quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Salir do Porto, o patinho feio


Caldas da Rainha, cidade, despreza (e odeia) Caldas da Rainha, concelho.
A elite citadina deve considerar os restantes cidadãos do concelho campónios atrasados e a sua região uma espécie de "wasteland".
O interior rural, a leste, é um horror para eles. A oeste, a fronteira com o Oceano Atlântico terá... o quê? Água a mais? Deve ter sido por tudo isto que as freguesias da periferia foram "arrastadas" para a cidade. O que acaba por só ter uma importância simbólica porque a sua ausência nem se nota.
Só se dá pela Foz do Arelho quando há más notícias, a Lagoa de Óbidos é tratada com o maior desmazelo, o tal plano turístico para a frente de mar (o misterioso Plano de Pormenor da Estrada Atlântica) morreu sufocado por um pacto de silêncio entre os vários partidos autárquicos que devem ter necessitado de esconder alguma coisa e Salir do Porto deve ser para eles...uma coisa com água.
A norte do concelho, mal se distinguindo geograficamente de São Martinho do Porto (não queiram mudar-se para as Caldas, deixem-se ficar em Alcobaça, que ao menos lhes dá visibilidade), Salir do Porto é uma espécie de patinho feio.
A praia junto à povoação não é convidativa mas é bonita, o passeio entre Salir e São Martinho é uma maravilha cénica à beira-mar, a zona de praia que dá para a baía de São Martinho guarda as distâncias relativamente ao perfil urbanístico algarvio dessa vila e é sossegada, a povoação é uma tranquilidade quase absoluta e toda a zona tem uma aparência vagamente inexplorada e é aí que fica um dos melhores restaurantes da região, o Naco na Pedra. E mesmo a piscina, de cuja exploração não há notícias, não se impõe à praia.
Salir do Porto, que nem sequer está sujeita às depredações do mar e à incúria das pessoas, podia ser um "ex libris" turístico do concelho de Caldas da Rainha, como muitos outros pontos, aliás, e com isso trazer visibilidade e receitas à região.
Mas não se nota que os poderes públicos estejam interessados.
Um dia ainda se descobre que esta omissão, como outras, se deve ao facto de os ocupantes desses poderes públicos não assegurarem nada de valor patrimonial para si próprios e que, por isso, se desinteressam...
 
 
A passagem de madeira, apesar das zonas destruídas (pelo mau tempo?),
continua a ser um belo percurso para passear
 


O lamentável perfil algarvio de São Martinho do Porto
 


São Martinho do Porto vista da praia de mar de Salir do Porto
 

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