segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

As eleições autárquicas de 2013 nas Caldas da Rainha (5): o direito de não votar




O quadro é desolador, como escrevi: nada recomenda o voto nas freguesias. Nem nos candidatos, nem em que está, ficou ou reconquistou habilidosamente o posto por via da aldrabona agregação de freguesias deste concelho.
As oposições vão e vêm, não asseguram qualquer estabilidade política, nem tão pouco mostram ter qualquer conhecimento do que se passa. Pelo que se vai sabendo do que se passa na Assembleia Municipal, a simples noção do PS, do PCP, do BE e, em alguns dias da semana, do CDS na Câmara Municipal das Caldas da Rainha é suficiente para meter medo. Se a incompetência já marca tantas vezes o quotidiano municipal, é difícil imaginar o que poderão fazer aqueles que sempre têm sido oposição.
O PSD, que tem quadros com um conhecimento mínimo do concelho, também não convida ao voto, como já escrevi e a ideia de ter o actual vereador Tinta Ferreira como presidente da Câmara é igualmente assustador. É provável que só o centro da cidade saísse beneficiado de uma gestão dessa natureza 
Os independentes, finalmente, não parecem estar a devida importância a estas eleições, marcadas pela saída do “peso pesado” Fernando Costa que, morador nas Caldas da Rainha, vai ser candidato à Câmara Municipal… de Loures.
Defendo que, em democracia (e porque o voto em branco não serve para nada), é legítimo o direito à abstenção. E num quadro destes não vejo, actualmente, que outro voto é que possa fazer sentido. Até porque as abstenções são contadas. Portanto, e se não houver alterações de sentido positivo, abster-me-ei nas eleições autárquicas deste ano.
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EDP - A Crónica das Trevas (41): deve ser do sol...

... ou da temperatura mais amena, ou da falta de chuva ou de vento. Seja lá o que for, esta tarde - com bom tempo, para a época! - deixou de haver electricidade por volta das 16 horas. Não há - e não merecem outra linguagem - a ponta de um corpo de uma miudeza de explicação que possa justificar isto.

Reincidência, incontinência, arrogância ou mau perder...


... ou as quatro coisas juntas: "Arménio Carlos: 'Se há quem queira pintar o Gaspar de branco, que pinte'" ("i", 28.01.13)

domingo, 27 de janeiro de 2013

As eleições autárquicas de 2013 nas Caldas da Rainha (4): o drama dos independentes


É correcto, e a lei tornou-o possível, que concorram nas eleições autárquicas (e talvez mesmo nas eleições legislativas) grupos de cidadãos não associados a partidos políticos e que por isso se apresentam como independentes.
O problema é, no entanto, a sua sustentabilidade.
Os grupos de independentes não têm organização, estrutura, membros com direitos e deveres, dependem muitas vezes da boa vontade de alguns e se as coisas correm mal acabam por desaparecer.
Nas eleições autárquicas de 2009 concorreram grupos de cidadãos independentes em duas freguesias, tendo conseguido pelo menos alguma presença nas respectivas assembleias.
Depois, alguns dos seus animadores foram promovendo tertúlias diversas. Só que, em geral, afastadas do seu próprio objecto: a intervenção na política municipal.
O movimento dos cidadãos independentes das Caldas da Rainha fez, que se tenha percebido, uma única reunião alargada sobre questões autárquicas. E, ao fazê-la (sobre a reorganização das freguesias), foi parar ao mesmo poço sem fundo onde se meteram os presidentes das juntas de freguesia que nos últimos anos não fizeram mais do que defender os seus lugares como se fossem coisa sua: a reunião juntou as mesmas criaturas e a bondade dos oradores convidados não impediu que ela se transformasse em mais um acto de protesto. Sem munícipes, claro.
Ao cabo de três anos e meio, a intervenção pública dos independentes não deixou rasto que prenuncie um reforço da sua presença ou da sua acção.
Não se vislumbra um balanço da actividade (ou da inactividade, em certos casos) dos órgãos autárquicos, uma iniciativa sobre o que poderão querer fazer nas eleições deste ano, uma proposta sobre o futuro do concelho e das freguesias.
A impressão que fica é que, com toda a boa vontade do mundo, andaram três anos a meio a tentar caçar gambozinos… como alguns idiotas andam por aí a tentar caçar rolas ou coelhos. E talvez ainda estejam admirados por não terem apanhado nenhum.

Amanhã: O direito ao não-voto

sábado, 26 de janeiro de 2013

O racismo do PCP e da CGTP no século XXI

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, surpreendeu tudo e todos no discurso que fez durante a manifestação de professores deste sábado, em Lisboa, pela forma como se referiu ao etíope Abebe Selassie, representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) na troika. “Daqui a pouco vêm aí outra vez os três reis magos, um do Banco Central Europeu, outro da Comissão Europeia e o mais escurinho, o do FMI, e já se fala em mais medidas de austeridade”, afirmou o líder sindical no palco montado no Rossio. ("CM", 26.01.13)

As eleições autárquicas de 2013 nas Caldas da Rainha (3): o dilema bicéfalo do PSD

