domingo, 31 de março de 2013

A culpa é do Governo

 
Ou se não é do Governo é da "troika". Ou se não é do Governo e da "Troika" deve ser "do Cavaco". Ou de Frau Merkel. Ou do euro.
Ou mesmo das agências de "rating". Ou das altas esferas do imperalismo internacional.
O certo é que a chuva nunca mais pára.
Já está na altura de haver quem lhe cante "Grândola, Vila Morena". E a CGTP já devia ter promovido mais uma greve geral e dez manifestações contra ela.

quinta-feira, 28 de março de 2013

O consolo das viuvinhas

Estive a jantar ontem em Grândola no café Pica-Pau, em excelente companhia, um admirável petisco alentejano durante a proclamação do ex-primeiro-ministro. Fui lendo algumas legendas pelo canto do olho e achei que, com as notícias e os comentários de hoje, ficava esclarecido. E fiquei.
O PS, os críticos do actual governo e do actual presidente da República, os indignados profissionais que lucraram com os governos do PS e as muitas viuvinhas do "animal feroz" (de uma ferocidade mais de hiena do que de leão, já agora) excitaram-se e devem ter tido uma noite de infindáveis orgasmos intelectuais e políticos.
É possível que o ex-primeiro-ministro ajude essa multidão e o PS de António José Seguro a ganhar umas eleições antecipadas que só simbolicamente vão resolver os problemas do país. Pode ser que à segunda vez os bem-aventurados que o seguem percebam a asneira. Mas por agora andam em êxtase. Talvez mereçam, que estamos na Páscoa.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Não comprem quando a transportadora for a Seur!

 
No dia 19 de Março fiz uma encomenda à loja "on line" Tienda Animal, de produtos para animais. A encomenda saiu do armazém, em Espanha, no dia 20 de Março, a cargo da transportadora Seur.
Segundo as condições de venda, as encomendas são entregues ao domicílio em Portugal num prazo de 24 a 48 horas.
Hoje (quarta-feira, dia 27), descontando sábado e domingo, já passaram 96 horas desde a saída da encomenda do armazém.
Hoje mesmo contactei com a Tienda Animal, desistindo da encomenda e pedindo a devolução do valor pago, o que me foi prontamente garantido.
O procedimento da Tienda Animal foi correcto, ao longo destes dias de espera, e o atendimento foi feito com profissionalismo e simpatia.
Ao contrário, não encontrei qualquer tipo de profissionalismo nem correcção (e muito menos simpatia) por parte da transportadora Seur, que revelou uma incompetência de bradar aos céus, agravada pela estranha justificação de que até tinha havido um acidente, impeditivo da entrega.
Enquanto a Tienda Animal mantiver ao seu serviço a transportadora Seur não me terá como cliente.
E qualquer outra loja "on line" que tenha ao seu serviço a transportadora Seur também não me terá como cliente.

terça-feira, 26 de março de 2013

Porque não gosto dos CTT (48): correspondência sequestrada

Na segunda e na terça-feira da semana passada (dias 18 e 19 de Março) não houve distribuição de correio.
Na quarta-feira (dia 20) só me chegou um jornal local (a que a empresa CTT dá atenção).
Na quinta-feira (dia 21) não houve distribuição de correio.
Na sexta-feira (dia 22) chegou-me outro jornal local e 4 cartas, expedidas nos dias 26 de Fevereiro, 8 de Março e 13 de Março.
Ou seja, essa correspondência esteve sequestrada na empresa CTT.
Ontem (segunda-fera, dia 25 de Março) e hoje (dia 26) não houve distribuição de correio.
Chamam a isto "serviço público". Há quem goste. Eu não.

As transportadoras portugueses não estão preparadas para o "e-commerce"

Portugal é, no que toca ao "e-commerce", um país em duas velocidades. Ou, melhor, numa velocidade e num exasperante pára-arranca.
O problema não está, segundo se percebe, nas empresas que funcionam com vendas à distância, normalmente através da internet. Está é nas empresas transportadoras que, fora dos centros urbanos, perdem por completo... o Norte. E o Sul, o Leste e o Oeste.
Vivendo numa zona de campo sem comércio por perto (ou insuficiente, na cidade mais próxima, que é a sede do concelho), recorro com frequência às compras pela internet.
A Amazon (de Inglaterra), a Nespresso (para cujas máquinas já há felizmente algumas alternativas em supermercados), um clube de vinhos do Porto (Enoteca) e, agora, uma loja de produtos para animais (Tienda Animal) têm sido as lojas que mais tenho frequentado. Os resultados são um problema... no que se refere às entregas porque, quanto ao resto, os contactos são relativamente fáceis e seguros em termos de transações.
A transportadora MRW é a que mais tem sido utilizada, até por ser a que trabalha com a Amazon. Normalmente as entregas não levantam reparos e, nos últimos casos, têm sido bastante rápidas. Mas já tive surpresas: a minha morada não existia e eu até tinha pedido para a entrega não se realizar, o que era uma estúpida mentirola.
Fiquei a saber que esta empresa, como outras, recorre a contratações temporárias e estes contratados - falando bem e depressa - estão-se completamente nas tintas para o trabalho a que estão obrigados. Noutro caso, a encomenda andou durante três ou quatro dias a passear no veículo da transportadora. E já houve situações em que nem os aparelhos de GPS nem os múltiplos telefonemas de quem trazia a encomenda garantiram a chegada ao local. Apesar de haver placas toponímicas, estradas sinalizadas e uma proximidade do local relativamente à costa atlântica, a estradas constantes de qualquer mapa, à A8 e à cidade.
 
O caso da Seur:
GPS nicles e a coincidência de um acidente
 
A "aventura" (ou desventura) mais recente está a acontecer com a Seur, depois de uma compra à Tienda Animal (que garante, com grande boa vontade: "Tiendanimal tem os seus armazéns e oficinas na Espanha, o que garante a gestão e entrega rápida dos seus pedidos.").
A verificação "on line" do percurso da encomenda indicou-me, por duas vezes, que devia - eu, o cliente - telefonar para a Seur!
Feito(s) o(s) telefonema(s), deparei-me com o problema do costume: não sabiam onde ficava o local e nem havia GPS. A encomenda foi feita no dia 20 e talvez seja hoje entregue. Ou não.
A Tienda Animal desfez-se em desculpas e já reclamou à Seur. Ontem, depois de me ser garantida a entrega nesse mesmo dia, ficou-se a saber que não podia ser porque o veículo tinha tido um acidente. Fez-me lembrar uma jornalista que chegava invariavelmente atrasada a tudo. Se alguém perguntava alguma coisa... bem, o despertador não tocou, não havia metro, o carro avariou-se em qualquer local inacessível, houve um engarrafamento...
Por acaso, no mesmo dia em que fiz a compra à Tienda Animal fiz também outra compra à Amazon (em Inglaterra). Ontem, recebi a encomenda da Amazon via MRW. Hoje, portanto, continuo à espera da Seur. Qual será a desculpa para hoje?

