto temor parece inspirar a outros.
 

 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O juiz tem bom gosto


"Engrenages" (sobre a qual aqui escrevi, elogiando-a) é mais sobre os bastidores da investigação criminal e da justiça do que sobre a política, como as duas outras séries citadas, mas o lapso há de ser de quem escreveu. É sem dúvida interessante que Carlos Alexandre conheça esta série, tão pouco conhecida entre nós mas tão inspiradora.
 

domingo, 20 de setembro de 2015

Abandono






 
 

 
 
Este cão pastor-alemão já não deve ser novo.
Ladra a quem passa pelo portão desta casa na freguesia de Serra do Bouro (Caldas da Rainha) mas pouco assusta e os latidos parecem ser mais um pedido de atenção do que um aviso. O pelo está uma miséria e a corrente nem o deixa mexer-se muito.
É mais um caso do tipo de abandono e de desprezo a que os cães são frequentemente votados, vistos como guardas que talvez já nem consigam ser e vítimas de gente que devia, também ela, viver assim acorrentada.
 

O interior esquecido de Caldas da Rainha

 
 
 
De um lado fica uma espécie de carreiro no meio do mato. No outro uma estrada de terra batida. Na convergência há uma placa toponímica praticamente ilegível.
Isto acontece a cerca de 12 quilómetros e 15 minutos de uma cidade que é capital de concelho, numa freguesia que ficou ainda mais abandonada com a desgraçada e idiota fusão de freguesias de há dois anos no concelho de Caldas da Rainha.
Os políticos locais desprezam o que fica fora do horizonte limitado dos muros mentais que construíram numa cidade que é cada vez mais irrelevante e num concelho cuja ruralidade abominam.

Uma obra onde amigos da "nova dinâmica" vieram obrar há um ano...


A Cimalha - Construções da Batalha SA é uma das empresas de obras de que a Câmara Municipal de Caldas da Rainha parece ser muito amiga. 
Só que o resultado das obras que faz, e por aquilo eu pude ver e que aqui documentei ao pormenor, deixa muito a desejar. 
Na Rua da Escola, na Serra do Bouro, foi a Cimalha que remendou a berma que deixara escavacada depois de andar a obrar no local. Isto há um ano.
Hoje pode ver-se o resultado da magnífica obra da dita Cimalha: a rua abriu fendas. É, verdadeiramente, uma obra muito dinâmica...
E agora?
 
 
 
 

sábado, 19 de setembro de 2015

A oposição caldense encolheu: são mesmo só o PS e o CDS


Primeira página da "Gazeta das Caldas" de 18.09.15


É certo que a decisão, embora a "Gazeta das Caldas" não seja clara, parece referir-se apenas à Câmara Municipal, onde manda o PSD e onde só o PS e o CDS se encontram representados, mas não deixa de ser significativo que só o PS e o CDS sejam designados por "oposição".
Os dois partidos já divulgaram a sua oposição a mais um aumento do preço da água, que é realmente incompreensível e inaceitável, enquanto o PCP e o MVC (a associação de independentes que parecia muito promissora) se mantêm silenciosos.
O aumento (de que já aqui falámos) tem por base um prejuízo dos serviços municipalizados de Caldas da Rainha que a Câmara Municipal não consegue explicar (nem evitar, sequer) e fará com que a conta mensal aumente 3 por cento e as "taxas e taxinhas" 5 por cento.
É pena, mais uma vez, que ninguém proteste.
É pena, também, que os cerca de 3200 eleitores que deram os seus votos ao MVC e ao PCP estejam cada vez menos representados por estas organizações.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A Câmara de Caldas da Rainha também vai ajudar as famílias numerosas no IMI?

 
Era bom saber-se se a Câmara Municipal de Caldas da Rainha (onde a gestão anterior de Fernando Costa conseguiu baixar a incidência de alguns impostos) também vai ajudar as cerca de 900 mil famílias com filhos a pagar menos IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis).
Desconfio de que não, dado o estado financeiramente muito mau a que a actual gestão da "nova dinâmica" do PSD local conduziu a câmara...

