terça-feira, 25 de novembro de 2014

A propósito do "caso Sócrates"...

 
Não percebo o porquê de tantas preocupações sobre o que "lá fora" se pensará de Portugal quando um ex-primeiro-ministro é feito arguido e fica preso a aguardar julgamento por suspeitas de branqueamento de capitais, fraude fiscal agravada e corrupção. O certo é que, a confirmarem-se as suspeitas, Portugal demonstrou que podia pedir responsabilidades por atos que terão sido criminais a uma das principais figuras do Estado. Não é que toda a gente tem andado a exigir?
 
É vergonhoso ouvir algumas criaturas do PS, que decerto sabiam mais sobre o ex-primeiro-ministro ora preventivamente detido do que muita gente, a bramar contra a quebra do segredo de justiça. Não faltaram casos de violação grosseira do segredo de justiça nos muitos anos da governação do PS e essas criaturas mantiveram-se sempre indiferentes.
 
Suponho que ninguém acredita que o ex-primeiro-ministro queira ler manuais de filosofia em francês durante a sua estadia prisional em Évora (não é uma leitura nada entusiasmante) mas o pedido de alguns livros desse tipo, relatado pela sua ex-mulher, não deixa de ter graça.
 
Com o ex-procurador-geral da República debaixo de fogo por causa do seu encontro com o ex-primeiro-ministro (e segundo as suspeitas suscitadas por uma escuta telefónica, segundo o "Correio da Manhã"), seria altura, finalmente, de escrutinar o que fez e não fez a Procuradoria-Geral da República sobre as muitas suspeitas que se foram avolumando ao longo dos anos, nomeadamente sobre o "caso Freeport", a licenciatura que nunca existiu e o mais recente "caso 'Face Oculta'". E, claro, sobre o grotesco episódio das tesouradas nas escutas do "Face Oculta". A simpatia que Pinto Monteiro tributa agora a José Sócrates não deve ter nascido ontem.
 
Seria interessante saber o que teriam a dizer Manuela Moura Guedes e António José Seguro sobre tudo isto mas... alguém lhes terá ido perguntar alguma coisa?
 

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