segunda-feira, 25 de março de 2013

"Tomate" - política e cultura "on line" numa iniciativa inédita

 
O logótipo do "Tomate"
 
Intitula-se "Tomate" e é a primeira revista política e cultural 100 por cento "on line", com um excelente título, um visual forte e desafiador e um bom primeiro lote de artigos de opinião no seu primeiro número.
O seu animador é Rui Verde, professor universitário e doutorado em Direito, que publicou recentemente "Helicópteros com Dinheiro" (defendendo a saída do euro) e, antes disso, "O Processo 95385: Como Sócrates e o poder político destruíram uma universidade", uma memória sobre o processo do ex-primeiro-ministro como aluno da Universidade Independente, de que foi vice-reitor.
"Tomate" é um passo qualitativo na transição da comunicação social portuguesa para o domínio do "on line" e promete ir longe. Pela ousadia e pela vontade de intervir, direi mesmo que merece ir longe.
O "Tomate" encontra-se aqui.

sábado, 23 de março de 2013

Eles saberão do que estão a falar?


O "Expresso" presenteou-nos com mais um dos seus "diktats" culturais, desta vez sobre séries de televisão, decretando quais são as cinquenta melhores.
A lista é sintomaticamente bizarra, parecendo viver mais de um conhecimento superficial ou de "ouvir dizer" do que de um conhecimento directo da matéria.
Assim, se não ignoram "The Wire" ou "The Killing/Forbrydelsen" (o que até admira...), os autores da lista conseguem desprezar e esquecer "Boardwalk Empire", "Breaking Bad", "Bron/Broen/The Bridge", "Damages", "Downton Abbey", "ER", "Generation Kill", "The Good Wife", "House", "NCIS", "Roma", "Southland", "Treme", e "The Walking Dead"... embora destaquem inanidades como "Os Borgia", "CSI" e "Lie to Me".
As fragilidades da imprensa portuguesa estão aqui exemplarmente expressas: nunca será possível ter a certeza de que quem escreve sobre alguma coisa conhece de facto o objecto da sua atenção.
E antevendo só a pergunta natural (e eu, vi tudo?), digo que sim: que vi, na televisão e em DVD, todas estas séries que cito; que tentei ver as três inanidades citadas e que desisti por desinteresse absoluto. A minha opinião está neste blogue, bastando, para esse efeito, inscrever o título da série no campo de busca em cima à esquerda.

Entrevista ao "Sons, Letras e Imagens": "O realismo e a verosimilhança são absolutamente essenciais para o bom êxito deste género literário"

Entrevista a Carlos Eugénio Augusto no "Sons, Letras e Imagens", que pode ser lida integralmente aqui.

Um extracto:
 
(...) Nota-se que tens um conhecimento profundo das investigações policiais e do mundo que o rodeia. Sente-se que tal é condição essencial para se fazer um bom thriller policial?

O realismo e a verosimilhança são absolutamente essenciais para o bom êxito deste género literário. Por exemplo, em Portugal, é a PJ que tem por competência exclusiva a investigação de homicídios, com uma lógica organizacional específica e seria um disparate imaginar histórias que pudessem pôr os homicídios a serem investigados por outra polícia qualquer, mesmo que ficcionalmente criada para o efeito. Tenho procurado documentar-me em tudo o que escrevo, para não estar a inventar elementos irreais em histórias que devem manter-se solidamente ancoradas na realidade. É isso que me irrita, por exemplo, na série televisiva “CSI”. Não há nenhuma polícia no mundo que tenha os mesmos agentes a fazerem pesquisas forenses e a investigarem na rua, numa sucessão de casos todos eles banais. Isso destrói a base de credibilidade do tecido ficcional, por muito fogo-de-vista que tenha.

A trama de “Morte…” tem como base a corrupção, tráfico de influências e lavagem de dinheiro. Este pode ser o retrato de um “certo Portugal”?

Pode, seja porque a burocracia gera obstáculos irracionais a que muitas coisas racionais se façam, seja porque normas legais racionais impedem que se façam coisas absolutamente irracionais, e ilegais. E também acrescentarei alguma falta de ética, que é essencial para a democracia. Um presidente de um órgão autárquico não deveria ser o representante legal dos investidores num projecto imobiliário que pode gerar conflitos ou outras confusões com os seus próprios eleitores. E é isso que acontece na situação verídica em que me inspirei e também na própria história.

Um dos personagens do livro, o professor Alberto Morgado, tinha um blog que servia de órgão para divulgar suspeitas e alertar para os crimes que se passavam no negócio do futuro empreendimento turístico. Sabemos que o Pedro Garcia Rosado tem também um blog onde é muito interventivo. Terá sido ele o mote inspirador para o “O Novo Bordallo”?

Não, o blogue O das Caldas é que me inspirou. Este blogue anónimo ocupou-se com grandes pormenores de um investimento gigantesco previsto para uma zona de paisagem protegida que foi “desprotegida” por uma deliberação da Assembleia Municipal de Caldas da Rainha, que alterou o Plano Director Municipal, criando o Plano de Pormenor da Estrada Atlântica. Os investidores eram, e continuam a ser, homens sem rosto, o investimento previsto é de centenas de milhões de euros, há situações equívocas… e o bloguista morreu em Maio do ano passado. Foi um excelente, e intrigante, ponto de partida para uma história: a morte de um bloguista depois de denunciar um caso suspeito. Com o devido respeito pela memória do falecido. (...)

 




sexta-feira, 22 de março de 2013

10.ª Comemoração do Dia Mundial da Poesia nas Caldas da Rainha


A Comunidade de Leitores e de Cinéfilos de Caldas da Rainha, um verdadeiro  Ministério da Cultura local dirigido pela dinâmica dupla Palmira e Carlos Gaspar, organiza amanhã (sábado) a sua décima comemoração do Dia Mundial da Poesia, na Biblioteca Municipal de Caldas da Rainha.
O programa - poesia, música e bom gosto - é este:

14.30 h—Apresentação da Comunidade de Leitores e Cinéfilos das Caldas da Rainha
14.35 h – Conservatório de Música de Caldas da Rainha - 1.ª Parte (6 Temas) (A)
14.55 h - Apresentação dos Homenageados e Intervenção de Tânia Leonardo
15.20 h - Apresentação do projecto Olha-te
15.35 h - Conservatório de Música de Caldas da Rainha - 2.ª Parte (Apresentação Oficial do Curso de Jazz e Música Moderna c/ 3 Temas inéditos compostos pelos Alunos) (B)
16.00 h– Poesia e Dança - Intervenções de Jorge Castro e dos Poetas convidados. Bailado Yôga
-Grupo das Caldas
-Bailado Yôga por Tânia Basílio, da classe dos Profs. António Ferreira e Manuela Soares
-Grupos de Coruche, Cascais e Lisboa
17.15 h - Concerto do Orfeão Caldense, dirigido pela Profª. Ruth Horta (C)
17.45 h - Encerramento