PS e CSD/PP não querem o aumento da água em Caldas da Rainha. E o PCP e o MVC?

 
Não se sabe o que pensam o PCP e o MVC. Ou porque não sabem que há a intenção da Câmara Municipal de Caldas da Rainha de aumentar o preço da água ou porque, simplesmente, andam entretidos com outras coisas e mandaram às urtigas os seus eleitores.
O PS já se pronunciou contra e o CDS (hoje no "Jornal das Caldas" e com grande pormenor) também faz saber da sua oposição.
Não há, segundo os dois partidos, qualquer motivo para um aumento do custo da água a não ser (e parece ser esse o problema) o estado financeiramente débil da câmara e dos seus serviços municipalizados, que nunca foram capazes de fazer uma gestão correcta da rede de abastecimento de água.
É pena que não haja nisto, que é essencial, uma frente comum de toda a oposição que, podendo perder nas votações (onde este incompetente PSD caldense tem maioria absoluta), poderia mobilizar a população contra este novo assalto aos seus bolsos.
Até porque não é só o preço da água que aumenta mas de todas as outras "taxas e taxinhas", que aumentam sempre em proporção e que conseguem ser o equivalente a metade do valor da factura.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

"American Horror Story: Coven"

 


"American Horror Story" é não apenas um novo formato de mini-série televisiva (como "True Detective") mas também um exercício de estilo: com as suas temporadas transformadas em histórias autónomas que ocupam toda a temporada, reserva as três principais actrizes para papéis que vão mudando de história para histórica e, nessa perspetiva, é um desafio... para elas próprias nas personagens diferentes a que devem dar vida, para os autores e para o público.
"Coven", a terceira temporada, é até agora a melhor. A primeira tinha como cenário uma casa assombrada, a segunda um manicómio e, antes do circo de horrores à Tod ("Freaks") Browning, tivemos esta terceira temporada.
Vampiros já há muitos, lobisomens nem por isso mas são muito unidimensionais e os "zombies" já estão perto da faixa do excesso populacional. Mas as bruxas, e a sério, é que não tem havido muito.
Daí também o carácter quase inédito de "Coven": localizando-se no Sul dos EUA, recupera a sempre interessante lenda das bruxas de Salem, junta-lhe a tradição do "voodoo" e explora o filão do racismo numa mistura bem pensada. Há uma escola para jovens feiticeiras dependente de um "coven" (a associação de feiticeiras baseada num pacto ou numa tradição comum) de que é dirigente Jessica Lange, uma aristocrata racista que é vítima do mal que andara a fazer (Kathy Bates) e uma feiticeira "voodoo" (Angela Bassett) e um grupo capitalista que se dedica a caçar feiticeiras.
A história está bem contada e tem sequências bem fortes (e bem imaginadas), o trabalho das três actrizes é de mérito e só o fim é que escorrega, embora suavemente, para um inusitado tom paródico.
O modelo de "American Horror Story" é não apenas ousado mas difícil de manter por muito tempo (a próxima temporada é passada num hotel) e não admira que haja rumores sobre o seu fim. De qualquer modo, já deixou uma boa marca com "Coven" no universo fantástico do audiovisual dos nossos dias.  

[Vi "American Horror Story: Coven" numa edição em DVD da 20th Century Fox para o Reino Unido, de 2014, legitimamente adquirida.]


sábado, 12 de setembro de 2015

Um post que até pode ter uma leitura política (2)

 
A "nova dinâmica" gosta de brincar. Talvez devesse esforçar-se por trabalhar um pouco mais e com um mínimo de competência.
 