Fernando Costa, o histórico do PSD que é presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha há anos demais (e que foi agora “exportado” para Loures em mais uma das trocas e baldrocas que caracterizam as nossas eleições), deixa uma situação armadilhada para a posteridade.
O PSD está dividido entre o provinciano Tinta Ferreira, símbolo portentoso da elite caldense que ignora o resto do concelho, e Hugo Oliveira, vereador que reúne as simpatias de sectores juvenis e que, apesar de tudo, talvez tenha maior sensibilidade para as especificidades do concelho… se for bem aconselhado.
Para trás parece ter infelizmente ficado a vereadora e deputada à Assembleia da República Maria da Conceição Pereira, que poderia ser a candidata mais abrangente do PSD. E é pena que não o seja. Maria da Conceição conhece o concelho quase todo, é mulher e seria capaz de congregar os votos dos sectores femininos das Caldas e introduzir uma perspectiva nova nestas eleições.
Com um processo polémico pelo meio, quer apresente Tinta Ferreira ou Hugo Oliveira, o PSD vai ser penalizado nas eleições. Por estar no Governo mas também por não conseguir ser capaz de fazer melhor e de aproveitar as poucas coisas boas de Fernando Costa, de o fazer esquecer e de ver o concelho como ele realmente é: como um todo, com potencialidades enormes em quase todos os domínios e com fragilidades económicas e sociais que só se mantêm por inércia e incompetência.
Como partido dominante no concelho, o PSD tem uma responsabilidade que não devia deixar diluir-se numa guerra intestina de facções. Mas é o que vai provavelmente acontecer.
Não acredito que a preponderância do PSD esteja posta em causa nas Caldas da Rainha (a falta de qualidade das oposições ajuda) mas não vislumbro na candidatura que possa sair deste partido qualquer factor capaz de atrair os eleitores mais atentos e que não votam por simples obrigação. De qualquer modo, daqui a quatro anos há mais...
 

Amanhã: os independentes na caça aos gambozinos

EDP - A Crónica das Trevas (40): "Isto é como viver no terceiro mundo"

"Isto é como viver no terceiro mundo." O desabafo, desesperado, de Belmira Marques, de 62 anos, espelhava o sentimento partilhado pela maioria da população de muitas aldeias de Pombal, que, na última semana, se viu privada de energia elétrica, em consequência do temporal do passado fim de semana. Os moradores improvisaram, para que a vida continuasse.
Muitos conseguiram geradores emprestados, alugados ou comprados. Outros retrocederam a um tempo do qual nem os familiares mais antigos têm memória. Sofia Santos, de 30 anos, residente em Serafim, esfregava as mãos, queimadas pela água gelada onde, nos últimos dias, lavou a roupa da família, que, depois, secou à lareira. Apreensiva, continuava sem saber quando seria reposta a energia. ("CM", 26.01.13)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Elitismo, arrogância e vistas curtas

 
Tal como "O Jornal das Caldas" anteontem, a "Gazeta das Caldas" ignora hoje olimpicamente os apagões da EDP no passado fim-de-semana. Que, como sabem todos os afectados, não são fenómeno isolado. Mesmo às portas da cidade de Caldas da Rainha, nos seus pequenos subúrbios, também há apagões com frequência.
No sábado passado, a cidade tinha luz mas as zonas à sua volta num raio de vinte e tal quilómetros estiveram, até de madrugada e depois de novo no domingo, mergulhadas na mais abjecta escuridão. O temporal completou aquilo que o desinvestimento e a falta de manutenção da EDP gerou.
Seria natural que esta situação fosse noticiada, quanto mais não fosse no quadro das notícias e das apetecíveis fotografias relativas aos estragos provocados pelo mau tempo. Mas não foi o caso.
Infelizmente, os semanários "O Jornal das Caldas" e a "Gazeta das Caldas" (os únicos jornais do concelho) fazem parte da elite caldense e acompanham os políticos e as restantes criaturas que se têm por importantes no desprezo que votam ao "país real" que os rodeia. É uma reprodução melancólica da célebre frase "Lisboa é Lisboa e o resto é paisagem", que também traz consigo a arrogância que ajudou ao empobrecimento do país.
E é, ao mesmo tempo, uma surpreendente manifestação de vistas curtas - olhar para o concelho globalmente poderia dar outro fôlego a estes semanários, talvez já condenados à penúria.

As eleições autárquicas de 2013 nas Caldas da Rainha (2): as aves de arribação das oposições

Ainda não consegui perceber o papel das oposições (PS, PCP, BE… e CDS em dias alternados) no actual estado de coisas da política autárquica de Caldas da Rainha.
O que mais fazem nas reuniões da Assembleia Municipal são provas de vida discursivas sem efeito prático, denúncias de ruas sujas e de lâmpadas fundidas (mas só na cidade, que desconhecem o resto do concelho) e votar contra a redução da taxas do IRS, do IMI e da derrama enquanto a nível nacional se esganiçam a criticar o Governo… que aumenta esses impostos. Quando há eleições, começam a chegar-se, tipo aves de arribação, para depois irem às vidas deles quando termina o processo eleitoral.
Há duas ou três semanas, o PS local – eterno órfão do promitente político local que seria António José Seguro – foi animado por uma polémica entre dois candidatos a candidatos autárquicos. Não percebi a diferença entre os candidatos a candidatos. Nem, tão pouco, o que pretendiam para lá da glória de meia-dúzia de meses mais animados. Um deles, cujo nome não fixei e não tenho paciência para ir procurar, será o candidato do PS à câmara. Não vejo que seja vantajoso para os residentes no concelho.
O afastamento do “país real” é comum a todas estas aves de arribação mas há quem seja sincero e se limite a ter esperança. Foi o caso de um jovem dirigente local do BE das Caldas que no “Jornal das Caldas” garantiu: “em menos de dez anos será possível mudar o rumo político da região”.
Eis um bom conselho que o jovem Rui Calisto, mais sabedor do que os seus companheiros mais velhos, dá aos seus colegas das oposições: voltem daqui por dez anos. E até é capaz de ter razão…
 
Amanhã: o dilema bicéfalo do PSD

EDP - A Crónica das Trevas (39): um país às escuras




 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

As eleições autárquicas de 2013 nas Caldas da Rainha (1): brincadeiras de miúdos nas freguesias