Programa do Conservatório de Música de Caldas da Rainha

(A) 1.ª Parte
- Étude nº12 | Guy Lacour Comanche | William Baulsh
Bruno Estêvão (saxofone) Ruben Belizário (guitarra clássica)
- Sprite Nite | Nicholas Powlesland Cordon Blues | Paul Sheftel
Maria João Gonçalves (guitarra clássica) Ricardo Pereira (piano)
- Hablusination | Paul Sheftel O Fantasma da Ópera | Andrew Lloyd Webber
David Martinho (piano) Maria Sobreiro (piano)

(B) 2ª Parte
Apresentação oficial do Curso de Jazz e Música Moderna do Conservatório de Caldas da Rainha, com 3 temas inéditos compostos pelos alunos:
- Macarron (Catarina Branco); 21:57 (Sabina Louro); ii (Sofia Gomes)
Combo de jazz: Sofia Gomes (piano e melódica), Catarina Branco (piano e melódica), Sabina Louro (piano), João Branco (guitarra), Diogo Almeida (guitarra), João Nicolau (baixo), Nuno Ramalho (baixo), Júlio Branco (bateria)

(C) Programa do Orfeão Caldense
- Acordai (F. Lopes Graça)
- Cantares dos Búzios (Vicente Narciso)
- Balada de Outono (José Afonso)
- Foi Deus (Fado Canção)

O que talvez aí venha

 
1 - António Costa fez saber que talvez se candidatasse à chefia do PS e António José Seguro apressou-se a passar-lhe à frente. José Sócrates foi anunciado como comentador para a RTP e António José Seguro apressou-se a anunciar uma moção de censura ao Governo e a declarar-se preparado para governar.
2 - Se é verdade a notícia do "Sol", o Governo ficará sem condições para continuar. Só haverá duas hipóteses: um novo governo PSD-PS-CDS sem Passos Coelho ou eleições antecipadas. Pressionado no PS, António José Seguro deve atirar-se para eleições.
3 - O PS ganhará com muitas promessas as eleições, que devem ser no princípio do Verão. Toda a gente vai acreditar que vai ser um mar de rosas. O alívio será passageiro e ilusório. E depois teremos o novo primeiro-ministro, António José Seguro, a negociar novo empréstimo internacional. Com mais tempo, com mais dinheiro, com maiores juros, com mais dívida, com mais austeridade, com maiores ilusões.
4 - A austeridade "de esquerda" terá, sobre a austeridade "de direita", a vantagem de beneficiar de melhor imprensa.

quinta-feira, 21 de março de 2013

A Menina dos Policiais gostou de "Morte com Vista para o Mar"

Vera Brandão, que assina como Verovsky no seu blogue Menina dos Policiais, gostou de "Morte com Vista para o Mar", tendo publicado uma crítica aqui, de que reproduzo um excerto:
 
(…) Penso que assentando nestes moldes e no que respeita às conjunturas actuais do país, a história é extremamente credível. Nada como uma figura com influência no papel de vítima de assassinato, o professor catedrático Alberto Morgado, também ele detentor de segredos, mostrando uma vez mais, que altos cargos não correspondem necessariamente a pessoas imaculadas. Pelo contrário... Esta é a vertente propriamente policial que se entrosa numa densa componente pessoal. O autor confere profundidade às personagens, não importa o papel que estas desempenhem na trama. Assim, o autor amplificou o efeito choque ao conhecer a identidade do assassino, e acima de tudo, as motivações.
Sendo este o primeiro livro de uma série, a investigação do caso é devidamente encerrada, o que não se verifica para umas questões que vão sendo deixadas em aberto, aumentando naturalmente, o efeito curiosidade na leitura das próximas histórias de Gabriel Ponte.
Finda a leitura, não poderia deixar de ler os primeiros capítulos do novo livro desta série, “Morte na Arena: a Descida aos Infernos”, deixando-me extremamente ansiosa para que chegue Setembro, altura em que poderemos encontrar nas livrarias um novo caso de Gabriel Ponte. Resta-me felicitar a editora TopSeller, pela breve publicação do mesmo!
Um livro que tem tanto de real como de espectacular! Adorei!
 
 

A "Hora do Planeta" à pressão da EDP


A decerto que meritória iniciativa do Fundo Mundial para a Vida Selvagem (World Wildlife Fund) da "Hora do Planeta" já tem a minha adesão forçada, desde que me mudei para o concelho de Caldas da Rainha - com os seus múltiplos, reiterados e inexplicáveis apagões, a EDP já me garantiu mais do que 60 minutos de trevas por ano.
Portanto, no meu caso, já não preciso de apagar nenhuma luz no próximo sábado. Espero é que a EDP não a apague por mim...
 
 

quarta-feira, 20 de março de 2013

A vida dele com miniporcos... ou a vida dos miniporcos com ele

Matt tem quatro filhos, uma mulher que sai de manhã para trabalhar e só volta ao fim da tarde, dois gatos, uma cadela branca que parece um lobo e que teve por origem uma banhista "topless", uma galinha que sobreviveu ao ataque de uma raposa e alguns coelhos discretos. A morte de um dos gatos, por atropelamento, cria um vazio... que vai ser preenchido por dois porcos. Por dois porcos "mini". Ou miniporcos: Roxy e Butch. Alguém há-de sobreviver. Provavelmente mais a mulher e os quatro filhos do que o próprio Matt.
É a mulher que um dia lhe envia por e-mail uma fotografia de dois porquinhos. Peludinhos, de narizes muito abertos e o ar sempre amoroso dos animais pequenos: "A imagem era estranha: dois porcos empoleirados num ramo de árvore. O meu primeiro pensamento foi o de que não podiam ser verdadeiros. Depois li a mensagem dela por baixo e percorreu-me um arrepio: 'Tããããõooo engraçadinhos!!!'"

