terça-feira, 19 de março de 2013

O Facebook entre a tasca e a casa de banho


Não há muito tempo um jovem licenciado em Direito com uma formação pós-licenciatura clamava no Facebook pela intervenção da GNR ou da PSP para o presidente da Câmara Municipal de Faro acatar, sem mais manobras dilatórias, a decisão de um tribunal superior que o obriga a deixar o cargo. Poderá dar-se o caso de a PSP (e não a GNR, que não terá, suponho, intervenção na cidade de Faro) ter de o fazer mas só com um mandado judicial. O jovem devia sabê-lo.
Recentemente, um frequentador menos jovem do Facebook que já teve funções institucionais chamava ao actual primeiro-ministro "besta ignorante".
Já tenho também lido os insultos de professores a figuras públicas, insultos que - penso eu - não aceitarão nem nas suas aulas nem em casa.
O Facebook, que pode ser acedido de qualquer sítio (mesmo dos que pressupõem momentos menos felizes... ou mais felizes, dependerá de cada pessoa), parece convidar a que muitos se dispam das regras de cortesia, bom senso e educação que terão aprendido e procedam como se estivessem em privado, ou à mesa de qualquer tasca.
Há alguns meses e no mesmo registo, uma senhora bem educada e culta que conheci em ambiente social, e com quem falo em ambientes sociais, enviou-me um e-mail em que chamava - por outras palavras - filho da puta a uma figura do Estado. Tive de dizer-lhe que eu não utilizava o insulto no debate político.
Será possível que nesta época em que tudo se diz eu esteja a ser demasiado conservador, ao pensar que se pode separar a tasca da internet?

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Pedro. Tenho alguma dificuldade em acompanhar o seu conceito de tasca. Recordo-me de uma tasca/adega em Olhão onde os camarões vendidos à porta se comiam acompanhados de um vinho branco fresco em espaços frescos nas tardes estivais. E de outra, nas minhas raízes, onde o estafeta (ainda conhece este conceito?) depositava as encomendas do dia para que os mandantes as fossem buscar.
Abraço do ac

Pedro Garcia Rosado disse...

É uma observação judiciosa, ac. Mas há tascas e tascas. E além disso há coisas que se dizem na tasca que não se repetem noutros sítios. Também pensei em taberna mas isso seria estar a sugerir uma imagem talvez ainda mais incorrecta porque o vinho, independentemente dos locais onde corre, é um elemento nobre e só influencia mal as pessoas quando elas já têm esse mal dentro de si.
Depois, à cautela, acrescentei a casa de banho. É o que me fazem lembrar certos ambientes das "redes sociais"...