sábado, 25 de outubro de 2014

A sovietização da política em Caldas da Rainha e o futuro do director da "Gazeta"


A política caldense é como na antiga União Soviética: é preciso tentar ler todos os sinais: quem aparece, quem não aparece; quem está nos jornais, quem não está.
O semanário "Gazeta das Caldas", onde se conjuga um radicalismo populista com um amor desbragado pelo presidente da Câmara, com alguns esforços de jornalismo pelo meio, é um barómetro tão bom como o era a observação da tribuna do Kremlin nos desfiles militares e das fotografias que depois ficavam, retocadas ou não, para a História.
Esta semana, o presidente da Câmara, Tinta Ferreira (ligado por uma relação tão boa ao director do jornal) aparece pela primeira vez, pelo menos desde as eleições de há treze meses, no lado negro da coluna de opinião "A semana do Zé Povinho". Por causa das obras que, por sinal, se arrastam há mais do que treze meses, e sem fim verdadeiramente à vista.
Mas não aparece sozinho.
Aparece com mais duas fotografias e um extenso texto que, em resumo, diz isto: o anterior presidente, Fernando Costa, fez tudo mal feito em matéria de obras (a "Gazeta" parece nunca ter gostado de Costa, que aparece aqui façanhudo e numa fotografia a preto e branco, como se viesse do passado); o seu vereador das obras e hoje "vice" de Tinta Ferreira, Hugo Oliveira (que parece gerar sentimentos contrastantes na "Gazeta" e que é o terceiro do grupo), aceitou a coisa; Tinta Ferreira, como presidente (e ex-"vice" de Costa), foi atrás; a culpa é dos três e, pior do que isso, Fernando Costa até pode regressar.
Ou seja: Tinta Ferreira que se cuide, devido ao pecado que cometeu de ser seguidista.
Lido e relido, o texto parece ser um alerta... ao amigo Tinta Ferreira. Ou um alerta ressentido, como se Tinta Ferreira não estivesse a ser capaz de cumprir alguma promessa feita à "Gazeta", ou ao seu director.
E se havia quem dissesse que o director da "Gazeta" alimentava a expectativa de um futuro político pela mão de Tinta Ferreira nas eleições de 2017, uma coisa é evidente: se Fernando Costa voltar a ser candidato (o que a lei não impede e muita gente desejará, porque as suas obras não eram conduzidas de uma maneira tão visivelmente desastrada), o director da "Gazeta" já não poderá chegar onde consta que talvez desejasse.
Portanto, para se libertar da danação do inferno da "Semana do Zé Povinho" e dar a mão ao director,Tinta Ferreira terá de se libertar do anterior presidente (o que é equivalente a "matar o pai").
Será isso?

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