É assim que de certa forma começa "Oink! - My Life With Minipigs" (também intitulado "Pig in the Middle", talvez em alusão à igualmente divertida série televisiva "Malcolm in the Middle"), do escritor inglês Matt Whyman.
Mais conhecido pela sua ficção para jovens adultos, Matt Whyman descreve neste seu "Oink!" a sua vida com um casal de porcos minúsculos, que se aliviam debaixo da secretária onde tenta escrever, que lhe dão cabo do quintal, que lhe disputam o lugar na sala e no sofá da televisão, que explodem numa berraria quando o telefone toca e quando têm fome, que provocam uma depressão no gato sobrevivente e que fazem uma estranha aliança com as quatro galinhas que Matt vai buscar a um aviário e que parecem ser refugiadas de um país do Terceiro Mundo devastado pela guerra. E que o obrigam a uma estranha missão: a de engravidar Roxy, o elemento feminino do casal de miniporcos.
"Oink!" é divertidíssimo e emocionante e é uma aventura doméstica para todas as idades e para todos os públicos.
Matt Whyman, de que só foi publicado entre nós "Boy Kills Man" ("Pequenos Assassinos", 2007), tem aqui o seu próprio site.

terça-feira, 19 de março de 2013

O Facebook entre a tasca e a casa de banho


Não há muito tempo um jovem licenciado em Direito com uma formação pós-licenciatura clamava no Facebook pela intervenção da GNR ou da PSP para o presidente da Câmara Municipal de Faro acatar, sem mais manobras dilatórias, a decisão de um tribunal superior que o obriga a deixar o cargo. Poderá dar-se o caso de a PSP (e não a GNR, que não terá, suponho, intervenção na cidade de Faro) ter de o fazer mas só com um mandado judicial. O jovem devia sabê-lo.
Recentemente, um frequentador menos jovem do Facebook que já teve funções institucionais chamava ao actual primeiro-ministro "besta ignorante".
Já tenho também lido os insultos de professores a figuras públicas, insultos que - penso eu - não aceitarão nem nas suas aulas nem em casa.
O Facebook, que pode ser acedido de qualquer sítio (mesmo dos que pressupõem momentos menos felizes... ou mais felizes, dependerá de cada pessoa), parece convidar a que muitos se dispam das regras de cortesia, bom senso e educação que terão aprendido e procedam como se estivessem em privado, ou à mesa de qualquer tasca.
Há alguns meses e no mesmo registo, uma senhora bem educada e culta que conheci em ambiente social, e com quem falo em ambientes sociais, enviou-me um e-mail em que chamava - por outras palavras - filho da puta a uma figura do Estado. Tive de dizer-lhe que eu não utilizava o insulto no debate político.
Será possível que nesta época em que tudo se diz eu esteja a ser demasiado conservador, ao pensar que se pode separar a tasca da internet?

"Game of Thrones" ("A Guerra dos Tronos"): fascinante

"Game of Thrones" (expressão retirada de um dos diálogos mais sugestivos da primeira temporada da adaptação televisiva de "A Song of Ice and Fire", de George R. R. Martin) é um dos objectos mais fascinantes da televisão dos nossos dias. Vi a primeira temporada e confesso que não me entusiasmou. Revi-a em preparação para a segunda, que acabei de ver agora e fiquei rendido.
Em termos de história, "Games of Thrones" não é inteiramente original (tem um pouco de Tolkien, outro tanto de Robert E. Howard, recolhe alguma inspiração em Frank Herbert e até contém alguns elementos que parecem saídos das histórias de Edgar Rice Burroughs e de Emilio Salgari) mas no conjunto, graças a um estilo visual vibrante e poderoso, a um leque de bons actores em grande forma e a uma escrita quase perfeita, oferece uma experiência de televisão difícil de esquecer e é, mais uma vez, a demonstração de todas as potencialidades deste meio.
É, além disso, interessante ver como a primeira temporada se desenvolve a partir de uma personagem central (Eddard Stark, personificado por Sean Bean, quase sempre condenado à morte nos filmes em que entra), a segunda se articula em torno do pequeno Tyrion Lannister (Peter Dinklage) e as duas abrem as portas ao desenvolvimento da interessante Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) e dos seus três dragões, combinação esta que foi uma surpresa no final da primeira série. Tal como, em parte, o exército de "zombies" às portas da Muralha, no final da segunda temporada.
"Games of Thrones" (uma das grandes "aventuras" da HBO, que talvez tenha lançado o épico "Rome" cedo demais) regressa nos EUA no dia 31 de Março. Os filmes-anúncio e as fotografias da terceira temporada já circulam na internet e há mais pormenores aqui.
 
Tyrion Lannister (Peter Dinklage) pensa em como sair da prisão em que a irmã o meteu
 


Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) prepara-se para a conquista dos 7 Reinos de Westeros
 

segunda-feira, 18 de março de 2013

No blogue O Tempo Entre os Meus Livros

Convidado para os domingos do blogue O Tempo Entre os Meus Livros, de Cris Delgado. Do texto, que pode ser lido na íntegra aqui, publico um pequeno excerto:

(...) Como autor da ficção escrita, reconheço em “The Wire” a matriz da literatura “policial” contemporânea e, sobretudo, a demonstração de que este género será – de todos os géneros literários – o que tem os limites mais amplos e maleáveis na sua interacção com a sociedade real.
A literatura não serve para mudar o mundo e, como escritor, se o quiser mudar, vou votar, manifestar-me da maneira que entender conveniente ou escrever um panfleto. Mas gosto de abordar, no que escrevo, os problemas sociais e políticos da nossa sociedade, combinando-os com a criação de uma narrativa ficcional que, seguindo os cânones do “thriller”, dialogue com o leitor e o chame a participar na descoberta dos enigmas subjacentes às histórias. Foi o que comecei a fazer em 2004 com “Crimes Solitários”, o meu primeiro romance. Foi o que fiz agora com “Morte com Vista para o Mar”, o meu oitavo romance, agora publicado pela TopSeller. (...)

Num país como o nosso em que há um interesse público tão generalizado pelo crime e pela justiça, acredito que há futuro para a literatura policial de qualidade. E com o apoio de alguns editores, e sem ligar ao desinteresse ignorante de outros, penso que os meus “thrillers” não servirão apenas para entreter os leitores mas também para estimular outros autores, outros projectos e o desenvolvimento da literatura e do audiovisual neste domínio, correspondendo aos interesses reais do público e sem abdicar da qualidade e da originalidade
.
 