Uma das coisas que me surpreendeu, quando me fixei numa freguesia rural de Caldas da Rainha, foi a propaganda partidária nas eleições autárquicas, primeiro em 2005 e depois em 2009.
Mais do que em Lisboa e nos seus subúrbios, os “programas” das várias candidaturas foram coisas que me fizeram lembrar, trinta anos depois, as eleições universitárias em que entrei.
Enquanto estudante, participei (entre 1975 e 1978) em eleições para várias estruturas da Faculdade de Letras de Lisboa e lembro-me de como se faziam os programas: as candidaturas estudantis, que pouca margem de manobra tinham na concretização do que propunham, inventariavam aspectos em que se propunham intervir, defender, chamar a atenção, lutar por, etc.
Normalmente, com excepções delirantes, era razoável a lista de reivindicações. Mas o alcance era limitado: os estudantes não podiam fazer mais do que tentar convencer os órgãos de gestão a fazerem o que eles defendiam.
No caso mais recôndito da freguesia caldense da Serra do Bouro, que agora já nem é freguesia, a situação era pior. Os partidos que não estavam na Junta de Freguesia portavam-se como miúdos, em versão mais alunos do secundário do que do superior, e eram capazes de prometer e exigir tudo e o seu contrário… incluindo um multibanco. Depois, sem votos, iam-se embora e nunca mais se dava por eles. Nós, os estudantes, pelo menos continuávamos onde estávamos.
Não vi, nos quatro anos que passaram desde as últimas eleições autárquicas, mudanças na freguesia da Serra do Bouro. E agora esta freguesia foi “agregada” a uma freguesia da cidade de Caldas da Rainha, saltando por cima de outra que continua onde estava: no meio. O poder – e a esse aspecto não deixaremos de voltar – transferiu-se para a cidade.
A nível nacional, o que vi foi os presidentes das juntas de freguesia a berrar e a balir contra a extinção das freguesias, como se as juntas fossem coisa sua. Em quatro anos, o que é que fizeram? Protestaram. No fim, e como era previsível, a maior parte perdeu. E alguns ganharam… novos cargos.
As eleições autárquicas deste ano parecem-me mais do que nunca, no que se refere às freguesias, uma verdadeira inutilidade.
 
Amanhã: As aves de arribação das oposições

EDP - A Crónica das Trevas (38): para ele, somos "resíduos"

Até pode ser que António Mexia mereça os milhões que ganha. Nós todos, os milhões de clientes do monopólio EDP à viva força, e em especial as pessoas que ainda não têm electricidade em casa, é que não podemos ser tratados como percentagens, números e "resíduos".  

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

"Qual é a pressa? Qual é a pressa? Qual é a pressa?"


Vi hoje num qualquer telejornal o actual secretário-geral do PS, António José Seguro, a perguntar (no meio de grandes silêncios), a alguns jornalistas: "Qual é a pressa?... Qual é a pressa?... Qual é a pressa?" Estaria, aparentemente "a reagir" ao início das movimentações tendentes a substituí-lo pelo actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa.
A pressa é, de facto, má conselheira. E Seguro sucumbiu-lhe ao querer ir a correr para secretário-geral do PS quando talvez pudesse ser um bom presidente de câmara aqui nas Caldas da Rainha, como em tempos constou que queria ser.

"Morte com Vista para o Mar"...


... é um belo título, não é?

A desatenção do "Jornal das Caldas" e o temporal nas Caldas da Rainha

É incompreensível que o "Jornal das Caldas", na sua edição de hoje, dedique grande parte da primeira página ao temporal do passado dia 19, com grandes fotografias e desenvolvimento de quatro páginas no interior, sem uma única referência ao gigantesco apagão que caiu sobre largas áreas do concelho de Caldas da Rainha.
Ou andam desatentos, o que é pena, ou é mais uma manifestação do elitismo saloio da cidade caldense, que na prática desconhece que existem as zonas rurais e interiores do concelho.
No sábado à noite, quando as povoações que iam das Caldas da Rainha até à costa atlântica estavam mergulhadas na abjecta escuridão a que a incompetência e o desinvestimento da EDP nos condenam, havia luz na cidade. Deve ter ofuscado os ilustres jornalistas deste semanário...

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Um ponto positivo para Fernando Costa: impostos mais baixos nas Caldas


A gestão do presidente cessante da Câmara Municipal das Caldas da Rainha está longe, muito longe, de ser perfeita nas o certo é que Fernando Costa tem demonstrado alguma sensibilidade em certos domínios e a redução de impostos (IRS, IMI e derrama) exemplifica-o.
Está aqui uma boa síntese da situação: "Impostos caem para atrair gente".
Só falta acrescentar, recordando, que a oposição "de esquerda" (PS, PCP e BE não tem, em geral, votado favoravelmente estas medidas embora - a nível nacional - encha a boca de protestos contra a carga fiscal.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Sair do euro? Uma proposta para debate

 
Não me parece que a saída de Portugal do euro seja vantajosa e julgo que são poucos os que, defendendo esta opção, a conseguem justificar.
Rui Verde, professor universitário de Direito, defende - e convictamente - a saída do euro como instrumento para sair da presente crise orçamental e para mudar o Estado.
Fá-lo num livro de cem páginas, (bem) escrito com convicção e com argumentos de fazer pensar: "Helicópteros com Dinheiro - Sair do Euro, da Crise e Mudar o Estado", publicado pela Chiado Editora.
É um texto interessante e estimulante e merecedor de atenção, na linha anglo-saxónica (o autor doutorou-se na universidade inglesa de Newcastle) sem as vestes mais pesadas com que os académicos gostam de enfeitar as suas opiniões.
Rui Verde foi vice-reitor da Universidade Independente e escreveu, com base na sua experiência, "O Processo 95385 - Como Sócrates e o Poder Político Destruíram uma Universidade", que é um depoimento fundamental sobre o ensino superior privado em Portugal.