 
 
 

Jornalismo de campanha mas "de referência"

 
Os diários ditos de "referência" deitam fora a objectividade jornalística e entram na campanha política, alinhados com a oposição.
O "Público" lança um extraordinário título com imagem em grande plano da dirigente do BS: "Catarina Martins insistiu, mas Passos não pediu desculpa nem mostrou números" (sublinhado nosso).
No "Diário de Notícias", na primeira página, escreve-se este mimo: "Recensearam-se nas embaixadas para votar e receberam no correio panfletos da coligação PSD-CDS. A prática é legal, mas os jovens emigrantes ficaram espantados por a propaganda vir de quem os incitou a deixar o país" (sublinhado nosso). 



 
 
O "Avante!", o "Acção Socialista" ou o clandestino "Bloco" não fariam melhor. E por mau aspecto  que dê imputar parte de um eventual insucesso da coligação governamental a este tipo de comportamento de algum jornalismo luso, o certo é que não escasseiam os maus exemplos...

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Preço da água, Hospital Termal, obras e a desistência das oposições em Caldas da Rainha


1 - Há três anos houve um aumento nos preços do fornecimento de água praticados pelos Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Caldas da Rainha que, pelo efeito multiplicador das várias taxas, fez com que o custo pago pelos consumidores subisse para o dobro.
O mau serviço prestado pelos Serviços Municipalizados não melhorou. Alguns protestos e queixas individuais não tiveram eco na oposição ao PSD municipal: o PS, o CDS, o PCP, o que ainda restava do BE e, fora da Assembleia Municipal, o futuro MVC aceitaram os aumentos. Agora estão nas calhas mais aumentos e, segundo o PS, nada o justifica. Pelo contrário. Mas a maioria do PSD na Câmara e na Assembleia Municipais pode impor esses aumentos.
 

O aumento do preço da água não serviu para investir na rede de abastecimento



2 - Para a financeiramente pouco sólida Câmara de Caldas da Rainha, o ónus do atraso na ansiada entrega do Hospital Termal está agora no Tribunal de Contas, que lhe pediu "um conjunto de esclarecimentos".
Não se sabe se, entre esses esclarecimentos, está a certeza de que a câmara consegue evitar cair no buraco financeiro decorrente das responsabilidades com o Hospital Termal que quer levianamente assumir.
As oposições, que infelizmente se dividiram nesta matéria na Assembleia Municipal, deviam fazer-se ouvir. Mas não é o caso. Estão mudas e quedas. E, entretanto, vai avançando o processo das termas no concelho vizinho de Óbidos. Alguém sinceramente acredita que, com termas já em funcionamento mesmo ao lado, um hospital termal na cidade de Caldas da Rainha tem alguma hipótese?!




"Gazeta das Caldas", 28.08.15




3 - Numa das entradas da capital do concelho (que talvez seja a entrada principal para quem se desloca pela A8) há obras interrompidas há várias semanas. O trânsito faz-se com dificuldade, o aspecto é ofensivo. Mas impera o silêncio.
 


Obras paradas: nada de novo neste concelho


Estes três temas não esgotam a crítica que se esperaria que fosse feita à gestão PSD da Câmara Municipal de Caldas da Rainha por uma oposição de que eu (e se calhar não só eu) esperava muito mais: mais resistência, mais intervenção, menos complacência e menos passividade. E um pouco mais de cultura política.
À excepção do PS (e, mesmo assim, em regime de "serviços mínimos"), a oposição caldense desistiu, cansou-se, ou distraiu-se do seu papel. Ou foi de férias. Ou mudou-se.
Em termos partidários, o PS e o CDS têm feito as suas provas de vida embora o CDS, coligado com o PSD a nível nacional, tenha optado por hostilizar pouco o PSD a nível local.  O MVC (Movimento Viver o Concelho), cuja intervenção me iludiu, e o PCP andam entretidos com as eleições nacionais.
Nada disto, no entanto, serve de desculpa para a falta de comparência das oposições. O pedido dos votos aos eleitores pressupõe um compromisso de intervenção política regular, persistente, coerente e pública. Não é o que se vê em Caldas da Rainha.
E se o PSD caldense fosse suficientemente arguto e inteligente para ter sentido de humor, bem podia começar a escolher os principais dirigentes oposicionistas  para os condecorar no próximo 15 de Maio pelos relevantes contributos que andam a dar para a glória das extraordinárias criaturas da "nova dinâmica". 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