domingo, 17 de março de 2013

Fitas


Como toda a gente viu, vê ou há-de ver filmes, o cinema é daquele tipo de assuntos de que toda a gente sabe tudo o que há a saber e mais um par de botas.
Graças a isso, instala-se o disparate e entramos em mais um domínio do reino da irracionalidade. Pensando bem, só admira que tenha demorado tanto tempo.
Da extraordinária e repetitiva excitação das instâncias oficiais da cultura (e agora do turismo) pela possibilidade de haver filmes estrangeiros rodados em Portugal já aqui falámos, e segundo o semanário "Sol", aguarda-se com expectativa que produtores indianos venham rodar "oito a dez minutos" de longas-metragens, numa espécie de "remake" da rentabilidade comercial das aparições de Fátima.
A lógica é esta, simplista, sem sequer se considerar que poderia haver vantagem em ajudar a criar condições para a pós-produção, benéficas para as produções estrangeiras e para o que poderia vir a ser a indústria(zinha) audiovisual do nosso país. Basta-lhes virem rodar umas cenas, mostrar dois ou três bilhetes-postais de paisagens portuguesas e largarem a massa em bens e serviços temporários.
O exemplo com que se acena para esta espécie de fita é, no entanto, erróneo: "Comboio Nocturno para Lisboa", que agora se estreia, tem a capital portuguesa no título e como cenário e um dos co-produtores é Paulo Trancoso, com vasta experiência e contactos no meio.
Com o Governo a repetir vários erros já cometidos, o sempre mediático Bloco de Esquerda não se quis ficar em segundo lugar no torneio dos disparates e tivemos metade da sua liderança bicéfala a derramar lágrimas pelos 212 concelhos portugueses sem salas cinemas, o que (nas miríficas contas bloquistas) se traduz em 3,8 milhões de portugueses sem cinema.
Segundo o "Expresso", a dirigente do BE terá mesmo exclamado: "40 por cento da população portuguesa não tem acesso ao cinema, ou seja, não pode ver nada!"
"Não pode ver nada"?! Seria bom, por exemplo, que o BE, se conseguisse ir além da espuma das ondas, reflectisse um pouco sobre o fenómeno da pirataria e dos "downloads" ilegais de filmes (e de outros produtos culturais). Ou sobre a evolução do mercado português da distribuição e da exibição de cinema. Ou sobre o audiovisual nacional. Ou, ainda, sobre o papel dos seus camaradas jornalistas na (des)promoção do cinema.
E já agora (em formato de declaração de interesses): no concelho onde vivo, há um pequeno conjunto de salas de cinema, que são tão desconfortáveis que é penoso frequentá-las e onde só muito raramente vou.
Também não faço "downloads" de filmes porque, mesmo que quisesse tirar cópias manhosas e sem qualidade da internet, nem sequer tenho "banda larga" para o fazer.
Portanto, vejo filmes em casa, alugados no único videoclube que ainda resta na cidade mais próxima ou então comprados.
Ou seja, na versão bloquista, eu "não posso ver nada!"...

sexta-feira, 15 de março de 2013

Porque não gosto dos CTT (47): mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo

Contei aqui um caso, infelizmenten vulgar, que me aconteceu: o carteiro que, sem tocar, enfia na caixa do correio um aviso a dizer que "não atendeu", relativo a um objecto "volumoso". Nesse dia, fê-lo bem à vista, sem ter parado para tocar. Não tocou, não verificou se era atendido, não preencheu o aviso (que já trazia preenchido) e foi-se embora.
Contactei de imediato o serviço telefónico "Siga", de reencaminhamento de correspondência, a quem citei o número do objecto postal constante do aviso, para o ir levantar num posto de correios que não o pardieiro que serve de "estação central" para as Caldas da Rainha. E o reencaminhamento foi logo marcado.
Ontem, e de facto numa situação de "não atendeu", o carteiro deixou um aviso relativo a uma carta registada, que poderia ser levantada na dita "estação central" a partir das 8h35 de hoje.
Conhecedor do conteúdo da correspondência, não telefonei ontem para o serviço "Siga" mas fi-lo hoje de manhã, por volta das 8h20.
Para meu espanto, só depois das 8h35 é que poderia pedir o reencaminhamento. Porque a carta ainda não tinha regressado à estação e, portanto, não constava do sistema.
Ou seja: o tal objecto "volumoso" que em teoria me poderia ser entregue em mão se o carteiro tivesse tocado, nunca saiu da estação e por isso já constava do sistema quando o carteiro ainda andava - em teoria! - a transportá-lo!
Confirma-se portanto que o "não atendeu" dos objectos "volumosos" é uma pura e simples mentira numa situação duvidosa que é reiterada e impunemente praticada.

quinta-feira, 14 de março de 2013

"The Walking Dead": mais a marcar passo do que a andar

O regresso da segunda parte da terceira temporada de "The Walking Dead" não foi auspicioso.
Os três episódios já exibidos arrastam-se, marcam passo, têm conversa a mais. Talvez seja necessário preparar o ambiente para a tentativa de conquista da prisão pelas forças do "Governador" de Woodbury - um dos momentos épicos da banda desenhada, em que Rick, o herói, sofre uma das suas piores perdas... - mas o ritmo é débil.
O final do episódio transmitido ontem, terça-feira, sugere que é já no próximo que a coisa se anima. Será?
 
 
Já pouco se dá pela presença de Michonne, Rick está cada vez mais angustiado e o mauzão do Governador
 nunca mais se despacha... 
 

terça-feira, 12 de março de 2013

Domingo Villar é ignorante

O escritor galego Domingo Villar, ouvido pelo extraordinariamente rigoroso "Diário de Notícias" durante um seu "tour" de Lisboa, saiu-se com esta afirmação: "Estranho que em Portugal não haja autores de policial".
A patetice saiu na mesmíssima página em que era feita uma referência por acaso elogiosa a "Morte com Vista para o Mar", o que não deve ter sido uma desatenção do "Diário de Notícias".
Supondo que a bizarra formulação "autores de policial" se aplica a todos os autores que escreveram histórias situadas neste género literário (e sem querer falar apenas em mim posso referir-me a Carlos Ademar, Francisco José Viegas ou Moita Flores, por exemplo), o disparate revela um autor pelo menos ignorante, que nem sequer sabe o que foi publicado em Espanha (a que a Galiza, mal ou bem, pertence) de autores portugueses.
Da Galiza vieram os antepassados de um admirável escritor e jornalista português chamado Fernando Assis Pacheco. Da Galiza vieram também contributos fundamentais para a gastronomia portuguesa. É só por isso que não escrevo que a tolice do "señor" Villar é uma galegada...

O Segredo dos Livros gostou de "Morte com Vista para o Mar"

Filipe Dias, de O Segredo dos Livros, gostou de "Morte com Vista para o Mar".
Um excerto da crítica (que pode ser lida na íntegra aqui):
 
(...) Gostei desta trama. Pareceu-me muito real e actual. Quando há um interesse que se tornará muito rentável para certas pessoas, tudo tem de ser feito para o projecto ir em frente. Não interessam os meios. Se for necessário destruir a natureza, destrói-se. Se for preciso acabar com o habitat de espécies em risco, acaba-se, "são só animais". E se for preciso aprovações deste ou daquele, suborna-se, paga-se o que for preciso. Havendo dinheiro, tudo se faz. É o estado actual do nosso país, o dinheiro comanda a vida e todos os interesses. Não se olham a meios para atingir os fins.
De certo modo, achei a trama simples, mas a minha revolta por ver que esta estória retrata tão bem casos reais, acabou por me prender à leitura e desejar descobrir o assassino e acabar com os envolvidos no negócio. Ajudou a empatia que criei com as personagens. O meu interesse foi grande, a leitura fluiu e foi com agrado que cheguei à resolução do caso.
Aconselho este livro aos interessados no género criminal e político, além do facto de ser de um autor português, o que merece ser reconhecido e enfatizado...
Aguardo pelo próximo livro...