EDP - A Crónica das Trevas (36): o que é que aconteceu?

Houve algum ciclone em 19 de Janeiro? Um furacão? Uma tempestade? Um tsunami? Ou qualquer outra catástrofe misteriosa? 
O que explica que a rede da EDP não aguente o que parece não ter sido mais do que ventos superiores a 100 quilómetros por hora e apenas em alguns locais?
Neste momento (a quarta ou a quinta vez desde as 7 horas) não há electricidade na zona rural onde resido.
Nada disto faz sentido (até porque não há explicações, reparem bem) fora de uma perspectiva de desinvestimento e de incompetência por parte da EDP. 

EDP - A Crónica das Trevas (35): e continuamos na mesma

Há luz, não há; há luz, não há; há luz, não há. O costume, mas ampliado.

EDP - A Crónica das Trevas (34): os apagões da EDP

Um leitor não identificado deixou-me um comentário de cujo conteúdo só se justifica retirar a acusação de que eu tenho "má vontade" contra a EDP, a propósito do que aconteceu ontem, dia 19 de Janeiro.
Ora eu não tenho nem "má vontade" nem "boa vontade" contra a EDP.
Pago é um serviço onde espero encontrar competência, rigor e capaz de me dar alguma coisa de jeito em troca do que lhes pago, e que é muito.
E, já agora, não partilho da convicção parola de que tudo o que é "público" é inerentemente bondoso por mais incompetente, manhoso e vigarista que seja.
Mas o que eu verifico, e tenho verificado (e basta ir ver em EDP neste blogue), é a sucessão de apagões que é uma praga desta região do "país real", testemunhada por mim e por muitas outras pessoas que olham para este fenómeno com uma complacência resignada que eu não consigo perfilhar.
As respostas da EDP às minhas muitas reclamações contra os apagões foram sempre assim: era o mau tempo inerente à região (como se o concelho de Caldas da Rainha fosse uma espécie de "triângulo das Bermudas" meteorológico), eram os roubos de cobre (que nunca tinham ocorrido), eram anomalias do meu quadro eléctrico. E até houve um funcionário da EDP a querer convencer-me de que eu só me safava se tivesse um seguro para os electrodomésticos (não sei se vendido por ele...)
Até ao dia em que a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos - para onde também me reclamei - me deu conhecimento de uma carta da EDP onde se justificavam os apagões com o estado da rede de distribuição.
Há situações meteorológicas a que nada resiste. Mas não consigo acreditar (confiando nessa gente, que não confio) que aquilo que ocorreu entre sexta-feira e sábado não foi, decerto com excepções, nada a que a rede da EDP não deva estar preparada para resistir.

EDP - A Crónica das Trevas (33): 17 ou 18 horas

Foram 17 ou 18 horas sem electricidade.
E reafirmo a minha convicção: o mau tempo não explica tudo.

sábado, 19 de janeiro de 2013

EDP - A Crónica das Trevas (32)

Estou há nove horas e meia sem electricidade. Já consegui ver que a EDP, como se tivesse estado ausente do País nos últimos vinte anos, admitiu que a situação de (não) fornecimento de electricidade é grave... por causa do mau tempo.
A situação é grave apenas porque a EDP não investiu - melhor: desinvestiu! - na manutenção e na conservação das infraestruturas.
O resultado, visível por todo o interior e a fazer-se sentir a cada perturbação sabe-se lá de quê, fica ainda mais claro quando o mau tempo (entidade que tem as costas bem largas, como todos sabemos) é um bocadinho pior.

A factura obrigatória: mais um exemplo


Duas pessoas pagam os cafés no balcão de um pequeno "snack-bar" à minha frente e vão-se embora sem pedirem a factura. A funcionária recebe as moedas e põe-nas ao lado da caixa registadora.
A pessoa que é atendida a seguir pede a factura da sua própria despesa e a funcionária já mete esse dinheiro na caixa registadora, produzindo nesse caso a factura obrigatória.

EDP - A Crónica das Trevas (31): o temporal não justifica tudo

Às 7h45 fiquei sem electricidade. Depois, às 9h15, também. E assim continuo.
O temporal não justifica tudo, em especial quando a experiência que tenho, desde há dez anos nesta região, é de desculpas idiotas, de quebras de fornecimento injustificáveis, de desinvestimento absoluto na manutenção das infra-estruturas.
É um serviço de merda. Só isso.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

As eleições autárquicas nas Caldas da Rainha (1): a péssima escolha do PSD

Segundo noticiou a "Gazeta das Caldas", o vereador Tinta Ferreira será o candidato do PSD à Câmara Municipal.
É um péssimo candidato.
Nos próximos dias escreverei sobre as eleições autárquica neste concelho.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A propósito do caso do bebé e do "Zico"...


... uma afirmação nojenta: "A vida do humano mais asqueroso vale mais do que a vida do animal doméstico de que mais gostamos".