As novas obras sem fim de Caldas da Rainha

 
 



aqui falei disto, há quase um mês: de obras que não se percebe para que servem e que estão paradas há muitas semanas, entre uma das rotundas de entrada em Caldas da Rainha para quem vem da A8 e a rotunda de acesso ao supermercado E. Leclerc, na Rua Vitorino Froes. Obras públicas de um PSD autárquico que, num inevitável sarcasmo, se autodenominou como "nova dinâmica".
Não há uma explicação, uma justificação, uma informação que seja. Nem, verdade seja dita, um protesto. Toda a gente aceita isto, incluindo os moradores.
Toda a gente gosta, se calhar, a pensar que é um sinal de progresso.

Um post que até pode ter uma leitura política (1)


A "nova dinâmica" está a engordar muito e com ar pouco saudável.

domingo, 6 de setembro de 2015

Insolação cultural

É de supor que o sol tenha brilhado em excesso por cima do simpático jornal "Sol", onde talvez não haja capacidade de resistência para um tal brilho, o que pode ter dado origem a uma inesperada insolação*.
A sua revista desta semana abre logo com uma mirabolante explicação para uma sigla conhecida: RIP significa "rest in peace".
Ora, RIP é, na sua origem, uma expressão latina: "requiescat in pace" (ou seja, "que descanse em paz"). 
A língua inglesa, como a conhecemos, é posterior ao latim, pelo que é tonto escrever que RIP significa "rest in peace". Significar, significa mas mesmo em inglês o certo é que a expressão vem do latim. No mínimo há nisto alguma falta de conhecimentos de "cultura geral"
Duas páginas à frente há mais uma do género: "desabilitado".
A palavra significa "perder a habilitação" mas, neste caso, refere-se a uma incapacitação física. O correcto seria "incapacitado". O "desabilitado" vem do inglês "disabled". No mínimo também se pode dizer que há nisto alguma falta de "cultura geral".
Onde o sol também deve ter provocado insolações foi na Ajuda, onde "mora" o insuportável secretário de Estado da Cultura, que se derrama numa entrevista desinteressante à mesma publicação, afirmando que leu, na infância ou na adolescência, o monumental "Guerra e Paz" em "dia e meio". Pode ser que essa experiência, que a ter existido há de ter sido traumatizante, explique a sua tão característica arrogância...
 
 
*Este parágrafo, na novilíngua deste tipo de gente, deveria ter sido escrito assim: "Supostamente, o sol brilhou em excesso por cima do simpático jornal "Sol", onde alegadamente não haverá resiliência para um tal brilho, o que pode ter dado origem a uma improvável insolação."

Caldas da Rainha





O futuro do concelho de Caldas da Rainha e da sua capital está metido num beco por uma gestão municipal incompetente.
Começam-se obras que depois ficam por acabar. A sujidade reina.
As oposições vivem na ilusão de que, um dia, o poder lhes cairá nos braços e de que lhes basta terem fé para que isso aconteça.

sábado, 5 de setembro de 2015

Muito gosta esta Câmara Municipal da porcaria! (7)

 
Lixo late night em Caldas da Rainha
 
 



 

 
 

Questões básicas


1 - A passagem do ex-primeiro-ministro arguido da cadeia de Évora para prisão domiciliária é má para António Costa (e para o PS) porque desvia as atenções da imprensa do segundo para o primeiro, pelo menos enquanto notícia.
 
2 - Esta situação pode ser ainda pior para António Costa (e para o PS) se o ex-primeiro-ministro não ficar calado e der voz a todos os seus ressentimentos contra o seu antigo ministro que só o foi visitar uma vez, e de passagem e que já não garante a reconquista do poder pelo PS em 4 de Outubro.
 