Que é feito das musas da contestação?

A que abraçou suavemente um polícia apareceu durante uma das manifestações ainda apareceu numa produção fotográfica de uma revista social.
A que ofereceu generosamente o busto aos polícias noutra manifestação desapareceu.
Por onde andarão agora estas revolucionárias que são bastante mais inspiradoras do que a repetitiva "Grândola"?

© "VIP"
 
© "Correio da Manhã"

Entrevista ao "Diário Digital": "Morte com Vista para o Mar" é "um livro para mudar a opinião das elites bem pensantes"

 
Entrevista a Pedro Justino Alves no "Diário Digital", que pode ser lida integralmente aqui.
Um extracto:

(...)
É dos poucos escritores regulares nacionais que escreve policiais. Como vê o género em si?
Este género literário é, de todos, o que tem as fronteiras mais maleáveis e através do qual se podem abordar todos os temas que fazem parte da nossa vida.
A literatura policial contemporânea está indissoluvelmente ligada ao audiovisual (mais à televisão do que ao cinema, onde se esgotou) e o caminho aberto pela série «The Wire», de David Simon e Ed Burns, mostrou-o, ao abordar temas sociais e políticos, da imprensa ao sindicalismo, passando pela escola pública e pela política autárquica. Ruth Rendell, John Le Carré, Lee Child ou Carl Hiaasen têm-no feito, de uma maneira ou de outra.
Em Portugal, também puxei para as minhas histórias as suspeitas sobre grandes empreendimentos imobiliários, o «processo Casa Pia» ou os enigmas da História como, por exemplo, o 25 de Novembro. Gosto de o fazer e o certo é que o acolhimento tem sido sempre favorável, sem uma única crítica negativa.
Há um público para esta literatura e o interesse do autor e do editor é o de levar ao seu conhecimento as histórias que são publicadas.

Mas como analisa o policial no nosso país?
É um domínio da ficção em que há uma debilidade impressionante e um espaço que ainda está muito vazio em todas as vertentes (na literatura, na televisão e no cinema).
Basta reparar que, à excepção do que foi o projecto «Não Matarás» e da série que agora começa com «Morte com Vista para o Mar», não há na literatura portuguesa actual histórias regulares com protagonistas fixos, como acontece noutros países, e mesmo os romances do género escasseiam. Julgo que eu sou a excepção, ao escrever e publicar praticamente um livro por ano desde 2004. E digo-o com pena porque acredito que há lugar para outros autores de qualidade neste domínio.
Por outro lado, é interessante ver como há autores a utilizarem mecanismos do «thriller» em histórias que pretendem ser mais «realistas».
A grande responsabilidade desta situação cabe aos editores. Muitos desconhecem este género literário, as suas particularidades e o seu público. Vão atrás das modas (os policiais nórdicos, por exemplo) e ignoram os interesses e os hábitos de consumo dos leitores do policial. Até há quem defenda, numa demonstração de sectarismo cultural, que a literatura policial não é literatura.
 
Pois, um género menor...
Há uma velha hipocrisia de salão no nosso país que faz com que a literatura policial seja algo que «parece mal» aos olhos das elites bem pensantes, talvez por incluir homicídios, outros crimes e alguma violência. Portanto, é um género literário que não é estimulado nem defendido.
Paradoxalmente, no entanto, há quem defenda melhor o «porno para mamãs» tipo «Sombra de Gray» do que um romance policial de alta qualidade, o que é revelador do pensamento dessas pessoas.
 

segunda-feira, 11 de março de 2013

Oito e oitenta...

 
Será mesmo verdade que a comunicação social garantiu que a Praça do Comércio/Terreiro do Paço em Lisboa recebeu 80 mil pessoas e ficou cheia quando foi a visita do Papa a Portugal e que depois, nas manifestações de 2 de Março, a mesma comunicação social garantiu que a Praça do Comércio/Terreiro do Paço conseguiu receber 800 mil pessoas?

Porque é que não há mais literatura policial em Portugal?


Portugal deve ser o único país civilizado e com uma literatura com séculos de história que não tem uma única série regular de histórias "policiais", à excepção das que foram criadas pelo único autor que tem escrito e publicado um "thriller" por ano (desde 2004): "Não Matarás" (três títulos na editora Asa, em 2010, 2011 e 2012) e agora a que foi inaugurada por "Morte com Vista para o Mar" (20|20/Topseller).
Esse autor sou eu: Pedro Garcia Rosado.


A Rua de Baixo gostou de "Morte com Vista para o Mar"


O magazine cultural Rua de Baixo gostou, pela pena de Carlos Eugénio Augusto, de "Morte com Vista para o Mar". Um excerto da crítica, que pode ser lida na íntegra aqui:
 
(...) Nesta trama muito bem idealizada e com um ritmo que agarra o leitor às páginas do livro sem cessar, existem interesses locais, investimentos estrangeiros, tráficos de influências, mulheres eternamente insatisfeitas consigo próprias, personagens à beira do abismo, homens violentos e com sede de sangue, personagens frutos do sistema e um blogger anónimo. O motivo de um crime poderá ser legitimado pelo desequilibro emocional e pela ganância de cumprir um objetivo a qualquer custo ou é a vingança um propósito cabal?
No fundo, “Morte com Vista para o Mar” tem tudo o que um policial deve ter sendo o mistério o plano de fundo. As personagens são de carne e osso e não há espaço para heróis ou personagens supérfluas. O conhecimento do autor sobre a realidade portuguesa e dos próprios contornos de uma investigação policial torna os diálogos mais fortes e dá força, coesão e credibilidade à própria história inserida num contexto social onde os media têm uma força desmedida e que podem manobrar a informação consoante a origem ou amizades do patronato.
Rosado consegue um enredo forte e equilibrado entre o caso em si e o conhecimento e profundidade dos próprios personagens, que revelam dados íntimos das suas vidas e do que aconteceu às mesmas, de forma a esclarecer o relacionamento entre si – especialmente no complexo caso de Gabriel, Patrícia e Filomena.
Uma agradável e muito recomendada surpresa, “Morte com Vista para o Mar” faz as delícias dos amantes do género policial e de todos que gostam uma história repleta de acção e suspense.
As boas notícias não acabam aqui. Segundo a editora, em Setembro podemos contar com mais uma aventura deste trio. “Morte na Arena: A Descida aos Infernos” está agendado para o próximo Outono e promete mais crime e boas histórias – as primeiras páginas podem ser lidas no final de “Morte com Vista para o Mar”.
 