A Imprensa e o IRS

Não há cão nem gato - como se costumava dizer - que não se entregue na fantástica comunicação social nacional a "simulações" sobre o IRS deste ano, desde as primeiras informações governamentais sobre a matéria no Outono passado até este preciso momento. Já se escreveu e afirmou tudo e o seu contrário, com a prata da casa, colaboradores externos e empresariais de géneros diversos.
Com sorte e paciência poderá perceber-se daqui a uma semana na função pública, para começar, quais foram os "especialistas" que acertaram... tipo sorteio de rifas.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O bebé e o "Zico"

 
 
Só a crispação do ambiente nacional explica a polémica pública que separa dois campos de opinião: há quem defenda o abate (previsto na lei) do cão arraçado de "pitbull" que matou um bebé de 18 meses em Beja; há depois os defensores do salvamento do cão, o "Zico", invocando a crueldade do acto.
Não me parece que nenhuma das partes tenha razão e a polémica arrisca-se a chegar ao ponto em que, antes de cair no esquecimento, porá em causa as atitudes e os movimentos de defesa dos animais de muitos dos defensores do "Zico".
O "Zico", pela descrição, é mais um dos muitos cães que não reúnem as características controladas da respectiva raça e que vão crescendo num ambiente completamente impróprio, sem controlo, em espaços que não servem para acolher as suas necessidades de movimento e de vida, eventualmente utilizado como arma ou instrumento de jogo. 
O ambiente doméstico e a própria postura da criança - e, segundo os especialistas, as crianças não são percebidas como seres humanos e dominadores como são os adultos - terão levado ao conflito. Um "pitbull", sabe-se lá com que antecedentes, não pode ser mantido numa situação em que se torne uma ameaça.
Diz-se, e é em grande parte verdade, que a culpa é dos donos. O problema é que não são os donos os condenados à morte, por muito reprovável, lesivo para a sociedade e criminoso que o seu comportamento seja.
A lei prevê o abate dos cães considerados perigosos quando há ataques a seres humanos. Talvez se justifique, se o cão chegou a um ponto de perturbação que se torna realmente perigoso.
Mas, independentemente do respeito pela lei, há uma coisa que é necessário ter em conta: poupado à morte, qual será a vida do "Zico"? Com os donos que o transformaram numa máquina assassina? No inferno em vida da maioria dos canis de onde poucos cães conseguem sair? E as ofertas de acolhimento do "Zico" vêm de pessoas capazes de reeducar e de acolher um cão destes?
Se o movimento de defesa do "Zico" parece estar a cometer alguns erros, embora em nome dos princípios mais correctos, o movimento dos que exigem o seu abate podia observar algum recato. Ou ter tento na língua, quanto mais não seja por vergonha.
Ao retirarem a questão ao domínio da lei - que prevê o abate, decerto que com a invocação de motivos muito fortes -, exigindo a morte do cão em troca da morte do bebé, estas criaturas estão a pregar o princípio medieval do "olho por olho, dente por dente".
Além disso, e é o mais grave de tudo, esses idiotas nunca, que se saiba, atenderam aos direitos dos animais, nunca puseram na sua agenda radical o problema dos maus tratos aos cães nem tão pouco abordaram as circunstâncias sociais, e criminais, da utilização dos cães considerados perigosos como armas ou instrumentos de jogo e de afirmação social ou as condições em que, por esse país fora, vivem em condições miseráveis muitos milhares de cães. Talvez por pensarem que os donos dos cães considerados perigosos são eleitores seus...
O ideal seria que esta polémica pudesse contribuir para mudar a atitude de grande parte da sociedade (onde, mesmos nos estratos mais elevados, os cães são deitados fora como objectos quando deixaram de ter graça ou as crianças se cansaram deles) e adequar os mecanismos legais para serem mais eficazes, mais preventivos - a GNR e a PSP ligam pouco ao assunto até ao momento em que um cão morde alguém.. - e mais dissuassores da crueldade de que os animais domésticos são infelizmente vítimas.
Mas para isso seria necessária alguma clareza de raciocinio que, no entanto, parece ter abandonado o local como um cão assustado...

domingo, 13 de janeiro de 2013

"Forbrydelsen/The Killing": um final em beleza e com alguma expectativa



Sofie Gråbøl é Sarah Lund em "Forbrydelsen/The Killing"
 
Uma pequeno avião parte para Reykjavík e, lá dentro, Sarah Lund - a heroína de "Forbrydelsen/The Killing" olha por uma última vez para uma fotografia de família. E depois desaparece. Não mais a veremos, supõe-se, depois do final de estarrecer da terceira temporada desta série dinamarquesa.
Criada por Søren Sveistrup e tendo como principal protagonista Sofie Gråbøl, "Forbrydelsen/The Killing" é a melhor série televisiva "policial" deste século, pelo menos até ao momento, e assume na televisão dos nossos dias o papel de destaque que na viragem do século teve "The Wire" e, há trinta anos, "A Balada de Hill Street".
Lançada em 2007 com uma primeira temporada de vinte excepcionais episódios, "Forbrydelsen/The Killing" teve em 2009 a segunda temporada (com um desvio pelo Afeganistão) e no Outono de 2012 foi a vez da terceira temporada. 
Foi, em certa medida, um regresso à temática da primeira temporada, num comentário político e social económico que chegaria, se outros não houvesse, para mostrar a dimensão que o "thriller" pode ter. Só que o final... não é tranquilizador como o das duas primeiras temporadas e até é cruelmente surpreendente. E Sofie Gråbøl, nesses seis minutos decisivos do final do último episódio, revela-se uma extraordinária actriz, apurando a criação de Sarah Lund.
Há quem diga que Sarah Lund ainda pode regressar e ficam algumas sugestões de que está aberto o caminho para uma quarta temporada. Os fãs - e são felizmente muito - agradeceriam mas, em certa medida, é o final perfeito... para uma série perfeita.

