terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"Jaime Neves", de Rui de Azevedo Teixeira


 "Jaime Neves" (Bertrand Editora) é um livro interessante que nos revela uma das personalidades da História portuguesa que a disputa ideológica mais quis omitir.
É uma biografia que faz especial sentido depois do desaparecimento do coronel dos Comandos que se tornou uma figura duplamente lendária - como comandante de uma das mais importantes forças no terreno na Guerra Colonial e como operacional das movimentações que, em 25 de Novembro de 1975, puseram fim ao PREC.
O autor, Rui de Azevedo Teixeira, foi alferes dos Comandos e conheceu de perto o coronel Jaime Neves.
A biografia que escreveu não esconde a sua proximidade e a sua identificação com o biografado mas isso não é uma desvantagem nem diminui a importância do retrato.
Jaime Neves ajudou à "normalização" de Novembro ao lado de Ramalho Eanes e de Melo Antunes e, pela sua rebeldia e pela sua independência, suscitou a inimizade dos revolucionários e dos contra-revolucionários. Não teve os apoios políticos, e partidários, que outros tiveram e é óbvio que isso não lhe facilitou a vida.
O retrato explica muita coisa e, em especial, a personalidade do chefe militar que, em certa medida, se tornou uma lenda e a única crítica que se lhe poderá fazer com algum fundamento é, apesar de tudo, a falta de mais histórias de guerra.
Jaime Neves - e Rui de Azevedo Teixeira tem toda a razão - devia ser melhor lembrado e esta obra ajuda a conhecer e a recordar um homem que - como muitos outros - optou por servir a Pátria na frente de guerra e - também como muitos outros - nunca teve o tributo que, independentemente das circunstâncias políticas, devia ter tido.

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