 

 

sábado, 9 de março de 2013

EDP - A Crónica das Trevas (49): os raios que infelizmente não os partem

Meia dúzia de trovões e alguns raios, pouco depois das 19 horas, e a electricidade vai-se abaixo.
Uma, duas, três, quatro vezes.
Agora regressou. Não sei até quando.
Não há raio que os parta, infelizmente...

sexta-feira, 8 de março de 2013

Os que querem "que se lixe a troika" também querem que nós nos lixemos

 
Esperei até hoje, sexta-feira, dia de lançamento do semanário "Gazeta das Caldas" para ver a notícia relativa ao "Que se lixe a troika" na cidade de Caldas da Rainha. O outro semanário, "Jornal das Caldas", que sai à quarta-feira, já o sugerira.
Agora só me faltava confirmar uma coisa muito simples: a dita manifestação ignorou mesmo os problemas concretos da população do concelho (de que o aumento brutal do preço da água e do péssimo serviço dos Serviços Municipalizados é só um exemplo).
O que os organizadores da manifestação fizeram foi ficar-se pelas generalidades políticas sem qualquer tipo de proposta alternativa, contestando apenas o actual governo e quem veio a Portugal emprestar dinheiro porque o partido do governo (o PS) o pediu em 2011, com o apoio inevitável da oposição responsável e depois com o apoio maioritário da população, expresso nas eleições legislativas desse ano.
Em termos práticos, ao procederem assim, os organizadores da manifestação desprezaram os interesses reais dos habitantes deste concelho. Ou seja: o que interessa é arregimentar mais gente para o seu sectarismo e nós que nos "lixemos" menos!
E mostraram que não se preocupam com o preço da água - porque são ricos e o podem pagar sem problemas, porque por qualquer motivo não pagam água ou então porque não se lavam.

Apresentação de "Morte com Vista para o Mar" em Lisboa




Ontem, dia 7, na FNAC do Chiado. Com a editora Ana Afonso (à direita) e a jornalista Isabel Braga (à esquerda), que falou sobre os meus livros, recordando a surpresa que foi logo o primeiro, "Crimes Solitários", em 2004. Em baixo, na "Agenda FNAC" no espaço de restauração do Chiado. (Fotos de Ana Garcia Rosado)



 
 
 

quinta-feira, 7 de março de 2013

EDP - A Crónica das Trevas (48): quanto custa a "ética"?


Como é que lá se chega não é. Tudo começa (a partir daqui) por um questionário de 37 páginas que é grátis se for preenchido "on line" e que custa 150 dólares se as respostas a essas perguntas todas forem dadas mais tarde, o que é praticamente inevitável.
Depois, a mesma instituição fornece uma série de serviços "à la carte", todos eles pagos... à parte.
É um sistema habitual, que abrange muitas distinções de empresas e que acaba por ser sempre pago. No fim de tudo sai um galardão à medida e a comunicação social "engole" o isco toda contente.
No caso da EDP, qual terá sido o preço desta "ética"?

quarta-feira, 6 de março de 2013

"Morte com Vista para o Mar": apresentação em Lisboa


Amanhã, quinta-feira, dia 7, às 18h30 na FNAC do Chiado. Aproveitarei para falar da "literatura policial" em Portugal e da sua edição e da série que foi agora iniciada com "Morte com Vista para o Mar".



terça-feira, 5 de março de 2013

"Viva la muerte"...





© Nuno Ferreira Santos, "Público", 27.02.13
Na semana passada, estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (onde, salvo erro, se estudam as leis e o modo de aplicá-las e fazê-las cumprir no regime democrático) enforcaram - nas suas próprias palavras - um animal, que parece ser uma lebre, para acenarem publicamente com o cadáver numa acção de "protesto" e de "contestação" ao Governo que foi acompanhada por mais uma entoação de "Grândola, Vila Morena".
As notícias sobre a matéria omitiram em geral a imagem do animal morto.
Esta fotografia, que aqui se reproduz com a devida identificação do autor e do jornal onde saiu, é bastante esclarecedora.
A utilização do cadáver do animal como forma de acção política não foi criticada pelo PS, pelo PCP ou pelo BE.


O estalinismo pefeito do PS

O PS chegou ao governo da nação em 1995 e exerceu o poder de forma praticamente absoluta até 2002.
Entre 2003 e 2005, governou o PSD de Durão Barroso/Santana Lopes, que um presidente da República do PS demitiu.
Entre 2005 e 2011, o PS voltou a ter o controlo absoluto do poder governamental.
Foram 14 anos de poder absoluto (descontando esse intervalo de dois anos, que pouco mudou relativamente ao que o PS deixara no Estado).
Em 2011, em desespero de causa e de calças na mão, o PS pediu a intervenção da negregada "troika".
Ainda nem passaram dois anos.
O PS conseguiu  branquear os seus 14 anos de governo e com a imprescindível colaboração de vários amigos "úteis", como se nada tivesse existido até ao apelo à "troika". 
E como se não fosse sua a bizarra figura de um ex-chefe máximo que, em ano e meio, passou de primeiro-ministro de Portugal a chefe de vendas de uma empresa farmacêutica multinacional. A quem a administração do Estado que também chefiou deu alguns milhões a ganhar.
Estaline ficou como símbolo máximo do chefe político que podia manipular os factos e os registos históricos, apagando-os da memória colectiva. O PS português já conseguiu fazer melhor do que ele. 
Com um pouco de sorte, o PS ainda há-de dar o passo seguinte: chegar ao ponto em que há-de conseguir eliminar fisicamente os seus opositores.  

segunda-feira, 4 de março de 2013

Eles querem "que se lixe a troika" e, pelos vistos, que nós, o povo, continuemos lixados...