Uma nota de certo modo à margem - "Forbrydelsen/The Killing" não deveria ser confundido, fora dos EUA (onde todos os espectadores de cinema e de televisão parecem ser avessos à leitura de legendas), com a versão americana que também ficou com o título de "The Killing" e que Søren Sveistrup tentou manter fiel ao original, como produtor desta versão. Tentei ver a versão americana mas a única coisa que consegui foi ficar com vontade de ir ver outra vez o original. Havendo quem defenda que o público português gosta das artes e das belas-letras escandinavas porque são escandinavas, é pena que a série original nunca tenha tido espaço de jeito na televisão nacional.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Porque não gosto dos CTT (40)

Neste meu registo das anomalias e do mau serviço prestado pela empresa CTT não me aparece ninguém a demonstrar que não tenho razão. Antes pelo contrário, como já dei conta.
E do que também dou conta é de alguns insultos mais excitados e de comentários idiotas que, como é natural, não são publicados.
O que, contas feitas, só serve para mostrar que tenho razão.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Porque não gosto dos CTT (39): infelizmente, é inútil reclamar


Há quem diga que é útil reclamar no que se refere ao péssimo serviço prestado pela empresa CTT.
Infelizmente, é inútil porque acaba tudo nos CTT a dizerem que não foi assim, com um discurso sempre igual, sem que o consumidor possa demonstrar aquilo que toda a gente já percebeu: a correspondência acumula-se durante vários dias e por motivos injustificáveis é depois entregue por atacado.
A empresa CTT tem um serviço chamado Provedor do Cliente. As reclamações que dirigi a esse serviço deixaram de ter resposta quando perguntei por que raio é que uma carta com aviso de recepção dirigida a uma empresa imobiliária foi parar a esse serviço e o aviso de recepção tranquilamente assinado por alguém do serviço do Provedor em nome da imobiliária. Nunca me responderam...

A segurança do Espírito Santo em cima da passagem de peões


Infelizmente, é habitual: as carrinhas de transportes de valores são muitas vezes conduzidas por idiotas, de quem os cérebros parecem ter fugido a grande velocidade, que as plantam tipo cena de guerra em cima dos passeios e das passadeiras de peões.
Eis um caso flagrante, protagonizado pela viatura de matrícula 17-92-UM da Essegur (Grupo Espírito Santo), às 14h30 de hoje no supermercado Intermaché das Gaeiras (Caldas da Rainha).
Isto tem de ser sempre assim?



quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Porque não gosto dos CTT (38): até os selos desaparecem para não se ver a data...

 
1. A passada sexta-feira foi o dia 4 de Janeiro.
Nesse dia apenas me entrou na caixa do correio o jornal regional "Gazeta das Caldas" que é publicado às sextas-feiras.
Na segunda-feira, dia 7, e ontem, terça-feira, dia 8, não entrou qualquer correspondência na minha caixa do correio.
 
2. Hoje, quarta-feira, dia 9, entrou na minha caixa do correio a seguinte correspondência:
 
- 3 cartas emitidas por uma entidade bancária com data de 31 de Dezembro (segunda-feira);
- 2 cartas de duas empresas com data de 31 de Dezembro (segunda-feira);
- 1 carta de outra empresa com data de 3 de Janeiro (quinta-feira)
- 1 carta da Cruz Vermelha Portuguesa com data de 4 de Janeiro (sexta-feira).
 
3. Não é possível que - como numerosas vezes tem acontecido - estas sete (7) cartas expedidas de locais diferentes em datas diferentes me tenham chegado todas na mesma data depois de três dias sem correio.
A explicação só pode ser uma: a correspondência foi ficando retida, por motivos que se desconhecem, e calhou toda numa só entrega.
 
4. O mais grave disto tudo é o facto de a única carta que não circulou por avença e que teve de levar selo (por cima do qual teve de ser aposto o carimbo dos CTT com a data de aceitação na estação de correio) chegar sem... selo. Ou seja, sem prova exterior da data de entrada na estação de correio.
O espaço do selo e do carimbo está em branco. 
Vale a pena consultar, a propósito, o número 1 do artigo 194.º do Código Penal.
 
5. Estas ocorrências - reiteradas, repetidas, praticadas com toda a impunidade e sem qualquer punição nos atropelos à lei que configuram - revelam que o "serviço público" da empresa CTT é tudo menos "público" e que a sua actividade nada tem a ver com os interesses do público. Tem a ver é com os interesses bem privados de quem, nessa empresa, manda, comanda, determina, permite ou usa e abusa das vantagens pessoais mais diversas que as funções protegem e estimulam.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Reflexões sobre a literatura "policial" (10): a ofensiva do "nordic noir"

Talvez haja quem pense que o êxito dos "policiais" nórdicos em Portugal e noutros países tem motivo exclusivamente intrínsecos: as pessoas compram-nos e lêem-nos pelo seu mérito e recusariam os "thrillers" de outras nacionalidades (mesmo a portuguesa).
Penso que a explicação não passa por aqui, independentemente dos muitos méritos da literatura do Norte e do Leste gelado da Europa.
O que existe é um fenómeno - que também converge a ausência de alternativas por deliberada falta de comparência - mais simples, tão simples como uma ofensiva organizada por uma mente militar a partir de ensinamentos básicos: conquista-se o espaço porque está vago e ocupa-se.
Onde isso se pode ver de forma exemplar é no caso da televisão. Acompanhando o vigor da literatura "policial" nos seus países, as televisões nórdicas apressaram-se a adaptá-la ao pequeno ecrã. E fizeram-no não com a exuberância que a maior parte dos produtores americanos julgam ser essencial para o negócio mas com a "gravitas" britânica.
Para as televisões inglesas, onde houve um impressionante decréscimo da ficção de qualidade, foi um presente divino que os seus espectadores acarinharam e os êxitos das várias séries originais ´(e "Forbrydelsen/The Killing" deve ser a melhor de todas) abriram rapidamente o mercado britânico aos produtores do "nordic noir" televisivo.
Quanto ao mercado norte-americano, a conquista assentou nos habituais "remakes" que dispensam legendas, embora com resultados contraditórios (como o mostram a débil adaptação de "Forbrydelsen/The Killing" e o êxito relativo do "remake" "Millennium 1 - Os Homens Que Odeiam as Mulheres", de David Fincher, que não tem continuação assegurada).
Em reumo, a influência televisiva ajudou a solidificar a literatura, numa combinação de esforços objectivamente triunfante.
Os mercados gostaram, os editores e os produtores alargaram a oferta do produto.
A lição está bem à vista para quem a quiser perceber.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Eleições antecipadas em 2013 com governo de esquerda à vista - e os nomeados são...