3 - Se o ex-primeiro-ministro, por hipótese, quiser acompanhar António Costa na campanha do PS, será mesmo ainda pior porque a imprensa quererá ouvi-lo a ele e não ao homem que ainda está a tentar ser primeiro-ministro.
 
4 - A alteração da medida de coação (porque é disso que se trata e não de uma "libertação") deve ser lida à luz de uma notícia discreta dada pelo "Correio da Manhã" há dias, de que iam ser extraídas certidões para processos autónomos da "Operação Marquês", e da manchete do mesmo jornal de hoje: a de que já há uma investigação concluída (relativamente a Vale de Lobo, envolvendo Armando Vara e Hélder Bataglia). Ou seja: a ser verdade, pode haver uma primeira acusação muito em breve... e antes das eleições?
 
5 - O dia de ontem (com mais uma sondagem fortemente negativa e a entrada em cena do espectro que é Sócrates para o PS e o seu eleitorado) pode muito bem ter sido o dia em que o PS perdeu mesmo as eleições de 4 de Outubro.
 

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Adeus a Lee Child

 
Li o primeiro livro de Lee Child em 2002, penso que "The Killing Floor", comprado autografado numa livraria do centro comercial Apolo 70, e gostei de imediato da personagem de Jack Reacher.
Li praticamente todos os seus livros desde então e só posso elogiar o modo como Child construiu a imagem física do seu herói e a fez entrar em histórias bem escritas e bem contadas.
No entanto, não gostei mesmo nada de saber que o actor Tom Cruise se apropriou da personagem de Jack Reacher (num filme de 2012) e até pensei que a tolice se resumiria a um único episódio. Cruise terá 1,70 de altura e Jack Reacher tem dois metros. Pela descrição, a presença física de Reacher é impressionante. Cruise não é. É como ter um carapau em lugar do tubarão branco que é a estrela do "Tubarão" de Spielberg.
Porque é possível alterar uma personagem mas não uma personagem que foi sendo desenvolvida e estruturada ao longo de quase vinte anos e cuja dimensão corporal é quase sempre fundamental para os segmentos mais importantes da narrativa.
Fiquei a saber agora que Cruise vai voltar a ser Jack Reacher (o segundo filme estreia-se no próximo ano).
Lee Child, que andou tantos anos à espera de ver as suas histórias no cinema, não terá sabido resistir ao disparate (e ao dinheiro, muito provavelmente). E pelo andar da coisa ainda começa a encolher Jack Reacher, cortando-lhe os trinta centímetros que o separam de Cruise. É um pouco como uma antiga anedota em que figura Bocage e em que intervém um periquito.
Por isso, desisto de Lee Child.
Pode ser que releia alguns dos seus livros a.C. (antes de Cruise) mas tenho tantas outras coisas para ler que até me parece que nem terei tempo...

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Quantos? Como? Quem? Até quando?

 
Não há dúvidas, não pode haver, sobre a tragédia que é a fuga desesperada de milhares de habitantes da Síria, dos países vizinhos e do Norte de África, a caminho do Norte, da Europa, significativamente dos países mais ricos (não querem ficar na Grécia ou na Itália, no que resta dos países do "socialismo real", não se nota que algum número significativo queira vir para Portugal), do Reino Unido.
A União Europeia acena com quotas e algum limite e controlo mas de nada serve. São, e serão, cada vez mais porque ninguém os impede de avançar e as boas almas e a comunicação social de lágrima ao canto do olho fazem pressão todos os dias... sem que ninguém se mostre dispostos a abrir-lhes as portas de casa.
Entretanto, já gritam e fazem exigências, já confiam na força dos números para forçar as barreiras, pedem aquilo que já poderão ter desistido de pedir nos seus próprios países.
Mas... quantos são? E quantos é que ainda virão? E como? E, entre eles, quantos infiltrados das organizações islâmicas terroristas haverá? E serão todos inocentes e cheios de boas intenções? E até quando se manterá o êxodo?
Não seria altura de pensar que talvez seja impossível acolher todos e indiscriminadamente? Ou vão ficar à espera das reacções de sentido contrário?