quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A prova em que a contestação dos professores "chumbou" os próprios professores


Pode ser que a prova de avaliação de conhecimentos decidida para os professores contratados seja um erro, embora, a mim, me pareça mais uma tentativa de limitar o número de candidatos aos postos de trabalho que têm diminuído pelo muito simples motivo de o número de "clientes" (os alunos) ter diminuído.
Mas qualquer razão que pudessem ter os professores que a contestaram foi pura e simplesmente desbaratada com as atitudes irreflectidas (de quem as fez, em horda) e reflectidas (dos sindicatos que as forçaram) hoje durante o dia.
A tentativa de impedir que outros professores fizessem a prova é um gesto agressivo voltado contra os outros professores, que tinham tanto direito a fazê-lo como tinham os contestatários de não a fazer.
A invasão das escolas, os boicotes e as cenas com os polícias foram o pior de todos os exemplos que os professores puderam dar a quem os vê nesses preparos nas televisões: os alunos e os pais, mães e encarregados de educação dos alunos.
A partir deste momento qualquer grupo de alunos pode boicotar uma aula, um teste e talvez mesmo um exame (embora neste caso o controlo seja diferente).
E os encarregados de educação têm nessas cenas próprias de adolescentes bons motivos para continuarem a pôr em causa a autoridade dos professores.
Além do mais, este tipo de contestação a uma prova de avaliação de conhecimentos (independentemente de outras considerações) junta-se à impressão geral de que os professores não querem ser avaliados.
A Fenprof e os professores que, por desespero e/ou convicção, foram atrás dos seus apelos belicosos prestaram um mau serviço a todos os outros professores.
Mas talvez esteja bem assim...

 
*

 
A propósito: em "O Evangelho segundo S. Nogueira" (no e-magazine "Tomate") abordo os apelos insurrecionais da Fenprof .
.

4 comentários:

Sandra disse...

Eu sou Professora. Não estou colocada. Não acho correcto etiquetar de idiotas os Professores. Já pensou porque é que mais ninguém tem que fazer provas? Só os Professores? Já pensou que dedicamos anos da nossa vida a fazer esse Curso, como qualquer outra profissão? Para um dia com um exame decidirem se valeu a pena o dinheiro e o tempo empregue nesse curso? Já imaginou como se sente um Professor que sonha ser Professor e é questionado todos os dias? Imagina o que é não estar colocado durante anos e ter que fazer um exame? Eu, falando por mim, não tenho qualquer problema em fazer o exame, embora não concorde, pois deveria ser um dever igual para todas as Profissões. E se alguns Professores perderam a cabeça naquele dia, são menos que as outras pessoas? Os professores não podem sofrer e revoltar-se como qualquer pessoa? Eu não estava lá, não vi, mas não deve julgar os Professores, pelo menos não deve etiquetá-los de idiotas, porque pode até haver alguns maus Professores, como há em qualquer profissão, mas não são todos. Um dia o Professor foi a pessoa mais respeitada de todas e hoje não o é, devido ao Governo e às políticas educativas criadas por quem nada tem que ver com o ensino, devido a tudo o que foi feito contra nós, a tudo o que foi dito e retirado de nós, e um Professor que não é respeitado nem valorizado pelo seu trabalho não é um Professor feliz, e um Professor infeliz tem tanto direito a exprimir o seu sofrimento e a sua revolta como qualquer ser humano. Se não tivesse sido ensinado pelos seus Professores, hoje não escreveria, não seria quem é, por isso não pise nos Professores, nem chame de idiotas os seus próprios Professores...

Pedro Garcia Rosado disse...

Nada - mas mesmo nada - justifica os desmandos protagonizados pelos seus colegas, senhora professora. Quem quer ser respeitado tem de se dar ao respeito. Não foi o que aconteceu.

Sandra disse...

Mas como lhe disse, é ofensivo generalizar e é ofensivo etiquetar-nos de idiotas

Pedro Garcia Rosado disse...

Não utilizo neste texto, uma única vez, a palavra "idiota" e a generalização abrange apenas, e quando muito, os militantes dos desmandos a que me refiro.