...

Primeiro-ministro - António Costa

Vice-primeiro-ministro - Manuel Carvalho da Silva

Ministro de Estado e da Coordenação Económica - Jerónimo de Sousa

Ministro de Estado e da Coordenação Social - Boaventura Sousa Santos

Ministro da Economia - Artur Baptista da Silva

Ministro das Finanças - Nicolau Santos

Ministro do Trabalho - João Semedo

Ministro da Saúde - Arménio Carlos

Ministra dos Negócios Estrangeiros - Ana Gomes

Ministro da Defesa - Vasco Lourenço

Ministro da Justiça - Marinho e Pinto

Ministro da Juventude - António José Seguro

Ministra da Educação - Edite Estrela

Ministro do Ensino Superior - José Barata Moura

Ministro da Ciência - Mariano Gago

Ministro Agricultura - Fernando Rosas

Ministro do Planeamento - João Proença

Ministro do Ordenamento do Território - Guilherme d'Oliveira Martins 

Ministro das Obras em Princípio Públicas - Mário Lino

Ministra da Igualdade - Isabel Moreira

Ministra da Condição Feminina - Ana Drago

Ministro da Comunicação Social - José Pacheco Pereira

Ministro da Cultura - Basílio Horta

Ministro da Cultura Popular - José Jorge Letria

Ministro das Pescas - Manuel Alegre

Ministro do Mar - Carlos Zorrinho

Ministro da Previdência e da Segurança Social - Alberto Costa

Ministro da Providência e da Segurança - Mário Nogueira

Porque não gosto dos CTT (37)

À sexta-feira chega-me à caixa do correio o jornal regional "Gazeta das Caldas", que sai nesse dia e de que sou assinante.
Mas neste dia da semana não me chega mais nenhuma correspondência... mesmo que na semana seguinte (nomeadamente à terça-feira) me sejam entregues cartas e outra correspondência que já tinham sido expedidas há vários dias.
E que na sexta-feira já estão nas mãos dos CTT... mas que não são distribuídas nesse dia.
Há quem diga que a empresa CTT faz "serviço público". O que eu vejo é um "serviço público" em versão de-vez-em-quando.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

"Downton Abbey" borregou, Kevin Spacey muda-se para a TV, "The Good Wife" regressa e Sarah Lund tem uma camisola nova

Em "Downton Abbey", a série aristocrática de que os "intelectuais" gostam, já tinha morrido uma das filhas do casal Grantham no momento do parto. No fim da terceira temporada, não se arranjou melhor do que matar também o genro Matthew no momento em que a filha mais velha dá à luz. Foi o desfecho tristonho do longo episódio final transmitido na passada terça-feira com pompa e circunstância. Quando a imaginação começa a falhar, está tudo estragado.
 
*
 
Kevin Spacey e David Fincher mudaram-se para a TV. Estão a fazer uma série, intitulada "House of Cards", um "thriller" político cujo primeiro episódio se estreia nos EUA no dia 1 de Fevereiro. "No cinema, a preocupação é 'Não, não, parece realmente interessante (...) mas o que é que explode e o que é que não explode?'", diz David Fincher, citado pela revista "Empire", manifestando também a sua satisfação por não haver controlo etário nas novas séries de televisão.
 
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A terceira temporada de "The Good Wife", que é um ponto de viragem nesta série produzida por Ridley Scott e pelo seu falecido irmão Tony Scott, regressa em breve aos canais portugueses.
 
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Sarah Lund (Sofie Gråbøl) tem um camisolão novo na terceira (e infelizmente última) temporada da magnífica série dinamarquesa "Forbrydelsen/The Killing". Estreada no país de origem no Outono passado, já existe em DVD (com legendas em inglês) e é, de novo, um extraordinário momento de televisão.

Canetas, luvas e cães

Já perdi canetas, luvas e até cachecóis. Chapéus-de-chuva é que me parece que não, até porque não os uso. São tudo objectos que pousamos e a que deixamos de dar atenção por momentos, até porque não estamos continuamente a olhar para eles ou a usá-los.
Compreendo o mecanismo deste tipo de perda e percebo como ele é característico da actividade humana e das suas rotinas e hábitos.
O que já não compreendo é como se "perdem" cães e fico sempre a pensar, quando vejo os tristes anúncios improvisados das pessoas que os "perderam", se alguma vez os terão encarado como seres vivos com vontade e engenho próprios e não como objectos a que não vale a pena dar atenção quando não se está a precisar deles.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A factura obrigatória: um exemplo esclarecedor

Um cliente chega ao balcão e pede um café. O empregado serve-lhe o café. O cliente paga-lhe, o empregado mete o dinheiro na máquina registadora, o cliente vai-se embora. Não há factura.
A seguir, pago eu a minha despesa e entrego o dinheiro e o meu cartão das Finanças. A emprega passa a factura, tendo apenas uma dificuldade técnica, para a qual pede a ajuda do outro empregado, o tal que não passou factura e que agora não estranha o meu procedimento.
Já agora, e a propósito da magna questão do IVA da restauração, o valor do café inclui o IVA mas é muito natural que essa partícula de IVA nunca seja entregue ao Estado. Depois de feitas as respectivas deduções, o valor do IVA da minha factura já não poderá ser deixado de entregar ao Estado. 