Segundo a "Gazeta das Caldas", que noticiou com grande desvelo a preparação contestação dos Queselixeatroikistas nas Caldas da Rainha, é este o seu caderno reivindicativo: 'No manifesto, que irão distribuir na manifestação – e que foi apresentado em conferência de imprensa na passada sexta-feira – referem que não aguentam mais o “roubo e a agressão”. Os cidadãos estão contra o desfalque nas reformas, com as ameaças de despedimentos e com os postos de trabalho destruídos. “Indignamo-nos com o encerramento das mercearias, dos restaurantes, das lojas e cafés dos nossos bairros, com a junta de freguesia que desaparece, com o centro de saúde que fecha, com o encerramento das valências do nosso hospital e a privatização do termalismo caldense, com as escolas cada vez mais pobres e degradadas”, dizem. No manifesto, o grupo faz também referência aos impostos disfarçados de taxas, aumento de propinas e portagens, e indigna-se contra o estado a que chegou a Lagoa de Óbidos e as falsas promessas.'
Neste abundante derrame de demagogia, onde quase nem faltam o mau tempo e o proverbial par de botas, não se faz referência ao aumento brutal do preço da água e ao desinvestimento na manutenção e conservação das redes locais de abastecimento de água (Serviços Municipalizados das Caldas da Rainha) e electricidade (EDP).
Acho estranho. Porque a população caldense anda bem "lixada" com isto... Eles é que não, portanto.

"Morte com Vista para o Mar": e quem são os "bad guys"?

 
...Ou os "maus da fita", ou os "patifes", ou os "maus" neste meu oitavo "thriller"?
Nesta história de um empreendimento turístico gigantesco na frente oceânica do concelho de Caldas da Rainha, em que as opiniões decisivas são pagas com dinheiro vivo e diamantes oferecidos por um general angolano, são os presidentes da Câmara e da Assembleia Municipais a terem os principais destaques.
Mas também há uma "femme fatale" de novo tipo, o especialista cubano em vários assuntos que assessora o general angolano e, claro, a pessoa que é a autora do homicídio do autor anónimo do blogue O Novo Bordallo, que denuncia o esquema suspeito do Resort Costa Atlântica.
 
 

Piolhos

 
Este tipo de coisas é como os piolhos. Aparecem mesmo nas cabeças mais limpas, manifestam-se, precisam de ser caçados e depois fica o problema resolvido.
De vez em quando há um secretário de Estado, um ministro ou um presidente de uma Câmara que estão falhos de imaginação ou que vão atrás de cantos de sereia ou de outras prodigalidades e o resultado dá nisto, ignorando que não há estruturas de pós-produção em Portugal, que a mão-de-obra é cara e que ninguém vem de Hollywood, de "Bollywood" ou de outras paragens quaisquer para filmar cá e depois ter de ir para outras paragens na fase da pós-produção.
Portugal foi um país atraente, a certa altura, para fazer cinema. Mas bastaram a queda do Muro de Berlim e a possibilidade de aceder livremente às estruturas cinematográficas já industriais de alguns países do Leste europeu para fazer com que Portugal deixasse de o ser. Isto para os "pobrezinhos", porque as produções de maior orçamento encontram muito melhor em Inglaterra.
Das "cidades do cinema", em Cascais ou no Algarve, aos apregoados investimentos dos "amigos" vindos das Américas tem aparecido um pouco de tudo. Já só faltava "Bollywood"...

domingo, 3 de março de 2013

Apresentação de "Morte com Vista para o Mar" no Fantasporto


Foi no sábado, dia 2, a convite da direcção do Festival Internacional de Cinema do Porto/Fantasporto, onde anunciei que uma das próximas histórias da série iniciada com "Morte com Vista para o Mar" será passada no Porto, tendo muito possivelmente o Fantasporto por cenário.

Beatriz Pacheco Pereira, directora do Fantasporto, apresenta o autor...

... que responde a perguntas da assistência, com Ana Afonso, editora de "Morte com Vista para o Mar" na 20|20/Topseller.



 

"Quarta Divisão"

 
... É um "thriller" português dirigido pelo realizador Joaquim Leitão. Mas o argumento é do produtor. Como se costuma dizer: parabéns à prima.

O blogue As Leituras do Corvo gostou de "Morte com Vista para o Mar"


Carla Ribeiro, do blogue As Leituras do Corvo, gostou de "Morte com Vista para o Mar", num texto que pode ser lido integralmente aqui e de que transcrevo um excerto:

(...) Crime e mistério, protagonizados por um conjunto de figuras interessantes num cenário que retrata com precisão alguns dos traços mais turvos da sociedade, fazem deste Morte com Vista para o Mar uma leitura que cativa desde as primeiras páginas e que, com o evoluir do enredo, se torna simplesmente viciante. Isto deve-se a um sólido conjunto de pontos fortes, que vão desde a caracterização das personagens e à forma como o enredo é construído, passando pelo equilíbrio entre o caso principal e os fantasmas do passado do protagonista - com tudo o que sobre o assunto parece haver, ainda, para dizer.
Ao acompanhar, ao longo do enredo, as acções e pontos de vista de diferentes personagens, o autor consegue, por um lado, manter o mistério e levar o leitor a tentar descobrir os culpados e, por outro, dar-lhe conhecimento que os protagonistas ainda não têm, criando a sensação de fazer também parte da investigação. Permite, também, conhecer as motivações das diferentes personagens, o que, tendo em conta os diferentes papéis que desempenham no caso, permite uma visão muito mais completa, quer das suas acções quer do contexto em que se movimentam.
Este conjunto de actos e motivações abre, também, caminho para uma percepção mais clara do que parece ser um traço comum a todas as personagens, mas que sobressai particularmente em Gabriel Ponte. Nem os investigadores são perfeitamente bons, nem os criminosos são vilões sem motivos. Gabriel é um homem com um passado, e com fantasmas poderosos, e isso reflecte-se na sua forma de agir. É, também, um homem de imperfeições, que se evidenciam tanto nesse mesmo passado como nos pequenos gestos (ou falta de acções) que se tornaram na sua rotina. Quanto aos investigados, as possíveis ligações entre o crime económico e o homicídio criam não só vários suspeitos, como suspeitos com identidades próprias e características (e perturbações) que os diferenciam.
No que respeita a Gabriel e ao seu passado, há possibilidades deixadas por encerrar - ou não fosse este o primeiro livro de uma série. Já no que diz respeito ao caso principal, tudo faz sentido no fim e a resolução do mistério consegue ser bastante surpreendente, mesmo tendo em conta o conhecimento que é dado ao leitor, mas não aos protagonistas.
Com protagonistas complexos e imperfeitos (e humanos, portanto), num caso que, além de interessante por si só, aborda, de forma certeira, alguns dos vícios e segredos da sociedade, Morte com Vista para o Mar abre da melhor forma uma série que promete muito de bom. Um livro intrigante, pois, muito bem escrito e de leitura compulsiva. Muito bom, em suma.


sexta-feira, 1 de março de 2013

"Morte com Vista para o Mar": "Só precisará de um golpe..."




 
"... para o abater. Com ele no chão, o resto será fácil. Mas não pode levar consigo nenhum dos machados de cabo comprido. Terá de usar o mais pequeno, que pode ocultar melhor. É menos preciso e faz mais porcaria mas é o mais indicado." (p. 236)