As greves de luxo dos transportes: quanto pior melhor?

 
As greves nos transportes públicos, com epicentro em Lisboa e no Porto, não páram, como revela a ementa publicada hoje pelo "Diário de Notícias", que se entusiasma sempre com estas coisas.
Se não é por um motivo é por outro. Se não for por esses, há-de encontrar-se um terceiro. Já não interessa que isso afecte a população (que deve andar a contribuir para o bem-estar das empresas privadas do sector, se não dispuser de melhor alternativa...), já não interessa que essas empresas públicas deixem de ter dinheiro para pagar salários ou que entrem em falência
Já entra tudo na rotina quotidiana e na rotina das notícias e não há ninguém que pergunte como é que esses grevistas de há tantos meses ainda têm dinheiro para continuarem a fazer greve. Ou ganham muitissimo bem ou têm outros empregos ou alguém suporta os cortes salariais que devem decerto sofrer.
Em 1974 e em 1975, o PCP de Álvaro Cunhal combatia este tipo de greves, na altura dinamizadas pelo MRPP. Mas o PCP de Jerónimo de Sousa e de Arménio Carlos agora apoia-as. Devem pensar que é assim que conquistam o mundo. Mais facilmente conquistarão o lugar que o BE ainda vai ocupando.

Porque não gosto dos CTT (36)


Pela sua relevância, destaco aqui dois comentários - que são publicados também no respectivo "post" - a que vale a pena responder.
 
Do leitor fiodeprumo:
Agradecido pelo atalho para sua resposta ao comentário.
O senhor diz de suas razões e indica datas...
Pois não sei explicar a razão dos atrasos pq não conheço a sua região. No entanto sugiro-lhe que se dirija à chefia do departamento de onde reside e que aí faça sua lamentação e eventualmente apresente queixa, pois que nada melhor do que uma queixa, para dar conhecimento superior de irregularidades nos serviços. De certa forma até é didáctico (ou será didático, segundo o NAO?).
 
Em jeito de resposta: Tenho feito várias reclamações (incluindo ao Provedor do Cliente, sem qualquer resposta) que obtêm sempre a mesma resposta - foram ver, falaram com os "responsáveis", recomendaram atenção, nunca confirmaram os motivos da minha reclamação. Por isso, optei por registar no blogue os muitos motivos de queixa que vou tendo.

 
Da leitora Teresa:
Olhe, Pedro, seguramente o seu comentador não vive nas Caldas ou arredores, porque de há cerca de 1 ano a esta parte, a distribuição de correio passou a ser feita APENAS dois, muito raramente, três dias por semana e eu moro mesmo no coração das Caldas.Por isso recebo sempre a minha correspondência com atraso. Há uns meses atrás soube porquê e pasme-se! Não há carteiros suficientes. E porque não metem mais? Porque os CTT estão a preparar-se para a privatização. Foi a resposta que ouvi. Aí está o motivo da entrega não ser feita diariamente, como antes.
Em jeito de resposta: É esse atraso organizado e deliberado que me parece existir, porque noto que a correspondência aparece muitos dias em monte enquanto noutros dias não "pinga" nada na caixa do correio. Mas é chocante e revoltante o silêncio da empresa CTT, que pode dar-se ao luxo de atirar com essa resposta oficiosa, e manhosa, de que não investe mais por causa da privatização. Talvez seja o mal de se querer um "serviço público" que é praticamente gratuito - as pessoas não se queixam porque também não pagam quase nada.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Um elogio a "Triângulo" nas recensões da Gulbenkian

A excelente apreciação de "Triângulo" na recensão de livros da Fundação Gulbenkian com link directo aqui:
 
Triângulo, o novo romance de Pedro Garcia Rosado, conduz o leitor ao universo sombrio e inquietante dos bastidores do poder político, no qual muitos crimes, incluindo os mais cruéis homicídios, podem ficar impunes. Nas primeiras páginas, trava-se com uma estranha personagem, José Garrido, curiosamente o primeiro-ministro de Portugal, cuja principal característica de personalidade é a irritabilidade e extrema violência, tendo como prazer supremo espancar pessoas até à morte. Vários dos seus colaboradores sabem disso e exploram a sinistra faceta do governante para subirem eles próprios na vida, ocultando os seus crimes ou proporcionando-lhe, eles próprios, as vítimas. Com este novo livro, Pedro Garcia Rosado - que se tem vindo a afirmar vigorosamente como um autor policial, no verdadeiro sentido do termo - retoma a visão pessimista da sociedade portuguesa que já revelou nos seus romances anteriores. Em todos, os verdadeiros criminosos nunca são os marginais que enchem as cadeias, mas as personalidades colocadas nas mais altas esferas do poder, político, económico ou religioso. Em Triângulo, a Igreja Católica e os escândalos de pedofilia associados a algumas das suas instituições são especialmente visados pelo autor. O inspector da Polícia Judiciária Joel Franco, herói dos romances “A Cidade do Medo” e “Vermelho da Cor do Sangue”, mantém-se como protagonista do presente livro, que tem como cenário principal a Lagoa de Óbidos e os seus arredores. Pode dizer-se, depois de ler Pedro Garcia Rosado, que este autor consegue retratar Portugal no seu pior.